LEITURA
ESPIRITUAL - Dia 20 de outubro
"5. Além do valor que o Rosário tira de própria
natureza da oração, ele contêm uma maneira fácil para fazer penetrar e inculcar
nas almas os dogmas principais da fé cristã; o que certamente constitui outro
título insigne de recomendação. De feito, é sobretudo pela fé que homem direta
e seguramente se aproxima de Deus e aprende a adorar com a mente e com o
coração a imensa majestade desse Deus único, a sua autoridade sobre todas as coisas,
o seu sumo poder, a sua sabedoria e a sua providência: "porquanto, quem se
aproxima de Deus deve crer que Ele existe, e que é remunerador daqueles que o
procuram" (Hebr. 11, 6). Mas, visto que o eterno Filho de Deus assumiu a
natureza humana, viveu no meio de nós, e continua a ser para nós caminho,
verdade e vida, por isto é necessário que a nossa fé abrace também os profundos
mistérios da augusta Trindade das divinas pessoas, e do Filho unigênito do Pai,
feito homem: "E a vida eterna é esta: que eles conheçam a ti, único Deus
verdadeiro, e Aquele que enviaste, Jesus Cristo" (Jo 17, 3). Em verdade,
Deus nos deu um benefício inestimável quando nos deu esta santa fé; porque, por
meio dela, nós não só nos elevamos acima de todas as coisas humanas, até nos
tornarmos como que contempladores e participantes da natureza divina, mas
adquirimos outrossim um direito, de mérito imenso, às eternas recompensas. De
modo que se alimenta e se consolida em nós a esperança de que um dia poderemos
contemplar a Deus, não mais através das pálidas imagens das coisas criadas,
porém no seu pleno esplendor, e poderemos gozar eternamente d'Ele, nosso sumo
bem. Mas o cristão é de tal forma empolgado pelas diversas preocupações da
vida, e se inclina tão facilmente para as vaidades deste mundo, que, sem uma freqüente
e salutar evocação, pouco a pouco esquecerá as coisas mais importantes e mais
necessárias, e destarte a sua fé se
esmorecerá e finalmente se extinguirá. Para preservar seus filhos deste
gravíssimo perigo da ignorância, a Igreja não descura nenhum dos meios que a
sua vigilância e s sua solicitude lhe sugerem; e o Rosário em honra de Maria
não é, certamente, o último que ela emprega para sustentar a fé. Com efeito,
com a sua maravilhosa e eficaz oração, ordenadamente repetida, ele nos leva à
recordação e à contemplação dos principais mistérios da nossa religião? Em
primeiro lugar, daqueles pelos quais "o Verbo se fez carne" e Maria,
Virgem intacta e Mãe, lhe prestou com santa
alegria os seus maternais ofícios.Vêm depois as amarguras, os tormentos, a
morte de Cristo, preço da salvação do gênero humano. Finalmente, são os
mistérios gloriosos: o triunfo sobre a morte, a ascensão ao céu, a descida da
Espírito Santo, o esplendor radiante de Maria assunta ao céu, e, por último,
com a glória de Mãe e do Filho, a glória eterna de todos os Santos. E esta
ordenada sucessão de inefáveis mistérios no Rosário é freqüente e
insistentemente evocada à memória dos fiéis, e como que desenrolada diante dos
seus olhos; de modo que aqueles que rezam bem o Rosário têm a alma inundada por
ele de uma doçura sempre nova, experimentam a mesma impressão e emoção que
experimentariam se ouvissem a própria voz de sua dulcíssima Mãe., e no ato de
lhes explicar esses mistérios e de lhes dirigir salutares exortações. Não
poderá, pois, parecer excessiva a Nossa afirmação, se dissermos que a fé
absolutamente não deve temer os perigos da ignorância e dos nefastos erros
naqueles lugares, no seio daquelas famílias e no meio daqueles povos onde se
mantém na primitiva honra a prática do Rosário".
Encíclica "MAGNAE DEI MATRIS" de Leão XIII).
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