LEITURA
ESPIRITUAL - Dia 08 de outubro
"6. Este estado de coisas mostra, com evidência sempre
maior, o quanto é necessário que os católicos orem e supliquem a Deus com
fervor e perseverança "sem nunca cessar" (1 Tim 5, 17); e não somente
em particular, porém ainda mais em público. Reunidos nos sagrados templos,
conjurem Deus a se dignar, na sua infinita bondade, de livrar a sua Igreja
"dos homens insolentes e malvados" (1 Tim 3, 2), e a reconduzir os
povos ao caminho da salvação e da razão, na luz e no amor de Cristo.
7. Espetáculo incrível e maravilhoso! Enquanto o mundo
percorre o seu caminho tormentoso, fiado nas suas riquezas, na sua força, nas
suas armas e no seu engenho, a Igreja, com passo veloz e seguro, atravessa os
séculos, depositando a sua confiança somente em Deus, a quem, de dia e de
noite, ergue o olhar e estende as mãos súplices. Porque, embora na sua
prudência não desdenhe os socorros humanos todavia não é nestes meios que ela
deposita a sua principal esperança; mas sim na oração, coletiva e insistente,
levada ao seu Deus. Nesta fonte ela alimenta e fortifica a sua vida; porque,
elevando-se mediante a oração assídua, acima das vicissitudes humanas, e
mantendo-se constantemente unida a Deus, é-lhe dado viver, plácida e tranquila,
da própria vida de Cristo. E nisto ela é fiel imagem de Cristo, a quem o horror
dos tormentos, sofridos pelo nosso bem, nada diminuiu nem tirou da beatíssima
luz e da felicidade que lhe são próprias.
8. Este grande ensinamento do Cristianismo sempre foi
escrupulosamente praticado pelos cristãos dignos deste nome. Quando à Igreja ou
a quem lhe regia os supremos destinos estava iminente algum perigo, mercê da
perfídia e da violência de homens perversos, então com maior insistência e freqüência
elevavam os cristãos suas preces a Deus.
9. De tal costume achamos luminoso exemplo nos fiéis da Igreja
nascente, exemplo digno de ser proposto à imitação de todos os pósteros. Pedro,
Vigário de Cristo, Pontífice supremo de toda a Igreja, por ordem do ímpio
Herodes fora lançado no cárcere, e destinado a segura morte. Ninguém estava em
condições de lhe levar auxílio para o subtrair àquele perigo. Mas não faltava
esse auxílio único que a devota oração sabe obter de Deus. Como nos testemunha
a Sagrada Escritura, a Igreja elevava a Deus fervorosíssimas preces por ele:
"Mas a Igreja fazia a Deus contínuas preces por ele" (At 12, 5). E
tanto mais ardente se tornava o empenho da sua oração, quanto mais grave era a
angústia que eles experimentavam por aquela desventura. Todos sabem que essas
preces foram atendidas. Antes, todos os anos o povo cristão celebra sempre com
agradecida alegria a lembrança da miraculosa libertação de S. Pedro.
10. Outro exemplo, ainda mais luminoso, antes divino, dá -
no-lo o próprio Cristo, que se propusera encaminhar e formar na perfeição a sua
Igreja não só com os novos preceitos, mas também com a sua vida. Durante o
curso de toda a sua vida Ele se dedicara mui freqüente e longamente à oração.
Mas, nas suas horas supremas, quando, no horto de Getsêmani, a sua alma foi
invadida de uma angústia imensa e oprimida por uma tristeza mortal, Ele não
somente orava, porém "orava mais intensamente" (Lc 22, 43). E isto
Ele fez não para si mesmo, pois, como Deus, nada podia temer e de nada
precisava; mas fê-lo para nossa vantagem, e para vantagem da sua Igreja, cujas
futuras orações e futuras lágrimas desde então Ele generosamente fazia suas,
tornando fecundas umas e outras com a sua graça."
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