LEITURA ESPIRITUAL - Dia 13 de outubro
"22. Há alguns que creem as coisas que havemos
relembrado; mas, depois, vendo não haver sido ainda alcançado nada daquilo que
se esperava - e em primeiro lugar a paz e a tranquilidade
da Igreja, - antes vendo a situação
tornar-se sempre mais ameaçadora, como cansados e desconfiados diminuem a
assiduidade e o ardor da sua oração. Mas estes deveriam, em primeiro lugar,
refletir, e fazer com que as orações por eles dirigidas a Deus sejam dotadas
dos requisitos que, segundo preceito de Cristo Senhor Nosso, são necessários.
E, depois, se as suas orações fossem realmente tais, deveriam eles além disso
considerar que é coisa indigna e culposa o querer fixar a Deus o momento e o
modo de vir em nosso socorro, a Deus que não nos deve nada; tanto que, quando
Ele atende a quem lhe ora, e quando "coroa os nossos méritos, na realidade
não coroa outro coisa senão os seus próprios dons" (S. Agost., Epist. 194
al. 105 ad Sixtum, c. 5, n. 19); e, quando não secunda os nossos desejos,
comporta-se providencialmente como um bom pai para com seus filhos, o qual tem
piedade da estultícia destes, e olha sempre à sua verdadeira utilidade.
A oração pela Igreja
e a oração da Igreja
23. Mas Deus
acolhe benignamente e atende as orações que, amparadas pela intercessão dos
Santos, devotamente lhe erguemos para torná-lo propício à sua Igreja; seja
quando para a sua Igreja pedimos os bens mais altos e eternos, seja quando
pedimos bens importantes e temporais, mas, em todo caso, úteis àqueles. Com
efeito, a tais orações adita valor e imensa eficácia, com suas orações e seus
méritos, Nosso Senhor Jesus Cristo, que "amou a Igreja e deu-se a si mesmo
por ela, com o fim de santificá-la... para fazer aparecer diante de Si mesmo,
gloriosa, a Igreja" (Ef. 5, 25-27); Ele que lhe é o Pontífice supremo,
santo, inocente, "sempre estando vivo, para poder interceder por
nós"; Ele que, nas suas orações e súplicas - cremo-lo por fé divina -
sempre consegue o seu intento.
24. Portanto, no que diz respeito aos interesses da Igreja,
é sabido que as mais das vezes ela deve lutar com adversários formidáveis por
ódio e poder; e sobejas vezes deve ela doer-se de que pelos seus inimigos lhe
sejam arrancados os seus bens, limitada e oprimida a sua liberdade, atacada e
desprezada a sua autoridade, e, em suma, infligidos danos e violências de todo
gênero. E, se nos perguntarem por que razão a maldade destes não chega ao
cúmulo de injustiça que eles se propõem e se esforçam por atingir, e, de outra
parte, por que razão a Igreja, mesmo no meio de tantas vicissitudes, refulge
sempre, conquanto de modos diversos, da mesma grandeza e da mesma glória, e
continua a progredir, justo é atribuir a verdadeira causa de um e de outro fato
ao poder da oração unânime da Igreja; não podendo humanamente explicar-se como
a iniquidade, mesmo tão descarada, seja contida dentro de limites tão
estreitos, ao passo que a Igreja, embora mantida em opressão, alcança sem
embargo, tão esplêndidos triunfos. E isto aparece ainda mais evidente no campo
desses bens de que a Igreja se serve para conduzir os homens à posse do bem
supremo. Visto haver ela nascido justamente para esta missão, a sua oração deve
ter uma grande eficácia em obter que se cumpra perfeitamente sobre os homens o
desígnio da providência e misericórdia de Deus; de modo que, quando os homens
oram com a Igreja e por meio da Igreja, em definitivo impetram e obtêm aquilo
que "desde a eternidade Deus onipotente dispusera conceder" (S.
Tomás, II-II, q. 83, a. 2; de S. Greg. Magno).
(Encíclica "OCTOBRI MENSE" de Leão XIII).
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