Leituras: Primeira Epístola de São Pedro Apóstolo 5, 6-11.
Continuação do Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas 15, 1-10:
Caríssimos e amados irmãos em Nosso Senhor Jesus Cristo!
1- A liturgia de hoje é um caloroso convite à confiança no amor misericordioso de Jesus. Desde o princípio da Missa a Igreja faz-nos rezar assim: "Olhai para mim, Senhor, tende compaixão, pois vivo só e ao desamparo. Reparai na minha miséria e sofrimento e perdoai todos os meus pecados" (Introito). Depois na oração da Coleta pedimos: "Ó Deus... multiplicai sobre nós a Vossa misericórdia", e um pouco mais adiante exorta-nos: "Descarrega o teu fardo no Senhor e Ele te sustentará" (Gradual). Mas como justificar tanta confiança em Deus, sendo nós sempre uns pobres pecadores? Esta justificação encontramo-la no Evangelho do dia (Lc. 15, 1-10) que refere duas parábolas de que Jesus Se serviu a fim de nos ensinar que jamais confiaremos demasiado na Sua misericórdia infinita: a parábola da ovelha perdida e a da dracma perdida. Primeiro é-nos apresentado o Bom Pastor que vai atrás da ovelha tresmalhada: é a figura de Jesus, descido do céu para ir à procura da pobre humanidade perdida nos antros obscuros do pecado; para a encontrar, para a salvar e conduzir novamente ao redil, Ele não hesita em enfrentar os sofrimentos mais amargos e até a morte. "E tendo-a encontrado, põe-na sobre os ombros alegremente e, indo para casa, chama os seus amigos e vizinhos, dizendo-lhes: "Congratulai-vos comigo porque encontrei a minha ovelha que se tinha perdido". É a história do amor de Jesus não só para com toda a humanidade, mas para com cada alma em particular; história bem sintetizada na doce figura do bom pastor, sob a qual Jesus Se quis apresentar. Pode dizer-se que a figura do bom pastor - tão amada nos primeiros séculos da Igreja - equivale à do Sagrado Coração; uma e outra são a expressão viva e concreta do amor misericordioso de Jesus e convidam-nos a ir a Ele com plena confiança.
2- "Digo-vos que haverá maior júbilo no céu por um pecador que fizer penitência que por noventa e nove justos que não têm necessidade de penitência". Com este pensamento, embora expresso de forma diversa, terminam as três parábolas da misericórdia: a da ovelha perdida, a da dracma perdida e a do filho pródigo. Esta insistente repetição indica-nos o grande cuidado que Jesus teve em inculcar-nos um sentido profundo da misericórdia infinita, misericórdia que contrasta com a atitude dura e desdenhosa dos fariseus que murmuravam, dizendo: "Este (Jesus) recebe os pecadores e come com eles". As três parábolas são a resposta do Mestre à insinuação maliciosa e mesquinha dos fariseus.
A nós, criaturas limitadas e espiritualmente tão curtas de vista, não nos é fácil compreender a fundo este inefável mistério; e não só nos é difícil entendê-lo a respeito dos outros, mas mesmo quando se trata de nós próprios. Contudo Jesus disse e repetiu: "Haverá maior júbilo no céu por um pecador arrependido que por noventa e nove justos", e com isto quis declarar-nos quanta glória dá a Deus a alma que, após as suas quedas, volta para Ele arrependida e confiada. O sentido destas palavras não se há de aplicar somente aos grandes pecadores, aos que se convertem do pecado grave, mas também àqueles que se convertem dos pecados veniais, que se humilham e depois se levantam das infidelidades cometidas por fragilidade ou irreflexão. Esta é a nossa história de todos os dias: quantas vezes nos propusemos vencer a nossa impaciência, a nossa irascibilidade ou susceptibilidade, e quantas vezes recaímos! Porém, se reconhecermos humildemente o nosso erro e formos, com confiança, "pedir perdão a Jesus, lançando-nos nos Seus braços, Ele estremecerá de alegria" e "fará mais ainda: amar-nos-á mais do que antes de nossa falta" (Santa Teresinha do Menino Jesus)... (Meditação extraída do Livro INTIMIDADE DIVINA do Padre Gabriel de Sta M. Madalena, O.C.D.).
Terminemos com palavras de Santa Teresinha do Menino Jesus: "Ó Jesus, eu sei que o Vosso Coração fica mais magoado com as mil pequenas indelicadezas dos seus amigos do que com as faltas, mesmo graves, que cometem as pessoas do mundo. Todavia parece-me que é só quando as nossas indelicadezas se tornam habituais e não Vos pedimos perdão delas, que Vós podeis dizer: 'Estas chagas que vedes no meio das minhas mãos, recebia-as na casa daqueles que me amavam!' Mas se depois de cada pequena falta vimos pedir-Vos perdão, lançando-nos nos Vossos braços, Vós estremeceis de alegria e dizeis aos Vossos anjos o que o pai do filho pródigo dizia aos seus servos:'Vesti-o com a sua melhor roupa, ponde-lhe um anel no dedo e regozijemo-nos'. Ó Jesus, como são pouco conhecidos a bondade e o amor misericordioso do Vosso Coração!"
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