SAUDAÇÕES E BOAS VINDAS

LOUVADO SEJA NOSSO SENHOR JESUS CRISTO! PARA SEMPRE SEJA LOUVADO!

Caríssimos e amados irmãos e irmãs em Nosso Senhor Jesus Cristo! Sêde BEM-VINDOS!!! Através do CATECISMO, das HOMILIAS DOMINICAIS e dos SERMÕES, este blog, com a graça de Deus, tem por objetivo transmitir a DOUTRINA de Nosso Senhor Jesus Cristo. Só Ele tem palavras de vida eterna. Jesus, o Bom Pastor, veio para que Suas ovelhas tenham a vida, e com abundância. Ele é a LUZ: quem O segue não anda nas trevas.

Que Jesus Cristo seja realmente para todos vós: O CAMINHO, A VERDADE, A VIDA, A PAZ E A LUZ! Amém!

terça-feira, 28 de outubro de 2014

IGREJA CATÓLICA: Obra de Deus

   A Sagrada Escritura, ou seja, Deus Espírito Santo declara no Livro do Gêneses I, 31 que ao criar todas as coisas, Deus viu que tudo era muito bom. Em toda Santa Missa o celebrante reza no "Lavabo": Ó Deus, que maravilhosamente criastes a dignidade da natureza humana e mais prodigiosamente ainda a reformastes". Como obra externa, a mais extraordinária que Deus fez é o Mistério da Encarnação para Redenção do gênero humano. Não podia o Nosso Pai do Céu conceder-nos maior benefício nem de mais duradouras consequências que o de nos dispensar o dom da sua própria natureza divina por meio da graça santificante. 

   Ouçamos o primeiro Papa, o Apóstolo São Pedro: "Assim como o Seu divino poder nos deu todas as coisas que dizem respeito à vida e à piedade, por meio do conhecimento d'Aquele que nos chamou pela sua glória e virtude, (assim também) por Ele mesmo nos deu as maiores e mais preciosas promessas, a fim de que por elas vos torneis participantes da natureza divina..." II Pedro I, 3 e 4). 

   Pois bem! para comunicar às almas a Sua própria vida divina e nelas realizar o seu maravilhoso desenvolvimento, Deus Pai encarregou seu Filho, Jesus Cristo, de instituir a Igreja, que, por isto mesmo, é una, santa, católica e apostólica. A Igreja de Deus é uma só. As seitas são fruto do orgulho humano insuflado pelo demônio.

   A Igreja, essa Mãe mil vezes bondosa e previdente, que vela o berço de todos e cada um de seus filhos, protege a vida sobrenatural que lhes conferiu, sustenta-os, mais tarde, nos duros combates da vida e ajuda-os, finalmente, a transpor o limiar que separa o tempo da eternidade. Para tanto, Deus confiou à Igreja os sete sacramentos. E só a Igreja Católica, criada por Deus, tem todos os sacramentos. E Nosso Pai do Céu, na sua bondade, pensou em todas as almas que viveriam um dia sobre a face da terra, contanto que elas quisessem aproveitar o benefício da Redenção. 

   Durante a Última Ceia, Nosso Senhor Jesus Cristo, no momento solene em que ia dar princípio ao drama da sua Paixão, dirigiu a seu eterno Pai esta impressionante oração: "Eu não vos rogo unicamente por meus discípulos, mas por todos aqueles que, um dia, pela sua palavra, crerão em mim, para que todos sejam juntamente uma só e mesma coisa; como Vós, Meu Pai, estais em mim e eu em Vós, assim sejam eles uma mesma coisa conosco" (S. João XVII, 20 e 21). Ao deixar este mundo e voltar para o Céu, o Filho de Deus Humanado, Imolado e Ressuscitado, não deixou a Santa Igreja, sua Esposa, que conquistou a preço de seu sangue, ao desamparo: "Tu és Pedro [que quer dizer pedra] e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela" (S. Mateus XVI, 18). Antes de começar a sua Paixão, Jesus disse: "Simão, Simão, Satanás pediu para vos fazer passar pela joeira da tentação, como pelo crivo passa o trigo; Eu, porém, intercedi para que não chegue a faltar a tua fé. Cuida, então, depois da tua conversão, de confirmar na fé os teus irmãos" (S. Lucas XXII, 31 e 32). 

   Escravos das suas paixões, os homens revoltar-se-ão contra os princípios da moral imposta por Jesus Cristo. Nações inteiras sacudirão o jugo desta austera doutrina dos costumes cristãos. Contudo, jamais, chegarão a abalar a Igreja nem a farão retroceder. Sempre ficará uma parte sã: esta é a Católica. Nenhum poder humano, nenhuma violência, astúcia ou perseguição conseguirão no futuro, fazer com que a Igreja fracasse na sua divina missão. Pois, Deus Todo-Poderoso, ama a Sua Igreja, que é una, santa, CATÓLICA e Apostólica. Por vontade de Nosso Senhor Jesus Cristo, a sede de São Pedro e de seus sucessores foi Roma. Por isso, ela é chamada também de Romana. 

   Esta crise sem precedentes por que passa a Santa Madre Igreja será talvez a mais evidente prova de que ela  (a Igreja) é obra Divina, e de que Deus não abandona a Sua obra. Como diz São Pio X na "Pascendi", se fosse possível, os modernistas destruiriam a Igreja pelos fundamentos. Sendo, porém, divina, isto não é possível. Por fim a Igreja triunfará, porque é obra de Deus.  Amém!

   Asia Bibi caríssima, permaneça firme na Fé, morra filha da Santa Igreja, porque a Igreja Católica é a única verdadeira porque é obra de Deus e não de homens mortais e pecadores.

sábado, 11 de outubro de 2014

A SANTA MISSA: PARAMENTOS, LÍNGUA, CERIMÔNIAS

   "A Santa Igreja, no culto divino, emprega uma língua não vulgar, bem como vestes especiais e ritos simbólicos privativos do celebrante.
   A razão é que os atos do culto divino devem manifestar, nos gestos e nas palavras de que consta, a excelência singular de Deus, o mistério de sua natureza oniperfeita. E o fato de pedir Ele uma pessoa sagrada, retirada do meio do povo, para votar-se exclusivamente ao serviço divino; o ato de envolver-se em circunstâncias que claramente indicam tratar-se de um ato inteiramente diferente daqueles próprios de vida quotidiana, com língua e trajes especiais, elevam as almas à consideração de que Deus é Altíssimo e não pode confundir-se com as criaturas por mais elevadas que sejam.
   E não se diga que a Encarnação do Verbo aproximou o homem da divindade. É evidente que a Encarnação demonstra a Bondade misteriosa e inefável de Deus, que, assim, como que associou a natureza humana à sua vida trinitária. Não se pense, no entanto, que semelhante Misericórdia tenha diminuído a Majestade infinita de Deus, ou tenha dispensado os homens do reconhecimento da Soberania absoluta que o Altíssimo mantém sobre todas as criaturas, bem como do mistério que envolve Sua natureza, e que os homens reconhecem nos seus atos de culto.
   Tais considerações, que se fundam na ordem natural das coisas, tanto que se verifiquem  mesmo nos cultos supersticiosos, reconheceu-as a Igreja desde os tempos apostólicos. É o que declara o Concílio Tridentino, ao manter os ritos, as cerimônias e os paramentos usuais na celebração da Santa Missa; bem como ao proibir a língua vulgar no Sacrifício Eucarístico. (Ses. XXII,c. 5 e 8)"
                               PASTORAL DE D. ANTÔNIO DE CASTRO MAYER SOBRE O SANTO SACRIFÍCIO DA MISSA).

CONCÍLIO VATICANO II: Extraído da Constituição sobre a Sagrada Liturgia:
   Nº 36, § 1. Salvo direito particular, seja conservado o uso da Língua Latina nos ritos latinos.

  Nº 54 ... providencie-se que os fiéis possam juntamente rezar ou cantar em língua latina as partes do Ordinário que lhes compete.

   Nº 116. A Igreja reconhece o canto gregoriano como próprio da liturgia romana. Portanto, em igualdade de condições, ocupa o primeiro lugar nas ações litúrgicas.

   "Na Igreja Ocidental e nas por esta fundadas, o latim foi sempre considerado pelos fiéis como a língua da Igreja. Viam eles no latim o envólucro sagrado de um mistério sagrado. No latim admiravam a unidade da Igreja que congraçava na mesma língua os povos mais distantes pelos usos, costumes e idiomas. Atendendo a todas estas razões, e a outras mais que foram expostas nas Congregações gerais do Concílio, a Constituição sobre a Sagrada Liturgia mandou que se conservasse o uso do latim nos ritos litúrgicos da Igreja latina. Tendo em vista, no entanto, o eventual benefício dos fiéis, permitiu o uso do vernáculo em várias partes dos ritos sagrados, especialmente nas lições, admoestações, em algumas orações e cânticos. (Constituição Sac. Conc. nº 36 §§ 1 e 2). O que vale também do Sacrossanto Sacrifício da Missa. Manda, porém, o Concílio que se providencie a que o fiel possa dizer ou cantar também em latim as partes do Ordinário da Missa que lhe competem (nº 54). ( CARTA PASTORAL DE D. ANTÔNIO DE CASTRO MAYER de 1966.

   CONCÍLIO DE TRENTO - Sessão XXII - nº 956, cânon 9: "Se alguém disser... que a Missa se deve celebrar somente em língua vulgar, ... seja excomungado.
  Pelas palavras que sublinhei entendemos que não é excomungado quem disser que a Missa pode também,  às vezes, ser celebrada em língua vulgar.    

   Beato João XXIII: "A língua da Igreja deve ser não somente universal, mas imutável. O latim é a língua viva da Igreja". ( Constituição Apostólica "Veterum Sapientia").

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

COMUNHÃO DAS CRIANÇAS

   As páginas do Evangelho nos dão muitas provas do grande afeto com que Jesus amou as criancinhas. Eram suas delícias entreter-se com elas; impunha-lhes as mãos e abençoava-as. Quando os Apóstolos, certo dia, não queriam deixar que as crianças se aproximassem de Jesus, Este lhes disse: "deixai vir a mim os pequeninos, e não os proibais; deles é o reino dos céus!" Quanto apreciava a sua inocência e candura, mostra-o bem no dia em que, chamando um menino, diz aos discípulos: "Na verdade Eu vos digo, se não vos fizerdes como este menino, não entrareis no reino dos céus. Todo aquele que se fizer humilde como este menino, é o maior no reino dos céus. E aquele que receber um menino em meu nome, é a mim que recebe".

  IDADE.  Não se deve administrar a Eucaristia a crianças que, devido sua incapacidade de idade, ainda não podem compreender e desejar este sacramento. Mas, logo que chegar ao uso da razão, a criança poderá comungar. Assim como para a Confissão a idade do uso da razão é aquela em que se pode distinguir  o bem do mal, assim para a Comunhão, é aquela em que se pode distinguir o Pão Eucarístico do pão comum.
   Normalmente, a criança atinge o uso da razão, pelos sete anos mais ou menos. Contudo, há crianças precoces e outras que demoram mais a ter o uso da razão.

   DISPOSIÇÕES:
   A - Para a Primeira Comunhão não é necessário um conhecimento perfeito e completo da Doutrina Cristã. Isto se fará depois, gradualmente, conforme a inteligência da criança.
   Vamos distinguir dois casos:
   1- Em perigo de morte - para que se possa administrar a Santíssima Eucaristia às crianças, basta que saibam distinguir do pão comum o Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo e a Ele desejar e reverentemente adorar.
  2 - Fora do perigo de morte. Com razão se exige maior conhecimento da Doutrina Cristã e melhor preparação, isto é, que conheçam, quanto lhes é possível, ao menos os principais mistérios da fé, as verdades mais necessárias à salvação e se aproximem da Santíssima Eucaristia com o fervor e devoção que pode haver nesta idade.

   B - Compete aos pais ou responsáveis pelas crianças e também aos vigários zelar para que as crianças façam a Primeira Comunhão assim que atinjam o uso da razão. Os padrinhos de batismo e de crisma também têm esta obrigação. O Vigário deve verificar, até por meio de um exame, se achar conveniente, as disposições e os conhecimentos da criança. Feita a Primeira Comunhão, os pais e vigários devem induzir as crianças a continuar a assistir ao Catecismo e a comungar com freqüência.

Propósitos que São Domingos Sávio tomou e escreveu na manhã de sua Primeira Comunhão:
   1º - Confessar-me-ei com freqüência e farei a Comunhão todas as vezes que o confessor me der licença.
   2º - Quero santificar os dias de festa.
   3º - Os meus amigos serão: JESUS  e  MARIA.
   4º - Quero a morte, mas não o pecado.

   ''A MINHA PRIMEIRA COMUNHÃO HÁ DE ME ESTAR SEMPRE PRESENTE À MEMÓRIA, COMO RECORDAÇÃO SEM NUVENS. CREIO QUE NÃO PODERIA TER MELHORES DISPOSIÇÕES." (Santa Teresinha do Menino Jesus - História de uma alma).  

sábado, 4 de outubro de 2014

S. FRANCISCO DE ASSIS: Palavras de Santa Exortação a Todos os Irmãos - ( I )

Observação: Esta coletânea sapiencial é um conjunto de breves exortações feitas por São Francisco talvez em dias diferentes e, mais tarde, reunidas e coordenadas segundo determinados verbetes. Provavelmente essa compilação já foi feita em vida do Santo. São frases tão simples, mas prenhes de profunda sabedoria da vida. Representam marcos inconfundíveis para uma doutrina franciscana sobre a virtude ou para uma ascética no espírito do "Poverello". 

   Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. 
   Estas são as palavras de santa exortação de nosso reverendo Pai São Francisco a todos os irmãos.

   1. Do Corpo do Senhor

   Disse o Senhor Jesus aos seus discípulos: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém chega ao Pai senão por mim. Se me reconhecêsseis conheceríeis também o Pai. Doravante o conheceis porque o vistes, Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai e isto nos basta. Jesus respondeu-lhe: "Há tanto tempo estou convosco e não me conheceis? Filipe, quem me vê, vê também meu Pai" (Jo 14, 6-9).
   "O Pai habita numa luz inacessível" ( 1 Tim 6, 16), e: "Deus é um espírito" (Jo 4, 26) e "ninguém jamais viu a Deus (Jo 1, 18). Se Deus é espírito, só em espírito pode ser visto; pois "o espírito é que dá a vida, a carne não aproveita para nada" (Jo 6,63).
   Mas também o filho, em sendo igual ao Pai, não pode ser visto por alguém de modo diferente que o Pai e o Espírito Santo. Por isso são réprobos todos aqueles que viram o Senhor Jesus Cristo em sua humanidade sem enxergá-lo segundo o espírito e a divindade e sem crer que Ele é o verdadeiro Filho de Deus. De igual modo são hoje em dia réprobos todos aqueles que - embora vendo o sacramento do Corpo de Cristo que, pelas palavras do Senhor, se trona santamente presente sobre o altar, sob as espécies de pão e vinho, nas mãos do sacerdote - não olham segundo o espírito e a divindade nem creem que se trata verdadeiramente do Corpo e do Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. Atesta-o pessoalmente o Altíssimo quando diz: "Este é o meu Corpo e o Sangue da nova Aliança" (cf. Mc 14, 22; e: "Quem comer a minha carne e beber o meu sangue terá a vida eterna" (cf. Jo 6, 55). 
   Por isso é o espírito do Senhor que habita nos seus fiéis quem recebe o santíssimo Corpo e Sangue do Senhor (cf. Jo 6, 62). Todos aqueles que não participam desse espírito e no entanto ousam comungar, "comem e bebem a sua condenação" (1 Cor. 11, 29).
   Portanto, "ó filhos dos homens, até quando tereis duro o coração?" (Sl 4, 3). Por que não reconheceis a verdade "nem credes no Filho de Deus" (Jo 9, 35)? Eis que Ele se humilha todos os dias (Fil 2, 8; tal como na hora em que, "descendo do seu trono real" (Sab 18, 5) para o seio da Virgem, vem diariamente a nós sob aparência humilde; todos os dias desce do seio do Pai sobre o altar, nas mãos do sacerdote. E como apareceu aos santos apóstolos em verdadeira carne, também a nós se nos mostra hoje no pão sagrado. E do mesmo modo que eles, enxergando sua carne, não viam senão sua carne, contemplando-o contudo com seus olhos espirituais creram nele como no seu Senhor e Deus (cf. Jo 20, 28), assim também nós, vendo o pão e o vinho com os nossos olhos corporais, olhemos e creiamos firmemente que está presente o santíssimo Corpo e Sangue vivo e verdadeiro. E desse modo o Senhor está sempre com os seus fiéis, conforme Ele mesmo diz: "Eis que estou convosco até a consumação dos séculos" (Mt 28, 20). 

NB.: A matéria será distribuída em 6 posts. 

S. FRANCISCO DE ASSIS: Palavras de Santa Exortação a Todos os Irmãos - ( II )

   2. Do Vício da Própria Vontade


 Disse o Senhor a Adão: "Podes comer do fruto de todas as árvores do jardim; mas não comas do fruto da árvore da ciência do bem e do mal" (Gn 2, 16-17). Podia, pois, Adão comer de toda árvore do paraíso e, enquanto nada fazia contra a obediência, não pecava. Come, porém, da árvore da ciência do bem e do mal aquele que reclama sua vontade como propriedade sua e se vangloria dos bens que o Senhor diz e opera nele. Assim, atendendo às sugestões do demônio e transgredindo o mandamento, foi-lhe dado o pomo da ciência do mal. Por isso tem que suportar necessariamente o castigo.

   3. Da Obediência Perfeita

   Diz o Senhor no Evangelho: "Quem não renuncia a todos os seus bens não pode ser meu discípulo" (Lc 14, 33), e: "Quem quiser salvar sua alma, perdê-la-á" (Mt 16, 25). Abandona tudo quanto possui e perde sua vida, aquele que a si mesmo abandona inteiramente à obediência nas mãos do seu prelado. E tudo o que faz e diz, sabendo que não contraria a vontade dele, e sendo bom o que faz, é obediência verdadeira. E se acaso o súdito vê algo melhor e mais útil à sua alma do que aquilo que o prelado lhe ordena, sacrifique a Deus o seu conhecimento, se aplique com firmeza a cumprir as ordens do prelado, pois nisto é que consiste a verdadeira obediência feita com amor, que agrada a Deus e reverte a bem do próximo. 

   Entretanto, se o prelado der ao súdito alguma ordem contrária à alma, este todavia não se separe dele, embora não lhe seja lícito obedecer-lhe. E se por esse motivo tiver de suportar perseguições da parte de alguém, que então o ame ainda mais por amor de Deus. Pois aquele que prefere aturar perseguições a querer ficar separado de seus irmãos, permanece verdadeiramente na perfeita obediência, porque "dá a sua vida pelos seus irmãos" ( Jo 15, 13).

   Há efetivamente muitos religiosos que, sob o pretexto de verem coisas preferíveis às que os prelados ordenam, "olham para trás" (Lc 9, 62) e "voltam ao vômito de sua vontade própria" (Prov 26, 11). Esses tais são homicidas e, por seus exemplos funestos, causam a perdição de muitas almas. 

   4. Que Ninguém Considere como Propriedade sua o Cargo de Prelado

   "Não vim para ser servido mas para servir" (Mt 20, 28), diz o Senhor. Os que estão constituídos sobre os outros não vangloriem dessa superioridade mais do que se estivessem encarregados de lavar os pés aos irmãos. E se a privação do cargo de superior os perturbará mais que a privação do encargo de lavar os pés, amontoariam para si tanto mais riquezas com perigo para sua alma. 

S. FRANCISCO DE ASSIS: Palavras de Santa Exortação a Todos os Irmãos - ( III )

   5. Que Ninguém se Ensoberbeça, mas antes se Glorie na Cruz do Senhor

 
 Considera, ó homem, a que excelência te elevou o Senhor, criando-te e formando-te segundo o corpo à imagem do seu dileto Filho e, segundo o espírito, à sua própria semelhança. Entretanto, as criaturas todas que estão debaixo do céu, a seu modo servem e conhecem e obedecem ao seu Criador melhor do que tu. Não foram tampouco os espíritos malignos que o crucificaram, mas tu em aliança com eles o crucificaste e o crucificas ainda, quando te deleitas em vícios e pecados. 
   De que, então, podes gloriar-te? Mesmo que fosses tão arguto e sábio a ponto de possuíres toda a ciência, saberes interpretar toda espécie de línguas e perscrutares engenhosamente as coisas celestiais, nunca deverias gabar-te de tudo isso, porquanto um só demônio conhece mais das coisas celestiais e ainda agora conhece mais as da terra que todos os homens juntos, a não ser que alguém tenha recebido do Senhor um conhecimento especial da mais alta sabedoria. Do mesmo modo, se fosses mais belo e mais rico que todos, e até operasses maravilhas e afugentasses os demônios, tudo isso seria estranho a ti nem te pertenceria nem disto te poderias desvanecer. Mas numa só coisa podemos "gloriar-nos: de nossas fraquezas" (2 Cor 12, 5), e encarregando dia a dia a santa Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo.

   6. Da Imitação de Cristo

   Consideremos todos, meus irmãos, o Bom Pastor que, para salvar suas ovelhas, sofreu a paixão da Cruz. As ovelhas do Senhor seguiram-no na tribulação, na perseguição, no opróbrio, na fome e na sede, na enfermidade, na tentação e em todo o mais e receberam por isso do Senhor a vida eterna. É pois uma grande vergonha para nós outros servos de Deus, terem os santos praticado tais obras, e nós querermos receber honra e glória somente por contar e pregar o que eles fizeram. 

   7. Que à Inteligência deve Seguir a boa Ação

   Diz o Apóstolo: "A letra mata, mas o espírito vivifica" (2 Cor 3, 6). São mortos pela letra os que tão somente querem saber as palavras, afim de parecer mais sábios que os outros e poder adquirir grande riquezas e dá-las aos parentes e amigos. São ainda mortos pela letra aqueles religiosos que não querem seguir o espírito das Sagradas Escrituras, mas só se esforçam por saber as palavras e interpretá-las aos outros. São porém vivificados pelo espírito das Sagradas Escrituras aqueles que tratam de penetrar mais a fundo em cada letra que conhecem, nem atribuem o seu saber ao próprio eu, mas pela palavra e pelo exemplo o restituem a Deus, seu supremo Senhor, ao qual todo bem pertence. 

   8. Do Pecado da Inveja a Evitar

   Diz o Apóstolo: "Ninguém pode dizer: 'Jesus é o Senhor', senão no Espirito Santo" (1 Cor 12, 3), e: "Não há quem faça o bem, não há sequer um só" (Rom 3, 12). Todo aquele , pois, que tem inveja do seu irmão por causa do bem que o Senhor por ele diz e faz, comete pecado de blasfêmia, porque tem inveja do próprio Altíssimo, que é quem diz e faz todo bem. 

   9. Da Caridade
   Diz o Senhor: "Amai os vossos inimigos", etc. (Mt 5, 44). Ama verdadeiramente o seu inimigo aquele que não se contristar pela injúria dele recebida, mas por amor de Deus se afligir com o pecado que está na alma dele, e por meio de obras lhe manifesta sua caridade. 

S. FRANCISCO DE ASSIS: Palavras de Santa Exortação a Todos os Irmãos - ( IV )

  10. Da Disciplina do Corpo

   Há muitos que, pecando ou recebendo alguma injúria, costumam lançar a culpa sobre o inimigo ou sobre o próximo. Ma assim não é na realidade, porquanto cada um tem sob o seu domínio o inimigo, isto é, o próprio corpo, por meio do qual ele peca. Feliz, pois, o servo (Mt 24, 46) que, de contínuo, trouxer tal inimigo sob o seu jugo e dele prudentemente se acautelar. Porque, enquanto assim agir, nenhum outro inimigo visível ou invisível lhe poderá fazer mal.

   11. Que Ninguém se Deixe Seduzir pelo mau Exemplo de Outrem

   Ao servo de Deus nada deve desagradar senão o pecado. Mas se uma pessoa pecasse de qualquer forma que seja, e o servo de Deus ficasse por isso perturbado e enraivecido - a não ser por caridade - "entesouraria riquezas" (Rom 2, 5) de culpa para si. Vive realmente sem nada de próprio aquele servo de Deus que não se enraivece nem perturba por causa de ninguém. E bem-aventurado aquele que nada retêm para si, mas dá a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus" (Mt 22, 21).

   12. De como se Reconhece o Espírito do Senhor

   Eis o meio de reconhecer se o servo de Deus tem o espírito do Senhor: Se Deus por meio dele operar alguma boa obra, e ele não o atribuir a si, pois o seu próprio eu  é sempre inimigo de todo bem, mas antes considerar como ele próprio é insignificante e se julgar menor que todos os outros homens. 

   13. Da Paciência

   O servo de Deus não pode conhecer em que medida possui a paciência e a humildade, enquanto se sentir  satisfeito em tudo. Quando porém vier o tempo em que o contrariarem os que deveriam andar conforme os seus desejos, então, quanta paciência e humildade ele manifestar, tanta terá e nada mais.

   14.  Da Pobreza de Espírito

   Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus" (Mt 5, 3). Muitos há que são zelosos na oração e no culto divino, e praticam muito a abstinência e a mortificação corporal. Ma por causa de uma única palavra que lhes pareça ferir o próprio eu ou de alguma coisa que se lhes tire, logo se mostram escandalizados e perturbados. Estes não são pobres de espírito, pois quem é deveras pobre de espírito odeia a si mesmo (cf. Lc 14, 26; Jo 12, 25) e ama aos que lhe batem na face (Mt 5, 39).

   15. Da Paz

   "Bem-aventurados os pacíficos, porque eles serão chamados filhos de Deus" (Mt 5,9). São verdadeiramente pacíficos os que, no meio de tudo quanto padecem neste mundo, se conservam em paz, interior e exteriormente, por amor de Nosso Senhor Jesus Cristo. 

   16. Da Pureza de Coração

   "Bem-aventurados os puros de coração, porque eles verão a Deus" (Mt 5,8). Têm o coração puro os que, desprezando as coisas terrenas, procuram as celestiais e, de coração e espírito puros, não cessam de adorar e de ver sempre o Deus vivo e verdadeiro. 

S. FRANCISCO DE ASSIS: Palavras de Santa Exortação a Todos os Irmãos - ( V )

   17. Do Servo de Deus Humilde

   "Bem-aventurado o servo" (Mt 24, 46) que não se envaidece com o bem que o Senhor diz e opera por meio dele mais do que com o que o Senhor diz e opera por meio de outrem. Peca o homem que exige do seu semelhante mais do que ele mesmo daria de si ao Senhor seu Deus.

   18. Da Paciência para com o Próximo

   Bem-aventurado o homem que suporta o seu próximo com suas fraquezas tanto quanto quisera ser suportado por ele se estivesse na mesma situação. Bem-aventurado o servo que restitui todos os seus bens ao Senhor seu Deus; porquanto, quem para si retém alguma coisa  "esconde o dinheiro do seu amo" (Mt 25, 18), e "o que julgava possuir ser-lhe-á tirado" (Lc 8, 18).

   19. Do Servo de Deus Humilde

   Bem-aventurado o servo que, sendo louvado e exaltado pelos homens, não se considera melhor do que quando é tido por insignificante, simplório e desprezível. Porque o homem vale o que é diante de Deus e nada mais. Ai do religioso que, enaltecido pelos outros, em sua obstinação não quer mais descer. E bem-aventurado o servo que não é por sua vontade enaltecido e que continuamente deseja ser posto debaixo dos pés dos outros.

   20. Do Religioso Autêntico e do Fictício

   Bem-aventurado o religioso que não sente prazer nem alegria senão nas santas palavras e obras do Senhor e por elas conduz os homens em júbilo e alegria ao amor de Deus. E ai do religioso que se deleita com palavras ociosas e fúteis e, por esse meio, leva os homens a dar risadas. 

   21. Do Religioso Frívolo e Loquaz

   Bem-aventurado o servo que não fala por interesse de recompensa nem manifesta tudo o que pensa nem é "precipitado no falar" (Prov 29, 30), mas calcula antes sabiamente o que deve dizer e responder. Ai do religioso que não conserva no fundo do seu coração (cf. Lc 2, 25) os bens com que o Senhor o favorece e aos outros não os manifesta por suas obras, mas antes, na esperança de alguma recompensa, procura mostrá-los aos homens por palavras. E esta será toda sua recompensa, e os seus ouvintes colherão pouco fruto. 

   22. Da Reta Correção

   Bem-aventurado o servo que recebe as advertências, acusações e repreensões dos outros com tanta paciência como se proviessem dele mesmo. Bem-aventurado o servo que, repreendido, de boa mente se submete, com respeito obedece, humildemente reconhece sua culpa, voluntariamente oferece reparação. Bem-aventurado o servo que não procura logo escusar-se e com humildade suporta vergonha e repreensão por uma falta que não cometeu.

   23. Da Verdadeira Humildade

   Bem-aventurado o servo que for achado tão humilde no meio de seus súditos como se estivesse no meio de seus senhores. Feliz do servo que sempre permanece firme sob a vara da correção. "Servo fiel e prudente" (Mt 24, 45) é o servo que em todas as suas faltas não tarda em castigar-se, interiormente pela contrição e exteriormente pela confissão e obras de reparação. 

   24. Da Verdadeira Caridade

   Bem-aventurado o servo que ama ao seu confrade enfermo, que não lhe pode ser útil, tanto como ao que tem saúde e está em condições de lhe prestar serviços. 

   25. Ainda Sobre o Mesmo Assunto

   Bem-aventurado o servo que tanto ama e respeita o seu confrade quando está longe como se estivesse perto nem diz na ausência dele coisa alguma que não possa dizer na sua presença sem lhe faltar à caridade. 

S. FRANCISCO DE ASSIS: Palavras de Santa Exortação a Todos os Irmãos - ( VI )

   26. Que os Servos de Deus Honrem os Clérigos

   Bem-aventurado o servo de Deus que põe a sua confiança nos clérigos que na verdade vivem segundo a forma da santa Igreja romana. Ma ai daqueles que os desprezam! Pois nem que eles sejam pecadores, ninguém os deve julgar porque o Senhor mesmo reservou para si o direito de julgá-los. Porquanto na medida que excede a tudo a administração que eles exercem sobre o santíssimo Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, que eles recebem e só eles podem ministrar aos outros, em idêntica medida é maior o pecado daqueles que cometem falta contra eles do que o pecado cometido contra qualquer outro homem deste mundo. 

   27. Das Virtudes que Afugentam os Vícios

   Onde há caridade e sabedoria, não há medo nem ignorância. 
   Onde há paciência e humildade, não há ira nem perturbação.
   Onde à pobreza se une a alegria, não há cobiça nem avareza.
   Onde há paz e meditação, não há nervosismo nem dissipação.
   Onde o temor de Deus está guardando a casa (cf. Lc 11,21), o inimigo não encontra porta para entrar. 
   Onde há misericórdia e prudência, não há prodigalidade nem dureza de coração. 

   28. De como se Deve Esconder o Bem para não Perdê-lo

   Bem-aventurado o servo que "entesoura no céu" (Mt 6, 20) os bens que o Senhor lhe concede e não procura manifestá-los ao mundo na esperança de ser recompensado, pois o próprio Altíssimo manifestará as suas obras a todos quantos lhe aprouver. Bem-aventurado o servo que guarda em seu coração os segredos do Senhor.

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

O Maná - Figura do Sacramento Eucarístico - ( 2 )

   Como o Maná, a Eucaristia "contém igualmente toda a suavidade e doçura: "Omne delectamentum in se habentem". 
   Nada tão alegre como um banquete. A comunhão é o banquete da alma, isto é, fonte de íntimas alegrias. Como é que Jesus Cristo, verdade e vida, princípio de todo o bem e de toda felicidade, não havia de encher os nossos corações de alegria? Como é que, fazendo-nos beber do cálice do Seu Sangue divino, não havia de derramar em nossas almas aquela alegria espiritual que excita a caridade e sustenta o fervor? No Cenáculo, depois de instituir este divino Sacramento, fala aos Apóstolos da Sua alegria: quer que "esta alegria, a Sua própria alegria, toda divina, seja a nossa, e que dela se encham os nossos corações: "Para que minha alegria esteja em vós" (São João XV, 11). Um dos efeitos da Eucaristia, quando recebida com devoção, é encher a alma de suavidade sobrenatural que a torna pronta e dedicada no serviço de Deus.

   Não esqueçamos, no entanto, que esta alegria é antes de tudo espiritual! Sendo a Eucaristia o "mistério de fé" por excelência, segue-se permitir Deus que esta alegria, toda interior, não tenha repercussão alguma na parte sensível do nosso ser. Sucede a almas deveras fervorosas ficarem acabrunhadas pela aridez depois de terem recebido o pão da vida. Não se admirem; sobretudo não desanimem; se tiverem todas as disposições possíveis para receber a Cristo, se sofrerem com a sua impotência, fiquem tranquilas e conservem-se em paz. Jesus Cristo, sempre vivo, opera em silêncio, mas soberanamente, no íntimo da alma, para a transformar n'Ele; é o efeito mais precioso deste alimento celeste: "Aquele que come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele" (São João XI, 57). 

O Maná - Figura do Sacramento Eucarístico ( I )

   Continuação do Post anterior

   Se considerarmos agora a Eucaristia como Sacramento, descobriremos nela propriedades admiráveis de que só um Deus a podia dotar. 
   Os principais acontecimentos da história do povo judeu, no Antigo Testamento, eram o símbolo, umas vezes oculto, obscuro, outras patente, luminoso, das realidades que deviam iluminar a Nova Aliança estabelecida por Cristo. Ora, segundo as próprias palavras de Nosso Senhor, uma das figuras mais características da Eucaristia foi o maná. Com particular insistência, o divino Salvador estabelece comparações entre este alimento que caiu do céu para sustentar os hebreus no deserto e o pão eucarístico que Ele devia dar ao mundo. E assim, será partilhar dos sentimentos de Cristo estudar a figura e o símbolo, para melhor compreender a sua realidade.
   Eis, pois, em que termos o escritor sagrado, órgão do Espírito Santo, fala do maná: "Saciastes, ó Deus, o Vosso povo com o alimento dos Anjos, e do céu deste-lhe sem trabalho um pão já preparado, que lhe proporcionava inteiro prazer e satisfazia todos os gostos. Esta substância, por Vós enviada, mostrava a doçura que tendes para os Vossos filhos, e este pão, acomodando-se ao desejo de quem o comia, transformava-se no que ele quisesse" (Sab. XVI, 20-21).
   A Igreja tomou estas magníficas palavras para as aplicar à Eucaristia no Ofício do Santíssimo Sacramento. Vamos ver com que verdade e plenitude elas exprimem as propriedades do alimento eucarístico; vamos ver com quanto maior razão podemos cantar da sagrada Hóstia o que o autor inspirado cantava do maná.

   Como o maná, a Eucaristia é alimento, mas alimento espiritual. Foi no meio dum banquete, sob forma de alimento, que Nosso Senhor a quis instituir. Jesus Cristo dá-se a nós como alimento das nossas almas: "A minha carne é verdadeira comida e o meu sangue verdadeira bebida" (João VI, 56). 
   Como o maná, a Eucaristia é um pão descido do céu. O maná, porém, não passava de figura imperfeita; por isso, Nosso Senhor dizia aos judeus que Lhe recordavam o prodígio do deserto: "Moisés não vos deu o pão do céu; meu Pai é quem dá o verdadeiro pão do céu, porque o pão de Deus é Aquele que desce do céu e que dá a vida, não só a um povo em particular, mas a todos os homens". 
   E como os judeus murmurassem ao ouvirem-No chamar-se a si próprio "pão descido do céu", Jesus acrescenta: "Eu sou o pão da vida. Os vossos pais comeram o maná e morreram; este é o pão que desce dos céu para que quem o comer não morra. Eu sou o pão vivo que desci do céu; se alguém comer deste pão viverá eternamente". Estas palavras são verdadeiras. Porque, de fato, esse pão deposita em nossos corpos o germe de ressurreição. "E este pão que eu darei é a minha carne para vida do mundo" (São João VI, 32-33, 48-52). 
   Vede como Nosso Senhor mesmo nos mostra, nestas palavras, que a divina realidade da Eucaristia excede em plenitude, na sua substância e nos seus frutos, o alimento dado outrora ao povo judeu.