LEITURA ESPIRITUAL - Dia
19 de outubro
"4. Difícil é, pois, dizer o quanto se torna agradável
a Maria o nosso obséquio, quando a saudamos com o louvor do Anjo, e depois
repetimos o mesmo elogio, como que formando com ele uma devota coroa. Porque, a
cada vez, nós como que despertamos nela a lembrança da sua sublime dignidade e
da redenção do gênero humano, iniciada por Deus por meio dela: por
consequência, nós também lhe recordamos esse divino e indissolúvel vínculo com que
ela está unida às alegrias e às dores, às humilhações e aos triunfos de Cristo,
em guiar e em assistir os homens para a salvação eterna. Jesus Cristo, na sua
bondade, quis assemelhar-se a nós e dizer-se e mostrar-se filho do homem, e por
isto nosso irmão, a fim de que mais luminosa nos aparecesse a sua misericórdia
para conosco: "Em tudo ele teve de ser feito semelhante a seus irmãos,
para se tornar misericordioso" (Hebr. 2, 17). Assim Maria, pelo fato de
haver sido escolhida como Mãe de Jesus, Nosso Senhor - que
é ao mesmo tempo nosso irmão - teve, entre todas as mães, a singular missão
de manifestar e de derramar sobre nós a sua misericórdia. Além disto, assim
como nós somos devedores a Cristo de nos haver, de certo modo, tornado
participantes do seu próprio direito de chamar e de ter a Deus por pai, assim
também lhe somos igualmente devedores de nos haver amorosamente tornado
participantes do seu direito de chamar e de ter Maria por Mãe. E, visto como,
por natureza, o nome de mãe é entre todos o mais doce, e no nome de mãe está
posto o termo de comparação de todo amor terno e solícito, todas as almas
piedosas sentem - embora a sua língua não consiga exprimi-lo - que
uma imensa chama de amor condescendente e operoso arde em Maria, que, não por
natureza, mas por vontade de Cristo, é nossa Mãe. Por isto ela vê e penetra,
muito melhor do que qualquer outra mãe, todas as nossas coisas: as necessidades
da nossa vida; os perigos públicos e particulares que nos ameaçam; as
dificuldades e os males em que nos debatemos; e sobretudo a áspera luta que
devemos sustentar para a salvação da alma, contra inimigos violentíssimos. E
nestas, como em todas as outras angústias da vida, mais do que qualquer outro
ela pode e deseja trazer a seus caríssimos filhos consolação, força, auxílio de
todo gênero. Recorramos, pois, confiantes e alegres a Maria. Supliquemo-la por
esses laços maternos com que ela está tão estreitamente unida a Jesus e a nós. E
invoquemos com máxima devoção o seu poderoso auxílio, servindo-nos dessa
fórmula de oração que ela mesma nos indicou e que lhe é tão grata. Então poderemos,
com razão, repousar com coração tranqüilo e alegre sob a proteção da mais terna
entre as mães."
(Encíclica "MAGNAE DEI MATRIS" de Leão XIII).
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