SAUDAÇÕES E BOAS VINDAS

LOUVADO SEJA NOSSO SENHOR JESUS CRISTO! PARA SEMPRE SEJA LOUVADO!

Caríssimos e amados irmãos e irmãs em Nosso Senhor Jesus Cristo! Sêde BEM-VINDOS!!! Através do CATECISMO, das HOMILIAS DOMINICAIS e dos SERMÕES, este blog, com a graça de Deus, tem por objetivo transmitir a DOUTRINA de Nosso Senhor Jesus Cristo. Só Ele tem palavras de vida eterna. Jesus, o Bom Pastor, veio para que Suas ovelhas tenham a vida, e com abundância. Ele é a LUZ: quem O segue não anda nas trevas.

Que Jesus Cristo seja realmente para todos vós: O CAMINHO, A VERDADE, A VIDA, A PAZ E A LUZ! Amém!

terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

PECADO VENIAL


""Abstende-vos de toda aparência do mal" (Tessal. V, 22)

Há um erro popular, e não é só de hoje, que consiste em persuadir-se falsamente de que o pecado venial é coisa de somenos importância, como se a palavra venial significasse bagatela, coisa de nada. Talvez este erro venha da palavra "leve" também empregada para designar pecado venial. Na verdade, "leve" aqui é um termo relativo, assim, por exemplo, comparando, quando a gente diz que a Terra é pequena em relação ao Sol. É claro que em si mesma a Terra não é pequena. Assim, fazendo a aplicação, dizemos que o pecado venial é leve em comparação com o mortal, mas em si mesmo é o maior mal que existe sobre a terra depois do pecado mortal. Não é difícil entendermos, pois, se é pecado, ofende a Deus que é de uma dignidade, perfeição e majestade infinitas. Daí dizer São Jerônimo: "Não é falta leve desprezar a Deus nas coisas pequenas". É chamado venial (de venia em latim que significa perdão)porque significa coisa perdoável, ou, melhor dizendo "coisa mais facilmente perdoável", porque o pecado mortal também é perdoável. Mas não esqueçamos que para os pecados (mortais e veniais) poderem ser perdoados, Jesus Cristo sofreu e morreu numa Cruz.

Mas o que é pecado venial? Bom! se é pecado é porque tem os três elementos que constitui um pecado: transgressão da lei de Deus, advertência sobre esta transgressão e apesar disto há o consentimento da vontade. Quando se dá o pecado venial? Nestes casos: Quando a matéria da transgressão é de si mesma leve; ou é grave mas a advertência sobre esta malícia não é total e o consentimento da vontade não é pleno. É, portanto, qualquer pensamento, palavra, ação ou omissão contra a lei de Deus, mas que não  é tão grave, que nos faça perder a amizade do Senhor e dê a morte à alma. Acha-se neste gênero de faltas, tudo o que constitui o pecado: Deus que manda, o homem que recusa obedecer. A única diferença que há entre o pecado mortal e o venial, é o consentimento mais ou menos completo, matéria mais ou menos grave. Quanto ao mais, em um e outro há uma indigna preferência dada à vontade do homem sobre a de Deus; é uma ofensa de Deus; e feita por quem, e porque? Por uma vil criatura, por um desprezível motivo. Há portanto no pecado venial um verdadeiro desprezo de Deus, uma verdadeira injúria feita a todas as perfeições de Deus; injúria leve comparativamente com a que resulta do pecado mortal, mas de uma gravidade como que infinita, já que ofende a dignidade infinita de Deus.

Vamos dar alguns exemplos de pecados veniais: pequenas iras passageiras, ligeiras intemperança no  comer ou beber, falar mal dos outros em coisas que não causam graves danos a reputação do próximo, mentiras oficiosas, manifestações de amor próprio, distrações e curiosidades que me alheiam de mim mesmo e me perturbam o coração, negligências nos exercícios espirituais e religiosos, donde resultam tantas faltas contra o respeito devido ao Senhor. Se não vigiarmos, quantas faltas cometemos pelo mau humor, pela liberdade da língua etc.

Os teólogos e também autores espirituais fazem algumas suposições hipotéticas para se fazer compreender melhor o mal que é o pecado venial. Eis alguns exemplos: Seria um grande mal aquele que não pudesse ser reparado com todas as lágrimas do gênero humano, com os tormentos dos mártires, as austeridades dos anacoretas, os sofrimentos, a caridade de todos os Santos, e com todas as boas obras que se têm feito desde o princípio, e se farão até ao fim do mundo. E todavia, todas estas satisfações, se não se lhes ajuntassem as satisfações infinitas do Verbo encarnado, não bastariam para reparar a ofensa que faz a Deus um só pecado venial. Outro exemplo: a mentira quando não prejudica gravemente o próximo é sempre de si mesma um pecado venial. Pois bem! Se fosse para tirar todos os condenados do inferno ou evitar que fossem expulsos do Céu todos os Santos, não se poderia cometer tal mentira, que é um pecado venial. Será que haverá alguém ainda afirmando com tanta desenvoltura que o pecado venial é coisa de nada, e que se pode fazê-lo com a mesma facilidade com que se bebe um copo d'água? Se houver, por ventura algum pecador que ouse afirmá-lo, ouça também o que diz os santos dos quais citarei apenas alguns: Santa Catarina de Gênova: "Lançar-me-ia em um oceano de chamas, sendo preciso, para evitar a ocasião do menor pecado, e ali ficaria sempre, antes do que sair de lá por um pecado venial";  Santa Catarina de Sena: "Se a alma que é imortal, pudesse morrer, a vista de um só pecado venial, que manchasse a sua beleza, seria capaz de lhe dar a morte"; Santo Inácio de Loiola dizia: "Todo o homem que é zeloso da pureza da sua consciência, deve humilhar-se diante de Deus pelos pecados mais leves, considerando que aquele Senhor contra quem são cometidos, é infinito em todo o gênero de perfeições, o que lhes agrava infinitamente a malícia" ; Dizia Santo Tomás de Aquino: "Antes morrer que pecar venialmente". Eis mais um exemplo: "O Santo Cura d'Ars tinha recebido  uma cédula de mil francos, para as suas obras. Quando foi acender a vela, não tendo fósforo, tirou do bolso sem olhar um pedaço de papel e o chegou ao fogo. O padre coadjutor deu um grito: "Senhor Vigário, é uma nota de mil francos que queimais". "Antes isso, disse o Santo, que um pecado venial".


E, caríssimos, quem pode contar a multidão dos pecados veniais. Santo Agostinho dizia; "Se não temes os pecados veniais, quando pensas na sua gravidade, temei-os quando o contas". Milhares de pecados veniais somados não constitui um mortal, a não ser quanto àqueles mandamentos em que a matéria se soma, como é o caso do 7º mandamento (pode chegar a uma soma que já passe a constituir pecado mortal). Fora disto não. Mas se não se combate os pecados veniais e estes se tornam um hábito, a alma se torna tíbia e aí vai aos poucos escorregando para o abismo do pecado mortal. E uma circunstância que nos deve atemorizar: é mais difícil sair do pecado mortal, quando se chegou a ele aos poucos através de pecados veniais não combatidos. Os pecados veniais diminuem as luzes e as forças da alma. Num naufrágio pouco importa se ele acontece por uma furiosa tempestade ou pelo fato de a água entrar por um fenda gota a gota. Se muitos pecados mortais não constitui um mortal, é, no entanto, certo que dispõem para o mortal. Depois, se Deus quiser, falaremos sobre a tibieza, e, então explicaremos isto melhor. 

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

PENITÊNCIA EXTERIOR

   A penitência exterior também é importante. É o fruto, manifestação e natural consequência da penitência interior. 
   O homem não peca só com a alma, mas também com o corpo: os dois são cúmplices no ato do pecado. É justo, por conseguinte, que não só se doa a alma, mas também o corpo; e que o corpo e a alma conspirem, a uma, no exercício da penitência.

   MOTIVOS DA PENITÊNCIA EXTERNA:

  1. Conserva melhor a sensibilidade na submissão ao espírito e no cumprimento de tudo o que nos impõem os deveres do nosso estado. Se damos ao corpo tudo o que ele reclama, se afastamos dele tudo o que o mortifica, tornamo-lo indolente, inapto para o trabalho, revoltoso e indomável. Mas à força de penitência, o corpo se torna dócil, submisso, não se revolta tão facilmente contra o espírito e se torna mais apto para a virtude.
  2. Ajuda-nos a obter certas graças: como luzes na meditação, solução de certas dificuldades, socorro nas tentações, diminuição nos ataques da impureza, fervor na oração e união com Deus. Para todas estas graças é excelente a prática da penitência. Santo Inácio derramou muitas lágrimas e fez muitos jejuns para obter a luz celeste na redação de suas Regras e Constituições. Santo Tomás de Aquino se dispôs com sangrentas disciplinas para a interpretação das passagens difíceis da Sagrada Escritura. No Prefácio da Missa no tempo quaresmal diz-se: "Corporali jejunio vitia comprimis, mentem elevas, virtutem largiris et praemia" = "Com o jejum corporal reprimis os vícios, elevais a mente, concedeis virtudes e prêmios". É por isso que no tempo da Quaresma nos sentimos mais inclinados à virtude, santos e consoladores pensamentos nos iluminam a mente e nos movem o coração. 
  3. Satisfaz pelos pecados passados e pela pena temporal que lhes é devida. Desta maneira a penitência é uma réplica do espírito à rebelião da carne, e torna-se um ato de justiça, restabelecendo a ordem. Por este motivo, a prática da penitência nos é, todos os dias, necessária, pois todos os dias pecamos. Somos como um barco, que mete água, e que todo o dia deve ser esvaziado. É, pois, uma loucura deixar a solução desta dívida para a eternidade, onde a expiação será mais longa e penosa e sem merecimento. Agora tudo o que fazemos pela satisfação dos nossos pecados é fácil, proveitoso e meritório. Dizia Santo Agostinho: "Hic ure, seca, hic non parcas, ut in aeternum parcas" = "Aqui (Senhor) queimai, cortai, aqui não me poupeis, para que me poupeis na eternidade". É bom que nos exercitemos, cada dia, em algum ato de penitência para satisfazer a Deus pelos nossos pecados. 
  4. O exemplo dos Santos nos deve também mover à penitência, e, em primeiro lugar, o de Nosso Senhor Jesus Cristo, que passou quarenta dias de rigoroso jejum. E dos Santos, qual é o que não fez penitência? Todos se deram a ela com ardor, e só a obediência e a consideração de um bem maior lhes punha limites a suas rigorosas austeridades. O espírito de penitência é, pois, próprio de todo o cristão.
    PRÁTICA DA PENITÊNCIA: De três maneiras podemos praticar a penitência:
  1. Na comida. Quando nos privamos do supérfluo, ainda não é penitência; é só temperança. Praticamos a penitência, quando nos privamos do conveniente, e até do necessário contanto que nisto não prejudiquemos a saúde, nem nos exponhamos a alguma enfermidade. Moderar o excesso é temperança; cercear o conveniente é penitência. O jejum é penitência, porque nos impõe uma única refeição ao dia. Como a penitência não é fim, mas somente meio, devemos exercê-la tanto quanto conduz à nossa santificação. O que dissemos da comida, se deve dizer da bebida; e nesta, principalmente, convém exercitar a penitência; porque as sua abstenção não prejudica a saúde, antes a favorece. Nunca devemos fazer penitência de passar sede, pois, a água é indispensável para a saúde. Podemos sim, e devemos, caso passemos alguma sede inevitável, oferecê-la a Deus,com amor. 
  2. No dormir. Enquanto ao dormir, exercita-se a penitência tirando ao sono conveniente quanto se pode tirar sem prejuízo da saúde. Tirar o supérfluo de coisas delicadas e moles não é penitência, mas simplesmente temperança. Os Santos todos faziam penitência no modo de dormir: uns dormiam no chão, outros com uma pedra por cabeceira (vi em Pádua o travesseiro de Santo Antônio, - uma pedra; vi em Ávila o travesseiro de Santa Teresa, - um pedaço de madeira); outros colocavam alguma coisa para tornar o leito incômodo. Se o Espírito Santo nos mover a usar de alguns destes modos de penitência, devemos consultar o nosso diretor espiritual, para em tudo nos guiarmos por seus conselhos. Se ele não permitir, nunca devemos fazer. Do contrário, se a pessoa persistir no intento e desobedecer, é sinal de que não se tratava de inspiração do Espírito Santo mas do espírito maligno. Levantar cedo, desde que durma o necessário para a saúde, é uma ótima penitência: faz bem à saúde e à santidade. No tempo da Quaresma até o tempo da Paixão, os sacerdotes rezam no Breviário todos os dias: "Non sit vobis vanum mane surgere ante lucem, quia promisit Dominus coranam vigilantibus" = Não vos pareça coisa supérflua levantar bem cedo antes de aparecer a luz, porque o Senhor prometeu uma coroa aos que vigiam".
  3. No castigo do corpo. Este gênero de penitência consiste em causar a dor em nosso corpo com cilícios, disciplinas, cordas etc, que provocam dor, contanto que não prejudiquem a saúde. A penitência será sem perigo para a saúde e ao mesmo tempo deverá causar incômodos à nossa natureza inclinada à sensualidade. Na ascese inaciana castiga-se a carne conservando-a apta para o trabalho. Quem se preocupa DEMASIADAMENTE  com a saúde do corpo, termina prejudicando a do corpo e a da alma. Prejudica a saúde da alma, porque não faz penitência nenhuma; prejudica a saúde corporal, porque a preocupação demasiada com a saúde já é uma doença. Mas é mister estar sempre lembrando: a penitência deve ser discreta (o mais oculta possível, com muita prudência), humilde e obediente. 
     Ditosa penitência, que paga a dívida das nossas culpas, lavra a coroa da nossa glória, domina os nossos apetites, desfaz as nossas dúvidas, diminui os nossos vícios, obtém-nos as graças de Deus e estreita-nos à Cruz de Cristo!