SAUDAÇÕES E BOAS VINDAS

LOUVADO SEJA NOSSO SENHOR JESUS CRISTO! PARA SEMPRE SEJA LOUVADO!

Caríssimos e amados irmãos e irmãs em Nosso Senhor Jesus Cristo! Sêde BEM-VINDOS!!! Através do CATECISMO, das HOMILIAS DOMINICAIS e dos SERMÕES, este blog, com a graça de Deus, tem por objetivo transmitir a DOUTRINA de Nosso Senhor Jesus Cristo. Só Ele tem palavras de vida eterna. Jesus, o Bom Pastor, veio para que Suas ovelhas tenham a vida, e com abundância. Ele é a LUZ: quem O segue não anda nas trevas.

Que Jesus Cristo seja realmente para todos vós: O CAMINHO, A VERDADE, A VIDA, A PAZ E A LUZ! Amém!

terça-feira, 8 de agosto de 2017

MORTIFICAÇÃO


"Se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me" (S. Mateus XVI, 26).

 "Certamente, nem a todos é dada a possibilidade, nem todos têm a obrigação de fazer o mesmo; mas cada um é obrigado, segundo o seu poder, a mortificar a sua vida e os seus costumes. Exige-o a justiça divina, à qual é dada estrita satisfação das culpas cometidas; e é preferível dar essa satisfação enquanto se está em vida, com penitências voluntárias, porque assim também se tem o mérito da virtude. Além disto, já que nós todos estamos unidos e vivemos no corpo místico de Cristo, que é a Igreja, daí se segue, consoante S. Paulo, que, tal como os gozos, assim também as dores de um membro são comuns a todos os outros membros: quer dizer que os irmãos cristãos devem vir voluntariamente em auxílio dos outros irmãos nas suas enfermidades espirituais ou corporais, e, na medida em que estiver em seu poder, cuidar da cura deles; "os membros tenham a mesma solicitude uns com os outros; e, se um membro sofre, sofrem com ele todos os membros; ou, se tem glória um membro, todos os membros se regozijam com ele. Ora, vós sois corpo de Cristo, e particularmente sois membros deste" (1 Cor. 12, 25-27). Nesta prova que a caridade nos pede, de expiarmos as culpas de outrem, a exemplo de Jesus Cristo, que com imenso amor deu a sua vida para redimir todos do pecado, está este grande vínculo de perfeição que une estreitamente os fiéis entre si, com os Santos e com Deus. Em suma, o espírito da santa mortificação é tão vário, industrioso e extenso, que qualquer um   -  desde que animado de piedade e de boa vontade  -  pode praticá-lo com muita freqüência e sem esforço excessivo" (Leão XIII, Octobri Mense).
Caríssimos, amar a Deus sobre todas as coisas, de todo coração, com todas as forças, eis o grande mandamento. No Céu O amaremos naturalmente, necessariamente, infinitamente. Igual coisa não se dá na terra. No estado atual da natureza decaída, é impossível amar a Deus com amor verdadeiro e efetivo, sem esforço, sem sacrifício. É o que resulta da tendências da natureza corrupta que permanece no homem, mesmo regenerado pelo batismo. Não podemos amar a Deus sem combater estas tendências. Por isso Nosso Senhor disse: "Se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me" (S. Mat. XVI, 26). Seguir a Jesus Cristo é amá-Lo, a condição de O seguir e amar é renunciar a si mesmo, isto é, as más inclinações da natureza, o que se consegue pela prática da mortificação. Para obter a graça, para conservá-la e multiplicá-la, precisamos a cada passo de penitência. Daí a mortificação em si, dentro de certas condições e em dadas circunstâncias, não é um simples conselho de perfeição, é, antes, DE PRECEITO, ou seja, é necessária à salvação: "Se não fizerdes penitência, disse o divino Mestre, todos igualmente perecereis" (S. Lucas XIII, 5).
O luxo moderno e costumes efeminados que se alegam muitas vezes em favor de uma diminuição da mortificação, podem também servir para defender o ponto de vista oposto. Pois, sendo ofício especial da Igreja dar testemunho contra o mundo, deve este testemunho consistir em atacar os vícios reinantes da sociedade, e por conseguinte, deve fazê-lo nestes dias contra a moleza, o culto do conforto e as extravagâncias do luxo. O mundo, a carne e o demônio permanecem realmente os mesmos em todos os tempos, e assim também a mortificação corporal presta os mesmos serviços. A melhor de todas as penitências é receber em espírito de compunção interior as mortificações que Deus, na sua Sabedoria e na sua amorosa e paternal Providência, nos envia. Quanto a isso não há a menor dúvida. É mister, porém, observar o seguinte: sem o generoso hábito das penitências voluntárias não é muito provável conseguir adquirir este espírito interior de penitência e portanto tirarmos todo proveito das provações involuntárias que Deus nos manda.
Vamos apresentar dez vantagens da mortificação:
- Domar o corpo: A penitência submete as paixões revoltosas ao poder da graça e à parte superior da nossa vontade. Na verdade, não encontraremos em pessoa alguma a força de vontade ou a seriedade de espírito, se ela não se esforçar deveras por subjugar o corpo.
2ª- Criar uma consciência delicada: isto é, uma sensibilidade de consciência para ver e detestar o menor pecado que seja. Se não é o único meio, pelo menos a mortificação constitui um dos principais.
3ª - Obter crédito diante de Deus: Empresta uma maior força à oração; dá um êxito muito maior nos esforços para desarraigar algum pecado habitual, vencer as tentações, obviar as surpresas do gênio e da língua.
4ª - Avivar o nosso amor a Deus: Manifestam e aumentam o nosso amor. E quando o objeto que amamos e contemplamos é, como Jesus, um objeto de dor e de sofrimentos, na contemplação da Paixão de Jesus sentimos um amor maior que nos excita a imitá-lo.
5ª - Desapegar-nos das vaidades do mundo e inundar-nos com a alegria espiritual: Nada em si é tão oposto às vaidades do mundo como a mortificação que destrói tudo o que elas mais prezam e mais amam. A alegria espiritual, é como a enchente da maré, que entra por onde encontra lugar vazio. A proporção, portanto, que os nossos corações se desapegam das amizades terrenas, isto é, das afeições que não constituem para nós um dever, eles se tornam capazes de gozar da doçura de Deus. As pessoas mortificadas são sempre alegres. O coração se alivia por lhe ser retirado o fardo do corpo. A penitência junto com a oração bem feita nos unem a Jesus e, estar com Jesus é um doce paraíso!
6ª - Impedir que abandonemos cedo demais a Via Purgativa: Na verdade constitui um grande perigo na vida espiritual querer passar logo para as vias iluminativa e unitiva, abandonando precocemente a via purgativa em que devem dominar a virtudes da penitência. Na verdade, muitos se apressam tanto no começo, que ficam sem respiração e abandonam por completo a corrida. Assemelham-se aos insensatos que correm loucamente para fugir de sua sombra. A alma ainda ligeiramente fatigada de vigiar a si mesma, quer já converter o mundo. Assim peca por indiscrição e zelo imprudente. Fazendo uma comparação: a água transborda a força de ferver, apagando assim o fogo, isto é, destrói a ação do Espírito Santo pela indiscrição. Verdadeiramente, conservar-se por mais tempo (não meses mas anos) na região inferior de purificação, nunca trará prejuízo à alma, mas querer elevar-se com demasiada rapidez é expor-se a muitos perigos. As nossas paixões são como lobos, fingem estar mortas. Daí constituir um grande perigo abandonar a mortificação.
7ª - Conceder-nos o dom da oração mental. Por tudo o que já foi dito acima, temos facilidade em compreendê-lo: O coração se alivia por lhe ser retirado o fardo do corpo, e aí, alma, qual, águia tem facilidade em subir às alturas da meditação e da contemplação.
8ª - Dar à santidade profundeza e força: Assim como os exercícios de ginástica desenvolvem os músculos e os robustecem. Isto refere-se ao que foi dito há pouco, de não abandonar cedo demais a Via Purgativa. Ex.: Simeão Estilita quando primeiro começou a se sustentar sobra a coluna, ouviu no sono uma voz lhe dizer: levanta-te, cava a terra. Pareceu-lhe ter cavado algum tempo e depois cessado, quando a voz lhe disse: cava mais fundo! Quatro vezes cavou, quatro vezes descansou, e quatro vezes a voz repetiu: cava mais fundo! Depois disse-lhe: Agora constrói tranquilamente. Pois bem! Este trabalho humilhante de cavar é a mortificação. Sendo escultor, veio-me uma comparação que compreendo com conhecimento de causa: o escultor, quando quer trabalhar com madeira, escolhe o cedro. Por que? primeiro por ser um madeira de lei que não é atacada pelo cupim; segundo é uma madeira ao mesmo tempo fácil de cortar e firme. Nossa alma deve ser firme pela penitência, e também humilde, isto é,  fácil de ser talhada pelo divino Artista, Nosso Senhor Jesus Cristo.
9ª - As austeridades corporais levam a alma a atingir a graça mais alta da mortificação interior: Seria pura ilusão supor ser possível mortificar o juízo e a vontade, sem mortificar também o corpo. Na verdade a mortificação interior é mais excelente; a exterior, no entanto, é mais eficaz.
10ª - A mortificação é uma escola excelente onde será adquirida a régia virtude da discrição. A discrição é o hábito de dar exatamente no alvo, e, para acertá-lo, é preciso ter no olhar uma exatidão e na mão uma firmeza sobrenaturais. A discrição se manifesta na obediência, na humildade, na falta de confiança em si mesmo, na perseverança e no desapego das próprias penitências.
Depois de tudo que acabamos de expor sobre a penitência, facilmente entendemos a afirmação tão categórica de São João da Cruz: "Se alguém desaprova a penitência, não lhe deis crédito, ainda que faça milagres".
Caríssimos, o divino Mestre disse: " O reino dos céus sofre violência e só os violentos o arrebatarão". Para chegarmos ao céu temos que combater como bons soldados de Jesus Cristo. E esta luta durará enquanto durar a vida. A felicidade eterna será um bem laboriosamente conquistado; e isto constitui, outrossim, a glória dos eleitos e lhes aumenta o gozo, pois amarão a Deus com maior perfeição. Consola-nos saber que cada vitória é uma conquista; triunfando de um defeito, adquirimos maior domínio sobre nós mesmos e, quanto mais fortes formos, mais capazes seremos de fazer o bem.

Através da mortificação, à medida que a alma progride, as revoltas da natureza, embora nunca desapareçam de todo, tornam-se menos violentas, e a graça, menos embaraçada, opera com maior poder. A vitória custa muito menos e entretanto os atos de virtude são mais puros, mais eficazes; a imaginação permanece mais calma, o apetite irascível mantém-se em repouso, o espírito não raciocina tanto. Então Deus opera com maior liberdade. Oh! como serão ricas as almas generosas, no dia da prestação de contas, quando for dado, e para sempre, a cada um, segundo suas obras! Amém!

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

A ORAÇÃO


"É preciso orar sempre e não cessar de o fazer"  (S. Lucas XVIII, 1)

A oração é o grande meio de salvação. E tanto isto é verdade, que Santo Afonso de Ligório afirma e prova que quem reza se salva e quem não reza, se condena.

O homem de si mesmo, é um nada e fraqueza, já que sua natureza corrompida é tão violentamente inclinada ao mal. Tem, na verdade, a razão para conhecer seus deveres. Mas isto não basta. "Vejo o bem e o aprovo, vejo o mal e o desaprovo, e, no entanto, faço a mal que desaprovo e não faço o bem que aprovo" assim diz do homem o Apóstolo S. Paulo (cf. Rom. VII, 15-20). Portanto, é absolutamente necessário ao homem o auxílio de Deus, auxílio este alcançado pela oração.

A oração bem feita produz sempre frutos e põe à nossa disposição a onipotência de Deus. Na verdade, a oração bem feita enternece o Coração de Deus, é uma homenagem aos seu poder, à sua sabedoria, à sua bondade, ao seu amor. Quem reza, pois, une-se a Deus que se compraz em espargir suas perfeições sobre todos os que d'Ele se aproximam pela oração. A oração também nos une aos Santos no Céu e às almas virtuosas na terra. Duas pessoas que rezam uma pela outra, embora separadas pelos oceanos, estão mais intimamente unidas que outras duas que vivem juntas mas não rezam.

Quão comovente são os convites de Nosso Senhor à oração! "Vigiai e orai"; "Pedi e recebereis, procurai e achareis; batei e vos será aberto" (S. Mat. VII, 21; S. Luc. XI, 9). E ainda: "Tudo quanto pedirdes com fé, ser-vos-á concedido" (S. Mat. XXI, 22); "Se dois dentre vós estiverem de acordo, aquilo que pedirdes vos será concedido por meu Pai que está no céu" (S. Mat. XVIII, 19); "Tudo quanto pedirdes  a meu Pai em meu nome, eu o farei" (S. João XVI, 13); "Se vós permanecerdes em mim e se minhas palavras permanecerem em vós, tudo quanto quiserdes pedir, ser-vos-á concedido" (S. João XV, 7).

Mas São Tiago diz: "Pedis e não obtendes", e logo dá a razão: "porque pedis mal, com o fim de satisfazerdes vossas paixões" (S. Tiago IV, 3). Deus é a própria sabedoria e não irá ceder aos caprichos de quem reza mal. Santo Agostinho assim resume em latim os motivos porque a oração não é atendida: "Petimus mali, petimus male, petimus mala. Traduzindo: Nós que pedimos somos maus; pedimos com oração mal feita; pedimos coisas más.

Petimus mali: sendo maus, isto é, em estado de pecado. Encontrar-se em estado de revolta contra Deus será disposição para alcançar suas graças? Reconciliemo-nos primeiro com Ele, façamos a sua vontade e Ele fará a nossa.

Petimus male: rezamos mal, ou seja, sem atenção; sem elevar a alma para Deus, sem humildade, sem confiança, sem perseverança. Santo Agostinho diz que "o latir do cão é menos desagradável aos ouvidos de Deus do que a oração mal feita".  

Petimus mala: isto é, o que pode ser inútil, mesmo prejudicial, sem o sabermos, como são às vezes, os bens relativos como saúde, recursos, talentos etc. Peçamos primeiro os bens absolutos: a graça, a virtude, a salvação, os bens sobrenaturais, e secundariamente, e sob condição de serem para a glória de Deus e  bem da alma, também os bens de ordem natural. É a regra que traçou Nosso Senhor Jesus Cristo: "Procurai em primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas ser-vos-ão dadas por acréscimo" (S. Mat. VI, 33). Não esqueçamos de pedir "em nome de Nosso Senhor, isto é, "pelos merecimentos de Jesus Cristo e pelo amor que Deus Pai Lhe tem. Deus Pai nada recusa ao seu Filho, diz S. Paulo, por causa da consideração que Lhe tem: "propter reverentiam".

É mister, porém, observar que a oração feita de boa fé, nunca ficará sem resposta. Portanto se o vosso pedido é imprudente mas provém de vossa ignorância, Deus vos concederá então, não o que pedis, mas coisa muito melhor. Por ex. pedis recursos materiais, e Deus sabe que será uma pedra em que tropeçarás e perderás a fé, Ele então vos dará um pão, poderá ser uma fé e amor maiores para com a Santíssima Eucaristia. Caríssimos, quando pedirdes uma virtude, rezai, antes, para que vos seja dado um real desejo dessa virtude, e dizei depois, em toda a sinceridade de vosso coração: Senhor, fazei-me praticar essa virtude, custe o que custar. Por ex. pedimos a virtude da humildade; mas devemos pedir também que Nosso Senhor nos dê a graça de termos fortaleza para aceitarmos todas as humilhações que Ele se dignar enviar-nos.

O Pai-Nosso foi ensinado por Jesus como o modelo supremo. Aí a alma começa a dar a Deus o belo título de Pai. Só isto já nos mostra quais os sentimentos que devemos trazer no coração quando rezamos. Conversamos como o nosso Pai, não o da terra (o que já é tão agradável!) mas o Pai do Céu, a própria Bondade, a própria Perfeição , o Onipotente. Logo após, a alma pede a glória divina e só depois expõe sua próprias necessidades.

Na oração podemos pedir tudo que é bom e santo, tudo o que nos pode ser útil. Mas antes de tudo devemos desejar e pedir que Deus seja conhecido, amado e glorificado. O terceiro pedido do Pai-Nosso, pedido este que Jesus fez Ele mesmo de modo tão comovedor no Horto das Oliveiras, é um dos que devem brotar com frequência de nossos lábios, e que parece resumir todos os outros. "Meu Pai, se for possível, que se afaste de mim esse cálice; mas que a vossa vontade seja feita e não a minha". Assim devemos sempre adorar, louvar e amar a vontade de Deus. Com estas palavras: seja feita a vossa vontade", podemos formular todas as nossas orações. Peçamos para que se faça em nós a vontade de Deus. É certo que Deus quer sejamos piedosos, humildes, desapegados, mortificados, caridosos. Então peçamos: Senhor seja feita a vossa vontade, mesmo se for contra a minha, custe o que custar. E, Senhor, quantos aos meios pelos quais me santificareis, também escolhei-os Vós mesmo.

E se rezamos pelos outros, como por ex. pelos nossos parentes ou amigos, ou pelas almas que nos são confiadas (os pais pelos filhos, os padres pelos seus fiéis) será sempre a mesma regra: aliás, que podemos pedir de melhor para eles senão a vontade de Deus?! Então digamos sempre com sinceridade perfeita: Senhor, Vós sabeis e quereis o que convém mais: fazei a vossa vontade, inspirai-me e inspirai aos outros as medidas as mais sábias, dai a todos prudência e força, dai luz ao espírito e energia à vontade, e que tudo se faça segundo a vossa sabedoria e as vossas preferências, para vossa maior glória e para o nosso maior bem.


Caríssimos, já meditastes alguma vez sobre a vida de oração de Nosso Senhor Jesus Cristo? Nada mais próprio para incutir em nós o amor à oração, a convicção profunda da importância e necessidade da oração. Lembremos apenas algumas passagens: "Levantado-se muito antes de amanhecer, saiu, foi  a um lugar solitário e lá fazia oração" (S. Marc. I, 35); "Mas ele retirava-se para lugares desertos e fazia oração"(S. Lucas V, 15); "Despedidas as turbas, subiu só a um monte para orar" (S. Mat. XIV, 23); "Aconteceu naqueles dias que se retirou para o monte a orar e estava passando toda a noite em oração a Deus" (S. Lucas VI, 12); "Ora aconteceu que, recebendo o batismo todo o povo, batizando também Jesus, e estando em oração, abriu-se o céu..." (S. Lucas III, 21); na Transfiguração: "Tomou consigo Pedro, Tiago e João, e subiu a um monte para orar. Enquanto orava..." (S. Lucas IX,28, 29); "Então Jesus, falando novamente [ao Pai em oração] disse: "Graças te dou, ó Pai..." (S. Mat. XI, 25 e sgs). Já consideramos Sua oração no Getsêmani. Na cruz, sua primeira palavra foi uma oração de perdão: Pai perdoai-lhes porque não sabem o que fazem". Quão comovente é a oração que Jesus faz ao Seu Pai após a Santa Ceia (cf. (S. João XVII, 1-26). Caríssimos, leiam e meditem! Oremos como Jesus e nossa oração será perfeita. Amém!

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

O JUÍZO UNIVERSAL SEGUNDO S. AFONSO DE LIGÓRIO


(RESUMO)
"Cognoscetur Dominus judicia faciens"
Conhecido será o Senhor, que faz justiça (Salmo IX, 17).

O Redentor destinou o dia do Juízo Universal (chamado com ração, na Escritura, o dia do Senhor), no qual Jesus Cristo se fará reconhecer por todos como universal e soberano Senhor de todas as coisas (Sl  9, 17). Esse dia não se chama dia de misericórdia e perdão, mas "dia da ira, da tribulação e da angústia, dia de miséria e calamidade" (Sofonias I, 15). Nele o Senhor se ressarcirá justamente da honra e da glória que os pecadores quiseram arrebatar-Lhe neste mundo. Vejamos como há de suceder o juízo nesse grande dia.

A vinda do divino Juiz será precedida de maravilhoso fogo do céu (Salmo 96, 3), que abrasará a terra e tudo quanto nela exista (2 S. Pedro III, 10). Palácios, templos, cidades, povos e reinos, tudo se reduzirá a um montão de cinzas. É mister purificar pelo fogo esta grande casa, contaminada de pecados. Tal é o fim que terão todas as riquezas, pompas e delícias da terra. Mortos os homens, soará a trombeta e todos ressuscitarão (1 Cor. XV, 52). Dizia S. Jerônimo: "Quando considero o dia do juízo, estremeço. Parece-me ouvir a terrível trombeta que chama: Levantai-vos, mortos, e vinde ao juízo". Ao clamor pavoroso dessa voz descerão do céu as almas gloriosas dos bem-aventurados para se unirem a seus corpos, com que serviram a Deus neste mundo. As almas infelizes dos condenados sairão do inferno e se unirão a seus corpos malditos, que foram instrumentos para ofender a Deus.

Que diferença haverá então entre os corpos dos justos e dos condenados! Os justos aparecerão formosos, cândidos, mais resplandecentes que o sol (S. Mateus XIII, 43). Feliz aquele que nesta vida soube mortificar sua carne, recusando-lhe os prazeres proibidos, ou que, para melhor refreá-la, como fizeram os Santos, a macerou e lhe negou também os gozos permitidos dos sentidos! ... Pelo contrário, os corpos dos réprobos serão disformes,  e hediondos. Que suplício então para o condenado ter de unir-se a seu corpo! ... "Corpo maldito  -  dirá a alma   -  foi para te contentar que me perdi!" Responder-lhe-á o corpo: "E tu, alma maldita, tu que estavas dotada da razão, por que me concedeste aqueles deleites, que, por toda a eternidade, fizeram a tua e a minha desgraça?"

Assim que os mortos ressuscitarem, farão os anjos que se reúnam todos no vale de Josafá para serem julgados (Joel III, 14) e separarão ali os justos dos réprobos (S. Mat. XIII, 49). Os justos ficarão à direita; os condenados, à esquerda... Que confusão experimentarão os ímpios, quando, apartados dos justos, se sentirem abandonados! Disse S. João Crisóstomo que, se os condenados não tivessem de sofrer outras penas, essa confusão bastaria para dar-lhes os tormentos do inferno. Caríssimo irmão, abandona  o caminho que conduz à esquerda.

Os eleitos serão colocados à direita, e para maior glória   -  segundo afirma o Apóstolo  -  serão elevados aos ares, acima das nuvens, e esperarão com os anjos a Jesus Cristo, que deve descer do céu (1 Tess IV, 17). Os réprobos, à esquerda, como reses destinadas ao matadouro, aguardarão o Supremo Juiz, que há de tornar pública a condenação de todos os seus inimigos.

Abrem-se, enfim, os céus e aparecem os anjos para assistir ao juízo, trazendo os sinais da Paixão de Cristo, disse Santo Tomás. Singularmente resplandecerá a santa Cruz. "E então aparecerá o sinal do Filho do homem no céu; e todos os povos da terra chorarão" (S. Mat. XXIV, 30). Os Apóstolos serão assessores e com Jesus Cristo julgarão os povos. Aparecerá, enfim, o Eterno Juiz em luminoso trono de majestade: "E verão o Filho do Homem, que virão nas nuvens do céu, com grande poder e majestade. À sua presença chorarão os povos" (S. Mat. XXIV, 30). A presença de Cristo trará aos eleitos inefável consolo, e aos réprobos aflições maiores que as do próprio inferno, disse S. Jerônimo. Cumprir-se-á, então, a profecia de S. João: "Os condenados pedirão às montanhas que caiam sobre eles e os ocultem à vista do Juiz irritado" (Apoc. VI, 16).

Começará o julgamento, abrindo-se os autos do processo, isto é, as consciências de todos (Dan. VII, 10). A própria consciência dos homens os acusará depois (Rom. II, 15). A seguir, darão testemunho clamando vingança. os lugares em que os pecadores ofenderam a Deus (Hab. II, 11). Virá enfim, o testemunho do próprio Juiz que esteve presente a quantas ofensas lhe fizeram (Jer. XXIX, 23). Disse S. Paulo que naquele momento o Senhor "porá às claras o que se acha escondido nas trevas" (1 Cor. IV, 5). Os pecados dos eleitos, no sentir do Mestre das Sentenças e de outros teólogos, não serão manifestados, mas ficarão encobertos, segundo estas palavras de Davi: "Bem- aventurados aqueles, cujas iniquidades foram perdoadas, e cujos pecados são apagados" (Salmo 31, 1). Pelo contrário   -  disse S. Basílio  -  as culpas dos réprobos serão vistas por todos, ao primeiro relancear d'olhos, como se estivessem representadas num quadro. Exclama S. Tomás: "Se no horto de Getsêmani, ao dizer Jesus: Sou eu, caíram por terra todos os soldados que vinham para o prender, que sucederá quando, sentado no seu trono de Juiz, disser aos condenados: "Aqui estou, sou aquele a quem tanto haveis desprezado!".

Chegada a hora da  sentença, Jesus Cristo dirá aos eleitos estas palavras, cheias de doçura: "Vinde, benditos de meu Pai, e possuí o reino que vos está preparado desde o princípio do mundo" (S. Mat. XXV, 34). Que consolação não sentirão aqueles que ouvirem estas palavras do soberano Juiz: "Vinde, filhos benditos, vinde a meu reino. Já não há mais a sofrer, nem a temer. Comigo estais e permanecereis eternamente. Abençoo as lágrimas que sobre os vossos pecados derramastes. Entrai na glória, onde juntos permaneceremos por toda a eternidade". A virgem Santíssima  abençoará também os seus devotos e os convidará a entrar com ela no céu. E assim, os justos, entoando gozosos Aleluias, entrarão na glória celestial, para possuírem, louvarem e amarem eternamente a Deus.

Os réprobos, ao contrário, dirão a Jesus Cristo: "E nós, desgraçados, que será feito de nós?" E o Juiz Eterno dir-lhes-á: Já que desprezastes e recusastes minha graça , apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno (S. Mat. XXV, 34). Apartai-vos de mim, que nunca mais vos quero ver nem ouvir. Ide, ide, malditos, que desprezastes minha bênção..." Mas para onde, Senhor, irão estes desgraçados?... Ao fogo do inferno, para arder ali em corpo e alma..." E por quantos séculos?... Por toda a eternidade, enquanto Deus for Deus.

Depois desta sentença, abrir-se-á na terra um imenso abismo e nele cairão conjuntamente demônios e réprobos. Verão como atrás deles se fechará aquela porta que nunca mais se há de abrir... Nunca mais durante toda a eternidade!... Ó maldito pecado!... A que triste fim levarás um dia tantas pobres almas!... Ai das almas infelizes às quais aguarda tão deplorável fim!

Meu Deus e meu Salvador! Já que declarastes pela boca do vosso Profeta: "Convertei-vos a mim, e eu me voltarei a vós" (Zac. I, 3), tudo abandono, renuncio a todos os gozos e bens do mundo, e converto-me, abraçando a Vós, meu amantíssimo Redentor. Recebei-me no vosso Coração e inflamai-me no vosso santo amor, de modo que jamais cogite em separar-me de Vós... Maria Santíssima, minha esperança, meu refúgio e minha mãe, ajudai-me e alcançai-me a santa perseverança. Amém!


quarta-feira, 2 de agosto de 2017

CINCO TENTAÇÕES PARA ENGANAR O PECADOR


"O demônio, vosso adversário, anda ao redor, como um leão que ruge, buscando a quem devorar" (1 S. Pedro V, 8).

Como alerta o chefe dos Apóstolos, o demônio anda em redor procurando matar e perder as almas. Sendo o pai da mentira, arma ciladas, sugere enganos. Aos que já estão em suas garras, e para delas não saírem, o adversário inspira cinco coisas: depois me confessarei; não posso resistir à tentação; o Senhor é Deus de misericórdia; já me perdoou tantas vezes no passado, vai perdoar-me ainda; ainda sou jovem e mais tarde entregar-me-ei a Deus. Com a graça de Deus vamos desfazer estas ciladas do inimigo das almas, do nosso adversário que é o demônio.

1º. Mesmo que cometa este pecado, confessá-lo-ei logo.

Caríssimos, o demônio é capaz de sugerir tal temeridade; esta quase zombaria feita à Majestade divina. Pecador assim tentado pelo demônio, dize-me: se tivesses na mão uma formosa e valiosíssima jóia, lançá-la-ias ao rio, dizendo: procurá-la-ei com cuidado, pois espero encontrá-la? Tens realmente em tua mão essa jóia riquíssima de tua alma, que Jesus Cristo resgatou com seu sangue. Voluntariamente a lanças no inferno, pois no ato de pecar cais condenado e dizes que a recobrarás pela confissão. E se não a recobras? Primeiro: para recuperá-la é necessário verdadeiro arrependimento, que é um dom de Deus. E de Deus não se zomba, porque Deus dará o que a pessoa semear. Deus sempre perdoa através da confissão, mas, para quem tem boa vontade e se humilha, Ele dá a graça necessária do arrependimento para a confissão válida. Então Deus pode não te conceder este arrependimento necessário. E aí, quando você chegar ao tribunal de Jesus e vir que sua confissão foi inválida! Não haverá mais jeito! Segunda coisa: E se a morte vier e te arrebatar o tempo para a confissão?! Então, alma amiga, sê vigilante e não vá atrás deste engano do Inimigo!

2º. Não poderei resistir à tentação que se apresenta.

Realmente o demônio procura fazer o pecador acreditar que não tem forças par combater e vencer suas paixões. Pecador assim tentado pelo demônio, preste atenção! "Deus é fiel, o qual não permitirá que sejais tentados além do que podem as vossas forças, antes fará que tireis ainda vantagem da mesma tentação, para a poderdes suportar" (1 Cor. X, 13). Além disso, se agora não és capaz de resistir, como podes ter esperança de consegui-lo depois, quando o inimigo não cessar de induzir-te a novos pecados e tiver sobre ti muito mais força que antes, enquanto tu serás mais fraco? Se pensas que agora não podes extinguir essa chama, como crês que a apagarás mais tarde, quando ela se desenvolver com mais violência, tornando-se como um incêndio num canavial? O próprio demônio poderá te enganar sibilando na tua consciência: "não te preocupes, o lá de cima te ajudará". Esse auxílio poderoso Deus está to dando agora. Por que, então, não queres valer-te dele para resistir? Esperas, acaso, que Deus multiplique seu auxílio e sua graça a teu favor, quando tiveres avolumado as tuas culpas? E se desejas maior socorro e mais forças, por que é que não os pedes a Deus? Duvidas, talvez, da fidelidade do Senhor, que prometeu conceder tudo o que se Lhe pedir? (S. Mat. VII, 7).Deus  - segundo a palavra do Santo Concílio de Trento  -  não ordena coisas impossíveis. Quer que façamos o que estiver ao nosso alcance com o auxílio atual que nos proporciona; e se este auxílio não for suficiente para resistir, nos exorta a que o impetremos mais, pois, pedindo-Lhe com os devidos requisitos, o concederá certamente." (C. Trento. sessão 6. c. XIII).

3º. Não importa pecar novamente, porque o Senhor é Deus de misericórdia.

Infelizmente sempre foram muitos a se condenarem por este engano do demônio. O Padre Pio viu o inferno e ficou aterrorizado como lá as almas caem como flocos de neve. Hoje podemos dizer sem medo de errar que é bem maior o número dos que se condenam. Diz Santo Afonso que não são poucos os que se condenam por este engano do demônio. Hodiernamente, quando é tão deturpada a noção de misericórdia, certamente o Inimigo das almas encontra mais facilidade em perdê-las sob o pretexto de uma falsa misericórdia divina.  Santo Afonso diz que um sábio autor escreveu que "mais almas envia ao inferno a misericórdia do que a justiça de Deus, porque os pecadores, confiando temerariamente naquela, não deixam de pecar, e se perdem". Isto acontece justamente porque o demônio falseia as consciências a este respeito. Porque, na verdade, quem duvida que o Senhor é Deus de misericórdia? Mas não podemos igualmente ignorar que o Senhor é o Deus de Justiça. Ele usa de misericórdia com aqueles que o temem (Salmo 102, 11-13) que Maria Santíssima lembrou no seu Magnificat. Naqueles, entretanto, que O desprezam e abusam da clemência divina para continuar a ofendê-Lo, tem que resplandecer somente a justiça de Deus. Deus perdoa misericordiosamente o pecador arrependido e que não quer mais pecar, mas, com toda justiça, nunca perdoa  a vontade que o pecador tem de pecar. Aquele que peca, diz Santo Agostinho, pensando que se arrependerá depois de ter pecado, não é penitente, mas zomba de Deus e o menospreza. Ora, o Apóstolo nos adverte de que Deus não consente que zombem d'Ele (Gál. VI, 7).

4º. Mas Deus já foi tão misericordioso para comigo em minha vida passada, espero que o será também no futuro.

A resposta é dada pelo próprio Espírito Santo: "Não digas: eu pequei, e que mal me veio daí? Porque o Altíssimo, ainda que paciente, é justiceiro. Não estejas sem temor da ofensa que te foi perdoada, e não amontoes pecados sobre pecados. E não digas: A misericórdia do Senhor é grande, ele se compadecerá da multidão dos meus pecados. Porque a sua misericórdia e a sua justiça estão perto uma da outra, e ele olha para os pecadores na sua ira. Não tardes em te converter ao Senhor, porque virá de improviso a sua ira, e no dia do castigo te perderá" (Eclesiástico V, 4-9). E São Paulo no mesmo sentido adverte: "Ou desprezaste as riquezas da sua[de Deus] bondade e paciência e longanimidade? Ignoras que a bondade de Deus te convida à penitência?" (Rom. II, 4). Portanto, a misericórdia que Deus já usou deve ser motivo para o pecador se converter de vez e fazer penitência, não só para reparar as penas temporais pelos pecados já perdoados, mas também para se fortalecer juntamente com a oração, para não mais ofender a um Pai tão bondoso.

5º. Ainda sou moço... Deus tem compaixão da mocidade; mais tarde entregar-me-ei a Ele.

É preciso o pecador saber que Deus conta os pecados de cada homem e não os anos. Que o pecador pense bem no seguinte: Se continuas pecando, irás perdendo o remorso da consciência; não pensarás na eternidade nem em tua alma; perderás quase de todo a luz que nos guia; acabarás por perder todo o temor. Com isto podes considerar abatida a cerca que te defendia, para dar lugar ao abandono de Deus. Não sou profeta e, portanto, não me é dado asseverar com certeza que, depois de cometido esse novo pecado, já não haverá par ti perdão de Deus. Contudo, não podes negar que se, depois de tantas graças que o Senhor te concedeu, voltas a ofendê-Lo, é muito fácil que para sempre te percas. "Os que cometem maldades serão exterminados" (Ecli III, 27). "Aquele que semeia pecados, colherá por fim castigos e tormentos" (Gálatas VI, 8).Caríssimos, não é uma tremenda loucura arriscar a eterna salvação por um TALVEZ?

Ó Virgem Maria, Mãe de Deus, recomendai-me a Vosso divino Filho e salvai-me. Amém!