SAUDAÇÕES E BOAS VINDAS

LOUVADO SEJA NOSSO SENHOR JESUS CRISTO! PARA SEMPRE SEJA LOUVADO!

Caríssimos e amados irmãos e irmãs em Nosso Senhor Jesus Cristo! Sêde BEM-VINDOS!!! Através do CATECISMO, das HOMILIAS DOMINICAIS e dos SERMÕES, este blog, com a graça de Deus, tem por objetivo transmitir a DOUTRINA de Nosso Senhor Jesus Cristo. Só Ele tem palavras de vida eterna. Jesus, o Bom Pastor, veio para que Suas ovelhas tenham a vida, e com abundância. Ele é a LUZ: quem O segue não anda nas trevas.

Que Jesus Cristo seja realmente para todos vós: O CAMINHO, A VERDADE, A VIDA, A PAZ E A LUZ! Amém!

domingo, 30 de junho de 2019

EVANGELHO DO 3º DOMINGO DEPOIS DE PENTECOSTES



S. Lucas XV, 1-10
Haverá mais júbilo no céu por um pecador que fizer penitência.

Caríssimos e amados irmãos em Nosso Senhor Jesus Cristo!

"Aproximaram-se de Jesus os publicanos e os pecadores paro o ouvir. Os fariseus e os escribas murmuravam, dizendo: Este recebe os pecadores e come com eles. Jesus, propôs-lhes, então esta parábola": a parábola da ovelha tresmalhada, a parábola da dracma perdida (como narra o evangelho seg. S. Luc. XXV, 1-10); em seguida Jesus propõe-lhes ainda a parábola do filho pródigo. Três parábolas para mostrar a misericórdia divina e como ela se exerce. Delas consta todo o capítulo XV de S. Lucas.

Caríssimos, era mui natural que os publicanos e os pecadores se aproximassem de Jesus para O ouvir. Pois, anunciava uma tão bela doutrina! Jesus pregava uma tão santa moral! Por ser pecadores, estes homens não deixavam de ser também sensíveis ao verdadeiro, ao justo e ao belo. Na verdade, esta doutrina era elevada e sublime; esta moral era grave e austera. Mas a doçura de Jesus, sua bondade, sua afabilidade temperavam tão bem o que sua doutrina e sua moral pudessem oferecer de severo! Os pecadores sabiam que Jesus era um médico que veio para curar nossas doenças, e eles não se iludiam sobre o lamentável estado de suas almas e sentiam que eram doentes; e justamente por isso vinham a Jesus do qual esperavam a sua cura. "E assim, diz Santo Ambrósio, toda alma deve aproximar-se de Jesus Cristo, porque Ele é tudo para nós. Tendes uma ferida a cicatrizar? Ele é remédio. Estais presos ao fogo da febre? Ele é uma fonte refrescante. Estais curvados sob o peso da iniquidade? Ele é a justiça. Tendes necessidade de socorro? Ele é a força. Temeis a morte? Ele é a Vida. Desejais o céu? Ele é o caminho que para lá conduz. Fugis das trevas? Ele é a Luz. Procurais alimento? Ele é um alimento" (Lib., III, de Virginibus).

Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores e Ele espera-os com paciência, procura-os com solicitude e recebe-os com alegria quando arrependidos se voltam para Ele. É justamente para justificar esta Sua conduta que Nosso Senhor Jesus Cristo propõe aos orgulhosos fariseus e escribas as três parábolas da misericórdia. Com a graça de Deus, meditemos um pouco sobre a primeira.

"Qual de vós, tendo cem ovelhas, se perde uma delas, não deixa as noventa e nove no deserto, e vai procurar a que se tinha perdido, até que a encontre? E, tendo-a encontrado, a põe sobre os ombros todo contente; e, indo para casa, chama os seus amigos e vizinhos, dizendo;lhes: Congratulai-vos comigo, porque encontrei a minha ovelha, que se tinha perdido". A ovelha é um animal simples e tímido, que, procurando sua pastagem, afasta-se facilmente do caminho que ela deve seguir e do rebanho ao qual ela deve permanecer unida; e quando se perde é incapaz de reencontrar o seu caminho. É preciso, portanto, que o pastor a ajude e procure-a com cuidado. É bem a nossa imagem. "Todos nós andamos desgarrados como ovelhas errantes; cada um se extraviou por seu caminho" (Isaías LIII, 6). Correndo após o pecado, e levados pelo atrativo da concupiscência, nós caímos nos abismos do mal, e não pensamos mais nem em Deus, nem na salvação, nem no céu. Eis porque Jesus Cristo desceu do Céu. Deixou lá no alto as noventa e nove ovelhas fiéis, isto é, os anjos, para vir aqui em baixo, e correr em socorro da humanidade representada pela ovelha infiel.

"E quando a encontra, coloca-a sobre seus ombros todo contente". Fatigado o bom Pastor, por suas caminhadas à procura da ovelha errante; tinge as estradas com seu sangue; deixa pedaços de sua carne nos espinheiros da estrada. Ele é que teria necessidade de ser levado depois dos trabalhos penosos que Lhe custaram a procura de sua ovelha. Mas não, Ele não se importa consigo, só pensa na sua ovelha que a põe aos ombros, embora ela se tenha transviado por culpa própria. Ela merecia ser punida, e o pastor indignado teria todo direito de a castigar com seu bastão, fazendo-a caminhar à sua frente. Mas, ao contrário, o bom Pastor além de não a repreender, toma-a amorosamente em seus braços e coloca-a aos ombros, sobre seu pescoço, e leva-a até ao redil, isto é, da terra ao céu. Esta imagem da bondade de Jesus tocou de tal modo os cristãos dos primeiros séculos, que eles não deixaram de O representar sob este tocante símbolo, um pastor levando sua ovelha; encontra-se este símbolo entre as pinturas que ornam ainda as paredes das catacumbas de Roma.

"E Indo para casa , chama os seus amigos e vizinhos, dizendo-lhes: Congratulai-vos comigo, porque encontrei a minha ovelha, que se tinha perdido". Caríssimos, observai bem esta linguagem: congratulai-vos COMIGO, e não: congratulai-vos com a OVELHA. Explica são Gregório: "A nossa vida, faz Sua alegria. Esta alegria é tão grande que não a pode conter dentro de si. É mister que ela se manifeste para fora, é preciso que ela se expanda, é necessário que dela tome parte os seus amigos, os anjos, que gozam continuamente com sua vista e são mais vizinhos d'Ele que todas as outras criaturas".

"Digo-vos que do mesmo modo, haverá mais júbilo no céu por um pecador que fizer penitência, que por noventa e nove justos que não têm necessidade de penitência". Portanto, lá no alto do céu, os anjos se interessam por nós. Eles se alegram com a conversão dos pecadores. E Deus se compraz em lhes notificá-la como um bem que lhes toca de perto. Na verdade, os anjos são amigos dos homens. Eles vêem em nós, amigos, criaturas de Deus como eles, espíritos inteligentes como eles, embora mesclados aos corpos; eles sabem que nós somos chamados a participar um dia de sua glória, a ocupar os tronos que a deserção dos anjos rebeldes deixou vacantes. É normal que eles fiquem felizes com o nosso retorno ao bem, com a nossa conversão. De um lado, amam a Deus  e desejam vivamente sua glória e congratulam-se com tudo aquilo que a pode procurar. E a conversão de um pecador é uma vitória alcançada por Deus sobre o mal, é uma alma arrancada às garras do demônio, é um cativo preso ao carro de Jesus  que o conduz ao céu.

A conversão dum pecador, é portanto o objeto duma grande alegria por parte dos anjos, alegria esta muito maior do que aquela sentida por eles por causa da perseverança de noventa e nove justos; não obviamente porque a perseverança de noventa e nove justos não seja em si mesma um bem muito maior do que a conversão de um só pecador; mas o retorno de um pecador é um bem novo, e por conseguinte mais sensível, mais  comovente que aquele que se tem o costume de gozar por muito tempo, e cuja doçura é por isto mesmo um pouco enfraquecida. A conversão de um pecador é de alguma maneira um novo elemento acrescido à felicidade já tão grande dos anjos.

Como esta meditação deve alentar os pecadores a se converterem e os pastores a se dedicarem inteiramente, bondosamente, incansavelmente à conversão dos pecadores e hereges.

Jesus termina a parábola da dracma perdida com o mesmo ensinamento moral com que terminou a da ovelha tresmalhada. Esta repetição e esta insistência indicam bem a verdade, a sinceridade, a vivacidade da alegria causada aos anjos e a Deus mesmo pela conversão dos pecadores.

Eis alguns lições destas reflexões que acabamos de fazer: 1- Deus não rejeita "a priori" os pecadores, mas os chama a Ele, os instrui, Ele se esforça para os tocar com a sua graça e os reconduzir à virtude, ao bem: "Não vim chamar os justos, mas os pecadores à penitência". 2- Se estas parábolas nos ensinam a misericórdia de Deus, outrossim nos faz ver claramente como e quando ela é exercida. "HAVERÁ MAIS JÚBILO NO CÉU POR UM PECADOR QUE FAZ PENITÊNCIA".  Os Fariseus no tempo de Jesus e os Jansenistas em nossos tempos, não pensam em misericórdia para os pecadores. Só pensam em JUSTIÇA. Por outro lado, os progressistas em nossos dias, só pensam em misericórdia e esta de tal modo deturpada que vem a ser antes impunidade e parece que para eles não há Justiça. Querem acolher e abraçar os pecadores e hereges sem conversão, sem mudança de vida, ou seja, sem penitência. A "misericórdia dos progressistas" não visa tirar o pecado mas tranquilizar o pecador no mesmo. Devemos fazer como o Divino Mestre, procurar a conversão dos pecadores com um zelo cheio de bondade e mansidão; mas acolher com alegria, e admitir à mesa eucarística apenas os que realmente se convertem e fazem penitência. A parábola do filho pródigo que Jesus contou logo em seguida a estas duas, mostra bem isto. Amém!

sábado, 29 de junho de 2019

O SACERDÓCIO COMUM DOS FIÉIS

   Expliquemos, de acordo com a Tradição, a expressão de São Pedro na 1ª Epístola, II, 9 que chama o povo cristão de "sacerdócio régio". O próprio Apóstolo mostra que se trata do sacerdócio que implica, por parte dos fiéis, o dever de apresentar vítimas espirituais , e em primeiro lugar a si mesmos transformados em vítima pela imitação de Jesus Cristo, renúncia do amor próprio, mortificação, prática da virtude, etc. (cf. 1 Ped. II, 5).
   Santo Tomás de Aquino declara que o CARÁTER BATISMAL confere ao que se batiza uma assimilação ao sacerdócio de Jesus Cristo. Este sacerdócio comum a todos os membros da Igreja, dá-lhes a capacidade de se beneficiarem das graças com que Jesus enriqueceu a sua Igreja, especialmente os sacramentos, que os não batizados não podem receber. Neste sentido, podem eles se beneficiar dos frutos do Sacrifício Eucarístico, que é o Sacrifício da Igreja. Além disso, em virtude do caráter batismal que se lhes imprime na alma, são deputados para o culto divino: têm, por isso, a possibilidade de participar ativamente nesse mesmo sacrifício, enquanto são membros da Igreja, e portanto fazem parte do Corpo Místico de Cristo, em cujo nome Jesus oferece sua oblação sacrifical na Santa Missa. Tomam assim parte no Sacrifício do Altar, o que é proibido aos que se acham fora da sociedade eclesiástica. Mas tomam parte do modo conveniente ao seu estado de leigos.
   
SACERDÓCIO HIERÁRQUICO (dos padres) e SACERDÓCIO COMUM (dos fiéis)

   Há uma diferença essencial entre o Sacerdócio hierárquico, o sacerdócio daquele que foi ungido com o Sacramento da Ordem, e o sacerdócio comum dos fiéis, que é participação muito limitada no sacerdócio de Jesus Cristo, efeito do sacramento do Batismo. O padre, pela Ordem, é: MINISTRO  de Jesus Cristo; os fiéis, pelo BATISMO, são membros de Cristo.
   Na Missa, Jesus é a um tempo Sacerdote e Vítima; ou, mais explicitamente: é um Sacerdote que se oferece a si mesmo como Vítima. De ambas as funções de Cristo, o padre e o leigo participam, mas DIVERSAMENTE, cada qual segundo a sua condição.

   1º) O padre imola e oferece a Vítima; o fiel não imola, só pode unir-se ao sacerdote e a Jesus Cristo no oferecimento. Com efeito, a Missa consiste essencialmente na consagração transubstanciadora do pão e do vinho. Ora, só o padre, que recebeu a unção sagrada no Sacramento da Ordem, faz do pão e do vinho o Corpo e o Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. Só ele, marcado pelo caráter sacramental da Ordem, representa a pessoa de Jesus Cristo, mediador entre Deus e os homens. Por isso, só ele pode repetir o rito da Última Ceia. O povo, ao contrário, não representa de modo algum o Redentor, logo não é mediador entre si e Deus, não pode consagrar os elementos eucarísticos.
   Os fiéis não podem equiparar-se aos sacerdotes, que na Igreja lhes são superiores e, como tais, se aproximam do altar, inferiores a Cristo e superiores ao povo.
   Na consagração, o sacerdote imola a Vítima divina e oferece-A ao Pai Celeste. Transubstancia como INSTRUMENTO EXCLUSIVO de Cristo, mas oferece em nome do Corpo Místico, todo inteiro, Cabeça e membros. Nessa oblação participam os fiéis, mas não na atividade transubstanciadora.

   2º) "Para que a oblação com que, neste Sacrifício, os fiéis oferecem ao Pai a celeste Vítima tenha o seu pleno efeito, outra coisa se requer ainda: é necessário que eles se imolem a si mesmos como vítimas".
   O elemento essencial da participação do fiel consiste em unir os próprios sentimentos de adoração, ação de graças, expiação e impetração aos que teve Jesus Cristo ao morrer por nós, e que devem animar o sacerdote que oferece o Sacrifício da Missa. 

domingo, 23 de junho de 2019

HOMILIA DOMINICAL - 2º Domingo depois de Pentecostes

   Leituras: Primeira Epístola de São João Apóstolo 3, 13-18.
   Continuação do Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas 14, 16-24:

   "Naquele tempo, disse Jesus aos fariseus esta parábola: Um homem preparou um grande banquete, para o qual convidou muitas pessoas. E, à hora do banquete, mandou um de seus servos dizer aos convidados que viessem, porque já estava tudo pronto. Todos, porém, unanimemente, começaram a escusar-se. Disse-lhe o primeiro: Comprei uma quinta e preciso ir vê-la; rogo-te que me dês por escusado. Um outro disse: Comprei cinco juntas de bois, e vou experimentá-los; peço-te que me dispenses. Disse um terceiro: Casei-me, e por isso não posso ir. Voltando o servo referiu estas coisas a seu senhor. Então, indignado, o pai de família disse a seu servo: Sai já pelas praças e ruas da cidade, traze aqui os pobres, os aleijados, os cegos e os coxos. E disse o servo: Senhor, está feito o que me mandaste, e ainda há lugar. Respondeu o senhor ao servo: Vai pelos caminhos e cercados, e obriga a gente a entrar para que se encha a minha casa. Eu vos digo, porém, que nenhum daqueles que foram convidados, provará a minha ceia."

   Caríssimos e amados irmãos em Nosso Senhor Jesus Cristo!

   Esta meditação foi extraída do Livro "INTIMIDADE DIVINA" do P. Gabriel de Sta. M. Madalena, da Ordem dos Carmelitas Descalços. 

 1.   O Evangelho deste domingo (Lc. 14, 16-24) harmoniza-se perfeitamente com a festa do Corpo de Deus. "Um homem fez uma grande ceia e convidou a muitos". O homem que faz a ceia é Deus, e a grande ceia é o Seu reino onde as almas encontrarão na terra toda a abundância de bens espirituais e, na outra vida, a felicidade eterna. É este o sentido próprio da parábola, mas nada obsta a que também se possa entender num sentido mais particular, vendo na ceia o banquete eucarístico e no homem que o ofereceu, Jesus, que convida os homens a alimentarem-se da Sua Carne e do Seu Sangue.. "A mesa do Senhor está pronta para nós, canta a Igreja. - A Sabedoria [ou seja o Verbo Encarnado] preparou o vinho e pôs a mesa" (Breviário). O próprio Jesus, ao anunciar a Eucaristia, dirige a todos o Seu convite: "Eu sou o pão da vida; o que vem a mim não terá jamais fome e o que crê em mim não terá jamais sede... Vossos pais comeram o maná no deserto e morreram. Este é o pão que desceu do céu, para que aquele que dele comer não morra" (Jo. 6, 35-50). Jesus não se limita, como os outros homens, a preparar-nos uma ceia, a fazer numerosos convites e a apresentar iguarias excelentes; mas o fato singularíssimo - que nenhum homem por mais rico e poderoso que seja poderá imitar - é que Ele próprio Se oferece como alimento. São João Crisóstomo a quem pretende ver Cristo na Eucaristia com os olhos do corpo, diz: "Pois bem, já O vês, tocas e comes. Tu queres ver as Suas vestes e Ele, ao contrário, concede-te não só vê-Lo, mas até tomá-Lo como alimento, tocá-Lo e recebê-Lo dentro de ti... Aquele a quem os anjos olham temerosos e não ousam contemplar livremente devido ao Seu deslumbrante esplendor, faz-se nosso alimento; nós unimo-nos a Ele e formamos com Cristo um só corpo e uma só carne" (Breviário). 

   2. Jesus não podia oferecer ao homem uma mesa mais rica do que o banquete eucarístico. E de que modo correspondem os homens ao Seu convite para esta mesa? Muitos, como os judeus incrédulos, encolhem os ombros e retiram-se com um sorriso cético nos lábios: "Como pode este dar-nos a comer a sua carne?" (Jo. 6, 53). Mas o que afasta da Eucaristia não é só a falta de fé; esta é muitas vezes acompanhada e não raramente deriva das causas morais de que fala o Evangelho de hoje. "Comprei uma quinta e é-me necessário ir vê-la, rogo-te que me dês por escusado", respondeu um; e outro: "Comprei cinco juntas de bois e vou experimentá-las: rogo-te que me dês por escusado". A excessiva preocupação com os bens terrenos e o apego aos mesmos, o mergulhar-se totalmente nos negócios, são os motivos pelos quais tantos recusam o convite de Jesus. Porém, ainda não é tudo: "Casei-me e por isso não posso ir", respondeu um terceiro. Este representa aqueles que, submersos nos prazeres dos sentidos, perderam a sensibilidade para as coisas do espírito e, em presença delas, continuam o seu caminho, não se lembrando sequer de se desculpar.

   É impossível não estremecer em face da grande cegueira do homem que antepõe ao dom de Cristo, Pão dos anjos e penhor de vida eterna, os interesses terrenos, os vis prazeres dos sentidos, que muito depressa se dissipam como o nevoeiro aos raios do sol. 

   Terminemos com Santo Agostinho: "Ó Senhor, aproximar-me-ei com fé da Vossa mesa, participando dela para ser por ela vivificado. Fazei, Senhor, que eu seja inebriado pela abundância da Vossa casa, e dai-me a beber da torrente das Vossas delícias... Fazei que eu me aproxime e me fortaleça; deixai que me aproxime embora mendigo, fraco, aleijado e cego. À Vossa ceia não vêm os homens ricos e saudáveis que julgam caminhar bem e possuir a agudeza de vista, homens muito presunçosos e por consequência, tanto mais incuráveis quanto mais soberbos. Aproximar-me-ei qual mendigo, porque me convidais Vós que, de rico, Vos fizestes pobre por mim, para que a Vossa pobreza enriquecesse a minha mendicidade. Aproximar-me-ei como fraco, porque o médico não é para os que têm saúde senão para os doentes. Aproximar-me-ei como aleijado e Vos direi: 'Dirigi Vós os meus passos pelas Vossas veredas'. Aproximar-me-ei como cego e Vos direi: 'Iluminai os meus olhos, a fim de que eu jamais durma o sono da morte'". Amém!

sexta-feira, 21 de junho de 2019

São Luiz de Gonzaga - Jesuíta


 Pertencia à família dos duques de Mântua (Itália) e era príncipe do Sacro Império, sendo herdeiro do feudo soberano de Castiglione. Foi batizado apenas nascido e depois educado santamente. Desde o primeiro uso da razão, ofereceu-se a Deus, e levou uma vida cada vez mais santa. Com nove anos, estando em Florença diante do altar da Santíssima Virgem, fez o voto de castidade perpétua ao qual foi inteiramente fiel até a morte. Por ser príncipe esteve muito tempo entre os soldados e era inevitável os ouvisse pronunciar palavras pouco decentes, que, na sua inexperiência, começou a repetir sem lhe saber a significação. Luiz chorou esta falta durante toda a vida, como se fossem gravíssimos pecados. A vida edificante, a prática das virtudes, importou-lhe o apelido de anjo. Foi aí em Florença que Luiz fez a primeira confissão, e fê-la com tanta dor de arrependimento. que caiu sem sentidos aos pés do confessor. 
   São Carlos Borromeu, Arcebispo de Milão, preparou-o para o primeira Comunhão, que recebeu com uma devoção comovedora. Recebendo depois a Santa Comunhão aos domingos, dedicava três dias para preparar-se e outros três dias para fazer a ação de graças. 
   Luiz guardava tão bem os sentidos, em particular o da vista, que não olhava jamais para o rosto da princesa da Espanha da qual era pajem. À guarda dos sentidos, ajuntava as mortificações corporais. Jejuava três dias na semana, usava a disciplina, dormia sobre tábuas. E isto com o fito de ter facilidade para acordar mais cedo e poder rezar. Passava horas de joelhos em oração e contemplação das coisas celestes. Tinha como lema em tudo que ia fazer: "Que vale isto para a eternidade?!" 

S. Luiz na corte de Espanha
  Como filho mais velho era herdeiro do trono, mas a tudo renunciou depois de uma luta árdua para conseguir licença paterna, e chamado por Deus à vida religiosa escolheu a Companhia de Jesus fundada por Santo Inácio de Loiola. Luiz contava 17 anos quando foi aceito como noviço no Colégio de Roma. Modelo de virtude, que era no mundo, muito mais o fora no convento. Desejoso de regular a vida pelas obrigações da vida comum, pediu aos Superiores não usassem com ele de nenhuma consideração, querendo ser tratado com um dos últimos da casa. Nunca falou uma palavra sobre sua origem nobre. De acordo com o espírito religioso, reconhecia na obediência o fundamento de toda a virtude. Sem dar o menor sinal de ostentação, o exterior traduzia-lhe a modéstia, a humildade, a caridade e movia à devoção a quantos o viam. 
   Como grassavam em Roma a peste e a fome, Luiz ia, de casa em casa, pedir esmola aos ricos para os pobres. Não satisfeito com isso, pediu aos Superiores licença para diretamente acudir às necessidades dos empestados e prestar-lhes serviços nos hospitais. Obtida a licença, a dedicação e caridade do jovem não tiveram mais limites. Mas a fraca constituição de Luiz não resistiu às grandes fadigas e esforços verdadeiramente sobre-humanos que fazia no serviço hospitalar. Contraiu aí a peste contagiosa. A morte, porém, não podia amedrontar o angélico jovem. Quando soube que tinha chegado a hora de preparar-se para a última viagem, exclamou com emoções de alegria: "Eu me alegrei do que me foi dito: irei à casa do Senhor" (Salmo 121). Durante os últimos três dias segurava constantemente o crucifixo e o terço. De vez em quando beijava a imagem de Jesus, e os olhos se lhe enchiam de lágrimas de amor. No rosto se lhe via estampada uma paz celestial - reflexo de sua alma pura e cândida. 
   Em 21 de junho de 1591, com a idade de 24 anos começados, sobre uma tábua, como pediu, entregou a alma ao Criador. As últimas palavras que disse, foram invocações dos nomes de Jesus e Maria. Treze anos depois de sua morte, foi beatificado. Sua mãe ainda vivia, e pôde invocá-lo sobre os altares. Feliz mãe! 
   Felizes também todas as pessoas que fazem aniversário no dia deste santo patrono da juventude e modelo de pureza! Meus parabéns a todas!

   Oração a São Luiz de Gonzaga

   Ó Luiz santo, adornado de costumes angélicos, eu, indigníssimo devoto vosso, vos recomendo particularmente a castidade da minha alma e do meu corpo. Peço-vos, pela vossa angélica pureza, me apresenteis ao Cordeiro imaculado Jesus Cristo e a Sua Mãe santíssima, a Virgem das virgens, Maria, e me preserveis de todo o pecado. Não permitais que se implante em minha alma qualquer mancha de impureza; mas, quando me virdes em tentação ou perigo de pecar, afastai para longe de mim os pensamentos e afetos imundos, despertando em minha alma a lembrança da eternidade e de Jesus crucificado. Calai-me profundamente no coração um sentimento do santo temor de Deus, e abrasando-me no amor divino, fazei que vos imite na terra, para que possa gozar convosco de Deus no céu. Amém. 

domingo, 9 de junho de 2019

HOMILIA DO DOMINGO DE PENTECOSTES

   Leituras: Epístola: Leitura dos Atos dos Apóstolos, 2, 1-11.
                   Continuação do Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João, 14, 23-31: 

 


 "Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará e viremos a ele e nele faremos morada. Quem não me ama, não guarda as minhas palavras. A palavra que ouvis não é doutrina minha, mas de meu Pai, que me enviou. Estas coisas vos tenho dito, permanecendo convosco. Mas o Consolador, o Espírito Santo, que o Pai há de enviar em meu nome, vos ensinará tudo, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito. A paz vos deixo; a minha paz vos dou. Não vo-la dou, como o mundo vo-la dá. Não se turbe o vosso coração, nem se assuste. Ouvistes o que eu vos disse: Vou e volto a vós. Se me amásseis, certamente vos alegraríeis de eu ir para o Pai, porque o Pai é maior do que eu. Eu vo-lo disse agora, antes que isso suceda, para que, quando acontecer, tenhais fé. Já não falarei muito convosco, porque vem o príncipe deste mundo. Em mim não terá parte alguma. Mas é para que o mundo conheça que amo o Pai, e que faço assim como meu Pai me ordenou".

   Caríssimos e amados irmãos em Nosso Senhor Jesus Cristo!

   Antes de morrer, Jesus tinha feito esta promessa aos Apóstolos: "O Pai, em meu nome, vos enviará o Espírito Santo, o Consolador. Ele vos ensinará tudo, vos sugerirá tudo". 

   Eram passados apenas dez dias desde que Jesus subira ao Paraíso, e eis que um ímpeto veemente de vento desce do céu e abala toda a casa onde os discípulos estavam reunidos em oração com a Mãe, a Santíssima Sempre Virgem Maria. E foram vistas umas línguas de fogo pousar sobre a cabeça de cada um. Todos se sentiram habitados pelo Espírito Santo, e começaram a falar em várias línguas, de modo que os estrangeiros que estavam em Jerusalém naqueles dias os ouviram pregar na sua própria língua, e ficaram maravilhados com isso.

   Caríssimos e amados irmãos, também nós cristãos havemos recebido o Espírito Santo no Batismo, e mais copiosamente na Crisma, quando o Bispo impôs as mãos sobre a nossa cabeça. 

   Na vida de Santa Ângela de Foligno lê-se que a santa foi, um dia, em peregrinação ao túmulo de São Francisco de Assis. E eis que uma voz lhe ressoa ao ouvido: "Tu recorreste ao meu servo Francisco, mas agora far-te-ei conhecer um outro apoio. Eu sou o Espírito Santo, que vim a ti e quero dar-te uma alegria que ainda não experimentaste. Acompanhar-te-ei, estarei presente em ti... falar-te-ei sempre... e, se me amares, nunca te abandonarei".
   Comparando os seus pecados com este favor infinito, Santa Ângela hesitava em crer. E, aquela voz continuou: "Eu sou o Espírito Santo, que vive interiormente em ti". Então a santa foi invadida por uma alegria celestial. 

   Isso que o Espírito Santo, por uma graça especial revelava a essa alma, a Igreja ensina-o a todos os cristãos. "Então - diz-nos São Paulo - não sabeis que o Espírito Santo habita em vós? Que os vossos membros são o seu templo e que a nossa alma é selada com o seu selo?

   O Espírito Santo, a terceira Pessoa da Santíssima Trindade, igual ao Pai e ao Filho, Deus com o Pai e com o Filho, habita em nós. É o Doce Hóspede de nossa alma. Imaginai que grande graça e que profundo mistério! 

   Nós temos deveres preciosos para com Espírito Santo, doce Hóspede de nossa alma. 
  1. Não expulsar o Divino Espírito Santo (1 Tessalonicenses, V, 19).
  2. Não contristar o Espírito Santo (Efésios, IV, 30).
  3. Não queirais resistir ao Espírito Santo (Atos, VII, 51). 
   1. Não extingais o Espírito Santo.
   
   Toda vez que se comete um pecado mortal, o pecador expulsa da sua alma o Divino Espírito Santo. Onde há o espírito do mundo e do demônio, não pode estar o Espírito de consolação e de verdade. Sobretudo onde há o pecado imundo da sensualidade, aí não pode habitar o Espírito de Deus. 

   2. Não contristeis o Espírito Santo.

   Mas, sem chegarmos ao excesso de extinguir em nós o Espírito Santo pelo pecado mortal, podemos amargurar-Lhe de muitos modos a sua permanência no nosso coração. Em geral, os atos que contristam o Espírito Santo são todos aqueles a que, com demasiada desenvoltura, nós chamamos pecados veniais. Certas palavras de murmuração, levianas, certas imprecações de impaciência, certas mentiras, desobediências em coisas não graves etc.. Por exemplo este jovem que desperdiça tantas horas na ociosidade, que dá inteira liberdade aos seus olhos, que na igreja mantém uma atitude aborrecida e distraída, não sabe que contrista o Espírito Santo? Não o sabe aquela mãe que só cuida de adornar os cabelos ou o vestido sem seriedade, que não vela sobre a alma de seus filhos para que cresçam inocentes, bastando-lhe somente que sejam sadios no corpo? Não o sabem todos estes cristãos que vivem uma vida tíbia, sem entusiasmo pelo bem, sem fervor pela oração, sem amor à Eucaristia? Não sabem que o Espírito Santo que está neles se contrista? 

   3. Não resistais ao Espírito Santo.

   O Espírito Santo está sempre agindo em nós. E faz-se sentir de dois modos: impelindo-nos ao bem ou repelindo-nos do mal. Quantas vezes o Doce Hóspede de nossas almas nos convida docemente a fazermos o bem, e os seus esforços ficam vãos porque nós Lhe resistimos! Quantas vezes Ele nos tem dito, como a Filipe na estrada de Gaza: "Aproxima-te daquela família, ajuda-a no que puderes, dize-lhe uma boa palavra de religião e de esperança"; e nós, ao invés, sacudimos os ombros. 
   Há uma pessoa que te ofendeu e a quem tens ódio. Aproxima-te dela, concede-lhe o perdão, esquece o passado. 
   Há talvez uma pessoa afastada do Senhor ou que vive escandalosamente: vós a conheceis, podeis, com a vossa amizade, dizer-lhe uma advertência carinhosa, arrancá-la da trilha infernal. Não resistais ao Espírito Santo. Não resistais, tão pouco, quando Ele vos sugere rezardes mais, mortificar-vos mais, vos tornardes santos, fazendo uma santa confissão. 

   Vou contar-vos um fato, do qual, embora indigno, fui ministro do Espírito Santo. Há 39 anos atrás, eu era Capelão dos Hospitais de Campos, RJ..  Atendia todos os dias três hospitais: Santa Casa da Misericórdia, Beneficência Portuguesa e Plantadores de Cana. Como a Santa Casa era maior, eu atendia das 8 h até 12 h.  E à tarde a partir das 14 h atendia os outros dois. 
   Um dia terminei de percorrer toda a Santa Casa e estava saindo e olhando o relógio vi que faltavam 15 minutos para às 12 h. O Divino Espírito Santo assim me inspirou: aproveita estes 15 minutos e dá uma passada no hospital da Beneficência Portuguesa. Pela graça de Deus, obedeci a esta inspiração interior. Fui. Logo na entrada há duas alas. Sem titubear tomei a da direita. Logo no início vi um quarto com a porta semi-aberta e percebi que havia ali uma doente muito mal. Entrei. A doente, com voz fraca e comovida, assim me falou chorando: senhor padre, eu estava nestes momentos dizendo a Jesus: Meu Jesus, fiz as nove primeiras sextas-feiras, e tenho certeza que ireis cumprir a vossa grande promessa: terei um padre na hora da morte, que vejo está se aproximando. E eis que o senhor, padre, chega. Como Jesus é bom!!! - Dei-lhe todos os sacramentos, e a moribunda com sorriso nos lábios entregou sua alma a Deus. Ó Divino Espírito Santo, não mereço tamanha alegria!!!

   O Espírito Santo também nos repele do mal. 
   Na parede da sela de uma prisão, um condenado deixou escrito: "Eu sou aquele que não está contente". Caríssimos e amados irmãos, muitos cristãos, se quisessem ser sinceros, no término do seu dia poderiam repetir essas desconsoladas palavras: "Eu sou aquele(a) que não está contente". Mas quem é que lhes difunde no coração este terrível tédio e implacável remorso? É o Espírito Santo. E por que? para repelir o pecador do mal em que vive e levá-lo a fazer uma boa confissão. 

   Oh! se alguém, hoje que é Pentecostes, considerando a sua alma percebesse já não ser mais templo de Deus, não ser mais filho de Deus, por haver o pecado mortal entrado em si, reacenda no seu coração o fogo do amor de Deus, aproxime-se da Sagrada Confissão, purifique-se. Depois diga com a Santa Igreja: Vinde, ó Espírito Santo, e tornai a consagrar-me templo de Deus. Vinde, ó Espírito Santo, e tornai a fazer-me filho de Deus. Amém!

   

quarta-feira, 5 de junho de 2019

SOLENIDADE DE PENTECOSTES

O SOPRO DIVINO

Dom Fernando Arêas Rifan*
       Domingo próximo será a festa do DIVINO, ou seja, a solenidade de Pentecostes, na qual celebraremos a vinda do Divino Espírito Santo sobre os Apóstolos reunidos com Nossa Senhora: a inauguração da Igreja de Cristo, seu Corpo Místico vivo, pela ação do Espírito Santo.
       Deus, ao criar Adão, o primeiro homem, após formar o seu corpo do pó do solo, soprou sobre ele um “sopro de vida”, surgindo assim o ser humano completo, corpo e alma (Gn 2, 7). Jesus, durante sua vida pública, formou o corpo da Igreja: convocou os Apóstolos, a quem deu a sua autoridade, escolheu Pedro para o chefe, a “pedra”, e deu-lhes o poder de transmitir a graça e os seus ensinamentos. Estava formada a hierarquia, a Igreja docente, que, junto com os outros discípulos, a Igreja discente, formava o corpo da Igreja. Faltava agora a alma, o sopro da vida. Sopro em latim é “spiritus”. Sopro divino, a alma da Igreja, é o Espírito Santo, que Jesus enviou sobre os Apóstolos, sobre a sua nascente Igreja. Agora a obra está completa. 
        Assim o Espírito Santo completou a obra de Cristo, santificando os Apóstolos, transformando-os de fracos em fortes, de medrosos em corajosos, de ignorantes em sábios, para assim pregarem o Evangelho de Jesus a todos os povos, enfrentando a sabedoria pagã, as perseguições e até a morte, pela causa de Cristo. E até hoje, é o Espírito Santo que dá força aos mártires, testemunhas do Evangelho até o derramamento do sangue, o vigor aos missionários e pregadores, a ciência aos doutores, a pureza às virgens, a perseverança aos justos e a conversão aos pecadores. É o Espírito Santo que garante a indefectibilidade e a infalibilidade à Igreja, até ao fim do mundo. Nenhuma sociedade humana sobreviveria a tantas perseguições, tantas heresias e cismas, tantos inimigos externos e internos, tanta gente ruim no seu seio (nós, por exemplo!), leigos, padres, Bispos e Papas ruins, tantos escândalos da parte dos seus membros, tantas dificuldades, se não fosse a ação do Espírito Santo que a mantém incólume no meio de todas essas tempestades, até a consumação dos séculos. 
        É essa ação do Espírito Santo que produziu os santos, que fazem a glória da Igreja, e são milhares e milhares. Conhecemos alguns por nome, respeitados por todo o mundo, mesmo pelos não católicos e não cristãos: quem não respeita e admira a santidade de um São Francisco de Assis, a ciência de um Santo Agostinho, um São Jerônimo e um Santo Tomás de Aquino, a firmeza de São Sebastião, a pureza de Santa Inês e Santa Cecília, a candura de Santa Teresinha do Menino Jesus, a caridade de Santa Teresa de Calcutá e da Beata Dulce dos Pobres, etc. É o Espírito Santo, presente na Igreja, que cumpre a promessa de Jesus: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28, 20).
        A Igreja reproduz a condição do seu Divino Fundador, Jesus, Deus e homem. Como Deus, perfeitíssimo como o Pai, como homem, sujeito a fraquezas como nós, exceto no pecado. Também a Igreja, humana e fraca nos seus membros, que somos todos nós, é divina nos seus ensinamentos, graça e perfeição, pela presença do Espírito Santo, continuador da obra de Jesus.  

*Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
http://domfernandorifan.blogspot.com.br/

domingo, 2 de junho de 2019

HOMILIA DOMINICAL - Domingo depois da Ascensão

   Leituras: Primeira Epístola de São Pedro Apóstolo IV, 7-11.
                    
                   Continuação do Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João, XV, 26-27; XVI, 1-4:


   "Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: Quando vier o Consolador que eu vos enviarei do Pai, o Espírito de verdade, que procede do Pai, Ele dará testemunho de Mim. E vós também dareis testemunho, porque estais comigo desde o princípio. Estas coisas vos digo, para que não vos escandalizeis. Lançar-vos-ão fora das sinagogas; e virá a hora em que qualquer que vos matar, julgará prestar serviço a Deus. E eles vos farão isto, porque não conhecem nem ao Pai, nem a Mim. Mas estas coisas vos digo, para que, ao chegar a hora, vos lembreis que eu vo-las disse".

   Caríssimos e amados irmãos em Nosso Senhor Jesus Cristo!


Santo Estêvão deu testemunho de Nosso Senhor Jesus Cristo, levando uma
vida santa, defendendo a Verdade e combatendo o erro. Foi o primeiro na
Igreja a dar o maior testemunho: o martírio.
Não deixem de ler o Capítulo VII dos Atos dos Apóstolos. Prestem atenção
nesta terrível acusação que Santo Estêvão fez aos Judeus: "Homens de
cerviz dura e incircuncisos de coração e ouvidos, vós resistis sempre
ao Espírito Santo". 
 Nosso Senhor Jesus Cristo diz que o Espírito Santo, espírito de verdade, dará testemunho d'Ele. E diz também que nós devemos dar testemunho.

   O primeiro testemunho que Jesus espera de cada um de nós é o do bom exemplo. São Paulo diz que devemos dar testemunho nas palavras, na caridade, na fé e na castidade. "Sede o exemplo dos fiéis nas  palavras, na caridade, na fé, na castidade". 

   Examinemos a nossa consciência sobre estes pontos: 

   Nas palavras: O Evangelho diz, por exemplo, que é preciso fazer penitência, e talvez nas vossas conversas não se fala de outra coisa senão de gozo e de prazeres.

   O Evangelho lança a maldição ao mundo e aos seus escândalos: ao contrário, quem sabe? vós, sem tantas considerações dizeis que o mundo vos agrada, e sobejas vezes discorreis sobre escândalos com palavras menos pudicas, dando, às vezes, a impressão de os aprovar. Exemplo triste mas tão comum hoje, são os atentados contra as leis de Deus atinentes ao Santo Sacramento do Matrimônio. 

   O Evangelho diz que não se julgue a ninguém, e, no entanto, não se passa um dia sem murmurações e sem maledicências e até calúnias.

   Na caridade: O Evangelho, em todo pobre que sofre, em toda boa obra mostra-nos Jesu que sofre e que pede: porém nós, ao contrário, apegamo-nos tanto ao dinheiro, que a esmola nos mete medo.

   Na fé: Vós todos credes que na Hóstia Santa está Deus, credes que Ele é Pão e Força da vossa alma: e então como sucede que não o recebeis? que não o visitais? 

   Na castidade: Acreditais que o pecado é a lepra da alma, e o trazeis convosco tranquilamente por semanas e meses. Credes que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, e no entanto não o respeitais. 

   Caríssimos, Jesus diz que: "No meio desta geração adúltera e pecadora, quem se envergonhar d'Ele (e portanto não der testemunho da verdade de Suas palavras) Ele também se envergonhará dele no dia do Juízo". 

   Devemos combater sempre o respeito humano e pedir a graça de um amor ardente a Nosso Senhor Jesus Cristo, amor este capaz nos fortificar para darmos o maior testemunho que é o martírio.

Rezemos a oração desta santa Missa: "Onipotente e eterno Deus, fazei-nos cumprir sempre a Vossa santa vontade e com sincero coração servir à vossa majestade. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, que sendo Deus, convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo por todos os séculos dos séculos. Amém!