13 de março
HUMILDADE DE SÃO JOSÉ
Tudo nos fala da humildade de São José nas páginas do Evangelho. Maria foi tão pequenina e simples, tão silenciosa e oculta! O anjo a louva: cheia de graça, e anuncia-lhe a Encarnação do Verbo e Ela responde: Ecce ancilla Domini - Eis aqui a escrava do Senhor. E no entanto mais do que as rainhas todas da terra, bendita entre as mulheres, era a Mãe do próprio Deus! Que humildade profunda a de Nossa Senhora! Tal foi também a humildade de São José. Sempre na penumbra, no silêncio, foi uma sombra do Pai Eterno no mistério da Encarnação. João Batista e os Apóstolos tinham por missão sublime revelar Jesus ao mundo, pregar o Verbo Encarnado. José devia ocultá-lo, desde a Anunciação até os últimos dias da vida de Nazaré. O Divino Espírito Santo cercou toda a vida do Santo Patriarca de silêncio e de humildade. Era nobre, da família de Davi, descendente de Salomão, o mais rico e poderoso dos reis da terra. E, no entanto, nos dias de vida de José, a família ilustre e real a que pertencia havia decaído e estava na obscuridade. quem reconheceria naquele carpinteiro humilde um homem de sangue real, da casa gloriosa de Davi?
A riqueza é outra fonte de orgulho. E poderia ter sido rico São José. Deus o fez bem pobre para receber o Rei dos reis, o Senhor dos senhores que se fez pobre por nosso amor. Sofreu as privações duras da pobreza, do exílio, da miséria. Viu o Filho de Deus nascer numa estrebaria!
As honras trazem também consigo o orgulho da vida. José não recebeu sequer uma só homenagem dos homens. Até ao se referirem a Jesus, que fazia prodígios e falava a ponto de arrebatar as turbas, perguntavam todos, verdadeiramente surpreendidos: Não é Ele o Filho do carpinteiro? Era como se dissesse: Não é o Filho de José, aquele pobre operário? Na visita dos Magos a Belém, na Apresentação do Templo, no encontro de Jesus no Templo entre os doutores, louvam, glorificam, admiram todos o Deus-Menino. José passa ignorado e silencioso. Sempre a desempenhar a missão original de sombra do Verbo Encarnado. Nada brilha, tudo é humildade e silêncio em torno de José.
Houve santo mais humilde?
EXEMPLO
A mensagem de São José
Num dos quarteirões de Paris residia uma família dotada de alguma fortuna. Um casal e a filha, chamada Josefina. Viviam felizes, em prosperidade de negócios. Nada lhes faltava. Imprevidentes, gastavam quanto iam recebendo, sem economias para o futuro e sem cuidado na aplicação das rendas. Um dia, caiu enfermo o chefe da casa e maus negócios os levaram rapidamente a uma extrema miséria. Deixaram o palacete confortável, obrigados pelos credores, e foram morar em pobre mansarda, num dos subúrbios longínquos da grande cidade. Os pobres velhos choravam, abatidos e desanimados. Josefina, porém, não perdia a calma e o sorriso habituais. Era boa costureira e bordava com perfeição. Procurava trabalho e dia e noite não descansava. Saía cada tarde a entregar as peças e com o dinheiro recebido comprava sempre o necessário para a casa. Muita vez, pobrezinha!, voltava de mãos vazias. Passavam algum dia sem alimento suficiente. Resolve procurar uma colocação, onde possa contar com ordenado certo cada mês e com trabalho extraordinário e noturno, para dar algum conforto aos pais. Entregou a sua causa a São José. O tempo vai passando. Sempre aquela vida atribulada e incerta, semeada de lágrimas, não raro de alguma fome.
Aproximava-se a festa do Patrocínio de São José. A moça piedosa e devotíssima do Padroeiro de todas as necessidades teve uma ideia original. Entra no quarto pobre, toma uma folha de papel e escreve uma carta a São José pedindo um emprego, um meio de ganhar a vida e sair daquela situação embaraçosa. Ingenuamente assina: Josefina de tal, residente em tal rua - Bairro de Paris - costura, borda com perfeição.
Dobra o escrito, amarra-o com uma fitinha, vai a uma gaiola onde trazia presa uma linda pomba, dependura-lhe o bilhete sob uma das asa e solta-a, dizendo: Vai, pombinha querida, vai para onde São José te mandar e hoje mesmo venha a resposta do céu! Era um gesto de ingênua e doce confiança no Patrono das causas mais desesperadas. E, depois, Josefina sentiu-se feliz e tranquila. Não invocara São José em vão. Poucas horas depois, um carro pára defronte da porta da humilde mansarda.
Um senhor bem trajado e ainda moço pergunta:
- Mora aqui a senhorita Josefina de tal?
- Sim, responde a jovem, sou eu mesma.
- Escreveu, a senhorita, este bilhete?
- Sim, e como o foi encontrar?
- Sob as asas de um pobre pomba que entrou em meu escritório e de lá não queria sair. Observei que ela trazia este bilhete; li-o, e aqui estou. Sou devoto de São José. Resolvi abrir esta semana uma fábrica de roupas brancas e bordados. Faltava-me, porém, alguém para ensinar e dirigir as primeiras operárias. Pedi a São José que ma arranjasse. Providencialmente, entra-me a pombinha pelo escritório a dentro, encontro este bilhete e venho a saber que, aqui, a senhorita Josefina e seus pais sofrem privações. Permita-me, senhorita, que lhe ofereça já uma quantia para solver os compromissos de que fala no bilhete, e quero desde já contratá-la para dirigir minha oficina.
Os velhos pais choraram de alegria e da mais profunda gratidão.
_ Como São José é bom! disseram todos juntos.
Em breve, Josefina estava à frente das oficinas vastas, no centro de Paris.
O patrão se pôs a observá-la e notou ser, a jovem, de fina educação, bondosa, modesta, rica de prendas.
E de uma simpatia mútua chegaram ao noivado e ao casamento. Os negócios prosperaram. Voltaram os bons tempos de outrora. No lugar de honra do salão principal do palacete, foi colocada uma bela estátua de São José. E aos pés da imagem uma pombinha branca embalsamada, e em letras douradas no pedestal: "A MENSAGEIRA DE SÃO JOSÉ".
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