SAUDAÇÕES E BOAS VINDAS

LOUVADO SEJA NOSSO SENHOR JESUS CRISTO! PARA SEMPRE SEJA LOUVADO!

Caríssimos e amados irmãos e irmãs em Nosso Senhor Jesus Cristo! Sêde BEM-VINDOS!!! Através do CATECISMO, das HOMILIAS DOMINICAIS e dos SERMÕES, este blog, com a graça de Deus, tem por objetivo transmitir a DOUTRINA de Nosso Senhor Jesus Cristo. Só Ele tem palavras de vida eterna. Jesus, o Bom Pastor, veio para que Suas ovelhas tenham a vida, e com abundância. Ele é a LUZ: quem O segue não anda nas trevas.

Que Jesus Cristo seja realmente para todos vós: O CAMINHO, A VERDADE, A VIDA, A PAZ E A LUZ! Amém!

quinta-feira, 30 de maio de 2019

ASCENSÃO DE JESUS CRISTO


Por São Boaventura

"A ternura e bondade de Nosso Senhor tinham-Lhe conciliado tanto a afeição dos discípulos e principalmente dos Apóstolos, que não podiam resignar-se a separar-se dele. Em vão lhes dissera que ia preparar-lhes morada na casa de seu Pai, e que lhes convinha que Ele fosse; só a ideia da sua ausência, ainda mesmo temporária, enchia-os de tristeza.

Tendo pois chegado o quadragésimo dia depois da sua ressurreição, tomou consigo os santos patriarcas e os outros justos, que tirara do limbo, e veio ter com os Apóstolos que estavam no Cenáculo com sua Mãe e os outros, e aparecendo, quis, antes de subir ao Céu, comer com eles, como prova do seu amor.

Enquanto todos participavam com grande júbilo deste último banquete com seu Mestre, o Senhor Jesus diz-lhes: "É chegado o tempo de eu voltar para Aquele que me enviou; mas vós permanecei nesta cidade, até que sejais revestidos da virtude do alto. Depois ireis por todo o mundo pregar o meu Evangelho, batizar os crentes, e me sereis testemunhas até aos confins da terra".

Todos eles comem, conversam e gozam da presença do seu Senhor; mas não obstante isto, perturba-os a sua partida. E que dizer de sua Mãe, que comia ao lado dele? Não é crível que, ouvindo anunciar esta partida, ela recline cheia de ternura maternal, sua cabeça no peito de Jesus? Não tinha ela mais direito a isso que S. João? E diz-lhe banhada em lágrimas: "Meu Filho, se quereis partir, levai-me convosco". E o Senhor consolando-a, lhe responde: "Peço-vos, minha querida Mãe, que vos não  aflijais, porque vou para meu Pai; e vós convém que fiqueis ainda algum tempo na terra, para confortar os que crêem em mim; depois, virei ter convosco e vos levarei para a minha glória".

Então esta Mãe disse resignada: "Ó meu querido Filho, seja feita a vossa vontade! Eu estou disposta a ficar e a morrer, em favor daquelas almas que remistes com o preço do vosso sangue; mas lembrai-vos de mim". O Senhor consola-a, assim como à Madalena e aos discípulos, acrescentando: "Não se perturbe vosso coração, não vos hei de deixar órfãos. Vou, e hei de voltar a vós, e estarei sempre convosco". Finalmente diz-lhes a todos, que saiam e se dirijam para o monte das Oliveiras, porque dali se elevaria ao Céu; e desapareceu. Sua Mãe e os outros partiram logo para aquele monte, onde o Salvador lhes apareceu de novo.

Considerai atentamente o Mestre, os discípulos, e tudo o que se passa. Estando cumpridos todos os mistérios, o Senhor Jesus abraça sua Mãe, e diz-lhe adeus, e sua Mãe estreita-O ternamente nos braços. Os Apóstolos, Madalena e todos os outros prostraram-se, e desfeitos em pranto beijam com ternura seu divinos pés. Ele levanta com bondade os Apóstolos e abraça-os. Então começa a elevar-se, todos se prostram de novo. Nossa Senhor dizia: "Meu abençoado Filho, lembrai-vos de mim!". Ainda que chorosa, experimentava uma íntima alegria: seu filho subia ao Céu com tanta glória!... Por sua parte os Apóstolos e discípulos diziam: "Senhor, nós renunciamos a tudo para vos seguir; lembrai-vos de nós".

E Jesus, com as mãos levantadas, o rosto radiante, coroado e vestido como um rei, eleva-se triunfalmente ao Céu! Então, abençoando-os, diz-lhes: "Sede constantes, tende coragem, porque estarei sempre convosco". E subia, levando após si aquele exército de escolhidos, a quem abria o caminho do Céu, segundo a profecia de Miquéias: "Ascendet pandens iter ante eos" (Miquéias, II, 13). É assim que o Senhor cheio de glória, vestido de branco, com o rosto alegre e radiante, os precedia. E eles cantando, transportados de júbilo, seguiam-no repetindo: Cantemus Domino qui ascendit super occasum : Dominus nomen illi. [...].

Todos os coros dos Anjos, postos em ordem segundo a sua jerarquia, descem e vêm ao encontro de Jesus, todos se inclinam profundamente diante dele, seu supremo Senhor, e o acompanham, repetindo hinos e cânticos inefáveis. E os patriarcas, que seguiam a Jesus, cantavam e diziam: Alleluia, alleluia, alleluia! [...].

Vede como duma e doutra parte, todos honram o Senhor, se alegram da sua presença, e cantam sua glória, com o maior júbilo. Assim se realiza o oráculo do profeta: Ascendet Deus in jubilatione et Dominus in voce tubae.

Jesus vai-se elevando pouco a pouco, para consolação de sua Mãe e de seus discípulos, para que possam gozar deste espetáculo; depois, por fim, uma nuvem interpõe-se, e oculta-O aos olhos de todos. Mais um instante, e estará com todos os Anjos e patriarcas na pátria celestial.
Mas, como a Mãe do Filho de Deus e os Apóstolos com os discípulos, ainda que já o não viam, se conservassem sempre de joelhos, com os olhos fitos no Céu, foi necessário que dois Anjos viessem tirá-los deste êxtase, dizendo-lhes: "Homens da Galileia, porque estais olhando para o Céu? Este Jesus que acabou de subir ao Céu com tanta glória e majestade, há de tornar do mesmo modo à terra. Voltai para Jerusalém, como Ele vos mandou, esperai ali o cumprimento das suas promessas.

Notai esta atenção de Jesus para com os seus: mal se ocultou aos olhos deles, logo lhes mandou os seus Anjos, para que se não cansem em olhar daquela maneira, e para que sejam confortados com este testemunho dos habitantes do Céu, que vem juntar-se ao deles, acerca da ascensão do seu bom Mestre.

Tendo ouvido estas palavras, Nossa Senhora rogou humildemente aos Anjos que a recomendassem a seu Filho; e os Anjos, inclinando-se diante de Maria até ao chão, receberam de bom grado a sua mensagem. Os Apóstolos, a Madalena e todos os mais fizeram aos Anjos a mesma petição; e estes desaparecendo, voltaram todos para a cidade, para o monte de Sião, ali ficaram esperando, como o Senhor Jesus lhes ordenara".

Também eu, ó Jesus, meu divino rei, com a minha alma cheia de júbilo e esperança, feliz pela vossa glória, vos obedeço, e me retiro para onde vossa vontade me chama. Elevo-me  desde já acima das coisas terrenas; quero que todos os meus pensamentos e afetos estejam no Céu. Amém!


domingo, 26 de maio de 2019

EPÍSTOLA DO 5º DOMINGO DEPOIS DA PÁSCOA


Epístola de São Tiago, I, 22-27

"A religião pura e sem mácula aos olhos de Deus e nosso Pai é esta: visitar os órfãos e as viúvas, nas suas tribulações, e conservar-se puro da corrupção do mundo" (Tiago, I, 27).

Antes de fazermos as reflexões sobre este versículo 27, achamos por bem dar uma explicação geral desta leitura da Epístola no 5º domingo depois da Páscoa: Caríssimos irmãos, diz São Tiago, sede cumpridores da palavra de Deus e não apenas ouvintes. Do contrário, estariam se enganando a si mesmos. Pois, para se salvar, não basta ouvir a palavra do Santo Evangelho; é mister colocá-la em prática. Agora, quem medita atenciosa e profundamente o Evangelho, a nova lei que nos livrou do pecado e nele persevera não esquecendo e, sim, praticando o que ouviu, este será bem-aventurado neste e no outro mundo. Se alguém se tiver em conta de homem religioso, mas não refrear a língua, e entregando à maledicências, detrações e calúnias, este engana  a si mesmo, e a sua religião de nada vale.

E assim, depois de desmascarar o erro dos que pecam contra a caridade, o Apóstolo passa a enumerar os sinais da verdadeira religião: Consta de duas coisas: a caridade desinteressada e a pureza. Há, na verdade, uma falsa religiosidade estéril e inativa e que não leva em conta a caridade para com o próximo. Nosso Senhor quer, outrossim, que seja servido com um coração reto e puro, livre da corrupção deste mundo onde reina a tríplice concupiscência: orgulho, avareza e luxúria. Caridade e pureza devem estar sempre juntas na prática da verdadeira religião. Pois, reduzida apenas a atos de caridade, a Religião não passaria de sociedade filantrópica, o que os espíritas e maçons também fazem. Limitada, porém, à pureza, sem a prática da caridade, seria quando muito, simples seita filosófica ou moralista. Quão errados andam, pois, aqueles que se julgam religiosos tão somente por boas obras de caridade mas se conformando inteiramente ao espírito deste mundo colocado no maligno, e inundado de corrupção e impurezas. Devemos estar bem avisados contra estes modernistas que só falam em obras de misericórdia, mas procuram tranquilizar as consciências em pecados até mortais e grandes como o adultério, o sacrilégio e os escândalos. Devem estar lembrados de que existem 14 obras de misericórdia, sendo 7 delas, espirituais. E, entre estas está: CORRIGIR OS QUE ERRAM. Assim fez S. João Batista a Herodes: "Não te é lícito viver como estais vivendo" i, é, no adultério. 

Cada coração cristão seja um altar onde o fogo da caridade é perfumado pelo incenso da pureza. E, portanto, resumimos: Na palavra de Deus ouvida com atenção e interesse sobrenatural, na vigilância sobre a língua, na caridade operosa e na pureza conservada em meio da corrupção generalizada deste mundo, nesses preceitos, antes que mais nada, se forma o homem religioso que será bem-aventurado nesta e na outra vida. Amém!



HOMILIA DO EVANGELHO DO 5º DOMINGO DEPOIS DA PÁSCOA

   Leituras: Epístola de São Tiago Apóstolo 1, 22-27.
                   Continuação do Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João 16, 23-30:


 "Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: Em verdade, em verdade, vos digo: Se pedirdes a meu Pai alguma coisa em meu Nome, Ele vo-la dará. Até agora nada pedistes em meu Nome.  Pedi e recebereis para que a vossa alegria seja completa. Estas coisas vos disse em parábolas. Vem a hora em que já não vos falarei em parábolas, mas abertamente vos falarei do Pai. Naquele dia pedireis em meu Nome; e não vos digo que hei de rogar por vós ao Pai, pois, o próprio Pai vos ama, porque vós me amastes e crestes que eu saí de Deus. Saí do Pai e vim ao mundo, deixo outra vez o mundo e vou ao Pai. Disseram-Lhe os discípulos: eis que agora nos falais claramente e não usais nenhuma parábola. Agora conhecemos que sabeis tudo, e que não tendes necessidade de que alguém Vos interrogue. Por isso cremos que saístes de Deus."

   Caríssimos e amados irmãos em Nosso Senhor Jesus Cristo!

   Nossos Senhor Jesus Cristo, na véspera de sua Morte, anuncia a sua Ascensão ao Céu: "Saí do Pai e vim ao mundo, outra vez deixo o mundo e vou para o Pai". 
   Anuncia também a vinda do Divino Espírito Santo, o Pentecostes: "Mas vem o tempo em que não vos falarei já em parábolas, mas abertamente vos falarei do Pai." Nosso Senhor Jesus Cristo, por meio do Espírito Santo, iluminará os seus apóstolos fazendo-lhes entender mais profundamente os mistérios divinos. Na verdade, caríssimos irmãos, tudo o que nós podemos estudar e conhecer das coisas de Deus é letra morta enquanto o Espírito Santo não nos abrir a inteligência. Devemos ter uma devoção especial ao Divino Espírito Santo. É Deus e o doce Hóspede de nossa alma, é o nosso Santificador. 

   Jesus Cristo, Nosso Senhor, no evangelho deste domingo ensina-nos também o segredo da oração eficaz: "Se pedirdes a meu Pai alguma coisa em meu nome, Ele vo-la dará". Aí está o meio seguro para encontrarmos acesso junto do Pai: apresentar-se em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, que se imolou para glória do Pai e para nossa salvação. Jesus está assentado à direita do Pai para interceder sempre por nós e Ele merece ser sempre atendido "pro sua reverentia", isto é, em razão da sua piedade (Hebreus V, 7). Diz São Paulo na epístola ao Hebreus VII, 25: "Por isso pode salvar perpetuamente os que por Ele mesmo se aproximam de Deus, vivendo sempre para interceder por nós". 

   Pedir "em nome de Jesus" significa, estarmos convencidos de que as nossas ações e boas obras não valem nada se não se apoiam nos méritos infinitos de Nosso Senhor Jesus Cristo. Por mais que façamos e rezemos, somos sempre servos inúteis, que não temos em nós nenhuma capacidade para o bem, mas toda a nossa suficiência vem de Jesus Crucificado. Portanto, a primeira condição para que a nossa oração seja feita em nome de Jesus e assim seja eficaz, é a virtude da humildade.  Isto significa uma convicção profunda e realista do nosso nada.
   A segunda condição para que a nossa oração seja feita em nome de Jesus e portanto eficaz, é a confiança. Uma confiança ilimitada nos méritos infinitos de Nosso Senhor Jesus Cristo. Na verdade Seus merecimentos ultrapassam todas as nossas indigências, misérias, necessidades. E assim nunca seremos demasiado ousados em pedir a plenitude da graça divina sobre as nossas almas, em aspirar à santidade; santidade esta escondida, mas autêntica. Nossa miséria, por maior que seja, será sempre finita, mas os merecimentos e a misericórdia de Jesus serão sempre infinitos. Não existem infidelidades e culpas, tendências más e misérias SINCERAMENTE DETESTADAS que o Sangue de Jesus não possa sarar, fortificar e transformar. 
   Mas, caríssimos e amados fiéis, há ainda uma outra condição para que a nossa oração seja eficaz: que a nossa vida corresponda à nossa oração, isto é, que a nossa fé se traduza em boas obras. É vã a oração, é vã a nossa confiança em Deus, se não as acompanhamos com os nossos esforços generosos para cumprirmos todos os nossos deveres, para vivermos à altura da nossa vocação. 

  Terminemos com palavras de Santo Agostinho: "Ó Criador da luz, perdoai as minhas culpas pelos imensos trabalhos do Vosso Amado Filho! Fazei, Senhor, que a Sua piedade vença a minha impiedade, que a Sua modéstia satisfaça pela minha perversidade, que a Sua mansidão dome a minha irascibilidade. A Sua humildade repare a minha soberba; a Sua paciência, a minha impaciência; a sua benignidade, a minha dureza; a Sua obediência, a minha desobediência; a Sua tranquilidade transforme a minha inquietação; a Sua doçura, a minha amargura; a Sua caridade apague a minha crueldade". 

   Ó Jesus! ensinai-me a rezar, aumentai a minha fé! Amém!

domingo, 19 de maio de 2019

HOMILIA DOMINICAL - 4º Domingo depois da Páscoa

   Leituras: Epístola de São Tiago Apóstolo 1, 17-21.
                   Continuação do Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João 16, 5-14:



 "Naquele tempo , disse Jesus a seus discípulos: Eu vou Àquele que me enviou e nenhum de vós me pergunta: Para onde ides? Mas porque vos disse estas coisas, o vosso coração se encheu de tristeza. Digo-vos, porém, a verdade: é bom para vós que eu vá; porque se eu não for, não virá a vós o Consolador; mas, se for, eu vo-lo enviarei. E, quando Ele vier, convencerá o mundo que existe o pecado, a justiça e o juízo. Quanto ao pecado, porque não creram em mim. Quanto à justiça, porque eu vou ao Pai, e já não me vereis. E também quanto ao juízo, porque o príncipe deste mundo já foi julgado. Ainda tenho muitas coisas a dizer-vos, mas agora não as podeis compreender. Quando vier, porém, aquele Espírito de verdade ensinar-vos-á toda a verdade. De si mesmo não há de falar, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará as coisas que hão de vir. Ele me glorificará, porque receberá do que é meu, e vo-lo anunciará". 

   Caríssimos e amados irmãos em Nosso Senhor Jesus Cristo!

   A Santa Madre Igreja já nos vai preparando para a grande festa de Pentecostes, ou a Vinda do Divino Espírito Santo. "Vou para Àquele que me enviou," disse Jesus, " e nenhum de vós me pergunta: para onde vais?" "A vós convém que eu vá, porque se eu não for, não virá a vós o Consolador; mas se eu for, eu vo-Lo enviarei". Jesus disse estas palavras na véspera de Sua morte. Na verdade, só a morte de Jesus nos pôde merecer esta vinda do Enviado do Pai e do Filho, o Divino Espirito Santo. Podemos dizer que a descida do Espírito Santo à Igreja e às nossas almas é o maior fruto da Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. Jesus trabalhou no meio dos seus Discípulos de um modo visível; depois de sua Morte, Ressurreição e Ascensão ao Céus, enviará o Divino Espírito Santo que continuará a Sua obra, mas agora de maneira invisível, porém, não menos real e eficaz. O próprio Jesus diz que a ação do Divino Paráclito completará a Sua: "Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas vós não as podeis compreender agora. Quando vier, porém, aquele Espírito de Verdade, Ele vos ensinará toda a verdade. O coração dos Apóstolos, ainda endurecido pelo pecado, não pode entender as verdades mais profundas; será necessário que Jesus, morrendo na cruz, destrua o pecado que é, na verdade, o grande obstáculo à ação do Espírito Santo. 

   Caríssimos e amados fiéis, devemos dispor-nos com todo ardor para o Pentecostes a fim de que se renove em nós, em toda a sua plenitude, a descida do Espírito Santo. Esta preparação consiste, sobretudo, numa particular pureza de consciência. Combatamos os pecados até nas suas raízes mais profundas. Procuremos praticar sobretudo as virtudes da pureza, da caridade, doçura e mansidão, humildade e simplicidade. 

   Invoquemos, outrossim, a ação do Espírito Santo sobre a Igreja e sobre todo o mundo. Sobre a Igreja, para que a governe e dirija no cumprimento da sua missão; sobre o mundo, para que o convença da verdade por ele rejeitada. "E Ele, quando vier - disse Jesus - convencerá o mundo quanto ao pecado, à justiça e ao juízo", ou seja, mostrar-lhe-á que é escravo do pecado por não ter acreditado em Cristo, far-lhe-á compreender como só n'Ele, o Redentor, está a justiça e a santidade e mostrar-lhe-á que o demônio, "o príncipe deste mundo", foi finalmente vencido e condenado. 

   Vinde, ó Espírito Santo, santificai-me! Vinde, Espírito de verdade, enchei-me!" A vossa Sabedoria divina me estabelecerá na verdade. Tenho sede dela e quereria que a verdade reinasse na minha mente, nas minhas palavras, nos meus afetos, nas minhas ações, evitando tudo o que lhe é contrário, não só o orgulho, não só a mentira, mas também a dissimulação, a duplicidade, a falta de sinceridade comigo mesmo. Vinde, ó Espírito Santo, abrasai-nos no Vosso amor, e nele inflamados, que sobretudo os sacerdotes transbordem este amor sobre as almas! Amém!

domingo, 12 de maio de 2019

DIA DAS MÃES




Teresa menina e sua Mãe
Segundo um desenho de "Celina".
 "Há um nome na pobre linguagem humana que traduz todos os arroubos da alma e toda a sensibilidade do nosso coração. 
  Esse nome põe bálsamo nas feridas mais pungentes da nossa pobre vida. Ele se transforma em constelação de luzes para as noites mais apocalípticas e mais sombrias. Ele acaricia as frontes mais cansadas e decepcionadas do mundo. 
  Esse nome significa o tabernáculo da amizade mais profunda e sincera. O sacrário do amor que não se cansa, da capacidade de sacrifício que não se limita, da renúncia que não se mede, do perdão que não se pode calcular.
   Esse nome que está na alegria de todos os poemas, na sensibilidade de todas as músicas, no sonho de todas as artes, na ternura de todos os corações, é o nome de MÃE. (D. Antônio de Almeida Morais Júnior).

   Na verdade, uma boa mãe não é mais uma mera mulher, é sempre uma santa. "Um coração de mãe", dizia Santa Terezinha, "vale mais que a ciência dos mais peritos doutores". 

   "Como o sol", diz Alves Mendes, "ela é luz, calor, fecundidade. Como o sol alumia, aquece, alegra, move, alenta, expande, acaricia, fascina, atrai: O que é o sol perante os astros é-o a mãe perante os povos - o ponto cêntrico da vida, a fonte da família, a chave da sociedade. Cooperadora da Providência e complemento do homem, a mãe gera, nutre, educa, dá forma, brilho e esmalte à existência. É autora maravilhosa e destra escultora dos seres. Não houve ainda, e não haverá jamais, criatura mais adorável do ela é". 

   Dom Ramón Jara, Bispo de la Serena no Chile, deixou-nos uma página belíssima: RETRATO DE MÃE.

   "Uma simples mulher existe que pela IMENSIDÃO DE SEU AMOR, tem um pouco de DEUS; e pela constância de sua DEDICAÇÃO, tem muito de ANJO; que, sendo NOVA, pensa como uma anciã e, sendo VELHA, age com as forças todas da juventude; quando analfabeta, melhor que qualquer sábio desvenda os SEGREDOS DA VIDA; e, quando SÁBIA, assume a simplicidade das crianças; POBRE, sabe enriquecer-se com a felicidade dos que ama, e, RICA, empobrecer-se para que seu coração não sangre ferido pelos ingratos; FORTE, entretanto estremece ao choro de uma criancinha, e, FRACA, entretanto se alteia com a bravura dos leões; VIVA, não lhe sabemos dar valor porque à sua sombra todas as dores se apagam, e, MORTA, tudo o que somos e tudo o que temos daríamos para VÊ-LA DE NOVO, e dela receber um aperto de seus braços, uma palavra de seus lábios. Não exijam de mim que diga o NOME DESSA MULHER, se não quiserem que ensope de lágrimas este álbum: porque eu a vi passar no meu caminho. Quando crescerem seus filhos, leiam para eles ESTA PÁGINA: eles lhe cobrirão de BEIJOS A FRONTE, e, dirão que um pobre viandante, em troca da suntuosa hospedagem recebida, aqui deixou para todos o RETRATO DE SUA PRÓPRIA 'MÃE'".

   "Se o homem pudesse na idade da razão lembrar o ardor de um só beijo materno, não poderia ter coragem de cometer a menor injustiça para quem o tem beijado tão ternamente... Ensinar aos próprios filhos a praticar o bem é deixar-lhes a mais preciosa herança. Desta maneira podemos asseverar ser-lhes úteis até depois da morte" ( Mantegazza).

   Para terminar não posso deixar de contar um fato do qual fui humilde ministro de Nosso Senhor Jesus Cristo. Há 35 anos, era padre novo e Capelão dos Hospitais de Campos, RJ. Encontrei, um dia, hospitalizado um senhor de certa idade, que estava bem mal, mas que ainda falava. Conversei com ele procurando incutir-lhe coragem e que tivesse confiança em Nosso Senhor Jesus Cristo que morreu na cruz por nós. Depois perguntei se não queria uma bênção e eu estava disposto a ajudá-lo a confessar-se para depois dar-lhe a unção dos enfermos e o viático. Respondeu-me que não queria confessar-se porque achava que para ele não havia perdão já que passara toda a vida só praticando o mal. Procurei incutir-lhe confiança na misericórdia divina. A nossa maldade, nossos pecados nunca chegam a ser infinitos; mas a misericórdia de Nosso Senhor Jesus Cristo é infinita. Por mais graves e numerosos que sejam nossos pecados o sangue de Jesus Cristo tem o poder de lavá-los inteiramente. Deus é Nosso Bom Pai que espera o pecador com paciência, vai a sua procura com toda solicitude e o recebe com toda a alegria quando ele se arrepende. Mas o enfermo continuou naquela tentação de desespero da salvação. Para não cansá-lo nem aborrecê-lo, mudei um pouco o rumo da conversa. Perguntei-lhe se seus pais eram católicos. Ele respondeu: sim, sobretudo minha mãe. Rezou muito por mim, deu-me muitos bons conselhos. Nunca os segui, mas também não os esqueci, embora ela já tenha morrido há muitos anos. Por isso, padre, continuou ele, é que eu digo: para mim não há salvação. Apesar dos conselhos de minha mãe, só pratiquei o mal em toda minha vida. E eu lhe disse: Meu filho, tendo sido sua mãe como o sr. explicou, tendo ela cumprido o seu dever de estado como uma mãe verdadeiramente cristã, o sr. pode ter certeza que ela está no céu. E ainda lhe digo mais: o sr. pode ter certeza que se o sr. está tendo a graça de ter ao seu lado um padre na hora da morte, é porque sua santa mãe está lá no céu pedindo a Nosso Senhor Jesus Cristo esta graça tão grande. E o sr. pode ter certeza que ela o aguarda no paraíso. E o doente, então, começou a chorar! Deixei. Depois, dei-lhe o Crucifixo para beijar. Beijou-o e disse-me: Senhor padre, sinto neste momento que agora quero receber o perdão dos meus pecados, mas nunca me confessei. Eu disse-lhe: Meu filho, esta é minha missão. Todo o meu tempo é dedicado para salvar almas. Posso ficar aqui horas e horas se for necessário, para prepará-lo. De fato fiquei por mais de duas horas talvez. Ele não sabia nada de religião. Depois que  percebi que já sabia o mínimo indispensável para receber os sacramentos, atendi sua confissão que foi a primeira e a última. Dei-lhe a extrema-unção, o Santo Viático e a Indulgência plenária com a Bênção papal. Depois de tudo, chorando ele disse-me: sr. padre, antes de morrer quero fazer-lhe um pedido: em todos os lugares em que o sr. trabalhar conte este fato: um grande pecador se converteu na hora da morte, por causa das orações e conselhos de sua mãe santa. 

   Obedecendo o seu pedido, determinei que todo ano na festa das Mães, contaria este fato, como acabei de fazê-lo. Tenho certeza que esta alma ou já está junto de sua mãezinha no céu, ou está segura de um dia ter esta felicidade eternamente. 

   "DEEM-ME MÃES VERDADEIRAMENTE CRISTÃS, E EU SALVAREI ESTE MUNDO DECADENTE" (São Pio X). 

HOMILIA DOMINICAL - 3º Domingo depois da Páscoa

   Leituras: Primeira Epístola de São Pedro Apóstolo, 2, 11-19.
                   
                   Continuação do Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João, 16, 16-22: 

       
 Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: Ainda um pouco, e já não me vereis; mais um pouco de tempo e me tornareis a ver, porque vou ao Pai'. Disserem, então, alguns dos seus discípulos entre si: 'Que é isto, que Ele nos diz?: Ainda um pouco de tempo e não me vereis; mais um pouco de tempo e me tornareis a ver, porque vou para o Pai?' Diziam, pois: 'Que quer dizer com isso: 'Um pouco de tempo'? Não sabemos o que Ele quer dizer'. Conheceu, porém, Jesus que eles O queriam interrogar, e disse-lhes: 'Sobre isso discutis entre vós, porque eu disse: Ainda um pouco de tempo e não me vereis; mais um pouco de tempo e me tornareis a ver. Em verdade, em verdade eu vos digo: Haveis de chorar e vos lamentar, enquanto o mundo há de alegrar; vós estareis tristes, mas a vossa tristeza se converterá em gozo. Uma mulher, quando dá à luz, tem tristeza, porque veio a sua hora, mas logo que a criança nasce, já não se lembra da aflição, pela alegria por haver nascido ao mundo um homem. Assim vós outros, agora estais tristes, mas outra vez vos verei; então alegrar-se-á o vosso coração; e ninguém vos há de tirar a vossa alegria'. 

   Caríssimos e amados irmãos em Nosso Senhor Jesus Cristo!

 
 Com o Santo Evangelho de hoje a Santa Madre Igreja já vai nos preparando para a festa da Ascensão de Jesus ao Céu. Este Evangelho é tirado do sermão que Jesus fez aos Apóstolos na tarde de última Ceia, com o fim de os preparar para a Sua volta para o Céu, tendo que passar antes pela Sua Paixão, Morte e Sepultura, Ressurreição e depois então de ainda  40 dias aqui na terra, realizar Sua Ascensão aos Céus.

 
 Assim, no sentido literal, "aquele pouco de tempo" significava que Jesus no outro dia iria morrer, e seria sepultado, e assim seus discípulos ficariam três dias incompletos sem poder vê-Lo. Depois deste pouco de tempo novamente o veriam ressuscitado e se alegrariam. Ainda ficaria com eles mais um pouco de tempo, isto é, 40 dias e não o veriam mais porque subiria para o Céu, voltando para o Seu Pai. 
   Ainda no sentido literal podemos dizer que "aquele pouco de tempo" também significava o tempo do resto da vida deles, e morrendo iriam também para o Céu, onde voltariam a ver a Jesus, e agora, não mais o deixariam de ver, e ninguém poderia tirar-lhes este gozo. É a felicidade eterna. 
   Estiveram tristes e acabrunhados na Paixão, Morte e Sepultura do Divino Mestre, mas se alegraram grandemente em vê-lo ressuscitado. Ficaram novamente tristes em ver Jesus se separando deles e subindo para o Céu. O mundo os perseguiu. E eles tudo sofreram por amor a Jesus. E estes mesmos sofrimentos, estas mesmas tristezas se transformaram em merecimentos que lhes proporcionaram um maior gozo no céu na beatífica Visão de Deus. Agora ninguém lhes poderá tirar esta alegria perfeita, pois é eterna. 


 Num sentido moral,  o Santo Evangelho se aplica também a nós. Na verdade, a nossa vida, por mais longa que seja é "um pouquinho de tempo" em comparação da eternidade para a qual caminhamos. Se agora fizermos penitência, renunciarmos a nós mesmos, morrermos para à nossas paixões desregradas, todas as virtudes, enfim tudo isto de que o mundo zomba, se converterá em alegria, em maiores merecimentos que nos proporcionarão também uma glória maior no Céu, por toda a eternidade. Ninguém no-la poderá tirar. Por um pouquinho de sofrimento, um peso imenso de glória por toda a eternidade. 

   Ó Jesus, ajudai-nos a trabalhar e a sofrer de bom coração agora por amor a Vós, e, depois das fatigas e lágrimas deste exílio, depois deste pouquinho de tempo que vai do berço ao túmulo, concedei-nos o repouso e a alegria dos santos no Céu. Assim seja! 

quinta-feira, 9 de maio de 2019

PADRINHOS DE BATISMO

I - QUE SÃO PADRINHOS?
   Assim como na vida natural, a criancinha, além dos pais, tem uma ama-de-leite que a nutre e professores que lhe ensinam os rudimentos, também na vida espiritual, que recebe no Batismo, precisa de quem a ajude a crescer e se desenvolver na ordem da graça. E a Santa Igreja tem tal zelo pela vida cristã de seus filhos, que para cuidar da educação religiosa das crianças que se batizam, aos pais e ao ministro que confere o Sacramento, associa, por costume antiqüíssimo, outros auxiliares que são os padrinhos.
   PADRINHOS E MADRINHAS DO BATISMO são, pois, pessoas de fé e prudência que, por disposição da Igreja, levam à pia batismal os batizandos, respondendo as perguntas do sacerdote em nome deles e responsabilizando-se perante Deus pela instrução religiosa deles, especialmente se lhes faltarem os pais.
   II - As OBRIGAÇÕES DOS PADRINHOS são:
   1) Ensinar aos afilhados as normas da Religião cristã.
   2) Velar para que vivam cristãmente.
   3) Dar bom exemplo.
   Essas responsabilidades os padrinhos assumem, em consciência, perante Deus. Se não se acham em condições de assumi-las, não devem tomar sobre os ombros tal encargo.
   Destas obrigações decorrem as qualidades que os pais devem procurar naqueles que escolhem para padrinhos de seus filhos. Como poderá exercer as funções de educador cristão quem é ateu, escandaloso ou indiferente? Que a escolha não se faça por conveniências familiares ou sociais, com a finalidade de arranjar, para os pais, compadres e, para as crianças, amparo material. 

   III - CONDIÇÕES para ser padrinho de batismo:
   1) Ter sido batizado.
   2) Ter intenção de ser padrinho.
   3) Segurar ou tocar no afilhado, por si ou por um representante, no instante em que o ministro pronuncia a fórmula.
   4) Ser católico praticante, de bons costumes e obediente às leis da Igreja. - (Não pode ser padrinho: quem é pagão, protestante, espírita, maçon, excomungado, amasiado, unido só civilmente, pecador público, etc. Mas não basta NÃO SER ACATÓLICO, é preciso PRATICAR a Religião: fazer a Páscoa, assistir à missa aos domingos, rezar, dar bom exemplo, etc.)
   5) Conhecer os principais mistérios da Fé e saber rezar o Pai-Nosso e o Credo.
   6) Ter 14 anos de idade. (13 completos, 14 começados).
   7) Não ser pai, nem mãe, nem cônjuge do batizado.
   8) Apresentar-se decentemente vestido, isto é, com trajes que exprimam o respeito devido à Casa de Deus. (Senhoras e moças: vestidos modestos e véu; homens: de mangas compridas e, se for possível, de paletó.

   IV - NÚMERO.
   A Igreja admite, no máximo, 2 padrinhos de batismo. Só os seus nomes constarão no Livro de Batizados da paróquia, e, conseqüentemente também, nas certidões. Quando os padrinhos residem em localidades distantes, não se deve diferir o batizado. Neste caso, os padrinhos escolhidos pelos pais indiquem representantes que lhes façam as vezes. Estes é que são os padrinhos de representar propriamente ditos.

domingo, 5 de maio de 2019

SEGUNDO DOMINGO DEPOIS DA PÁSCOA


O BOM PASTOR

S. João X, 11-16

Caríssimos e amados irmãos em Nosso Senhor Jesus Cristo!

   Eu sou o bom Pastor. 

Quem assim fala é Jesus - pastor por excelência, pastor que possui todas as qualidades, todas as perfeições para tornar feliz o seu rebanho, procurando-lhe todas as vantagens: : conhece suas ovelhas, guia-as, caminha à sua frente, defende-as, nutre-as e dá sua vida pelas suas ovelhas. Só Deus é bom em todo sentido da palavra. Assim, propriamente falando, somente Jesus Cristo, Deus-Homem, é o Bom Pastor. Jesus é o Bom Pastor por antonomásia! Todos os outros pastores eclesiásticos, ou seja, bispos e padres, na expressão do Apóstolo (Hebr. V, 1), "estão cercados de fraquezas". Mas, é claro, eles devem se esforçar por imitar o seu Mestre.

E como Jesus Cristo se mostra o bom Pastor? Dando sua vida por suas ovelhas; também os pastores eclesiásticos devem dar tudo o que têm e tudo o que são em prol das almas. Assim fazia S. Paulo e todos padres e bispos santos: "Empenhar-se e super se empenhar pela salvação das almas". Um bom pastor, deve considerar que sua vida não lhe pertence, mas sim à ovelhas que lhe foram confiadas. Ele deve estar disposto a sacrificá-la nas perseguições, nas epidemias e no atendimento de pessoas com doenças contagiosas. É bem verdade que estas ocasiões não são lá tão comuns; não é mártir quem quer, mas há uma maneira de se imolar pelo seu rebanho, mais ordinariamente e no entanto, não menos heroicamente, isto é, não morrendo, mas vivendo pelas suas ovelhas. Deve consagrar suas orações (como os clérigos deveriam amar o seu Breviário!). São delegados por Deus a exercer este Ofício Divino! O bom pastor deve consagrar, outrossim, suas exortações, suas fatigas, os combates aos quais deve sustentar em defesa da fé e dos mandamentos de Deus. De bom ânimo deve estar preparado paras sofrer contradições. Pois bem, estes sacrifícios de todos os dias, quase diríamos, de todos os momentos, este sacrifício de si mesmo, de todas as suas faculdades, de todas suas forças, é, na verdade, menos brilhante e talvez menos glorioso, e, no entanto, mais completo, mais penoso que o sacrifício rápido de sua vida, executado com um só golpe. Este dura só um instante, não exige mais que um esforço de coragem, enquanto que o outro dura anos inteiros, e exige uma sucessão ininterrupta de esforços e trabalhos.

"O mercenário, porém, e o que não é pastor, de quem não são próprias as ovelhas, vê vir o lobo, deixa as ovelhas, foge e o lobo arrebata e faz desgarrar as ovelhas, porque é mercenário, e porque não se importa com as ovelhas".

Ao lado do bom pastor, há, infelizmente, o pastor mercenário, que não leva em conta nas suas funções e na guarda de seu rebanho, senão  a recompensa e não  a salvaguarda das ovelhas que lhe são confiadas. Como antes de tudo a recompensa lhe é menos cara que a vida, ao primeiro perigo, ele abandona suas ovelhas, mesmo com o risco de perder o fruto de seus cuidados. Mas o bom pastor, aquele que olha não o salário de seus trabalhos, mas suas ovelhas, diante de algum perigo não abandona seu posto, e vindo o lobo ele se arma de seu cajado, se coloca à porta do aprisco, grita, bate, e se não é mais forte, sucumbe, mas mesmo sucumbindo, pelo grito que dá, pelos golpes de desfere, ele salva seu rebanho. Eis, caríssimos, a característica do bom pastor. Eis o que fez Jesus Cristo e o que fazem e devem fazer todos os pastores aos quais o Bom Pastor confiou o cuidado e a guarda de suas ovelhas. Não vos admireis que o bom pastor, tão doce com suas ovelhas, grite contra os lobos que se aproximam do rebanho, não vos admireis se ele resista, combata, faça guerra; porque ele deve fazê-lo e, de fato o faz mesmo às expensas de sua saúde, e até mesmo de sua vida. Ele segue o exemplo do Bom Pastor: "O Bom Pastor dá sua vida pelas suas ovelhas".

O bom pastor quando vê vindo os lobos, isto é, os escândalos, as más doutrinas, os maus exemplos, os usos perniciosos, o comunismo, a Teologia da Libertação e seus corifeus; não guarda silêncio, não abre as portas ao mal, mas resiste ao escândalo e não dá lugar ao lobo rapace e não foge nunca da luta em defesa da verdade e da moral. Não é mercenário, não olha seus próprios interesses, não visa alcançar honrarias agradando à maioria. Só almeja salvar almas, nada mais. Caríssimos, como devemos lamentar a míngua de bons pastores!!!

"Eu sou o Bom Pastor, eu conheço minhas ovelhas e minhas ovelhas me conhecem".

Eis o dever de um pastor de almas: de conhecer suas ovelhas, de estender seus cuidados a todas, de as ver, de lhes falar, de as procurar, de as atrair pela sua doçura, pela sua caridade. Mas é também dever de as ovelhas conhecer o pastor, isto é, vir até ele, de escutar sua palavra, de obedecer às suas ordens, de seguir seus conselhos, de caminhar em seu seguimento, e é assim também que se estabelecem os bons relacionamentos entre o pastor e suas ovelhas, é assim que os laços que os devem unir se estreitam e que a paz, a piedade, a caridade reinem numa paróquia, e aí espalhem uma doce felicidade, antegozo daquela que nos aguarda no Paraíso. Por outro lado como é triste e lamentável ver como ovelhas desrespeitam e até perseguem seus pastores, pastores zelosos e fiéis à sua missão de salvar as almas!!! Onde isto acontece com frequência, este lugar ou fica amaldiçoado ou porque já o foi: "Seja anátema aquele que tocar nos meus ungidos e maltratar os meus profetas [aqueles que pregam a palavra de Deus] (Salmo 104, 15).

"Tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; importa que eu as traga. Elas ouvirão a minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor".

Estas outras ovelhas eram as nações pagãs que deveriam entrar na Igreja e formar com os judeus o rebanho único de Jesus Cristo. Temos a felicidade de ser deste rebanho e isto deve ser para nós um motivo de grande reconhecimento. Quantos que estão fora do redil, que nunca aí entraram, ou que dele saíram pelo cisma ou pela heresia! Caríssimos, permaneçamos portanto no rebanho onde Deus nos colocou, sob o cajado do bom Pastor, do Pastor supremo, Nosso Senhor Jesus Cristo!

          Ó Jesus, todo meu amor, dai-me, o Vosso ardentíssimo amor para que por ele, com a Vossa graça, Vos ame, Vos agrade, Vos sirva, cumpra os Vossos preceitos, não seja separado de Vós, nem no tempo presente nem no futuro, mas convosco permaneça unido no amor pelos séculos eternos. Amém!


HOMILIA DOMINICAL - 2º Domingo depois da Páscoa

  Leituras: Primeira Epístola de São Pedro Apóstolo, 2, 21-25.
                  Continuação do Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João, 10, 11-16:

 
 "Naquele tempo, disse Jesus aos fariseus: Eu sou o bom Pastor. O Bom Pastor dá a sua vida por suas ovelhas. O mercenário, porém, o que não é pastor, de quem não são próprias as ovelhas, vendo chegar o lobo, deixa as ovelhas e foge; e o lobo rouba e dispersa as ovelhas. O mercenário foge, porque é mercenário e não lhe importam as ovelhas. Eu sou o Bom Pastor, e conheço minhas ovelhas, e as minhas ovelhas me conhecem. Assim como o Pai me conhece, e eu conheço o Pai, eu dou a minha vida por minhas ovelhas. Outras ovelhas tenho eu ainda que não são deste aprisco. É preciso que eu as chame também e ouvirão a minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor. 

   Caríssimos e amados irmãos em Nosso Senhor Jesus Cristo!
   
   Eu sou o bom Pastor. Quem assim fala é Jesus - pastor por excelência, pastor que possui todas as qualidades, todas as perfeições para tornar feliz o seu rebanho, procurando-lhe todas as vantagens:
  • Primeira qualidade característica: conhece suas ovelhas. Entre o Bom Pastor e as Suas ovelhas estabelece-se uma íntima relação de conhecimento amoroso, tão íntima, que o Pastor conhece uma a uma as Suas ovelhas. Cada alma pode dizer: Jesus conhece-me e ama-me, não de um modo genérico e abstrato, mas concreto, nas minhas necessidades, nos meus desejos, na minha vida. Para Ele, conhecer-me significa fazer-me bem, envolver-me cada vez mais com a Sua graça, santificar-me. Porque me ama, Jesus chama-me pelo meu nome. Chama-me na oração, nas consolações espirituais, e até nas provações. Chama-me, sobretudo, quando desperta em mim um amor mais profundo por Ele. Perante os Seus apelos, a minha atitude deve ser a da ovelha dedicada que reconhece a voz do seu Pastor e O segue sempre. 
  • O Bom Pastor guia as suas ovelhas: Nosso Senhor Jesus Cristo, na Sua bondade infinita, faz tudo por nós. Ele deixou os seus representantes aqui na terra e disse: "Quem vos ouve, a mim ouve". "Ide e ensinai a todos os povos a observar tudo o que Eu vos ensinei". Deixou a Sua Igreja: "Tu és Pedro (Kefas=pedra) e sobre esta pedra edificarei a MINHA Igreja". 
  • O Bom Pastor caminha à frente de suas ovelhas: Ele mesmo disse: "Eu sou o caminho". Ele nos deu o exemplo, para assim como Ele fez, façamos nós, suas ovelhas. Caríssimos, quereis vós praticar a modéstia, a obediência, a doçura, a paciência, a caridade, o perdão dos injúrias etc? Olhai para Jesus: "Olhai, e fazei segundo o exemplar"...Aprendei de mim, disse Jesus, que sou manso e humilde de coração. 
  • O Bom Pastor guarda e defende suas ovelhas: Assim diz o Salmo 23: "O Senhor é meu Pastor, e nada me falta; colocou-me num lugar de pastos. Conduziu-me à água fortificante. Converteu a minha alma. Levou-me por veredas de justiça, por causa do seu nome. Por isso, ainda que ande no meio da sombra da morte, não temerei males, porque estás comigo. Tua vara e teu báculo me consolaram. Preparaste uma mesa diante de mim, à vista daqueles que me perseguem. Ungiste com óleo a minha cabeça, e quão precioso é o meu cálice que transborda! Tua misericórdia irá após de mim todos os dias da minha vida, a fim de que eu habite na casa do Senhor, durante longos dias". (Na Vulgata é o Salmo 22).  

  • O Bom Pastor nutre suas ovelhas: Ó Senhor, meu Bom Pastor, o que poderíeis ter feito por mim que não tenhais feito? O que poderíeis dar-me, que não me tenhais dado? Vós mesmo Vos fizestes meu alimento e minha bebida. E que alimento mais delicioso e salutar, mais nutritivo e mais fortificante poderia eu encontrar do que o Vosso Corpo e o Vosso Sangue? Jesus, Nosso Bom Pastor, nutre-nos também com a sua doutrina: "Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus". Mandou que pedíssemos no Pai-Nosso também o pão nosso de cada dia. E Ele, o melhor dos pais, nada nos poderá negar. "Se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Vosso Pai que está nos Céus". Como vimos há pouco no Salmo 22: "O Senhor é meu Pastor, e nada me faltará". 
  • O Bom Pastor dá sua vida pelas suas ovelhas: Basta meditarmos a Sua vida: em Belém, no Egito, em Nazaré, durante seu ministério público, durante sua Paixão. "Amou-me e entregou-se a si mesmo ao sacrifício por mim. Jesus sofreu a morte para nos dar a vida, nos cumular de graças e nos merecer o Céu. Eis, caríssimos irmãos, o nosso verdadeiro e único bom Pastor. Ele não pensa em dinheiro como os mercenários. Resgatou-nos não com dinheiro, ouro ou prata, mas com o Seu preciosíssimo Sangue!
          Ó Jesus, todo meu amor, dai-me, o Vosso ardentíssimo amor para que por ele, com a Vossa graça, Vos ame, Vos agrade, Vos sirva, cumpra os Vossos preceitos, não seja separado de Vós, nem no tempo presente nem no futuro, mas convosco permaneça unido no amor pelos séculos eternos. Amém!