SAUDAÇÕES E BOAS VINDAS

LOUVADO SEJA NOSSO SENHOR JESUS CRISTO! PARA SEMPRE SEJA LOUVADO!

Caríssimos e amados irmãos e irmãs em Nosso Senhor Jesus Cristo! Sêde BEM-VINDOS!!! Através do CATECISMO, das HOMILIAS DOMINICAIS e dos SERMÕES, este blog, com a graça de Deus, tem por objetivo transmitir a DOUTRINA de Nosso Senhor Jesus Cristo. Só Ele tem palavras de vida eterna. Jesus, o Bom Pastor, veio para que Suas ovelhas tenham a vida, e com abundância. Ele é a LUZ: quem O segue não anda nas trevas.

Que Jesus Cristo seja realmente para todos vós: O CAMINHO, A VERDADE, A VIDA, A PAZ E A LUZ! Amém!

domingo, 25 de junho de 2017

HOMILIA DOMINICAL - 3º Domingo depois de Pentecostes

   Leituras: Primeira Epístola de São Pedro Apóstolo 5, 6-11.
   Continuação do Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas 15, 1-10:

Parábola da ovelha perdida

 
 "Naquele tempo, chegaram-se a Jesus os publicanos e os pecadores para ouvi-Lo. E os fariseus e os escribas murmuravam e diziam: Este recebe os pecadores e come com eles. Então, Ele lhes propôs esta parábola, dizendo: Qual é o homem, entre vós, que, possuindo cem ovelhas e perdendo uma delas, não deixa no deserto as noventa e nove, e não vai procurar a que se desgarrou, até achá-la? E achando-a, não põe-na sobre os seus ombros com alegria, e vindo pra casa, não chama os seus amigos e vizinhos, dizendo-lhes: Congratulai-vos comigo, porque já achei a minha ovelha perdida. Assim, digo-vos que haverá mais júbilo no céu por um pecador que faça penitência do que por noventa e nove justos que não necessitam de fazer penitência. Ou qual a mulher que, tendo dez dracmas e perdendo uma, não acende a candeia, não varre a casa e não procura diligentemente até encontrá-la? E encontrando-a, não chama as suas amigas e vizinhas, dizendo-lhes: Congratulai-vos comigo, porque achei a dracma perdida? Assim, digo-vos que haverá júbilo no céu entre os Anjos de Deus, por um só pecador que faça penitência". 

   Caríssimos e amados irmãos em Nosso Senhor Jesus Cristo!

   1- A liturgia de hoje é um caloroso convite à confiança no amor misericordioso de Jesus. Desde o princípio da Missa a Igreja faz-nos rezar assim: "Olhai para mim, Senhor, tende compaixão, pois vivo só e ao desamparo. Reparai na minha miséria e sofrimento e perdoai todos os meus pecados" (Introito). Depois na oração da Coleta pedimos: "Ó Deus... multiplicai sobre nós a Vossa misericórdia", e um pouco mais adiante exorta-nos: "Descarrega o teu fardo no Senhor e Ele te sustentará" (Gradual). Mas como justificar tanta confiança em Deus, sendo nós sempre uns pobres pecadores? Esta justificação encontramo-la no Evangelho do dia (Lc. 15, 1-10) que refere duas parábolas de que Jesus Se serviu a fim de nos ensinar que jamais confiaremos demasiado na Sua misericórdia infinita: a parábola da ovelha perdida e a da dracma perdida. Primeiro é-nos apresentado o Bom Pastor que vai atrás da ovelha tresmalhada: é a figura de Jesus, descido do céu para ir à procura da pobre humanidade perdida nos antros obscuros do pecado; para a encontrar, para a salvar e conduzir novamente ao redil, Ele não hesita em enfrentar os sofrimentos mais amargos e até a morte. "E tendo-a encontrado, põe-na sobre os ombros alegremente e, indo para casa, chama os seus amigos e vizinhos, dizendo-lhes: "Congratulai-vos comigo porque encontrei a minha ovelha que se tinha perdido". É a história do amor de Jesus não só para com toda a humanidade, mas para com cada alma em particular; história bem sintetizada na doce figura do bom pastor, sob a qual Jesus Se quis apresentar. Pode dizer-se que a figura do bom pastor - tão amada nos primeiros séculos da Igreja - equivale à do Sagrado Coração; uma e outra são a expressão viva e concreta do amor misericordioso de Jesus e convidam-nos a ir a Ele com plena confiança.

   2- "Digo-vos que haverá maior júbilo no céu por um pecador que fizer penitência que por noventa e nove justos que não têm necessidade de penitência". Com este pensamento, embora expresso de forma diversa, terminam as três parábolas da misericórdia: a da ovelha perdida, a da dracma perdida e a do filho pródigo. Esta insistente repetição indica-nos o grande cuidado que Jesus teve em inculcar-nos um sentido profundo da misericórdia infinita, misericórdia que contrasta com a atitude dura e desdenhosa dos fariseus que murmuravam, dizendo: "Este (Jesus) recebe os pecadores e come com eles". As três parábolas são a resposta do Mestre à insinuação maliciosa e mesquinha dos fariseus. 
   A nós, criaturas limitadas e espiritualmente tão curtas de vista, não nos é fácil compreender a fundo este inefável mistério; e não só nos é difícil entendê-lo a respeito dos outros, mas mesmo quando se trata de nós próprios. Contudo Jesus disse e repetiu: "Haverá maior júbilo no céu por um pecador arrependido que por noventa e nove justos", e com isto quis declarar-nos quanta glória dá a Deus a alma que, após as suas quedas, volta para Ele arrependida e confiada. O sentido destas palavras não se há de aplicar somente aos grandes pecadores, aos que se convertem do pecado grave, mas também àqueles que se convertem dos pecados veniais, que se humilham e depois se levantam das infidelidades cometidas por fragilidade ou irreflexão. Esta é a nossa história de todos os dias: quantas vezes nos propusemos vencer a nossa impaciência, a nossa irascibilidade ou susceptibilidade, e quantas vezes recaímos! Porém, se reconhecermos humildemente o nosso erro e formos, com confiança, "pedir perdão a Jesus, lançando-nos nos Seus braços, Ele estremecerá de alegria" e "fará mais ainda: amar-nos-á mais do que antes de nossa falta" (Santa Teresinha do Menino Jesus)... (Meditação extraída do Livro INTIMIDADE DIVINA do Padre Gabriel de Sta M. Madalena, O.C.D.). 

   Terminemos com palavras de Santa Teresinha do Menino Jesus: "Ó Jesus, eu sei que o Vosso Coração fica mais magoado com as mil pequenas indelicadezas dos seus amigos do que com as faltas, mesmo graves, que cometem as pessoas do mundo. Todavia parece-me que é só quando as nossas indelicadezas se tornam habituais e não Vos pedimos perdão delas, que Vós podeis dizer: 'Estas chagas que vedes no meio das minhas mãos, recebia-as na casa daqueles que me amavam!' Mas se depois de cada pequena falta vimos pedir-Vos perdão, lançando-nos nos Vossos braços, Vós estremeceis de alegria e dizeis aos Vossos anjos o que o pai do filho pródigo dizia aos seus servos:'Vesti-o com a sua melhor roupa, ponde-lhe um anel no dedo e regozijemo-nos'. Ó Jesus, como são pouco conhecidos a bondade e o amor misericordioso do Vosso Coração!"
   

EPÍSTOLA DO 3º DOMINGO DEPOIS DE PENTECOSTES


1 Pedro, V, 6-11

Vejamos primeiramente um sentido geral: Devemos humilhar-nos e aceitar com paciência da mão de Deus todas as tribulações e calamidades, afim de que no dia do juízo Jesus nos eleve à eterna glória. Em Nosso Pai do Céu devemos depositar todas a nossas preocupações e inquietações, porque Ele é que tem cuidado de nós. Devemos ser mortificados, sóbrios e vigilantes, porque o demônio, que é nosso adversário, anda em redor de nós, como leão rugidor em busca de sua presa, que é nossa alma. Devemos resistir-lhe com as armas que a fé nos oferece. Nem tampouco devemos ficar admirados por causa das perseguições e não esqueçamos que o mesmo acontece com todo mundo, já que o mundanos odeiam aqueles que são de Jesus Cristo. Mas tenhamos confiança! Jesus venceu o mundo. Deus, autor e doador de todas as graças, que nos chamou por meio de Cristo à glória eterna, ao ver a nossa boa vontade em meio aos sofrimentos, suprirá ao que falta à nossa fraqueza. Ele nos dá a força e a energia. A Deus, pois, toda glória para sempre!

Vejamos agora detalhadamente: "Humilhai-vos, pois, sob a mão poderosa de Deus, para que Ele vos exalte no tempo da sua visita; descarregando sobre Ele toda a vossa solicitude, porque Ele tem cuidado de vós". Deus quer que nos humilhemos, confessando sinceramente que tudo o que estamos sofrendo bem o merecemos e nos convém. Assim devemos nos humilhar com profunda reverência diante das disposições do nosso Pai do Céu que nos poderia enviar sofrimentos muito maiores, com sua mão todo poderosa. Isto Deus faz quando o homem se eleva no seu orgulho: "Deus resiste aos soberbos".  Mas, se nós nos humilhamos, Deus nos dá a sua graça, e, então, tudo podemos com a força que Ele nos dá.
No dia soleníssimo do Juízo Universal os servos fiéis e humildes de Deus, ou seja, aqueles que nunca tentaram diminuir a glória de Deus mas O glorificaram, serão exaltados. Portanto, devemos outrossim, inclinar a cabeça com humildade, diante das contrariedades comuns da vida.

Devemos para isso, ter uma confiança ilimitada em Deus, Nosso Senhor e Pai. São Pedro faz questão de frisar: "Deus tem cuidado de nós". Quer isto dizer que Ele nos assiste como Pai, ou melhor como mãe: "Pode uma mulher esquecer o seu filho? Mas, mesmo que alguma mãe se esqueça do fruto de suas entranhas, eu nunca me esquecerei de vós" ( cf. Isaías 49, 15). Caríssimos, nunca poderemos imaginar perfeitamente e com exatidão, o que o Senhor e Pai do Céu pensa e dispõe a nosso respeito! !Ele tem cuidado de nós".

São Pedro lembra, porém, que, se Deus é Pai que olha por nós, o demônio é nosso adversário que está em torno de nós procurando perder nossa alma: "Sede sóbrios e vigiai, porque o demônio, vosso adversário, como leão rugidor, dá voltas ao redor, procurando quem devorar: resisti-lhe fortes na fé".

Na luta contra o demônio a primeira arma a ser usada é a mortificação: "Sede sóbrios". A sobriedade é que vai nos ajudar a usar bem a segunda arma, isto é, a vigilância: "Vigiai". A vigilância e muitíssimo necessária. O diabo, que está sempre contra nós, é como um leão: é feroz, robusto, resoluto, soberbo e, além do mais, é como um leão que ruge de fome. Tem fome insaciável de almas, e sempre as persegue para fazê-las suas presas. É bem verdade, que o demônio é um leão amarrado numa corrente. Daí devemos estar atentos para não nos aproximarmos dele. Mortificando-nos, vigiando e rezando, ouviremos os rugidos do diabo, mas, perto de Nosso Pai do Céu podemos estar tranquilos.


"Dá voltas, procurando nos devorar". Nossa vigilância deve ser contínua e em toda parte. Podemos encontrar este leão faminto em toda parte, até na igreja, até na hora da oração. E ele procura nos atacar pelo nosso lado mais fraco. Procura tirar proveito do nosso defeito dominante. O que nos consola é que o demônio é um leão que só poderá o quanto nós permitirmos, porque São Pedro diz que podermos resistir a ele: "Resisti a ele, fortes na fé". São Tiago também diz: "Resisti ao diabo, e ele fugirá de vós" (S. Tiago IV, 7). Nas tentações devemos recorrer a Deus com fé inabalável e nesta fé Deus nos dará coragem, pois, o demônio pode rugir quanto quiser, pode mostrar-se feroz, mas não pode nada, se nós, fortes na fé, lhe soubermos dizer: "afasta-te, satanás! Estou com Jesus e sob o manto de sua Mãe Santíssima! Amém!

O CORAÇÃO DE JESUS FALANDO AO CORAÇÃO DO SACERDOTE

Caríssimos colegas no sacerdócio, imaginemos Jesus aparecendo a cada um de nós, como apareceu a Santa Margarida Maria Alacoque e dizendo-nos: "Eis aqui este Coração, que amou tanto os homens, e que por eles é tão pouco amado. Mas o que mais sinto, é que encontro ingratos até entre os meus ministros! Tu não podes mostrar-me maior amor do que fazendo o que já tantas vezes te pedi. Prometo-te, que o meu Coração se abrirá para derramar as suas bênçãos sobre os que o honrarem e empregarem o seu zelo em fazê-lo honrar".

   Caríssimos, meditemos nestas queixas do Sagrado Coração de Jesus. 

  "Eis aqui o Coração": Jesus no-lo oferece; é o seu. É a obra prima do Espírito Santo: "Nele habita corporalmente toda plenitude da divindade". É o órgão das mais nobres, das mais puras, das mais sublimes afeições. É o coração dos melhor dos pais, do mais sincero dos amigos. Sempre tão pronto a comover-se na presença dos que sofrem!

   "Que tanto amou os homens": Caríssimos, notai a palavra tanto. Sem dúvida que o Salvador dos homens os amou a todos, visto que morreu por todos. Mas até que ponto os amou? Quem o compreenderá? Quem o dirá? Lembremo-nos, por exemplo, do presépio, onde fez-se nosso irmão; do Cenáculo, onde fez-se nosso alimento; do Calvário onde foi o nosso resgate!...

   No céu, Jesus Cristo será a nossa recompensa! Um Deus  descendo dos resplendores da sua glória até às misérias da nossa humanidade, sujeitando-se a todas as humilhações, para nos elevar até ao seu trono, suportando todos os tormentos para nos alcançar uma suprema felicidade; um Deus fundando a Igreja, para nela estar sempre conosco, querendo que o seu corpo seja a nossa comida e o seu sangue seja a nossa bebida! Sendo poderosíssimo, não poderia dar mais!

   Caríssimos sacerdotes, se Jesus amou tanto os homens, que lugar ocupamos nós entre os que ele mais tem amado? Qual é o nosso ofício na Igreja, em que Ele reside, se oferece, e se nos dá? Que parte temos nós sacerdotes nos favores, que ele prodigaliza aos seus mais prezados amigos?

   'E que deles é tão pouco amado": Oh! que aflitiva palavra! Quantas almas desconhecem a generosa caridade do Coração de Jesus para com elas! Quantas outras a conhecem, sem que lha agradeçam! "Eu só recebo ingratidões da maior parte dos homens, sou abandonado, desprezado, insultado no sacramento do meu amor". Jesus procura consoladores, e não os encontra nem mesmo na classe sacerdotal, entre os que Ele distinguiu de todos os outros, com uma afeição incomparavelmente mais terna!

   "Mas o que mais sinto é que os meus ministros assim procedam comigo": Se eles não O amam, quem O amará? E contudo, quantos Sacerdotes dão ocasião a tão dolorosas queixas?! Sem falarmos dos que Lhe fazem uma guerra sacrílega com as profanações e os escândalos, quantos O tratam sem respeito, sem o amor verdadeiro? Enfastiam-se de Sua presença; celebram com tibieza; não têm tempo para conversar com Ele depois da Missa... Ó Jesus! quero confessá-lo, por mais que me custe: eu mereço cem vezes mais exprobrações que as que me dirigis. Humilho-me fazendo justiça: sou um dos ingratos de quem dizíeis: "Os outros limitam-se a ferir o meu corpo; mas estes ferem o meu Coração, que nunca deixou de amá-los". 

   

sexta-feira, 23 de junho de 2017

FESTA DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS

   SEXTA-FEIRA DA SEGUNDA SEMANA DEPOIS DO PENTECOSTES.

   Ó Jesus, concedei-me a graça de penetrar os segredos escondidos no Vosso divino Coração.


   1- Depois de termos fixado o nosso olhar na Eucaristia, dom que coroa todos os dons do amor de Jesus aos homens, a Igreja convida-nos a considerar diretamente o amor do Coração de Cristo, fonte e causa de todo o dom. Pode afirmar-se que a festa do Sagrado Coração de Jesus é a festa do Seu amor por nós. "Eis o Coração que tanto amou os homens", disse Jesus a Santa Margarida Maria; "eis o Coração que tanto amou os homens", repete-nos hoje a Igreja, mostrando-nos que "no Coração de Cristo, ferido pelos nossos pecados, Deus se dignou dar-nos, misericordiosamente, infinitos tesouros de amor" (cfr. Coleta). Inspirando-se neste pensamento, a liturgia de hoje refere-nos os imensos benefícios que nos provêm do amor de Cristo, é um hino de louvor ao Seu amor. "Cogitationes Cordis ejus", canta o Introito da Missa: "Eis os pensamentos do Seu Coração - do Coração de Jesus - através das gerações: arrancar as almas da morte e alimentá-las em sua fome". O Coração de Jesus anda sempre à procura de almas para salvar, para livrar dos laços do pecado, para lavar com o Seu Sangue, para alimentar com o Seu Corpo. O Coração de Jesus está sempre vivo na Eucaristia para saciar a fome dos que por Ele suspiram, para acolher e consolar todos os que, desiludidos pelas amarguras da vida, se refugiam n'Ele em busca de paz e alívio. E o próprio Jesus nos ampara na aspereza do caminho. "Tomai o meu jugo sobre vós, aprendei de mim, que sou manso e humilde de Coração, e achareis repouso para as vossas almas" (Alleluia). Se é impossível eliminar da vida toda a dor, é no entanto possível, a quem vive com Jesus, sofrer em paz e encontrar no Seu Coração repouso para a alma cansada.

   2- O Evangelho e a Epístola fazem-nos considerar ainda mais diretamente, o Coração de Jesus. O Evangelho (Jo. 19, 31-37) mostra-nos o Seu Coração posto a descoberto pela ferida da lança, e Santo Agostinho comenta: "O Evangelista disse abriu, a fim de nos mostrar que, de alguma maneira, se nos abre ali a porta da vida, donde brotaram os Sacramentos". Do Coração trespassado de Cristo - símbolo da amor que O imolou por nós na Cruz - brotaram os Sacramentos, figurados na água e no sangue saídos da Sua chaga, através dos quais recebemos a vida da graça; sim, é justo dizer que o Coração de Jesus foi aberto para nos introduzir na vida. "Estreita é a porta que conduz à vida" (Mt. 7, 14), disse Jesus um dia; mas se por esta porta entendemos a chaga do Seu Coração, podemos dizer que não nos podia abrir uma porta mais acolhedora.
   São Paulo, na sua belíssima Epístola, (Ef. 3, 8-19), convida-nos a entrar, ainda mais adentro, no Coração de Jesus para contemplar as Suas "riquezas incompreensíveis" e penetrar o "mistério escondido, desde o princípio dos séculos, em Deus". Este "mistério" é exatamente o mistério do amor infinito de Deus que nos preveniu desde a eternidade e que nos foi revelado pelo Verbo feito carne; é o mistério daquele amor que nos quis remir e santificar em Cristo, "no qual temos segurança e acesso a Deus". Mais uma vez Jesus Se nos apresenta como a porta que conduz à salvação: "Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim será salvo" (Jo. 10, 9); e a porta é o Seu Coração que, rasgando-se por nós, nos introduziu na vida. Só o amor nos pode fazer penetrar neste mistério de amor infinito; mas não basta um amor qualquer, é necessário, como diz São Paulo, estarmos "arraigados e fundados na caridade". só assim poderemos "conhecer aquele amor de Cristo que excede toda a ciência, para que sejamos cheios de toda a plenitude de Deus". 

   Colóquio: ... "Se vós, ó Jesus, sois a minha Cabeça, por que não deverá chamar-se meu, aquilo que é Vosso? Não é verdade que são meus os olhos da minha cabeça? Portanto o Coração da minha Cabeça espiritual é o meu coração. Que alegria para mim! Olhai: Vós e eu temos um só coração. Entretanto, ó Jesus dulcíssimo, havendo reencontrado este Coração divino que é Vosso e meu, elevarei a Vós, Deus meu, a minha prece: acolhei no sacrário das Vossas audiências as minhas orações, ou antes, atraí-me inteiramente ao Vosso Coração" (São Boaventura). 

(Meditação extraída do Livro "INTIMIDADE DIVINA" do P. Gabriel de Sta. M. Madalena, O.C. D.)

domingo, 18 de junho de 2017

A CARIDADE É A CARACTERÍSTICA DOS FILHOS DE DEUS


Da 1ª Epístola de S. João, III, 13-18,  lida na Missa do 2º domingo depois de Pentecostes

 Caríssimos, não vos admireis de que as pessoas dominadas pelo orgulho, avareza e luxuria, vos tenham ódio. Se deixamos o ódio que mata a alma, agora sabemos que estamos vivos. Porque todo aquele que tem ódio a seu irmão realmente está morto espiritualmente porque o ódio é pecado mortal. Na verdade, quem tem ódio a seu irmão é um homicida e este tal não possuirá a vida eterna. Nisto conhecemos o amor de Deus em ter dado a sua vida por nós; igualmente devemos dar a vida pelos nossos irmãos. Devemos ajudar os pobres. Não seremos verdadeiros discípulos de Jesus se amamos só de boca, mas não fizermos obras de caridade.

Caríssimos, como outrora, ainda hoje o Cristianismo é alvo de ódios e perseguições. O próprio Jesus já o profetizara: "Vós sereis perseguidos por minha causa". Hoje blasfemam contra os dogmas. Protestam contra a Moral. Difamam até os sacerdotes fiéis a Nosso Senhor Jesus Cristo. Na verdade, o ódio dos adversários, ou seja, dos maçons, dos comunistas, dos muçulmanos e modernistas  acusa e condena tudo o que refulge com o nome de católico. Os adversários da Santa Madre Igreja, enganados e excitados pela trevas das paixões, vêem nos dogmas apenas a constante lembrança de realidades aflitivas e molestas. Escravizados ao pecado, negam as sanções eternas. Alheios a toda observância dos mandamentos, atribuem à Igreja leis morais impossíveis. Fazem guerra aos mandamentos de Deus, fazem leis contrárias as leis de Deus. E assim é natural que aqueles que querem viver piedosamente com Jesus Cristo, sejam perseguidos com grande ódio.


 Mas Nosso Senhor Jesus Cristo disse: Bem-aventurados sois, quando vos insultarem e vos perseguirem e disserem falsamente todo mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque é grande a vossa recompensa nos céus, pois assim perseguiram os profetas, que existiram antes de vós" (S. Mateus V, 11 e 12). Amém!

quinta-feira, 15 de junho de 2017

FESTA DO CORPO DE DEUS

   Pelo P. Gabriel de Sta M. Madalena, O.C.D.  Livro "INTIMIDADE DIVINA".


 1- De etapa em etapa, através do ano litúrgico, fomos subindo desde a consideração dos mistérios da vida de Jesus até à contemplação da Santíssima Trindade cuja festa celebramos no Domingo passado. Jesus, nosso Mediador, nossa vida, tomou-nos pela mão e levou-nos à Trindade, e hoje parece que a própria Trindade nos quer conduzir a Jesus considerado na Sua Eucaristia. 'Ninguém vai ao Pai senão por mim' (Jo. 14, 6) disse Jesus; e acrescentou: 'Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou o não atrair' (Ib. 6, 44). É este o itinerário da alma cristã: de Jesus ao Pai, à Trindade; da Trindade, do Pai, a Jesus; Jesus leva-nos ao Pai, o Pai atrai-nos para Jesus. O cristão, de maneira alguma pode prescindir de Cristo; Ele é, no sentido mais rigoroso da palavra, o nosso Pontífice, Aquele que Se fez ponte entre Deus e nós. Encerrado o ciclo litúrgico em que se comemoram os mistérios da vida terrena do Salvador, a Igreja como boa mãe, sabendo que a nossa vida espiritual não pode subsistir sem Jesus, conduz-nos a Ele, vivo e verdadeiro no Santíssimo Sacramento do altar. A solenidade do Corpo de Deus não é a simples comemoração de um fato sucedido historicamente há perto de dois mil anos, na noite da última ceia; é a festa de um fato atual, de uma realidade sempre presente e sempre viva no meio de nós, pela qual podemos muito bem dizer que Jesus não nos 'deixou órfãos', mas quis ficar permanentemente conosco na integridade da Sua pessoa, com toda a Sua humanidade, com toda a Sua divindade. 'Não há nem nunca houve nação tão grande - canta com entusiasmo o Ofício do dia - que tivesse os deuses tão próximos de si como está perto de nós o nosso Deus (BR.). Sim, na Eucaristia, Jesus é verdadeiramente o Emanuel, o Deus conosco.

   2- A Eucaristia não é só Jesus vivo e verdadeiro no meio de nós: é Jesus feito nosso alimento. É este  o aspecto principal, sob o qual a liturgia de hoje nos apresenta este mistério; pode afirmar-se que não há parte alguma da Missa que não trate dele diretamente, ou que ao menos lhe não faça referências. A ele alude o Introito,  recordando o trigo e o mel com que Deus alimentou o povo hebreu no deserto, manjar prodigioso e, contudo, só longínqua imagem do Pão vivo e vivificante da Eucaristia. Fala dele a Epístola (1 Cor. 11, 23 a 29), referindo a instituição do sacramento quando Jesus 'tomou o pão e, dando graças, o partiu e disse: 'Recebei e comei, isto é o meu corpo'; canta-o o Gradual: 'os olhos de todos esperam em Vós, Senhor e Vós dais-lhes de comer no tempo oportuno; mais amplamente lhe entoa um hino a belíssima sequência Lauda Sion, ao passo que o Evangelho (Jo. 6, 56-59), fazendo eco ao Aleluia, reproduz o trecho mais significativo do discurso em que Jesus anunciou a Eucaristia: 'a minha carne é verdadeiramente comida e o meu sangue é verdadeiramente bebida'; o Communio, depois, retomando uma frase da Epístola, recorda-nos a necessidade de receber dignamente o Corpo do Senhor e, finalmente, o Postcommunio diz-nos que a comunhão eucarística é penhor da comunhão eterna do céu. Mas para compreender melhor o valor imenso da Eucaristia, é preciso voltar às palavras de Jesus, que muito oportunamente, são citadas no Evangelho do dia: 'O que come a minha carne e bebe o meu sangue, fica em mim e eu nele'. Jesus fez-Se nossa comida para nos assemelhar a Ele, para nos fazer viver a Sua vida, para nos fazer viver n'Ele, como Ele mesmo vive em Seu Pai. A Eucaristia é verdadeiramente o sacramento da união ao mesmo tempo que é a prova mais clara e convincente de que Deus nos chama e solicita à íntima união com Ele". 

segunda-feira, 5 de junho de 2017

O CORAÇÃO AMÁVEL E HUMILDE DE JESUS


LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA
4º dia de junho

Nosso Senhor Jesus Cristo, sendo o Filho de Deus feito Homem, é o modelo perfeitíssimo de todas as virtudes. Mas já na sua vida publica pregou dizendo: "Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração" (S. Mateus XI, 29). Quis dar um destaque especial a estas duas virtudes, que, na verdade são irmãs gêmeas.

Caríssimos, vamos continuar contemplando a bondade e o amor do Coração de Jesus em sua vida pública. Já o contemplamos em sua vida oculta.

O Divino Salvador inicia sua vida de apostolado, com atos de profunda humildade: o seu batismo, o seu retiro de quarenta dias de jejum e oração para depois ser levado pelo Espírito Santo ao deserto para ser tentado pelo demônio.

Jesus Cristo Nosso Senhor, como Ele mesmo afirmou, nunca fez nada por ser de seu agrado, mas procurou fazer tudo segundo a vontade de Seu Pai: "Não procuro a minha satisfação mas aquilo que é do agrado de meu Pai que me enviou" (S. João V, 30). Se passou trinta anos junto de sua Mãe Santíssima, é porque assim o Pai determinou. Chegada, no entanto, a hora determinada pelo Pai, Jesus despede-se de Sua Mãe, e sai para pregar e fazer milagres. Serão três anos em que passará fazendo o bem. Com a graça de Deus vamos contemplar o Coração amabilíssimo de Jesus. Não precisava porque era o Filho de Deus humanado, mas quis antes se humilhar: ser batizado no Rio Jordão pelo seu precursor  João Batista. Depois prepara-se para a sua missão salvadora por meio de um jejum rigoroso de quarenta dias numa montanha inacessível a qualquer pessoa (pode ser avistada de Jericó). Aí quis dar o exemplo de humildade e de como devemos afastar as tentações do demônio. Tudo isto flui da bondade de seu Coração. Jesus não precisava  passar por estas humilhações: ser batizado e ser tentado pelo demônio; mas tudo aceitou por nosso amor, visando sempre o nosso bem.

Vai dar início à sua Igreja. Aqui também o Coração amabilíssimo de Jesus pensa em todos os homens. Será através de sua Igreja que receberemos a verdade e a graça. Para tanto, logo vai conquistando pelos seus exemplos, pregações e milagres, os primeiros discípulos. Escolhe dentre eles doze homens, que serão seus Apóstolos. Acompanhados por eles  durante três anos, percorre as terras da Palestina, ensinando a Boa Nova, fazendo bem a todos, e realizando os mais extraordinários milagres em confirmação da sua missão divina. Nosso Senhor Jesus Cristo vai no decorrer destes três anos instituir os Sacramentos. Seu Coração amabilíssimo, sabe que terá que passar pela Paixão e morrer pregado numa cruz e deseja ardentemente que chegue este dia em que será batizado com um batismo de sangue. Sabe que irá ressuscitar para nos dar a justificação e que depois ainda estará na terra por quarenta dias e depois subirá ao céu para nos preparar um lugar.  Seu Coração não suporta deixar-nos órfãos. Assim através da Sua Igreja, dos Sacramento e especialmente através da Santíssima Eucaristia, como Sacrifício e como Sacramento estará sempre conosco. O Filho de Deus se fez Homem através de sempre Virgem Maria, para ser o Emanuel, isto é, o Deus conosco. Amém!

domingo, 4 de junho de 2017

A NOSSA COLABORAÇÃO À AÇÃO DO ESPÍRITO SANTO

 1.   "Perante a santidade somos sempre como os estudantes e aprendizes que, tendo um conhecimento limitado da arte que estão a aprender, precisam continuamente da direção e das sugestões do seu mestre. O Mestre da santidade é o Espírito Santo. Falando d'Ele, Jesus disse: 'Ele vos ensinará todas as coisas e vos recordará tudo o que vos tenho dito' (Jo. 14, 26). Ensina-nos o que devemos fazer para amar a Deus com todas as nossas forças, sugere-nos tudo o que não sabemos, tanto a respeito de Deus, como da prática da perfeição, e não só nos ensina, mas põe-nos em condições de realizar o bem que nos mostra. Agindo diretamente sobre a nossa vontade, fortifica-a, atrai-a e lança-a poderosamente em Deus, orienta-a perfeitamente para Ele. Assim o Espírito Santo 'ajuda a nossa fraqueza' (Rom. 8, 26) e já que esta é constitucional, inerente à nossa natureza humana, temos continuamente necessidade d'Ele. Na realidade Ele nunca nos abandona: toda a nossa vida espiritual está envolvida pela Sua ação; vimos como desde o início vem ao nosso encontro, preparando e secundando as nossas iniciativas pessoais. Em seguida, se nos encontra dóceis aos Seus convites, Ele próprio toma em nós as Suas iniciativas. Por isso toda a obra  da nossa santificação se reduz, no fundo, a uma questão de docilidade ao divino Paráclito. Antes de mais nada devemos estar muito atentos e ser dóceis aos Seus convites: 'Oxalá que ouvísseis hoje a Sua voz: não endureçais os vossos corações! (Salmo 94, 7 e 8).Os convites do Espírito Santo podem chegar até nós através das palavras da Sagrada Escritura, da pregação, dos ensinamentos da Igreja, de várias circunstâncias da vida, de bons pensamentos, de santas inspirações: correspondamos imediatamente, demonstremos a nossa boa vontade, aceitando e obedecendo prontamente aos Seus convites". (P. Gabriel de Sta M. Madalena - INTIMIDADE DIVINA). 

A AÇÃO DO ESPÍRITO SANTO

   "É importante saber que o Espírito Santo trabalha sempre nas nossas almas, mesmo nas primeiras etapas da vida espiritual, desde o início, ainda que então o faça de um modo mais escondido, e por isso menos conhecido. Mas a Sua ação existe, é preciosíssima, e consiste sobretudo em preparar e secundar as nossas iniciativas para a aquisição da perfeição. A primeira obra que Ele realiza em nós é a de nos elevar ao estado sobrenatural, comunicando-nos a graça, sem a qual não podemos fazer nada para chegar à santificação. A graça vem-nos de Deus, toda a Santíssima Trindade no-la dá, mas como ao Pai se atribui particularmente a sua criação, como o Filho, com Sua Encarnação, Paixão e Morte no-la mereceu, assim o Espirito Santo a difunde nas nossas almas. Com efeito a Ele, ao Espírito de amor, é atribuída, de modo especial, a obra da nossa santificação. Quando recebemos o batismo, fomos justificados 'em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo'. Todavia, a Sagrada Escritura atribui esta obra de regeneração e de filiação divina, de modo particular, ao Espírito Santo; o próprio Jesus nos apresentou o batismo como um renascimento 'pelo Espírito Santo' (Jo. 3, 5), e São Paulo afirma: 'Todos fomos batizados num único Espírito' e 'o mesmo Espírito atesta ao nosso espírito que somos filhos de Deus' (cf. 1Cor. 12, 13; Rom. 8, 16). Foi pois o Espírito Santo que preparou e dispôs as nossas almas para a vida sobrenatural, infundindo em nós a graça.

   Para nos tornar capazes de realizar ações sobrenaturais, o Espírito Santo, vindo à nossa alma, revestiu as potências - inteligência e vontade - com as virtudes infusas. Antes de tudo, Ele infunde em nós a caridade, e com a caridade, as outras virtudes teologais; a fé e a esperança; infunde também em nós as virtudes morais. Assim, pela Sua intervenção, tornamo-nos capazes de operar sobrenaturalmente. Mas a ação do Espírito Santo não se limita a isto. Como bom Mestre, continua a assistir-nos nas nossas ações, solicitando-nos para o bem e sustentando-nos nos nossos esforços. Convida-nos principalmente para o bem com as inspirações interiores e também mediante meios externos, particularmente a Sagrada Escritura e o Magistério da Igreja. A Sagrada Escritura é a Palavra de Deus escrita pelos homens, sob a moção do Espírito Santo. Na Sagrada Escritura é, portanto, o divino Paráclito que nos fala, iluminando com a Sua luz a nossa inteligência, impelindo, com o Seu impulso, a nossa vontade; por isso, meditar nos sagrados textos é um pouco como que 'ir à escola' do Espírito Santo. Além disso, o Espírito Santo continua a instruir-nos, a estimular-nos para o bem por meio da palavra viva da Igreja, pois que todos aqueles que têm na Igreja uma missão de ensino, enquanto expõem aos fiéis as sagradas doutrinas, estão sob o Seu influxo. Se aceitamos as inspirações do Espírito Santo, se, em face do Seu convite, nos decidimos a agir, Ele acompanha-nos e assiste-nos com a graça atual, a fim de que possamos levar a bom termo a obra virtuosa. É evidente que também quando a vida espiritual está ainda no início e se concentra na correção de defeitos e na aquisição  de virtudes, a atividade da alma é inteiramente penetrada e sustentada pela ação do Espírito Santo. Pensamos muito pouco nesta verdade e por isso, na prática, temos em pouca conta a obra contínua do Espírito Santo nas nossas almas. É preciso pensar nela para não deixar passar em vão as Suas inspirações e os Seus impulsos. 'Pela graça de Deus sou o que sou', dizia São Paulo, mas podia acrescentar: 'A Sua graça, que está em mim, não foi vã' (Cor. 15, 10)." (P. Gabriel de Sta. M. Madalena, O. C. D. - INTIMIDADE DIVINA).