"É importante saber que o Espírito Santo trabalha sempre nas nossas almas, mesmo nas primeiras etapas da vida espiritual, desde o início, ainda que então o faça de um modo mais escondido, e por isso menos conhecido. Mas a Sua ação existe, é preciosíssima, e consiste sobretudo em preparar e secundar as nossas iniciativas para a aquisição da perfeição. A primeira obra que Ele realiza em nós é a de nos elevar ao estado sobrenatural, comunicando-nos a graça, sem a qual não podemos fazer nada para chegar à santificação. A graça vem-nos de Deus, toda a Santíssima Trindade no-la dá, mas como ao Pai se atribui particularmente a sua criação, como o Filho, com Sua Encarnação, Paixão e Morte no-la mereceu, assim o Espirito Santo a difunde nas nossas almas. Com efeito a Ele, ao Espírito de amor, é atribuída, de modo especial, a obra da nossa santificação. Quando recebemos o batismo, fomos justificados 'em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo'. Todavia, a Sagrada Escritura atribui esta obra de regeneração e de filiação divina, de modo particular, ao Espírito Santo; o próprio Jesus nos apresentou o batismo como um renascimento 'pelo Espírito Santo' (Jo. 3, 5), e São Paulo afirma: 'Todos fomos batizados num único Espírito' e 'o mesmo Espírito atesta ao nosso espírito que somos filhos de Deus' (cf. 1Cor. 12, 13; Rom. 8, 16). Foi pois o Espírito Santo que preparou e dispôs as nossas almas para a vida sobrenatural, infundindo em nós a graça.
Para nos tornar capazes de realizar ações sobrenaturais, o Espírito Santo, vindo à nossa alma, revestiu as potências - inteligência e vontade - com as virtudes infusas. Antes de tudo, Ele infunde em nós a caridade, e com a caridade, as outras virtudes teologais; a fé e a esperança; infunde também em nós as virtudes morais. Assim, pela Sua intervenção, tornamo-nos capazes de operar sobrenaturalmente. Mas a ação do Espírito Santo não se limita a isto. Como bom Mestre, continua a assistir-nos nas nossas ações, solicitando-nos para o bem e sustentando-nos nos nossos esforços. Convida-nos principalmente para o bem com as inspirações interiores e também mediante meios externos, particularmente a Sagrada Escritura e o Magistério da Igreja. A Sagrada Escritura é a Palavra de Deus escrita pelos homens, sob a moção do Espírito Santo. Na Sagrada Escritura é, portanto, o divino Paráclito que nos fala, iluminando com a Sua luz a nossa inteligência, impelindo, com o Seu impulso, a nossa vontade; por isso, meditar nos sagrados textos é um pouco como que 'ir à escola' do Espírito Santo. Além disso, o Espírito Santo continua a instruir-nos, a estimular-nos para o bem por meio da palavra viva da Igreja, pois que todos aqueles que têm na Igreja uma missão de ensino, enquanto expõem aos fiéis as sagradas doutrinas, estão sob o Seu influxo. Se aceitamos as inspirações do Espírito Santo, se, em face do Seu convite, nos decidimos a agir, Ele acompanha-nos e assiste-nos com a graça atual, a fim de que possamos levar a bom termo a obra virtuosa. É evidente que também quando a vida espiritual está ainda no início e se concentra na correção de defeitos e na aquisição de virtudes, a atividade da alma é inteiramente penetrada e sustentada pela ação do Espírito Santo. Pensamos muito pouco nesta verdade e por isso, na prática, temos em pouca conta a obra contínua do Espírito Santo nas nossas almas. É preciso pensar nela para não deixar passar em vão as Suas inspirações e os Seus impulsos. 'Pela graça de Deus sou o que sou', dizia São Paulo, mas podia acrescentar: 'A Sua graça, que está em mim, não foi vã' (Cor. 15, 10)." (P. Gabriel de Sta. M. Madalena, O. C. D. - INTIMIDADE DIVINA).
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