Último Domingo de Outubro
Caríssimos e amados irmãos em Nosso Senhor Jesus Cristo!
Meditemos um pouco sobre alguns trechos da Encíclica "Quas Primas" (11/12/1925) do Papa Pio XI:
"Na primeira Encíclica, dirigida, em princípio do nosso Pontificado, aos Bispos do mundo inteiro, indagamos a causa íntima das calamidades que, ante os nossos olhos, avassalam o gênero humano. Ora, lembra-nos haver abertamente declarado duas coisas: uma - que esta aluvião de males sobre os universo provém de ter a maior parte dos homens removido, assim da vida particular como da vida pública, Jesus Cristo e sua lei sacrossanta; e outra - que baldado era esperar paz duradoura entre os povos, enquanto os indivíduos e as nações recusassem reconhecer e proclamar a Soberania de Nosso Salvador. (...).
"Muito há que a linguagem corrente dá a Cristo o nome de "Rei em sentido metafórico e transposto". "Rei" é Cristo, com efeito, atenta a eminente e suprema perfeição com que sobrepuja a todas as criaturas. Assim, dizemos que "reina sobre as inteligências humanas", por causa da penetração do seu espírito e da extensão de sua ciência, mas sobretudo porque é a própria Verdade em pessoa, de quem, portanto, é força que recebam rendidamente os homens toda a verdade. Dizemos que "reina sobre as vontades humanas", porque n'Ele se alia a indefectível santidade do divino querer com a mais reta, a mais submissa das vontades humanas; e também porque suas inspirações entusiasmam nossa vontade libre pelas causas mais nobres. Dizemos, enfim, que é "Rei dos corações", por causa daquela inefável "caridade que excede a toda humana compreensão" (Ef. 3, 19); e porque sua doçura e sua bondade atraem os corações: pois nunca houve, no gênero humano, e nunca haverá quem tanto amor tenha ateado como Cristo Jesus".
"Profundemos sempre mais o nosso argumento. É manifesto que o nome e o poder de "Rei", no sentido próprio da palavra, competem a Cristo em sua Humanidade, porque só de Cristo enquanto homem é que se pode dizer: do Pai recebeu "poder, honra e realeza" (Dan. 7, 13-14). Enquanto Verbo, consubstancial ao Pai, não pode deixar de Lhe ser em tudo igual e, portanto, de ter, como Ele, a suprema e absoluta soberania e domínio de todas as criaturas".
Testemunho do Antigo Testamento: Que Cristo seja Rei, não o lemos nós na Escritura? Ele é o "Dominador oriundo de Jacó" (Núm, 24, 19), Ele o "Rei dado pelo Pai a Sião, sua Santa Montanha, para receber em herança as nações, e dilatar seu domínio até os confins da Terra" (Sl 2, 6-8), Ele o verdadeiro "Rei vindouro" de Israel, que o cântico nupcial nos representa sob os traços de um soberano opulento e poderoso, a quem se dirigem estas palavras: "O teu trono, ó Deus, subsistirá por todos os séculos: vara de retidão é a vara de teu reino" (Sl 44, 7). Omitindo muitos passos análogos, deparamos além, como, para delinear com maior nitidez a fisionomia de Cristo, vem predito que seu reino desconhecerá fronteiras e desfrutará os tesouros da justiça e da paz. "Nos dias d'Ele, aparecerá justiça e abundância de paz... E dominará de mar a mar, e desde o rio até os confins da Terra" (Sl 71, 7-8). A estes testemunhos, juntam-se mais numerosos ainda os oráculos dos Profetas, e notadamente a tão conhecida profecia de Isaías: "Já um pequenino se acha nascido para nós, e um filho nos foi dado, e foi posto o principado sobre o seu ombro; e o nome com que se apelide será Admirável, Conselheiro, Deus, Forte, Pai do futuro século, Príncipe da Paz O seu império se estenderá cada vez mais, e a paz não terá fim; assentar-se-á sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, para o firmar e fortalecer em juízo e justiça, desde então e para sempre" (Is 9, 6-7).
"Não é outro o modo como se expressam os demais Profetas. Assim fala Jeremias, quando prenuncia à descendência de Davi "um germe de justiça", esse filho de Davi, que reinará como Rei, "será sábio e obrará segundo a equidade e justiça na Terra" (Jeremias, 23, 5). Assim Daniel, quando prediz a constituição por Deus de um reino "Que não será jamais dissipado... e que durará eternamente" (Daniel, 2, 44). E pouco depois acrescenta: "Eu considerava estas coisas numa visão de noite, e eis que vi um, como o Filho do Homem, que vinha com as nuvens do Céu, e que chegou até o Antigo dos dias; e eles o apresentaram diante d'Ele. E Ele Lhe deu o poder, e a honra, e o reino; todos os povos, e tribos e línguas o servirão: o seu poder é um poder eterno, que Lhe não será tirado, e o seu reino tal, que não será jamais corrompido" (Daniel 7, 213-14). Assim Zacarias quando profetiza a entrada em Jerusalém, entre as aclamações do povo, do "Justo e Salvador", do Rei cheio de mansidão "montado sobre um jumento, e sobre o potro duma jumenta (Zac. 9,9). E não apontaram os Evangelistas o cumprimento desta profecia?
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