LEITURA ESPIRITUAL -
Dia 02 de outubro
"6. Nenhum de vós, ó Veneráveis Irmãos, ignora quantas
dores e quantas lágrimas, no fim do século XII, proporcionaram à Igreja de Deus
os hereges Albigenses, que, nascidos da seita dos últimos Maniqueus, haviam
infectado de perniciosos erros a França meridional e outras regiões do mundo
latino. Espalhando em torno de si o terror das armas, eles tramavam estender o
seu domínio pelos morticínios e pelas ruínas. Contra esses péssimos inimigos
Deus misericordioso suscitou, com vos é bem conhecido, um homem virtuosíssimo:
o ínclito padre fundador da Ordem dominicana [S. Domingos]. Insigne pela
integridade da doutrina, por exemplos de virtude e pelos seus labores
apostólicos, ele se preparou com intrépida coragem para travar as batalhas da Igreja
Católica, confiando não na força das armas, mas sobretudo na daquela oração que
ele, por primeiro, introduziu sob o nome do santo Rosário, e que, ou
diretamente ou por meio dos seus discípulos, depois divulgou por toda parte.
Visto como, por inspiração ou por impulso divino, ele bem sabia que, com o
auxílio desta oração, poderoso instrumento de guerra, os fiéis poderiam vencer
e desbaratar os inimigos, e forçá-los a cessar a sua ímpia e estulta audácia. E
é sabido que os acontecimentos deram razão à previsão. De feito, desde quando
tal forma de oração, ensinada por S. Domingos, foi abraçada e devidamente
praticada pelo povo cristão, de um lado começaram a revigorar-se a piedade, a
fé e a concórdia, e, de outro foram por toda parte quebradas as manobras e as
insídias dos hereges. Além disto, muitíssimos errantes foram reconduzidos à
trilha da salvação, e a loucura dos ímpios foi esmagada por aquelas armas que
os católicos haviam empunhado para reprimir a violência.
7. A eficácia e o poder da mesma oração foi, depois experimentada
também no século XVI, quando as imponentes forças dos Turcos ameaçavam impor a
quase toda a Europa o jugo da superstição da barbárie. Nesta circunstância, o
Pontífice S. Pio V, depois de estimular os soberanos cristãos à defesa de uma
causa que era a causa de todos, dirigiu todo o seu zelo a obter que a
poderosíssima Mãe de Deus, invocada por meio do santo Rosário, viesse em
auxílio do povo cristão. E a resposta foi o maravilhoso espetáculo então
oferecido ao Céu e à terra; espetáculo que empolgou as mentes e os corações de
todos! Com efeito, de um lado os fiéis, prontos
a dar a vida e a derramar o sangue pela incolumidade da religião e da
pátria, junto ao golfo de Corinto esperavam impávidos o inimigo; de outro lado,
homens inermes, em piedosa e suplicante falange, invocavam Maria, e com a
fórmula do santo Rosário repetidamente a saudavam, a fim de que assistisse os
combatente até à vitória. E Nossa Senhora, movida por aquelas preces, os
assistiu: porquanto, havendo a frota dos cristãos travado batalha perto de
Lepanto, sem graves perdas dos seus, desbaratou e matou os inimigos, e alcançou
uma esplêndida vitória. Por este motivo o santo Pontífice, para perpetuar a
lembrança da graça obtida, decretou que o dia aniversário daquela grande
batalha fosse considerado festivo em honra da Virgem das Vitórias; festa que
depois Gregório XIII consagrou sob o título do Rosário.
8. Igualmente são conhecidas as vitórias alcançadas sobre as
forças dos Turcos, durante o século passado, primeiramente perto de Timisoara, na
Rumânia, e depois perto da ilha de Corfu: em dois dias dedicados à grande
Virgem, e após muitas preces a ela elevadas sob a forma do Rosário. Esta foi a
razão que levou o Nosso Predecessor Clemente XI a estabelecer que, em prova de
gratidão, a Igreja toda celebrasse cada ano a solenidade do santo
Rosário."
(Encíclica "SUPREMI APOSTOLATUS" de Leão XIII).
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