SAUDAÇÕES E BOAS VINDAS

LOUVADO SEJA NOSSO SENHOR JESUS CRISTO! PARA SEMPRE SEJA LOUVADO!

Caríssimos e amados irmãos e irmãs em Nosso Senhor Jesus Cristo! Sêde BEM-VINDOS!!! Através do CATECISMO, das HOMILIAS DOMINICAIS e dos SERMÕES, este blog, com a graça de Deus, tem por objetivo transmitir a DOUTRINA de Nosso Senhor Jesus Cristo. Só Ele tem palavras de vida eterna. Jesus, o Bom Pastor, veio para que Suas ovelhas tenham a vida, e com abundância. Ele é a LUZ: quem O segue não anda nas trevas.

Que Jesus Cristo seja realmente para todos vós: O CAMINHO, A VERDADE, A VIDA, A PAZ E A LUZ! Amém!

terça-feira, 30 de abril de 2013

ALGUMAS PÁGINAS HISTÓRICAS DO CONCÍLIO VATICANO II - ( 8 )

   "Com uma política precisa, definida em Munique e em Fulda, que podia ser revista nas reuniões semanais realizadas no Collegio dell'Anima; com 480 páginas de comentários e esquemas de substituição; com um Padre Conciliar de língua alemã em cada comissão; com o Cardeal Frings na Presidência do Concílio e o Cardeal Döpfner fazendo parte ao mesmo tempo da Comissão de Coordenação e dos Moderadores - nenhuma outra Conferência Episcopal estava tão bem armada para assumir e conservar a direção da segunda sessão.
   Neste ponto, era clara a feição que as discussões tomariam. Uma forte influência alemã se faria sentir em quase todas as discussões de declarações de alguma importância. Em cada comissão conciliar os membros especialistas alemães e austríacos articulariam perfeitamente a apresentação das conclusões a que tinham chegado nas Conferências de Munique e de Fulda. Graças a estas duas conferências, graças às mudanças radicais introduzidas pelo Papa no Regimento Interno, graças à sua escolha dos cardeais Döpfner, Suenens e Lercaro para Moderadores, estava garantido o controle por parte da Aliança Europeia. 
   Em sua alocução inaugural de 29 de setembro de 1963, Paulo VI enumerou os quatro objetivos básicos do II Concílio do Vaticano: 
  • maior tomada de consciência, por parte da Igreja, de sua natureza específica. 
  • renovação interna da Igreja;
  • promoção da unidade dos cristãos;
  • promoção do diálogo com o homem moderno.
A seguir, o Sumo Pontífice dirigiu-se aos observadores: "É com toda reverência que nos dirigimos agora aos delegados das comunidades cristãs separadas da Igreja Católica, por elas enviados para assistir, como observadores, a estas solenes sessões. É para nós um consolo saudá-los de todo coração. Nós lhes agradecemos por terem vindo. Por meio deles queremos dirigir uma mensagem de amor paterno e fraterno às veneráveis comunidades cristãs que aqui representam".
   "Nossa voz treme, nosso coração se comove ante o duplo pensamento de indizível consolação e dulcíssima esperança que nos causa a presença deles, e de amargura e tristeza que nos causa tão longa separação". (...) "Deste Concílio, de onde ela contempla a universalidade do mundo, a Igreja dirige o olhar para além das terras cristãs, para outras religiões que conservam o senso e a noção de Deus uno, criador, providente, supremo e transcendente à natureza das coisas, que Lhe rendem culto por atos de sincera piedade e que desses usos e opiniões fazem derivar regras morais e sociais. Por certo, a Igreja Católica, não sem dor, vê, nestas religiões, lacunas, defeitos e erros, mas não pode impedir-se de voltar para elas seu pensamento, para fazê-las saber quanta estima sente por tudo quanto vê nelas de verdadeiro, de bom, de humano". 
  
   A preocupação principal da segunda sessão, explicou o Papa, devia ser "examinar a natureza íntima da Igreja e propor, na medida do possível, em linguagem humana, uma definição que seja a mais apropriada para revelar-lhe a constituição verdadeiramente fundamental e para explicar sua multiforme missão de salvação". Disse não haver razão para se espantar de que, depois de vinte séculos, a Igreja Católica ainda precisasse elaborar uma definição mais precisa de sua verdadeira natureza, profunda e complexa. Sendo um "mistério", uma realidade toda impregnada da Divina Presença", ela é "sempre suscetível de uma nova e mais penetrante inquirição". 

domingo, 28 de abril de 2013

ALGUMAS PÁGINAS HISTÓRICAS DO CONCÍLIO VATICANO II - 7ª página

   "Na tarde de segunda-feira, 3 de junho, às 19:49 h., João XXIII exalou o último suspiro. (...) 

 
 O mundo não teve muito que esperar. Aos 22 de junho de 1963, dia seguinte ao de sua eleição, Paulo VI dirigia, pelo rádio, à cidade de Roma e ao mundo, sua primeira mensagem, em que dizia: "A parte mais importante de nosso Pontificado será ocupada pela continuação do II Concílio Ecumênico do Vaticano, para o qual está voltado o olhar de todos os homens de boa vontade. Esta será nossa tarefa principal e temos a intenção de lhe consagrar todas as energias que Nosso Senhor nos concedeu..." O Concílio seria o primeiro cuidado de seu ministério apostólico, e ele se dedicaria a fazer tudo quanto estivesse a seu alcance "para prosseguir a obra de promoção da unidade dos cristãos empreendida, com tanta felicidade e com tão elevadas esperanças, pelo Papa João XXIII". (...).

   (...) Em 12 de setembro o papa Paulo VI anunciava que "um secretariado seria criado a seu tempo para aqueles que pertencem a religiões não-cristãs.

   Depois que Paulo VI anunciou que a segunda sessão se abriria em 29 de setembro de 1963, os Padres Conciliares do mundo inteiro se entregaram ao estudo dos diversos esquemas. Em certos países esse estudo foi feito conjuntamente pela Conferência Episcopal. (...)

   Como a posição dos bispos de língua alemã era regularmente adotada pela Aliança Europeia, e como a posição da Aliança era por sua vez muito frequentemente adotada pelo Concílio, bastaria que um só teólogo conseguisse que seus pontos de vista fossem adotados pelos bispos de língua alemã para que o Concílio os fizesse seus. Ora, existia esse teólogo: era o Padre Karl Rahner, S.J.
   Em princípio, o Padre Rahner era apenas o teólogo do Cardeal König. De fato, inúmeros membros da hierarquia alemã e austríaca tinham recorrido às suas luzes e se pode afirmar que ele foi a cabeça pensante da Conferência de Fulda. Durante uma conversa privada, o Cardeal Frings declarou que o Padre Rahner era 'o maior teólogo do século". (...).

   "Por conselho de alguns de seus Veneráveis Irmãos", dizia Paulo VI, "ele promovia uma revisão no Regimento Interno aprovado há treze meses por João XXIII. A Presidência contava maior número de membros, mas seus poderes eram diminuídos: com efeito, o número de cardeais passava de dez para doze, mas sua tarefa se limitava a velar pela boa ordem do Concílio, fazer cumprir o Regimento e "resolver dúvidas e dificuldades"; eles não mais seriam autoridade para dirigir os debates do Concílio.
   O novo Regimento encarregava quatro Cardeais Moderadores de "dirigir as atividades do Concílio e de fixar a ordem em que os assuntos seriam discutidos durante as reuniões". Eram membros da Comissão de Coordenação, cujo número já havia sido ampliado, pelo Papa, de seis para nove. Os quatro Moderadores escolhidos eram os Cardeais Döpfner, Suenens, Lercaro e Agagianian. (...) Ficava então evidente que Paulo VI, escolhendo estes quatro homens [todos liberais e amigos dele] dava seu apoio ao partido liberal do Concílio, como fizera seu predecessor. 
   Tais nomeações papais deram à Aliança Europeia um renascimento de poder e de influência: ela já controlava 30% da Presidência do Concílio e 50% da Comissão de Coordenação, e agora controlava 75% do grupo de Cardeais Moderadores."

sábado, 27 de abril de 2013

ALGUMAS PÁGINAS HISTÓRICAS DO CONCÍLIO VATICANO II - 6ª página

   A SEGUNDA SESSÃO  -> 29 de setembro a 4 de dezembro de 1963.
   
  OS PREPARATIVOS DA SEGUNDA SESSÃO

   "Se as palavras do Pe. Küng eram verdadeiras - "nenhum daqueles que assistiram ao Concílio voltará para casa como era antes" - eram-no mais do que para qualquer outro, para os bispos de língua alemã e seus teólogos. Vindos à primeira sessão do Concílio com a esperança de obter algumas concessões, eles voltavam conscientes de ter alcançado uma vitória total, e confiantes de que inúmeras outras vitórias ainda os esperavam.

   Quando, nos começos da primeira sessão, os Padres elegeram 17 dos 21 candidatos propostos para as comissões conciliares pelos duzentos e tantos bispos dos Estados Unidos, tinha-se a impressão de que o Concílio os considerava como líderes. Mas, à medida que as semanas passaram, os bispos americanos pareceram por demais apagados e por demais desunidos para desempenharem esse papel; seria porque seus especialistas não lhes tinham preparado programa algum? Por outro lado, os bispos dos países renanos não estavam nem apagados nem desunidos; eles tinham mostrado na primeira sessão quanto era importante dispor de um texto pelo qual lutar; o esquema sobre a Liturgia lhes dera tal oportunidade ; e a Aliança estava em condições de agir com eficácia porque sabia o que queria e o que não queria. 

   O prazo para a entrega de emendas ao esquema sobre a Igreja estava marcado para expirar em 28 de janeiro de 1963, e os bispos de língua alemã e seus teólogos puseram logo mãos à obra. Decidiram reunir-se todos em Munique, em 5 e 6 de fevereiro, para elaborar uma análise detalhada do esquema e esboçar sugestões práticas com vistas à sua revisão. Foram convidados representantes de outros países da Aliança Europeia para participar dessa reunião, entre os quais Mons. Dodewaard, Bispo de Haarlem, Mons. Elchinger, coadjutor do Bispo de Estrasburgo, e o padre Schütte, Superior Geral dos Missionários do Verbo Divino, que estaria em perfeitas condições para transmitir à Conferência dos Superiores Gerais, em Roma. os pontos de vista da Aliança. Toda essa atividade de organização centralizava-se no Cardeal Döpfner, membro da Comissão em sua primeira sessão, havida no Vaticano de 21 a 27 de janeiro. Dentre tais decisões duas eram particularmente importantes: uma era que o esquema sobre a Santíssima Virgem Maria seria tratado independentemente do esquema sobre a Igreja; a outra, que este último seria reduzido a quatro capítulos.

   A reunião de Munique elaborou uma crítica detalhada do esquema sobre a Igreja e, para substituí-lo, um esquema composto de 46 artigos, agrupados, por sugestão do Cardeal Suenens, em cinco capítulos e não em quatro, como decretara a Comissão de Coordenação. A análise e o esquema de substituição foram enviados a João XXIII e ao Cardeal Ottaviani, com uma introdução onde se esclarecia, de um lado, que  a análise enumerava os motivos "pelos quais o atual esquema devia ser completamente revisto"; e, por outro lado, que, redigindo o esquema de substituição, os padres de língua alemã tinham sempre conservado em mente as normas fixadas pelo Papa em 5 de dezembro de 1962, no fim da primeira sessão, normas que tinham insistido "muito particularmente no aspecto pastoral" dos decretos do Concílio. (...) O papel e o primado do Sumo Pontífice deviam ser recordados, mas apresentados sob seu aspecto ecumênico, e que o sentido da colegialidade episcopal e do próprio episcopado deviam ser postos em plena luz". (...) [o esquema de substituição] esforçava-se por ser de estilo mais pastoral e por corresponder ao espírito ecumênico. (...) Mais tarde, novas disposições seriam tomadas, por ocasião de uma segunda conferência que se realizaria em Fulda, em agosto do mesmo ano.

   Convém observar que as primeiras palavras do esquema de substituição, Lumen Gentium, tomadas da alocução de João XXII de 11 de setembro de 1962, foram depois adotadas como palavras iniciais e como título da Constituição Dogmática do Concílio sobre a Igreja". 

sexta-feira, 26 de abril de 2013

ALGUMAS PÁGINAS HISTÓRICAS DO CONCÍLIO VATICANO II - 5ª página

   "O teólogo alemão Ratzinger declarou que a inexistência de qualquer texto conciliar aprovado no fim da primeira sessão constituía "o grande, o espantoso resultado verdadeiramente positivo da primeira sessão". O fato de nenhum texto ter conseguido a aprovação dos Padres Conciliares era, para ele, a prova de uma "forte reação contra o espírito que estava subjacente no trabalho preparatório". Ele via nisto "a nota verdadeiramente característica e que faria lembrar a primeira sessão do Concílio".

   Alguns dias antes do encerramento, o padre Hans Küng, teólogo suíço da Faculdade de Teologia Católica da Universidade de Tubingen, foi convidado a falar para o U. S. Bishops' Press Panel. durante sua exposição, ele contou que uma vez João XXIII, interrogado privadamente porque convocara o Concílio, foi à janela, abriu-a e disse: "Façamos entrar um pouco de ar puro na Igreja". Não escondendo a alegria que sentia, o padre Küng declarou que aquilo que tinha sido, até recentemente, o sonho de um grupo de vanguarda na Igreja, "se tinha espalhado e, graças ao Concílio, havia penetrado em toda a atmosfera da Igreja". Se, por qualquer motivo, o Concílio fosse encerrado, o movimento lançado na Igreja não pararia mais, e logo outro Concílio haveria de ser convocado.

   Solicitado a enumerar alguns resultados positivos da primeira sessão, padre Küng respondeu que "muitos dentre eles" tinham temido que o Concílio publicasse oficialmente "inconvenientes declarações em matéria de dogma e ecumenismo. Até agora toda tentativa desta natureza tinha sido rejeitada". Este espírito do Concílio tinha produzido uma mudança de atmosfera em toda a Igreja. "Nenhum dos que vieram para o Concílio voltará para casa como antes. Pessoalmente, eu nunca imaginaria que bispos falassem de modo tão audacioso e tão explícito na aula conciliar".

   O padre Küng via na rejeição do esquema sobre as fontes da Revelação "um grande passo na direção certa. É exatamente isto que na Alemanha todos nós vínhamos esperando, mas, sendo apenas uma fraca minoria, nem imaginávamos que fosse possível". E concluiu: "Talvez o resultado mais decisivo da primeira sessão seja o fato de os bispos terem tomado consciência de que são eles, e não unicamente a Cúria Romana, que constituem a Igreja". 

   "Este Concílio foi um grande sucesso", disse Mons. Méndez Arceo, Bispo de Cuernavaca. no México, observando que certos Padres Conciliares se lamentavam de haver discursos demais e repetições demais durante as reuniões. "Mas eu creio que isto era necessário para que todos conhecessem o que os outros pensavam. A Basílica de São Pedro, onde se realizaram nossas assembleias, era como uma gigantesca panela de pressão, que transformou rápida e profundamente o horizonte dos bispos do mundo inteiro". 

   A rejeição dos esquemas e a rápida evolução dos pontos de vista constituíram as marcas distintivas da primeira sessão do II Concílio do Vaticano". 

quinta-feira, 25 de abril de 2013

ALGUMAS PÁGINAS HISTÓRICAS DO CONCÍLIO VATICANO II - 4ª página

   Os Padres que tomavam parte ativa no movimento ecumênico discordavam inteiramente do capítulo sobre o ecumenismo, preparado pela Comissão Pré-Conciliar de Teologia do Cardeal Ottaviani. Para eles, a melhor oportunidade de modificá-lo estava em conseguir que fosse tratado juntamente com os dois outros esquemas sobre a unidade dos cristãos. Sua estratégia era levá-los à discussão um após o outro e fundi-los depois. Se um grupo composto do presidente da Comissão de Teologia (Cardeal Ottaviani), do presidente do Secretariado para a União dos Cristãos (Cardeal Bea) e do presidente da Comissão das Igrejas Orientais (Cardeal Cicognani) se entendesse sobre um texto comum revisto, a influência dos conservadores na redação final seria grandemente diminuída. 

   O esquema sobre a Igreja constituía para os liberais um alvo ainda mais importante. Se pudessem colocá-lo em discussão logo após o esquema da unidade da Igreja, a onda de críticas a ser enfrentada facilitaria devolvê-lo para revisão, por parte da nova Comissão de Teologia. E embora esta Comissão tivesse o Cardeal Ottaviani na presidência, ela contava, entre seus componentes, oito representantes da Aliança Europeia, cuidadosamente escolhidos, cujo peso seria considerável.

   O partido liberal estava então mais confiante do que nunca. Não só estava bem representado dentro da Comissão de Teologia como estava seguro do apoio dos bispos da África e da América Latina, estes últimos tendo à frente o Cardeal Silva Henríquez, Arcebispo de Santiago do Chile. (...).

   O Concílio abordou a discussão do mais importante esquema sobre a Igreja em sua 33ª Congregação Geral, no dia 1º de dezembro, exatamente uma semana antes do encerramento da primeira sessão. O primeiro orador foi o Cardeal Ottaviani que, na qualidade de presidente da Comissão de Teologia, deveria fazer algumas obervações preliminares.

   Três dias antes, ele havia chamado a atenção para o fato de ser impossível realizar em uma semana a discussão sobre um esquema de trinta e seis páginas; e exortava os Padres Conciliares a discutirem, de acordo com a ordem anunciada no começo, o esquema muito mais breve sobre a Santíssima Virgem Maria, que só constava de seis páginas. Poder-se-ia, sem dificuldade, dizia, dar conta da discussão deste esquema e disso se colheria o feliz resultado de que os Padres Conciliares, "com a assistência de Nossa Senhora" viessem a concluir a primeira sessão" na união e na harmonia". Mas seu apelo foi ignorado.

   O Cardeal insistiu sobre o valor dos membros da Comissão Pré-Conciliar de Teologia, que preparara o esquema sobre a Igreja. Eles tinham sido em número de 31, mais 36 consultores pertencentes a 15 nações, a maioria professores de universidades ou lentes de grandes instituições eclesiásticas de todo o mundo. Cada um deles tinha a seu crédito várias publicações de grande valor, algumas das quais eram usadas como manuais em seminários e universidades. Portanto a Comissão Pré-Conciliar de Teologia se considerava como bem equipada sob o ponto de vista intelectual, para se desincumbir da dura tarefa que representava elaborar um esquema sobre a Igreja. Além disso, ela se havia lembrado do aspecto pastoral do Concílio. 

   Naquela manhã, 14 Padres Conciliares foram ao microfone. Seis deles pediram revisões tão completas que equivaliam a uma absoluta rejeição do texto tal com se apresentava. Acusava-se o esquema de ser teórico demais, legalista demais, de identificar pura e simplesmente o Corpo Místico com a Igreja Católica, de não falar do laicato senão por condescendência, de insistir exageradamente sobre os direitos e sobre a autoridade da hierarquia, de faltar com o espírito de caridade, com o espírito missionário e com o espírito ecumênico. 
   Mons. De Smedt resumiu em três palavras suas críticas: o esquema era acusado de triunfalismo, clericalismo e legalismo.

    (...) O Cardeal Bacci, da Cúria, disse estar convencido de que os Padres Conciliares estavam de acordo quanto à substância doutrinal do documento, e que o esquema se revelaria satisfatório depois que alguma correções fossem feitas na redação. Mons. Barbetta, membro da Cúria Romana, criticou a intervenção de Mons. Smedt: o tom não era nem triunfalista, nem clerical, nem legalista. (...).

   No primeiro dia do debate, o Cardeal Alfrink pedira uma cuidadosa coordenação dos textos, para que toda repetição inútil fosse evitada na ordem do dia do Concílio. Tal proposta, cuja adoção deveria alterar profundamente a estrutura do Concílio, bem como a forma e o conteúdo dos esquemas, recebeu no curso das três reuniões seguintes o apoio dos cardeais Léger, Suenens e Montini. (...).

   No mesmo dia 5 de dezembro, o Sumo Pontífice, instigado por quatro cardeais, instituiu uma nova Comissão de Coordenação "encarregada de coordenar e dirigir os trabalhos do Concílio". Seria composta exclusivamente de cardeais - os Cardeais Liénart, Döpfner, Suenens, Confalonieri, Spellman e Urbani, mais o Cardeal Cicognani como presidente. A Aliança Europeia estava representada por três membros e detinha, portanto, cinquenta por cento dos votos. Deste modo sua influência e seu prestígio não cessavam de crescer: no começo do Concílio, ela só obtivera 30% das cadeiras da Presidência do Concílio. 
   Além da criação da Comissão de Coordenação, João XXIII aprovou, na mesma data, as normas que deviam reger o Concílio no intervalo entre as duas primeiras sessões. (...) Todas as normas foram lidas aos Padres Conciliares na reunião matinal de 6 de dezembro, e os liberais viram aí nova vitória sobre a Cúria.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

ALGUMAS PÁGINAS HISTÓRICAS DO CONCÍLIO VATICANO II - 3ª página

   Esquema sobre As Fontes da Revelação.

   "Não era difícil prever que o esquema sobre as fontes da Revelação seria seriamente mal conduzido. Seus adversários, tendo à frente o Padre Schillebeeckx e os bispos holandeses, estavam agitados contra ele havia mais de um mês. (...) Uma das maiores objeções era que o esquema falava não de uma fonte da Revelação, mas de duas. 
   No dia 14 de novembro, o Cardeal Ottaviani apresentou o esquema sobre as fontes da Revelação; era a primeira vez que ele se apresentava à aula, desde que, duas semanas antes, o Cardeal Alfrink  o reduzira ao silêncio. Ele elogiou o valor pastoral do esquema e recordou que o primeiro dever do pastor de almas era ensinar a verdade, que permanece imutável sempre e em toda a parte. Depois cedeu a palavra a Mons. Garofalo, igualmente bem conhecido por suas tendências conservadoras, rogando que lesse por ele o relatório preliminar. Mons. Garofalo tinha sido membro da Comissão Preparatória de Liturgia, e o Cardeal Ottaviani o conservara como consultor na Comissão Conciliar de Teologia. 
   Mons. Garofalo, que não era dos Padres Conciliares, disse que a primeira tarefa do Concílio era defender e promover a doutrina católica na sua forma mais precisa. Não se tratava de renovação da doutrina, disse, mas simplesmente de um estudo mais aprofundado, de um melhor conhecimento da doutrina existente. Descreveu o trabalho bastante intenso levado a efeito na elaboração do esquema, e observou que eruditos de um grande número de nações e de diversas universidades tinham dado sua colaboração. Dito isto, ele expôs brevemente o conteúdo dos cinco capítulos. 

   A reação foi repentina e violenta. Os cardeais Alfrink (Países Baixos), Frings (Alemanha), Bea (Cúria) König (Áustria), Suenens (Bélgica), Léger (Canadá), Ritter (Estados Unidos) e o Patriarca Maximos IV declararam-se todos categoricamente descontentes com o esquema. (...).
   O Cardeal Siri, Arcebispo de Gênova, e o Cardeal Quiroga y Palácios, Arcebispo de São Tiago de Compostela, declararam-se conjuntamente satisfeitos com o esquema, mas acrescentaram que eram necessárias algumas emendas. O único orador que não fez qualquer reserva foi o Cardeal Ruffini, Arcebispo de Palermo; mencionando que um texto substitutivo fora distribuído aos Padres Conciliares, perguntou: "Com que autoridade?". 
    De fato, um contra-esquema mimeografado estava circulando (...).

   Um grupo de Padres Conciliares da América Latina - era assim que eles se denominavam - distribuiu uma declaração de duas páginas, impugnando as duas constituições dogmáticas. "Esses esquemas", dizia, "são, em sua forma atual, contrários à finalidade do Concílio. Estão ultrapassados com relação ao progresso da Teologia e dos Estudos Bíblicos; não correspondem à presente situação do ecumenismo, não atendem à expectativa do mundo moderno e pecam por falta de clareza doutrinária". 

   Na 20ª Congregação Geral, que se realizou a 16 de novembro, a tempestade continuou com toda intensidade. (...)

    Dos 18 oradores que falaram na 22ª Congregação Geral, que foi tempestuosa, 2 defenderam o esquema, 7 pediram maiores modificações para o texto e 9 o rejeitaram inteiramente. 

   A esta altura, Mons. De Smedt, Bispo de Bruges, tomou a palavra em nome do Secretariado para a União dos Cristãos. "Inúmeros Padres Conciliares demonstraram, ao examinar o esquema sobre as fontes da Revelação, preocupações verdadeiramente ecumênicas. Todos desejam sincera e positivamente que esse esquema promova a unidade. Mas os pontos de vista diferem, uns afirmando que eles correspondem às exigências do ecumenismo, outros negando isto. A fim de poder julgar com melhor conhecimento de causa, talvez desejeis saber o que nosso Secretariado considera necessário para que uma proposta mereça ser chamada ecumênica. Como sabeis, nosso Secretariado foi criado pelo Sumo Pontífice para ajudar os Padres Conciliares a examinarem os diversos textos que lhes são submetidos, sob o ponto de vista do ecumenismo". 

   Ele terminou fazendo um apelo patético: "Tendo recebido do Santo Padre a função de trabalhar neste Concílio pelo feliz estabelecimento de um diálogo com nossos irmãos não-católicos, nós vos suplicamos, Veneráveis Irmãos, que escuteis o que o Secretariado para a União dos Cristãos pensa do esquema proposto. Tal como nós o vemos, o esquema carece consideravelmente de espírito ecumênico. Ele não constitui um progresso no diálogo com os não-católicos, mas um obstáculo; irei mais longe, e direi que ele é prejudicial (...) Se os esquemas preparados pela Comissão Pré-Conciliar de Teologia não forem redigidos de modo diferente, nós seremos responsáveis por ter abortado, no II Concilio do Vaticano, uma grande, uma imensa esperança. Esta esperança é partilhada por todos aqueles que, com o Papa João XXIII, aguardam, na oração e no jejum, que medidas vigorosas e sérias sejam enfim tomadas, visando realizar a unidade fraterna entre todos aqueles pelos quais Jesus Cristo Nosso Senhor rogou, pedindo que sejam um."
    Enquanto Mons. De Smedt se afastava do microfone, a assembleia irrompeu em aplausos.

   (...) Os liberais tinham ganho a batalha das eleições; tinham ganho por ocasião do debate sobra a liturgia; e agora ganhavam no debate sobre a Revelação. (...).

    Quatro dias mais tarde, o L'Osservatore Romano anunciava na primeira página a composição da nova Comissão para a revisão do esquema. Não se tratava mais do esquema sobre as Fontes da Revelação, mas do esquema sobre a Revelação Divina. Isso parecia confirmar que o partido liberal, que fazia oposição à noção de duas fontes da Revelação, a havia feito desaparecer. A nova comissão tinha dois presidentes, os cardeais Ottaviani e Bea. Seis cardeais foram acrescentados, entre os quais Frings e Liénart. 

sexta-feira, 5 de abril de 2013

PODER DE ORDEM E PODER DE JURISDIÇÃO

   São dois conceitos necessários para podermos entender bem o que é o Papa.
   A Santa Madre Igreja, embora seja uma sociedade desigual, é também orgânica, ou seja, aqueles que governam estão de tal forma ordenados e subordinados uns aos outros , que constituem uma completa HIERARQUIA. E esta Hierarquia compõe-se de dois poderes: o de Ordem e o de Jurisdição.
   Poder de Ordem: é o próprio poder do Sacerdócio, ou seja, aquele que vem da Ordenação Sacerdotal. 
Imprime um caráter indelével. É um só o Sacramento da Ordem; mas são três graus: Diaconato, Presbiterato e Episcopado. O Episcopado é o grau máximo da Ordem. O Papa é Bispo e neste ponto, portanto, ele tem substancialmente um poder igual aos dos demais bispos, porém maior no que se refere ao uso lícito do mesmo; porque o Papa pode exercer alguns atos que licitamente não o podem os Bispos sem comissão pontifícia, como, por exemplo, ordenar padres aqueles que não sejam da sua diocese, sem ter as cartas dimissórias do Bispo próprio do ordenando.  O Episcopado é a perfeição do Sacramento da Ordem, pois dá a plenitude do poder sacerdotal. Só o bispo pode conferir o sacerdócio, isto é, o Sacramento da Ordem. 
  Todos aqueles que são admitidos na Hierarquia Eclesiástica, não o são por consentimento ou chamamento do povo ou do poder secular, mas são constituídos nos graus de poder de Ordem pela Sagrada Ordenação. 
O poder de Ordem se ordena para a confecção e administração dos sacramentos e sacramentais.

 Poder de jurisdição: É o poder público de governar os fiéis em ordem à vida eterna. Pela Ordenação o clérigo fica constituído na hierarquia da Ordem e portanto recebe de Deus o poder de confeccionar e administrar os sacramentos. Mas, além disto precisa de uma Missão canônica, ou seja, um mandato do legítimo Superior pelo qual o clérigo possa entrar na hierarquia de Jurisdição.

   O Romano Pontífice, sucessor de São Pedro no Primado, não somente tem o Primado de honra, mas o supremo e pleno poder de jurisdição na Igreja universal, tanto nas coisas de fé e costumes como nas que se referem à disciplina e governo do Igreja difundida por todo o orbe. Este poder é verdadeiramente episcopal, ordinário e imediato tanto sobre todas e cada uma das Igrejas como sobre todos e cada um dos Pastores e fiéis, e independentemente de qualquer autoridade humana.

   É a tese teológica que vamos, Deo volente, expor e provar em futuros posts. 

quinta-feira, 4 de abril de 2013

PODER TEMPORAL DO PAPA

   É preciso distinguir entre o Primado ou preeminência espiritual do Papa sobre todas as igrejas e o seu poder temporal, ou sobre os seus domínios temporais. O Primado Espiritual é de instituição divina e inseparável do Sumo Pontífice. Já o Domínio Temporal é de origem humana. É evidente que o Primado Espiritual do Papa é muitíssimo mais importante; apenas falaremos dele depois, porque se trata justamente de algo mais profundo, ou seja, é uma Tese Teológica que exige naturalmente mais tempo para um estudo profundo. 
   Neste post falaremos um pouco sobre o poder temporal do Papa. Sabemos que o Vaticano é um país, cujo título oficial é: Estado da Cidade do Vaticano. Como tal foi instituído pelo Tratado de Latrão em 1929.É um governo monárquico absoluto eletivo. E é o próprio Papa, como Bispo de Roma que é o governo do Vaticano. 
   A origem e o aumento dos Estados pontifícios foi devido em grande parte a diferentes doações de Príncipes cristãos, em particular a Pepino e Carlos Magno, como mostra a história eclesiástica e a profana. 
    Ainda que o domínio temporal do Papa não seja uma coisa absolutamente necessária, assim mesmo é de suma importância para o bem estar de Igreja universal e, por isso mesmo deve olhar-se como uma disposição especial da Divina Providência. Pois além de muitas vantagens que se poderiam aqui notar, o Papa, sendo Príncipe temporal, adquire, com relação aos Príncipes temporais, uma posição que lhe é indispensável, mais livre e independente, e as suas disposições eclesiásticas têm maior força exterior.
   Se o Papa fora súdito de algum monarca, a direção e governo da Igreja se veria muitas vezes perturbada, impedido e até se tornaria impossível, pois no exercício do seu poder espiritual o Papa não só dependeria justamente de Deus, mas dependeria muitas vezes, com menosprezo de si mesmo e de todos os fiéis que são os seus filhos, do poder e favor dos príncipes temporais. Pois se um rei temporal atacasse os direitos espirituais do Papa, estivesse em guerra com outros príncipes, ou chegasse até mesmo a apostatar da fé, é fácil de ver quantas e quão graves dificuldades teria o Sumo Pontífice, sendo súdito no temporal. Uma sentença pronunciada no Concílio de Basileia no século V ainda hoje tem valor nos nossos dias: "Sem o patrimônio temporal da Igreja, o Papa seria servo de reis e príncipes". 

segunda-feira, 1 de abril de 2013

CARTA DE S. FRANCISCO DE ASSIS AOS FIÉIS - ( V ) - Fim.


   11- Da Penitência e do Corpo de Cristo


 Mas todos aqueles que não vivem em espírito de penitência, nem recebem o Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, e que praticam vícios e cometem pecados, e que vivem segundo suas más concupiscências e desejos perversos, e que não cumprem o que prometeram e com o seu corpo servem ao mundo, porque se deixaram ludibriar por suas concupiscências carnais, pelos cuidados e solicitudes deste mundo, pelo demônio, cujos filhos são e cujas obras praticam: cegos são eles, porque não são capazes de enxergar a verdadeira luz, Nosso Senhor Jesus Cristo. A sabedoria espiritual não na possuem porque não trazem dentro de si o Filho de Deus, que é a verdadeira sabedoria do Pai. E é deles que se diz: "Sua sabedoria foi devorada" (Sl 106, 27). Só enxergam, conhecem, sabem e praticam o mal e perdem deliberadamente suas almas. 
   Reparai, ó cegos, iludidos por nossos inimigos, isto é, pela carne, pelo mundo e pelo demônio - que é agradável ao corpo praticar o pecado, e amargo servir a Deus, porque todos os vícios e pecados procedem do coração do homem, como diz o Evangelho (Mt 15, 19). E nada tendes de bom, nem neste mundo nem no futuro. Julgais gozar por longo tempo as vaidades deste mundo, mas estais logrados, porque virá o dia e a hora na qual não pensais, e que de todo desconheces.

   12. Do Enfermo que não Gosta de Fazer Penitência

   Adoece o corpo, a morte avança, chegam os parentes e amigos e dizem: "Põe tuas coisas em ordem". Vede como sua mulher, seus filhos, os parentes, os amigos andam fingindo que choram. Levantando os olhos e vendo-os chorar, ele move-se de falsa compaixão, reflete no seu íntimo e diz: "Vede, minha alma e meu corpo e tudo oque é meu deposito nas vossas mãos". É verdadeiramente maldito tal homem que deposita e entrega em mãos assim sua alma e seu corpo e tudo o que possui. Daí falar o Senhor pelo Profeta: "Maldito o homem que confia noutro homem" (Jer 17, 5).

   E logo mandam vir o padre. O padre diz-lhe: "Você quer fazer penitência por seus pecados?" Responde: "Quero". "Você está disposto, na medida do possível, a pagar, com seus bens, as dívidas que tem e reparar os logros e enganos que cometeu contra outros?" Retruca ele: "Não". Diz o padre: "Por que não?" E ele responde: "Porque entreguei tudo às mãos dos parentes e amigos". E começa a perder a fala e assim morre o infeliz.

   Saibam todos: Onde e como quer que um homem venha a morrer em pecado mortal sem a devida reparação - e ele pôde fazer penitência mas a não fez - o diabo lhe arranca a alma do corpo sob tal angústia e medo que ninguém é capaz de conhecer senão quem no experimenta em sua própria pele. E todos os talentos e poderes e ciências e sabedorias que "julgava possuir ser-lhes-ão tirados" (Lc 8, 18). E tem de deixar os seus bens para os parentes e amigos e estes se apoderam deles e os distribuem entre si, e dirão mais tarde: "Maldita seja a sua alma, porque ele poderia ter dado e ganho para nós muito mais e não o fez". O corpo comem-no os vermes. E assim ele perde a alma e o corpo neste mundo passageiro, e irá para o inferno, onde será atormentado para sempre.

   Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém, A vós [todos quantos receberdes esta carta] rogo e conjuro eu, Frei Francisco, vosso mínimo servo, pelo amor que é Deus (1 Jo 4, 16), e desejando beijar-vos os pés, que recebais estas e outras palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo com humildade e amor e as pratiqueis de boa vontade e com perfeição. [ E os que não souberem ler, façam-nas ler seguidamente por outros e guardem-nas na memória por santa operação até o fim, pois "elas são espírito e vida" (Jo 6, 63). E os que o não fizerem, terão de um dia justificar-se diante do tribunal de Cristo] (*). E todos aqueles homens e mulheres que as receberem de boa mente e as entenderem e mandarem uma cópia a outros -, se perseverarem até o fim (Mt 10, 22), que os abençoe o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Amém.

   (*) Os trechos entre colchetes não constam no manuscrito mais antigo que é o Codex 338 da Biblioteca da cidade de Assis. 

CARTA DE S. FRANCISCO DE ASSIS AOS FIÉIS - ( IV )

   9. Que não Devemos ser Sábios segundo a Carne


 Não devemos ser sábios e prudentes segundo a carne (cf. 1 Cor 1, 26), mas antes sejamos simples, humildes e puros. E mantenhamos nossos corpos em opróbrio e desprezo, pois somos por nossa própria culpa míseros e cheios de podridão, asquerosos, vermes, segundo diz o Senhor pelo Profeta: "Eu sou um verme, já não sou homem, o opróbrio de todos e a abjeção da plebe" (Sl 21, 7).
   Nunca devemos aspirar a sobrepor-nos aos outros, mas antes sejamos por amor de Deus os servos e "súditos de toda criatura humana" (1 Ped 2, 13).
   E todos os homens e mulheres que assim agirem e perseverarem até o fim verão "repousar sobre si o Espírito do Senhor" (Is.11, 2), e Ele fará neles sua morada permanente (Jo 14, 23), e eles serão filhos do Pai celestial (Mt 5, 45), cujas obras fazem, e serão desposados, irmãos e mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo (cf. 12, 48-50). Somos desposados, quando a alma crente está unida a Jesus Cristo pelo Espírito Santo. Somos seus irmãos, quando fazemos a vontade de seu Pai, que está nos céus (Mt 12,  50). Somos suas mães, se com amor e consciência pura e sincera o trazemos em nosso coração e nosso seio e o damos à luz por obras santas que sirvam de luminoso exemplo aos outros (cf. Mt 5, 16).
   Como é honroso e santo ter no céu um Pai! Como é santo, consolador e deleitável ter no céu um esposo! Como é santo, e como é querido, agradável, aprazível, humilde, tranquilizador, doce, amorável e sobre todas as coisas desejável ter um tal irmão que entregou sua vida por suas ovelhas (Jo 10, 15) e por nós orou ao Pai, dizendo: "Pai santo, guarda em teu nome os que me deste. Pai, todos quantos no mundo me deste, eram seus, mas tu mos deste. E as palavras que me deste eu lhas dei a eles e receberam-nas e ficaram sabendo que em verdade saí de ti e acreditaram que tu me enviaste. Rogo por eles, não pelo mundo. Abençoa-os e santifica-os. Também eu por causa deles me santifico a mim mesmo, para que eles sejam santificados para a união, como nós somos unos. E quero, Pai, que, onde eu estiver, estejam eles comigo, para que veja a minha glória no teu Reino" (Jo 17, 11-22).

   10. Que Devemos Tributar Louvores a Deus

   A Ele, pois, que tanto sofreu por nós e tanto bem nos fez e ainda fará no futuro - todas as criaturas que há no céu e sobre a terra e no mar e nos abismos, rendam a Deus louvor, glória, honra e bênção (Apoc 5, 13), porque Ele é nossa força e nosso vigor, e que só Ele é bom (Lc 18, 19), só Ele o Altíssimo, só Ele onipotente,  admirável, glorioso, só Ele digno de louvor e glorificação por toda a eternidade sem fim. Amém.

Termina no próximo post.