SAUDAÇÕES E BOAS VINDAS

LOUVADO SEJA NOSSO SENHOR JESUS CRISTO! PARA SEMPRE SEJA LOUVADO!

Caríssimos e amados irmãos e irmãs em Nosso Senhor Jesus Cristo! Sêde BEM-VINDOS!!! Através do CATECISMO, das HOMILIAS DOMINICAIS e dos SERMÕES, este blog, com a graça de Deus, tem por objetivo transmitir a DOUTRINA de Nosso Senhor Jesus Cristo. Só Ele tem palavras de vida eterna. Jesus, o Bom Pastor, veio para que Suas ovelhas tenham a vida, e com abundância. Ele é a LUZ: quem O segue não anda nas trevas.

Que Jesus Cristo seja realmente para todos vós: O CAMINHO, A VERDADE, A VIDA, A PAZ E A LUZ! Amém!

domingo, 31 de março de 2013

CARTA DE S. FRANCISCO DE ASSIS AOS FIÉIS - ( III )

   6. Do Jejum dos Vícios e Alimentos


 Devemos também jejuar e abster-nos dos vícios e pecados (Ecle 3,32) bem como do excesso no comer e no beber e devemos ser católicos. Visitemos também frequentemente as igrejas e honremos e respeitemos os clérigos, não tanto por sua pessoa   - se forem pecadores - mas sobretudo por causa do seu ministério em que nos administram o santíssimo Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo que sacrificam sobre o altar, recebem e repartem aos outros. E estejamos todos firmemente convencidos de que ninguém pode salvar-se a não ser pelas santas palavras e pelo Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. Os clérigos pronunciam e anunciam essas palavras e ministram o sacramento. E só eles estão autorizados a exercer esse ministério e mais ninguém.
   Especialmente porém os religiosos, tendo renunciado ao mundo, estão obrigados a fazer mais e coisas maiores, sem entretanto omitir as outras (Lc 11, 42). Devemos odiar nossos corpos com os seus vícios e pecados, porque diz o Senhor no Evangelho: "Todos os vícios e pecados procedem do coração" (Mt 15, 18-19). 


   7. Como Devemos Amar os Nossos Inimigos e Fazer-lhes Bem

   Devemos amar os nossos inimigos e fazer bem aos que nos odeiam (Lc 6, 27). Devemos observar os preceitos e conselhos de Nosso Senhor Jesus Cristo. Devemos também renunciar a nós mesmos e submeter os nossos corpos ao jugo da servidão e da santa obediência, como cada um prometeu ao Senhor. 

   8. Que Aquele em Cujas Mãos foi Depositada a Obediência, seja como o Menor

   E ninguém seja obrigado sob obediência a obedecer num assunto que implique culpa ou pecado. Aquele em cujas mãos foi depositada a obediência e quem vale como o maior, seja como o menor (Lc 22, 26) e o servo dos outros irmãos. E manifeste e pratique para com os seus irmãos tal misericórdia como gostaria que lhe fosse feita se ele próprio estivesse em idêntica situação. Nem se irrite contra qualquer irmão se este tiver cometido um erro, mas antes admoeste-o e o suporte com toda paciência e humildade. 

   

CARTA DA S. FRANCISCO DE ASSIS AOS FIÉIS - ( II )

    2. Daqueles que não Querem Observar os Mandamentos de Deus. 

   Os que não querem provar "como é doce o Senhor" (Sl 33, 9) e "amam mais as trevas do que a luz" (Jo 3,19) porque não querem cumprir os mandamentos de Deus, esses são malditos. É deles que foi dito pelo profeta: "Malditos os que se afastam dos vossos mandamentos" (Sl 118,21). E quão ditosos e benditos são ao contrário os que amam o Senhor e procedem como o Senhor mesmo diz no Evangelho: "Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda tua alma, e amarás o teu próximo como a ti mesmo" (Mt 22, 37.39). 

  3. Do Amor de Deus e de como Adorar a Deus

   Amemos, pois, a Deus e adoremo-Lo com o coração purgado e o espírito puro, porque Ele mesmo exigiu isto acima de tudo, dizendo: "Os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e verdade; pois todo aquele que o adorar deve adorá-lo em espírito e verdade" (Jo 4, 23-24). E queremos oferecer-lhe os nossos louvores e preces de dia e de noite, dizendo: "Pai nosso que estais nos céus", pois "é preciso orar em todo o tempo e não desfalecer" (Lc 18, 1).

   4. Que Devemos Confessar os Nossos Pecados aos Sacerdotes

   Todos devemos confessar os nossos pecados ao sacerdote e é dele que recebemos o Corpo e o Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. Pois quem não comer a sua carne e não beber o seu sangue não pode entrar no reino de Deus (cf. Jo 6, 54). É preciso, no entanto, que se coma e beba dignamente, porquanto, quem receber indignamente, "come e bebe a sua própria condenação porque não discerne o corpo do Senhor" (1 Cor 11, 29).
   Façamos além disso "dignos frutos de penitência" (Lc 3, 8). E amemos o nosso próximo como a nós mesmos. E se alguém não quiser ou não puder amá-lo como a si mesmo, ao menos não lhe faça algum mal, mas o bem. 

   5. Como Aqueles que Receberam o Poder para isso Devem Julgar os Outros

   Os que estão investidos do poder de julgar os outros exerçam o cargo de juiz com piedade assim como eles mesmos esperam obter do Senhor a misericórdia. "Porque sem misericórdia será julgado quem não fez misericórdia" (Tiago 2, 13).
   Sejamos pois caridosos e humildes e façamos esmola porque esta lava a alma das manchas do pecado (Tob. 4, 11). Os homens enfim perdem tudo o que deixam neste mundo. Mas levam consigo o fruto da caridade e as esmolas que tiverem feito e o Senhor lhes dará por elas o prêmio e recompensa condigna. 

CARTA DE S. FRANCISCO DE ASSIS AOS FIÉIS ( I )

Observação: Mais do que uma Carta, podemos dizer que é um Opúsculo de Admoestação. Ele manifesta muitos aspectos da figura espiritual de S. Francisco. Tudo indica que este Opúsculo se destina a cristãos da época, pessoas de acentuada motivação religiosa, "clérigos e leigos, homens e mulheres" que de qualquer forma sentem-se ligados a São Francisco e por quem o Santo se considera excepcionalmente responsável. 


Aqui começa a carta de admoestação e exortação de nosso venerável Pai São Francisco.

"Em nome do Senhor: do Pai, do Filho e do Espírito Santo. 
  A todos os cristãos que vivem religiosamente, clérigos e leigos, homens e mulheres, a todos os que habitam no mundo universo, Frei Francisco, de todos servo e vassalo, saúda com reverente dedicação e deseja a verdadeira paz do céu e sincera caridade no Senhor.
  
   Sendo servo de todos, a todos devo servir as odoríferas palavras de meu Senhor. Por isso, considerando que não posso visitar a cada um em particular, por causa da enfermidade e debilidade do meu corpo, fiz o propósito de comunicar-vos por meio das presentes letras e de mensageiros as palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo, que é a Palavra do Pai, bem como as palavras do Espírito Santo, que são "espírito e vida" (Jo 6, 63).

1. Da Palavra do Pai

   Esta palavra do Pai, tão digna, tão santa e tão gloriosa, o altíssimo Pai a enviou do céu, por seu arcanjo São Gabriel, ao seio da Santa Virgem Maria, de cujo seio recebeu a verdadeira carne da nossa humanidade e fragilidade. E, "sendo rico" (2Cor 8,9) acima de toda medida, preferiu todavia escolher, com sua bem-aventurada Mãe, a vida de pobreza.

   Na véspera de sua paixão celebrou a Páscoa com os seus discípulos e, "tomando o pão, deu graças e benzeu-o, dizendo: "Tomai e comei: este é o meu corpo". E tomando o cálice, disse: "Este é o meu sangue do Novo Testamento, que por vós e por muitos será derramado para remissão dos pecados" (cf. Mt 26, 26; Lc 22, 19). Em seguida orou ao Pai e disse: "Pai, se for possível passe de mim este cálice" (Mt 26, 39). E seu suor se tornou como gotas de sangue que corre para a terra (Lc 22, 44). Abandonou porém sua vontade na vontade do Pai e disse: "Pai, faça-se a tua vontade, e não se faça como eu quero senão como tu queres (Mt 26, 42. 39).
   Ora a vontade do Pai era que o seu bendito Filho glorioso que nos havia dado e o qual por nós nascera, se oferecesse a si mesmo por seu próprio sangue como oferenda de sacrifício sobre o altar da cruz, não para si mesmo, "por quem foram feitas todas as coisas" (Jo 1, 3), mas em expiação de nossos pecados, legando-nos um exemplo para que seguíssemos as suas pegadas (cf. 1Ped 2, 21). E Ele quer que todos sejamos salvos por Ele e o recebamos de coração puro e corpo casto. Mas infelizmente são poucos os que o recebem e por Ele querem ser salvos, embora seja suave o seu jugo e leve o seu fardo (Mt 11, 30).
  

domingo, 24 de março de 2013

PIO II - (1458-1464)

   Com a morte de Calixto III a Cátedra de Pedro voltou a ser ocupada por um dos homens mais sábios do seu século: Eneas Silvio Piccolomini. Como papa tomou o nome de Pio II. Era um grande humanista, brilhante orador e escritor. Escreveu em um latim elegantíssimo que fazia lembrar o de Cícero. É o único papa a escrever a história do próprio pontificado numa autobiografia: "COMMENTARII RERUM MEMORABILIUM". Dele temos ainda outras obras: Memórias sobre o concílio de Basileia, História dos Bhemios, dois livros de Cosmografia, a História da Europa (durante o reinado do imperador Frederico III), um Tratado da educação da infância, um Poema sobre a Paixão, uma coleção de 432 cartas etc. No ano 1460, publicou uma bula, que declara nulas e errôneas as apelações do Papa para o concílio. Aí afirma que "é um abuso inaudito nos séculos precedentes, manifestamente contrário aos santos cânones e extremamente prejudicial a todas as ordens da república cristã". 

   No seu pontificado houve duas aspirações supremas: a unificação da Europa e a salvação da cristandade da invasão turca, isto é, dos muçulmanos. Pio II decidiu mesmo colocar-se pessoalmente à frente de uma expedição marítima contra os turcos, dirigindo-se propositadamente para tal fim até Ancona, onde, porém, morreu, fisicamente exausto, ainda antes de poder embarcar, a 4 de agosto de 1464. 

   Embora com a melhor boa vontade de sanar os abusos na Cúria e em outros lugares, Pio II não chegou a realizar uma reforma de grande alcance, justamente em virtude do desgaste proveniente destas guerras.

   Mas o que mais desejo ressaltar,  no estreito âmbito de um post, é a humildade deste homem tão sábio. Eneas Silvio Piccolomini teve um passado por demais conturbado e, não sem razão, muito criticado. Fôra, pois, fautor do concílio de Basileia e foi nada menos do que secretário do antipapa Félix V, e também secretário do imperador Frederico III. Havia sustentado princípios contraditórios aos que eram agora proclamados. E assim, inevitavelmente não faltaram comentários sarcásticos a essa sua mudança de opinião. Donde, em 1463 ele publicou a famosa bula de retratação "In minoribus agentes", na qual rejeitava as ideias de sua idade juvenil imatura e pedia confiança para suas diretrizes de governo na Igreja. Por isso, desta Bula, ficaram célebres na História estas palavras: "Aeneam reicite, Pium recipite".

   

domingo, 17 de março de 2013

Carta de S. Francisco a Todos os Custódios dos Frades Menores

Nota: Durante muito tempo o presente escrito só era conhecido por uma tradução feita do espanhol por Lucas Wadding, célebre cronista da Ordem e primeiro colecionador das obras de São Francisco. Só em época bem recente foi descoberto um manuscrito latino mais antigo. O estilo e a ordem de ideias comprovam além disso a autenticidade do opúsculo como obra de São Francisco de Assis.

   Eis a carta:
   "A todos os custódios dos frades menores que receberam esta carta, Frei Francisco, pequenino servo vosso em Deus nosso Senhor, deseja a salvação nos novos sinais do céu e da terra, (1) que, grandes e excelentíssimos aos olhos do Senhor, são contudo tidos em conta de vulgares por muitos religiosos e outros homens.
   Peço-vos ainda com mais insistência do que se pedisse por mim mesmo, supliqueis humildemente aos clérigos, todas as vezes que o julgueis oportuno e útil, que prestem a mais profunda reverência ao santíssimo Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo bem como a seus santos nomes e palavras escritos, as quais tornam presente o seu sagrado Corpo. Os cálices e corporais que usam, os ornamentos do altar, enfim tudo quanto se relaciona ao sacrifício, sejam de execução preciosa (2). E se em alguma parte o Corpo do Senhor estiver sendo conservado muito pobremente, reponham-no em lugar ricamente adornado e ali o guardem cuidadosamente encerrado segundo as determinações da Igreja, levem-no sempre com grande respeito e ministrem-no com muita discrição. Igualmente os nomes e palavras escritas do Senhor deverão ser recolhidas, se encontradas em algum lugar imundo, e colocadas em lugar decente. 
   E em todas as pregações que fizerdes, exortai o povo à penitência e dizei-lhe que ninguém poderá salvar-se se não receber o santíssimo Corpo e Sangue do Senhor. E quando o sacerdote o oferecer em sacrifício sobre o altar, e aonde quer que o leve, todo o povo dobre os joelhos e renda louvor, de modo que a toda hora, ao dobre dos sinos, o povo todo, no mundo inteiro, renda sempre graças e louvores ao Deus onipotente. 
   E todos os meus irmãos custódios que receberem esta carta e a copiarem e guardarem consigo e a fizerem copiar para os irmãos incumbidos da pregação e do cuidado pelos irmãos, e pregarem até o fim o que nela está escrito, saibam que terão a bênção do Senhor Deus e a minha. E isto lhes seja imposto em virtude da verdadeira e santo obediência. Amém. 

 Notas: (1) Refere-se Francisco no caso ao Santíssimo Sacramento do Altar. 
            (2) Donde podemos concluir que, se alguém disser que a Igreja deve ser pobre até em relação às coisas que se referem à Santíssima Eucaristia e portanto à Santa Missa, e afirmam-no querendo se basear em S. Francisco, devemos dizer que não é verdade. Pode ser outro Francisco, mas nunca São Francisco de Assis. Pode ser por exemplo o padre jesuíta Francisco Taborda que dizia: "O meu ideal é o que está no evangelho, a fraternidade e o amor, mas o evangelho não me dá o instrumental científico de análise da realidade.... A análise marxista da realidade é uma aquisição das ciências sociais". 

HOMILIA DOMINICAL - PRIMEIRO DOMINGO DA PAIXÃO

   LEITURAS: Epístola de São Paulo Apóstolo aos Hebreus 9, 11-14
                       Continuação do Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João 8, 46-59: 

   "Naquele tempo, disse Jesus às turbas dos judeus: Qual de vós me arguirá de pecado? Se vos digo a verdade, por que não me credes? Quem é de Deus, ouve as palavras de Deus. Por isto não as ouvis: porque não sois de Deus. Responderam-Lhe, pois, os judeus: Não dizemos bem nós, que és Samaritano, e que estás possesso do demônio? Respondeu Jesus: Eu não estou possesso do demônio; mas honro a meu Pai, e vós me desonrais. Eu não procuro a minha glória; há quem a procure e faça justiça. Em verdade, em verdade, eu vos digo que se alguém guardar a minha palavra, não verá a morte para sempre. Disseram-Lhe, então, os judeus: Agora conhecemos que estás possesso do demônio. Abraão morreu assim como os Profetas. E tu dizes: Se alguém guardar a minha palavra, não verá a morte para sempre. És, porventura, maior que o nosso Pai Abraão, que morreu? Por quem pretendes passar? Respondeu Jesus: Se eu me glorifico a mim mesmo, nula é minha glória. Quem me glorifica é meu Pai, Aquele que dizeis que é vosso Deus. E vós não O conheceis, porém, O conheço; e, se dissesse que não O conheço, seria mentiroso como vós. Eu, porém, O conheço e guardo a sua palavra. Abraão, vosso pai, sentiu júbilo porque havia de ver meu dia; ele o viu e alegrou-se. Disseram-Lhe então os judeus: Ainda não tens cinquenta anos, e viste Abraão? Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade, eu vos digo: antes que Abraão existisse, Eu sou. Apanharam ele, então, pedras para Lhe atirar; mas Jesus escondeu-se e abandonou o templo".


     Caríssimos e amados irmãos em Nosso Senhor Jesus Cristo!

   Façamos algumas reflexões sobre o Santo Evangelho que acabastes de ouvir.
  
   Quem de vós poderá acusar-me de pecado?
    Assim falou Jesus aos judeus, com plena confiança. Podemos dizer o mesmo?
    Se os homens não nos acusam, acusa-nos a consciência. Somos miseráveis pecadores. Motivos de sobra temos para nos arrependermos das nossas culpas. Devemos detestar as nossas faltas pela contrição. 

   Aquele que é de Deus ouve as palavras de Deus; vós, porém, não as ouvis, porque não sois de Deus. 
   Observação terrível! Se a pessoa não gosta de ouvir a palavra de Deus é porque não é de Deus; e se não é de Deus, logo é do inimigo de Deus. Os incrédulos nos acusam de levantar uma muralha entre a ciência e a fé; eles, porém, é que se interpõem entre a ciência e a palavra de Deus. Incapazes de ouvir a palavra de Deus, porque só querem a luz da razão, repelem tudo o que vem de Deus.

   Bem dizemos nós que és um samaritano, um possesso do demônio.
   Chamar um Judeu de samaritano era injuriá-lo, porque os habitantes da Samaria eram cismáticos. - Sempre senhor de si mesmo, ainda no mais forte da discussão, Jesus não responde à ofensa contida na palavra samaritano. Ele o era de fato, mas em outro sentido. Repele, porém, a segunda parte da injúria, porque se referia diretamente a Deus. Ele, filho do Altíssimo, não era um possesso. - Em idênticas circunstâncias , assim deve proceder o cristão: Sofrer com paciência e em silêncio a injúria que lhe é própria, e defender afoitamente a honra de Deus.

   Aquele que guarda a minha palavra, não há de ver a morte eterna.
   Isto é, aquele que observar a minha doutrina não morrerá para a graça, para o céu, para a eternidade. A morte eterna é a morte do pecado. 

   Abraão, vosso pai, desejou ardentemente ver o meu dia; ele o viu e se alegrou.
   Muitos interpretam que Abraão viu o Messias apenas pelos olhos da fé. Alguns são de opinião que Abraão lá no Limbo dos Justos, teve uma revelação especial do mistério da Encarnação. Outros, porém, dizem que, quando o patriarca se dispunha a imolar Isaac, no monte Moriá, mostrou-lhe Deus, satisfeito       com  a sua obediência, o Salvador morrendo na cruz. 

   Em verdade, em verdade vos digo - antes que Abraão fosse feito, eu sou.
   Nosso Senhor Jesus Cristo queria dizer que Abraão foi criado, mas que Ele existia eternamente. Deus é Aquele que é, ou seja, Deus existe por si mesmo e desde sempre: em hebraico diz-se Javéh. Portanto, só esta palavra - EU SOU, é uma prova da divindade de Jesus. Quem poderia assim falar, senão Deus? Por isso, como os judeus não acreditavam que Jesus era Deus, quiseram apedrejá-Lo como blasfemo. 

   Caríssimos e amados irmãos, durante estes dias de dor e da amarga tristeza, chorai aos pés de Jesus Crucificado. Tomai a firme resolução de vos converter e de servir a Deus doravante como Ele merece. Se procurardes levar agora uma vida de oração e penitência, alegrar-vos-eis um dia na Pátria do Repouso eterno. Amém!

sábado, 9 de março de 2013

São Pedro Celestino, Papa e Confessor

   Ao escrever sobre este santo elogiado pelo Igreja sobretudo pela sua humildade, quero em primeiro lugar transcrever em português o que a Santa Madre Igreja dele diz na sua Liturgia, no Breviário. Creio primeiramente ser útil observar que este Breviário é o tradicional, ou seja, o que foi restaurado e canonizado pelo Sacrossanto Concílio de Trento, editado por São Pio V, reformado pela autoridade de São Pio X e, no que se refere a São Pedro Celestino, Papa e Confessor, conservado integralmente sem tirar ou acrescentar uma vírgula, pelo Beato João XXIII em 1962. Assim reza o Breviário:

   "Pedro, que recebeu o nome de Celestino como Papa, nasceu de pais católicos virtuosos, na Sulmona da Isérnia. Tendo apenas entrado na adolescência, para guardar a alma livre das seduções do mundo, retirou-se para a solidão. Aí nutrindo a mente com a contemplação, reduzindo o corpo à servidão, trazia sobre a carne nua [sob às vestes] uma corrente de ferro. Fundou uma Congregação que depois foi chamada dos Celestinos, sob a Regra de São Bento. Daí, como uma luz colocada sobre o candelabro, ele, como não conseguisse se esconder, (a Igreja Romana estava sem pastor há muito tempo) sem saber e ausente, elevado à Cátedra de Pedro, impressionou a todos pela grande admiração da notícia não menos do que pela inesperada alegria. Colocado, porém, no cume do Pontificado, repleto de vários cuidados, como  reconhecesse dificilmente poder se entregar às costumadas meditações, renunciou voluntariamente não só ao peso mas também à honra. Voltando, então, ao antigo sistema de vida, dormiu no Senhor e uma cruz brilhando no ar diante da porta de sua cela, tornou mais preciosa ainda a sua morte. Ainda em vida e depois da morte, tornou-se célebre pelos seus muitos milagres; por estes milagres, correta e religiosamente examinados, Clemente V, onze anos após sua morte, incluiu-o no número dos santos". 

  Ouçamos agora São João Bosco: 

   "Foi São Celestino um dos Papas que deram mui singular exemplo de humildade. Nascido em Sulmona; desde jovem dedicou-se inteiramente à contemplação das coisas celestiais e ao exercício da penitência. Depois de ter levado setenta anos de vida austera e penitente, em um deserto tiraram-no quase à força dali no ano 1294 para criá-lo Papa em lugar de Nicolau IV que falecera em 1292. De todas as partes acudiam as multidões para verem o novo Pontífice, que com a fama de suas virtudes e milagres atraía a admiração de todos. Mas cinco meses depois de ocupar o trono pontifício, levado por sua humildade e amor ao retiro, renunciou ao papado, coisa nunca vista até então; e apesar das vivas instâncias dos cardeais, quis tornar a vestir os humildes hábitos de anacoreta; no fim de dez meses morreu em Sulmona, na Campânia, com fama de santidade. Ano 1296. Foi ele fundador dos monges chamados Celestinos".

  Cotejemos, agora, célebres historiadores eclesiásticos, na procura de mais detalhes seguros sobre este santo que está, inclusive, muito lembrado, nestes dias após 11 de fevereiro deste ano de 2013, quando o nosso amado Santo Padre Bento XVI anunciou oficialmente sua livre renúncia que realmente se deu no dia 28 de fevereiro deste mesmo ano às 20 horas, sendo, a partir deste dia e hora, apenas simples Bispo Emérito de Roma. 

   Vejamos alguns apontamentos do Padre João Batista Lehmann, que por sua vez, recolheu-os dos Bollandistas, Muratori, Wetzer, Welte e D. Jaime de Barros Câmara:

   "Tendo apenas seis anos de idade, disse à mãe: "Mamãe, quero ser um servo de Deus". Fielmente cumpriu esta palavra, como se fosse uma promessa feita ao Altíssimo. Apenas tinha terminado os estudos, quando se retirou para um ermo, onde viveu dez anos. Decorrido este tempo, ordenou-se em Roma e entrou na Ordem Beneditina. Com licença do Abade, abandonou depois o convento, para continuar a vida de eremita.. Como tal, teve o nome de Pedro de Morone, nome tirado do morro de Morone, ao sopé do qual erigira a cela em que morava.... Em 1251, fundou, com mais dois companheiros, um pequeno convento, perto do morro Majela. A virtude dos monges animou outros a seguir-lhes o exemplo. O número dos religiosos, sob a direção de Pedro, cresceu de mês em mês, tanto, que o superior, por uma inspiração divina, deu uma regra à nova Ordem, chamada dos Celestinos. Esta Ordem, reconhecida e aprovada por Leão IX, estendeu-se admiravelmente, e ainda em vida do fundador contava 36 conventos". 

   Para conhecermos bem o tempo central da vida de São Celestino, escolhi o historiador Bihlmeyer, que no meu pobre entender, é um dos que mais se preocupam com as Fontes e Bibliografias. Diz ele:

   "Depois da morte de Nicolau IV  a sede papal permaneceu ainda longamente vacante, porque os cardeais se haviam dividido no partido dos Colonna e no dos Orsini, e o rei Carlos II de Nápoles (1285-1309), filho e sucessor de Carlos I de Anju, procurava interferir na eleição com os próprios desejos. Somente depois de dois anos e três meses houve uma eleição unânime, uma da mais estranhas da história papal. Depois de tantos papas juristas era necessário, enfim  um pastor completamente alheio à política, cheio de zelo pela reforma e santo de costumes, que se ocupasse energicamente de uma renovação da Igreja; (...) Em 5 de julho de 1294, os onze eleitores escolheram finalmente Pedro, o piedoso eremita do Monte Morrone nos Abuzos, fundador de um eremitério chamado dos Morronitas (Celestinos). Relutante, aceitou a eleição e tomou o nome de Celestino V, mas conservou o pontificado apenas por cinco meses (de julho a dezembro de 1294). (...) Foi vítima da influência opressiva de conselheiros egoístas, e de Carlos II de Anju, por amor do qual chegou a transferir sua residência para Nápoles; suas nomeações de cardeais foram prevalentemente subordinada a interesses franceses. Reconhecendo, porém, a própria incapacidade e atormentado de escrúpulos de consciência, em 13 de dezembro Celestino renunciou espontaneamente à dignidade papal, para retomar a sua dileta vida eremítica. Este passo suscitou grande surpresa e foi diversamente comentado pelos contemporâneos e pelos pósteros; houve quem o exaltou (Petrarca) e quem o reprovou (Dante). Os exasperados adversários de seu sucessor Bonifácio VIII, que quando cardeal (Bento Gaetani) se não tinha provocado, ao menos favorecera a decisão da renúncia, declararam mesmo inválida a sua abdicação a cátedra pontifícia. Para evitar que se usasse dele para ocasionar um cisma, Bonifácio o reteve detido até a morte (1296) no castelo de Fumone perto de Anagni".

   E bom que se diga que São Pedro Celestino, já ex-papa, de boa vontade se sujeitou a esta medida coercitiva  de Bonifácio VIII. Passou dez meses nesta prisão, se assim podemos dizer. Era realmente um santo homem. Com a Santa Madre Igreja, discordo de Dante e estou certo de que Petrarca o exaltou merecidamente. Como Bento XVI agora, ele só desejava o maior bem da Igreja. Na Cátedra de Pedro, Celestino certamente era advertido pela sua consciência de que não era esta a sua vocação. Por isso  com muita relutância, aceitara sua eleição para o Sumo Pontificado; e o renunciara com a consciência tranquila e alegre. Na verdade, dada sua vida de eremita, que era, com certeza a sua vocação, Pedro Angeleri (este era seu sobrenome) não tinha conhecimento do mundo, nem dos homens, nem dos negócios da cúria. Assim compreendemos que tenha sido completamente dominado por seus conselheiros e, principalmente, por Carlos II. Devemos reconhecer que a Santa Igreja e toda a cristandade passavam por uma crise muito grande. Quase em toda parte reinavam então discórdias e confusão. A Itália se agitava em guerras fratricidas. Grassava terrível a guerra entre França e Inglaterra. Assim entendemos, outrossim, que o sucessor de Celestino V, o Papa Bonifácio VIII, embora fosse, segundo os historiadores, o cardeal mais sábio e capacitado, também achou-se envolvido num conflito com a poderosa famílias dos Colonna. Mas a luta mais dolorosa, que preenche quase todo o pontificado de Bonifácio, é a que teve com Felipe IV, o Belo, rei de França. A sinceridade das intenções de Bonifácio não pode ser posta em dúvida. Cumpre, todavia, confessar que o seu caráter não foi o de um santo, que ele, muitas vezes, não conhecia outra diretriz do seu agir senão o rigoroso direito, e não via que o direito mais bem fundado pode, por vezes, degenerar em insuportável tirania.
   Este pouco que dissemos de Bonifácio VIII, será o suficiente para entendermos que não foi tanto a incapacidade de Celestino V a causa de alguns desastres de seu curtíssimo pontificado.E devemos também saber que, quando eleito Papa, Pedro de Morone era um ancião de 79 anos, macilento pelos jejuns e vestindo-se como um mendigo. Certamente não era esta a sua vocação: ser um Sumo Pontífice.

  Terminemos com a oração litúrgica que a Santa Igreja faz no dia de sua festa, isto é, 19 de maio, oração do Breviário e da Santa Missa:
OREMOS
   Ó Deus, que elevastes São Pedro Celestino à eminente dignidade do supremo Pontificado, e lhe ensinastes a preferir a humildade, concedei-nos, propício, que a seu exemplo, desprezemos as coisas deste mundo, para merecermos com felicidade alcançar as recompensas prometidas aos humildes. Por N. S. 


  

   

terça-feira, 5 de março de 2013

OS FRUTOS DA COMPUNÇÃO

  1. Começo de uma vida nova. Este sentimento de compunção, diz o Beato D. Columba Marmion, é por vezes tão vivo, tão profundo, que se torna princípio de uma vida nova, cheia de amor, inteiramente consagrada a Deus; "muitas vezes, diz São Gregório, torna a alma penitente mais agradável ao Senhor do que seria uma vida inocente passada numa indolente tranquilidade: "Et fit plerumque Deo gratior amore ardens vita post culpam, quam securitate torpens innocentia". 
  2. Fonte de humildade e generosidade. A compunção inclina a alma a aceitar inteiramente a vontade divina, seja qual for a forma porque se manifeste, sejam quais forem as provações a que esta vontade a submeta. Estas provações, considera-as a alma como outros tantos meios de vingar, nela, as perfeições e direitos de Deus menosprezados ou ultrajados pelo pecado; sente tanto ter ofendido o Amor, que, se alguma coisa lhe acontece de contrariante e penosa, a aceita generosamente, o que se torna para ela fonte infinita de merecimentos. Exemplo: Conheceis aquele passo da vida de Davi, quando no fim do seu reinado, se vê obrigado a fugir de Jerusalém, por causa da revolta de Absalão. Pelo caminho, encontra um homem parente de Saul, chamado Semei. Este aproxima-se e começa a atirar pedras ao velho rei e a proferir maldição: "Vai-te embora, homem sanguinário; caiu sobre ti o merecido castigo". Um dos servos de Davi, Abisai, quer intervir e castigar o insultador, mas o Rei não deixa: "Deixai-o lá amaldiçoar-me; é o Senhor que assim o permite. Desta maneira, talvez o Senhor veja a minha aflição, e me faça algum bem em troca desta maldição". Lembrando-se dos seus pecados, com o coração repleto de sentimentos de compunção de que transborda o Miserere, Salmo 50, o santo rei aceitava os ultrajes em expiação dos seus pecados.
  3. A caridade para com o próximo. Se em vossos juízos, diz o Beato D. Marmion, fordes severos e exigentes para com os outros, se facilmente notardes os defeitos dos vossos irmãos, não possuis a compunção. Com efeito, a alma possuída deste sentimento vê-se a si própria com suas faltas e fraquezas tal qual é diante de Deus: e é quanto basta para destruir nela o espírito de orgulho, tornando-a cheia de indulgência e compaixão para com os outros. 
  4. Mais proveito nos sacramentos. Diz o Padre Faber que a compunção faz tirar mais proveito dos sacramentos, porque faz com que nos aproximemos deles com maior arrependimento, mais humildade e um sentimento mais real das nossas necessidades.
  5. A alegria espiritual. Excitando o amor, avivando a generosidade, alimentando a caridade, purificando-nos cada vez mais, tornando-nos menos indignos de nos unirmos a Nosso Senhor, torna a nossa confiança segura no perdão divino e firma a nossa alma na paz. Em vez de levar a alma ao desânimo, torna-a alegre no serviço de Deus.
  6. Torna-nos fortes contra a tentação. Nutrindo na alma o ódio ao pecado, previne-a contra as ciladas que o inimigo lhe prepara para a fazer cair.
  7. Outros frutos: Acalma os ruídos do mundo e censura a loquacidade do espírito humano. Suaviza as asperezas, modera o exagero e age sobretudo com um doce, benévolo e inigualável encanto. É a dor sobrenatural, toda de Deus e para Deus. Sobre isto o grande convertido, o Padre Faber, tem palavras sublimes que vale a pena ser meditadas: "A compunção é fonte de amor: Amamos porque muito nos foi perdoado e por nos lembrarmos sempre do muito que foi. Amamos porque o perdão destruiu o temor. Amamos porque consideramos admirados, a compaixão que visitou deste modo tanta indignidade. Amamos porque a doçura do pesar é semelhante à confiança filial do amor... Devemos procurar a compunção no Coração de Jesus. A compunção e a quintessência da devoção ao Sagrado Coração.