SAUDAÇÕES E BOAS VINDAS

LOUVADO SEJA NOSSO SENHOR JESUS CRISTO! PARA SEMPRE SEJA LOUVADO!

Caríssimos e amados irmãos e irmãs em Nosso Senhor Jesus Cristo! Sêde BEM-VINDOS!!! Através do CATECISMO, das HOMILIAS DOMINICAIS e dos SERMÕES, este blog, com a graça de Deus, tem por objetivo transmitir a DOUTRINA de Nosso Senhor Jesus Cristo. Só Ele tem palavras de vida eterna. Jesus, o Bom Pastor, veio para que Suas ovelhas tenham a vida, e com abundância. Ele é a LUZ: quem O segue não anda nas trevas.

Que Jesus Cristo seja realmente para todos vós: O CAMINHO, A VERDADE, A VIDA, A PAZ E A LUZ! Amém!

quinta-feira, 30 de maio de 2013

OO ESPÍRITO SANTO E A ORAÇÃO - ( 2 )

   "A oração profunda é um contato íntimo da alma com Deus. Mas quem poderá ensinar ao homem, tão rude e material, a delicadeza requerida para tratar intimamente com o Rei do céu e da terra? Não haverá nunca cerimonial nem livro devoto capaz de regular dignamente as relações íntimas de amizade entre o Criador e a criatura. Mas há um Mestre cuja competência é plenamente adequada a esse fim e cujo ensinamento está ao alcance de toda a alma cristã. 
   
   Este Mestre é o Espírito Santo: 'O Espírito  ajuda também a nossa fraqueza, porque não sabemos o que havemos de pedir como convém; mas o mesmo Espírito ora por nós com gemidos inexplicáveis' (Rom. 8, 26). Realidade consoladora para a alma que tem o sentido da sua impotência e da sua incapacidade para tratar com Deus, para a alma que sente a necessidade de uma oração proporcionada à bondade infinita daquele Deus que nos amou até Se fazer um de nós e, ao mesmo tempo, adequada à soberana majestade, à transcendência infinita do Altíssimo. E eis que o Espírito Santo alterna na alma sentimentos de plena confiança e de profunda adoração, de amizade amorosa e de reconhecimento da suprema grandeza de Deus. O Espírito Santo repete em nós: Pai, e ainda: Vós somente sois o Santo, o Senhor, o Altíssimo'. Mesmo quando estamos na aridez, quando o coração está frio e a mente obscurecida, o Espírito Santo ora em nós e podemos oferecer sempre a Deus a Sua oração. Esta é a oração mais verdadeira, mais preciosa, que será certamente ouvida, porque o Espírito Santo não pode inspirar-nos sentimentos e desejos contrários ao beneplácito divino, mas 'pede segundo Deus' (Ib. 27). (P. Gabriel de Sta M. Madalena, O.C. D.  - INTIMIDADE DIVINA). 

quarta-feira, 29 de maio de 2013

O ESPÍRITO SANTO E A ORAÇÃO - ( 1 )

   "As nossas relações com Deus são essencialmente relações de filhos; devem portanto ser relações de plena confiança e intimidade, visto que não somos estranhos, mas pertencemos à família de Deus (Ef. 2, 19). Por isso a nossa oração deveria ser a expressão dos sentimentos de um filho que gosta de conversar cordialmente com o seu pai e que se lança nos seus braços com um abandono total. Mas, infelizmente, somos sempre pobres pecadores, e a consciência das nossas misérias e infidelidades, procura paralisar este impulso filial, gerando na alma um certo temor que muitas vezes faz vir espontaneamente aos lábios o grito de São Pedro: 'Retira-te de mim, Senhor, pois eu sou um homem pecador' (Lc. 5, 8). Isto  acontece sobretudo quando a alma atravessa períodos obscuros de lutas, de tentações, de dificuldades que tentam lançá-la na agitação e na perturbação. Mas eis que um dia, durante a oração, a alma se recolhe sob a influência de uma luz nova que afugenta todo o temor; não é um pensamento novo, mas uma persuasão nova e íntima, que lhe faz sentir profundamente que é filha de Deus e que Deus é seu Pai. É a influência do dom de piedade, posto em ato pelo Espírito Santo. Já São Paulo dizia aos primeiros cristãos: 'Não recebestes o espírito da escravidão para estardes novamente com temor, mas recebestes o espírito de adoção de filhos, mercê do qual clamamos 'Abba Pai!' É o próprio Espírito que atesta ao nosso espírito que somos filhos de Deus (Rom. 8, 15 e 16). É pois o Espírito Santo que infunde na alma este profundo sentimento de filial piedade, de plena confiança no Pai celeste. Ele próprio, com gemidos inenarráveis, vai murmurando em nós: 'Pai!' 'Deus mandou aos vossos corações o Espírito do Seu Filho que clama 'Abba, Pai!' (Gál. 4, 6). Assim a alma sente-se transformada e as suas relações com Deus tornam-se verdadeiramente filiais'.  

sexta-feira, 24 de maio de 2013

O CAMINHO DA CRUZ - ( 2 )

Santa Teresinha santificou-se abraçando, por amor
a Jesus, a cruz de cada dia, de cada momento. 
"Exercitando-nos corajosamente na renúncia, pomo-nos no caminho da conformidade com Jesus crucificado; mas também nisto as nossas iniciativas não são proporcionadas ao fim a atingir: as renúncias e as mortificações praticadas por nós são insuficientes para nos despojarem a fundo do homem velho, para nos revestirem de Cristo e Cristo crucificado. Eis porque o Espírito Santo, depois de nos ter impelido para o caminho da cruz com as Suas inspirações tendentes a fazer-nos abraçar, por amor de Deus, as coisas ásperas e penosas à natureza, Se encarrega Ele próprio de completar a nossa purificação. E fá-lo, submetendo-nos a provas interiores e exteriores. Ele - diz São João da Cruz - com o Seu 'divino fogo de amor... está ferindo a alma, gastando e consumindo-lhe as imperfeições de seus maus hábitos. Esta é a operação do Espírito Santo que dispõe a alma para a divina união e transformação de amor em Deus'. Por conseguinte não podemos pensar que a ação do Espírito Santo em nós seja sempre consoladora, antes pelo contrário! E de resto, o sofrimento é necessário não só para a nossa purificação, mas também para nos associar à obra redentora de Jesus: quanto mais avançarmos no caminho da cruz, tanto mais nos santificaremos e poderemos exercer na Igreja um fecundo apostolado. É pois evidente: o Espírito Santo, para nos santificar, não pode conduzir-nos por outro caminho senão pelo da cruz. Devemos secundar a Sua direção, procurando acima de tudo abraçar de bom grado quanto de amargo e de penoso encontrarmos na nossa vida de cada dia. Por vezes despraza-se a cruz das dificuldades quotidianas para amar uma cruz longínqua que talvez nunca chegue a vir; não devemos andar à busca da nossa cruz em sofrimentos extraordinários que raramente ou talvez nunca encontraremos, mas no dever, na vida, nas dificuldades, nos sacrifícios de cada dia, de cada momento; temos aqui riquezas inexauríveis, basta que as saibamos descobrir à luz da fé. O Espírito Santo ajuda-nos a reconhecer e impele-nos a abraçar esta cruz de cada dia; a abraçar e não a suportar, o que significa aceitar e oferecer ativamente, dizendo com todo o coração: 'sim, eu quero, ainda que me pareça ficar esmagado'. 

quinta-feira, 23 de maio de 2013

O CAMINHO DA CRUZ - ( 1 )


 "Devemos estar bem convencidos de que, se o Espírito Santo trabalha nas nossas almas, para nos assemelhar a Cristo, não pode fazê-lo senão levando-nos a seguir o caminho da cruz. Jesus é Jesus crucificado; não pode haver, portanto, conformidade com Ele senão mediante a cruz; e jamais se entrará na profundidade da vida espiritual a não ser entrando no mistério da cruz. Santa Teresa de Jesus ensina que até as mais altas graças contemplativas são dadas às almas, exatamente para as tornar mais capazes de levar a cruz. 'Assim como Sua Majestade não nos pode fazer maior mercê do que dar-nos um a vida conforme à que viveu o Seu Filho tão amado, assim tenho por certo serem estas mercês para fortalecer a nossa fraqueza e para O poder imitar no muito padecer'. Sim, a conformidade com Jesus crucificado, vale e importa mais do que todas as graças místicas! Toda a vida espiritual é dominada pela cruz, e como a cruz está no centro da história do mundo, assim está no centro da história de cada alma. A cruz deu-nos a vida e a cruz imprimirá em nós os traços da mais perfeita semelhança com Jesus: quanto mais participarmos da Sua cruz, tanto mais seremos semelhantes a Ele e cooperaremos na obra da Redenção. 

   A necessidade da cruz para alcançar o céu e a santidade é evidente: não se pode abraçar a vontade de Deus, sempre e em todas as circunstâncias, sem negar a vontade própria; não é possível conformar-se em tudo com Jesus 'que não teve nesta vida outro gosto nem quis ter senão o de fazer a vontade de Seu Pai (S. João da Cruz), sem renunciar às próprias satisfações egoístas. E tudo isto significa: desapego, cruz, sacrifício, negação de si mesmo. Significa metermo-nos no caminho que nos foi indicado pelo próprio Jesus: 'Se alguém quer vir após de mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me' (Mt. 16, 24). Ora é para este caminho que o Espírito Santo nos impele e convida. Quando nos surpreendermos à busca das coisas mais fáceis, mais cômodas, mais honrosas, quando nos apercebermos de que estamos a satisfazer o nosso amor próprio, a nossa vanglória, ou quando nos virmos apegados à nossa vontade, digamos então a nós mesmos que tudo isto está muito longe de ser inspirado pelo Espírito Santo e que, pelo contrário, impede a Sua ação em nós". (P. Gabriel de Sta. M. Madalena, INTIMIDADE DIVINA). 

sexta-feira, 17 de maio de 2013

ALGUMAS PÁGINAS HISTÓRICAS DO CONCÍLIO VATICANO II - 12ª página

   "Um bom número de bispos religiosos, bem como certos superiores gerais, tinham preparado intervenções a favor da inclusão, no esquema sobre a Igreja, de um capítulo especial consagrado à vida religiosa; e tinham notificado, em tempo hábil, seu desejo de tomar a palavra. Mas, dia após dia, prosseguiu o debate e os Cardeais Moderadores não lhes concediam a palavra. 

   Em 30 de outubro, a assembleia votou o encerramento dos debates, mas muitos daqueles que se tinham inscrito invocaram a regra que permitia a qualquer um falar depois do encerramento, contanto que cinco Padres Conciliares apoiassem seu pedido.

   Por ocasião da 59ª Congregação Geral em 31 de outubro, o Moderador era o Cardeal Döpfner. Antes de deixar qualquer um vir ao microfone, ele anunciou que grande número de Padres Conciliares se queixava de que o Concílio estava andando muito lentamente. A fim de que fosse salvaguardado o direito à palavra daqueles que tinham obtido cinco assinaturas, e que fosse ao mesmo tempo satisfeito o desejo geral da assembleia de encerrar o debate e de avançar os trabalhos, ele pedia aos oradores "que limitassem suas observações ao assunto estudado, evitassem repetições, se restringissem a oito minutos em lugar dos dez habituais e não esquecessem que as declarações não feitas na aula conciliar mas submetidas por escrito, tinham igual peso perante as comissões."

   A última recomendação, à qual o próprio Cardeal não se submeteu, foi continuamente observada por Mons. Felici, Secretário Geral, que, em razão de seu cargo, havia renunciado a exercer o direito de intervenção na aula conciliar.

   O Cardeal Döpfner interveio constantemente no curso das declarações pronunciadas pela manhã, para lembrar aos Padres Conciliares os pontos que ele havia mencionado. Pelo menos três oradores foram interrompidos duas vezes. Três outros o foram uma vez, ou ouviram dizer ao terminar, que o que acabavam de dizer não tinha relação com o assunto tratado. Inúmeros Padres Conciliares não conseguiam compreender a pressa com que o Cardeal estava procedendo e o modo aparentemente arbitrário pelo qual ele limitava o tempo concedido aos oradores. 

   (...) Bispos religiosos que aguardavam para tomar a palavra não foram chamados ao microfone. Em vez deles, outros Padres Conciliares que só se tinham inscrito naquela manhã, foram chamados. Os Padres reduzidos assim ao silêncio ficaram tão indignados que decidiram enviar ao Cardeal Döpfner uma advertência privada, esclarecendo que não deixariam a coisa passar em branco e, se não houvesse uma modificação, requereriam a abertura de um inquérito oficial. Mas logo que procuraram entrar em contato, souberam que ele tinha viajado a Capri para um longo fim de semana, e que só voltaria na tarde de 4 de novembro. 

   Ao voltar, o Cardeal Döpfner encontrou uma mensagem dos Padres Conciliares ofendidos. Ele os chamou todos ao mesmo tempo, desculpou-se do que tinha acontecido, prometeu que tal coisa não se repetiria mais, e lhes pediu para renunciar a seu direito de falar. Os Padres recusaram. Ele então aceitou ler um resumo de suas declarações na aula conciliar, pedindo-lhes indicarem os pontos que consideravam essenciais. Na 62ª Congregação Geral, em 7 de novembro, fez um texto extremamente breve, obscuro e inexato em vários tópicos.

   O resultado imediato foi que sete bispos, pertencentes a outras tantas ordens religiosas, se reuniram para estabelecer uma tática destinada a neutralizar o elemento alemão e belga, que eles consideravam estar exercendo uma "ditadura" sobre o Concílio". 

sexta-feira, 10 de maio de 2013

ALGUMAS PÁGINAS HISTÓRICAS DO CONCÍLIO VATICANO II - 10ª página

   O ESQUEMA SOBRE A SANTÍSSIMA VIRGEM MARIA.

   "Segundo o Padre Rahner, cujos comentários escritos foram distribuídos a todos os participantes da conferência, o esquema, tal como estava redigido, era uma "fonte de vivas preocupações" para ele e para os padres Grillmeier e Semmelroth, bem como para o Padre Ratzinger, que também o haviam examinado sob o especto teológico. Afirmava ele que, sob o ponto de vista ecumênico, se aquele texto fosse aprovado "causaria um mal incalculável, em relação tanto aos Orientais como aos Protestantes".  

     Em 27 de outubro, Mons. Grotti, servita, Bispo Titular de Tunigaba, prelado do Acre e Purus, no Brasil, distribuiu uma refutação a todos os argumentos apresentados em favor de uma fusão dos dois esquemas. Quanto ao argumento segundo o qual um esquema separado sobre a Santíssima Virgem seria considerado como definidor de coisas novas, ele fazia observar aos Padres Conciliares que eles tinham diante de si muitos outros esquemas, no entanto ninguém imaginava ver aí algo que fosse novo. Objetava-se também que seria honrar mais a Maria que a Cristo; ora, claramente saltava do texto que Maria não estava "nem acima de Cristo, nem contra Ele". Os excessos de piedade marial não constituíam argumento válido contra um esquema separado, mas, ao contrário, pelejavam em favor dele, uma vez que é mais fácil apresentar com clareza a verdade em um esquema separado. "O ecumenismo consiste em confessar ou em esconder a verdade?  - perguntou ele. O Concílio deve explicar a doutrina católica ou a de nossos irmãos separados? (...) Esconder a verdade nos agride e agride os que estão separados de nós. Agride-nos porque fazemos papel de hipócritas. Agride os que estão separados de nós, porque assim eles parecem fracos e susceptíveis de serem ofendidos pela verdade". Mons. Grotti concluiu sua refutação com um apelo: "Façamos a distinção entre os dois esquemas. Professemos abertamente a nossa Fé. Sejamos doutores dos que estão na Igreja, ensinando-lhes com clareza, e não escondendo a verdade". 

   Em 29 de outubro foi submetida à votação a seguinte questão: "É do agrado dos Padres Conciliares que o esquema sobre a Santíssima Virgem Maria, Mãe da Igreja, seja revisto de modo a se tornar o capítulo VI do esquema sobre a Igreja?" A apuração dos escrutínio apresentou 1.114 votos a favor da fusão dos dois esquemas; a maioria requerida era de 1.097. O Padre Rahner e a Aliança Europeia o tinham arrebatado por 17 votos. 

sábado, 4 de maio de 2013

ALGUMAS PÁGINAS HISTÓRICAS DO CONCÍLIO VATICANO II - 10ª página

   Continua a Padre Ralph Wiltgen  S. V. D. no seu livro "O RENO SE LANÇA NO TIBRE": 


   "Durante uma entrevista exclusiva que aceitou me conceder, Mons. Marcel Lefebvre disse não acreditar que as poderosas Conferências Episcopais pudessem constituir ameaça ao papado, mas que via nelas uma ameaça ao magistério e à responsabilidade pastoral dos bispos tomados individualmente. Falava com conhecimento de causa, visto que fundou, ao longo dos onze anos em que foi legado Apostólico para a África de Língua Francesa (1948-1959), as Conferências Episcopais Nacionais de Madagascar; de Brazaville, no Congo; de Camarões e da África Ocidental Francesa. Era fácil perceber, dizia, que "em uma Conferência Episcopal Nacional, três, quatro ou cinco bispos teriam mais influência do que os outros e assumiriam o controle das manobras". Ele via nisto "um perigo para a autoridade magisterial e pastoral de cada bispo, que é por instituição divina o doutor e pastor de seu rebanho". Referindo-se expressamente à Assembleia de Cardeais e Arcebispos da França, ele chamou atenção para o fato de que acontecia a esta assembleia publicar uma declaração comum sobre questões sociais ou pastorais: "Fica então muito difícil a um bispo se dissociar da posição que foi tomada publicamente, e ele termina simplesmente reduzido ao silêncio". Eis, aí, para Mons. Lefebvre, "um poder novo e indesejável colocando-se acima do bispo diocesano".
   E foi mesmo mais longe, dizendo-me que havia aí "uma nova forma de coletivismo invadindo a Igreja". A tendência que então prevalecia na aula conciliar era, segundo ele, conceder às Conferências Episcopais tanta autoridade que "cada bispo veria tão reduzida sua possibilidade de governar a própria diocese que ele perderia toda iniciativa". É certo que um bispo tinha o direito de contradizer a uma Conferência Episcopal Nacional, "mas em um caso assim, seu clero e os leigos acabariam divididos, não sabendo se deveriam seguir o bispo ou a Conferência Episcopal".
   Mons. Lefebvre me garantiu que estava em ação uma influência limitadora: "Os grupos minoritários das diversas nações não se fazem escutar como deveriam, contentam-se em calar e seguir as próprias Conferências Episcopais Nacionais". Segundo ele, o que era necessário para "este Concílio Católico", não era um agrupamento de Padres Conciliares em bases nacionais ou linguísticas como estava acontecendo até agora, "mas um agrupamento internacional (...) por escolas de pensamento e tendências particulares". Então seria possível conhecer o pensamento dos bispos, em vez de ver o que as nações pensam. "Pois são os bispos, e não as nações, que formam o Concílio".

   O Padre Congar, O. P., ilustre teólogo francês, admitiu que as Conferências Episcopais suscitavam um problema difícil, que afetava a Igreja em pontos vitais. Tais conferências, declarou, não deviam enfraquecer a responsabilidade pessoal dos bispos, impondo as normas de uma organização paralela para não acabarem chegando onde não deviam, a ponto de pôr em perigo a unidade católica. 

   Mais uma vez, o Concílio encontrava-se ante um conflito. 

quinta-feira, 2 de maio de 2013

ALGUMAS PÁGINAS HISTÓRICAS DO CONCÍLIO VATICANO II - 9ª página

   "Na 44ª Congregação Geral, realizada em 9 de outubro, Mons. Proença Sigaud, Arcebispo de Diamantina (Brasil) que se qualificava a si mesmo como tradicionalista, pediu um cuidado todo especial com a exposição sobre a colegialidade episcopal. Disse que um estudo comparado dos artigos 12, 13 e 16 do esquema dava a impressão de que se ensinava uma "nova doutrina" - a saber, que os Doze, com Pedro à sua frente, constituíam, no sentido estrito, um colégio verdadeiro e permanente, e isto "por instituição divina". Ele temia graves consequências. "Se os bispos e o Papa constituem, por instituição divina, um colégio verdadeiro e permanente, seque-se que a Igreja deve ser habitual e ordinariamente (e não extraordinariamente) regida pelo Papa com o Colégio de Bispos. Em outros termos, o governo da Igreja, por instituição divina, não seria monárquico ou pessoal, mas colegiado". Ora, na história da Igreja, o exercício pelos bispos de sua autoridade colegial como nos Concílios Ecumênicos, constitui um acontecimento pouco frequente e deve, em consequência, ser olhado como um governo não ordinário, mas extraordinário, da Igreja Universal.

   "A Igreja tinha tradicionalmente ensinado, continuou Mons. Proença Sigaud, que todo bispo, logo que era designado pelo Papa, "recebia o cargo - e com ele a autoridade necessária - de exercer o ofício episcopal sobre os fiéis a ele confiados, nos limites do território que lhe era designado pela autoridade competente". Enfatizou que era importante distinguir entre os atos realizados coletivamente pelos bispos e os atos realizados colegialmente. Como exemplo de ato coletivo, citou as decisões tomadas por uma reunião de bispos da mesma província ou da mesma região; não era o caso de se dizer que aí eles recebiam sua eficácia da instituição divina, nem que era um ato colegial. Tais decisões tinham apenas "uma eficácia jurídica", isto é, só seriam obrigatórias em uma diocese se aprovadas pelo Romano Pontífice, que lhes conferia força de lei em virtude de seu poder pleno e universal, ou quando o bispo da diocese em questão, em virtude de sua própria jurisdição o aprovasse dando-lhe força de lei na sua diocese. 

   Segundo Mons. Proença Sigaud, convinha evitar dois "perigosos precipícios": em primeiro lugar "devemos evitar estabelecer uma espécie de instituição mundial, uma espécie de concílio ecumênico permanente, para o qual alguns bispos seriam eleitos ou delegados por outros, e que se desincumbiriam das funções do colégio episcopal inteiro. Deste modo, eles realizariam de modo habitual e ordinário, com o Romano Pontífice, atos verdadeiramente colegiados (?), cuja eficácia se estenderia, por instituição divina, à Igreja Universal". Um organismo assim seria uma espécie de "parlamento mundial" no seio da Igreja. Ora, Cristo não estabeleceu, com certeza, nada de semelhante, pois, durante vinte séculos, nem os Romanos Pontífices nem os bispos tiveram disto o menor conhecimento. "Ao contrário", acrescentou ele, "é evidente a todos que Cristo Nosso Senhor conferiu o supremo governo da Igreja à pessoa de Pedro, para que o exercesse no início e, depois, seus sucessores, o fizessem". 
   Outro perigo a evitar: a criação de "uma espécie de concílio nacional ou regional permanente, no qual certo número de bispos de uma nação ou de uma região tomaria decisões jurídicas ou doutrinárias. Na prática, o Romano Pontífice não teria condições de recusar seu consentimento a esses julgamentos e, consequentemente, todos os bispos da mesma nação e da mesma região se veriam ligados a elas". Era evidente que "tais órgãos acarretariam inconvenientes muito sérios para o exercício do poder ordinário supremo do Santo Padre, bem como para o exercício do poder ordinário de cada bispo". 

   Mal Mons. Proença Sigaud voltara a seu lugar, recebeu um bilhete de Mons. Carli, Bispo de Segni, cumprimentando-o por sua intervenção. Isto foi o começo de uma sólida amizade entre os dois prelados. A seguir, Mons. Proença Sigaud apresentou Mons. Carli a Mons. Marcel Lefebvre, Arcebispo Titular de Sinnada, na Frígia, e Superior Geral dos Padres do Espírito Santo. Os dois Arcebispos tinham se encontrado desde a primeira semana da primeira sessão, e tinham formado um piccolo comitato (pequeno comitê) visando fazer oposição a certas ideias que consideraram extremas e que, segundo eles, eram impostas a muitos Padres Conciliares por poderosas Conferências Episcopais, sobretudo as da Aliança Europeia. Então convidaram Mons. Carli a fazer parte da sua "micro-aliança", e ele aceitou. O Cardeal Döpfner admitiu, mais tarde, que não havia no Concílio um bispo a quem ele mais temesse do que Mons. Carli".