LEITURA ESPIRITUAL - Dia 21 de outubro
"6. Mas há outra utilidade, não menos importante, que
do Rosário a Igreja espera para seus filhos, ou seja, a de empenhá-los em
conformar a sua vida e os seus costumes às normas e aos preceitos da santa fé.
De todos é conhecida a divina afirmação de que "a fé sem as obras é
ineficaz" (Tiago 2, 20); porque a fé haure vida da caridade, e a caridade
se manifesta numa floração de ações santas. Por isto o cristão certamente não
tirará nenhum proveito da sua fé para a aquisição da eternidade, se por esta
sua fé não houver inspirado a sua conduta. "Que adianta, irmãos meus, se
um diz que tem fé, mas não tem as obras? Acaso poderá salvá-lo a fé?"
(Tiago 2, 14). Antes, tais cristãos serão por Cristo Juiz bem mais asperamente exprobrados do que aqueles
míseros que não conhecem nem a fé nem a moral cristã; porque estes últimos não creem
de um modo e vivem de outro, como sem razão fazem aqueles outros, mas, sendo
privados da luz do Evangelho, têm uma certa atenuante, ou certamente a sua
culpa é menos grave. Ora, a contemplação dos mistérios propostos no Rosário
ajuda a fazer brotar da nossa fé uma abundante e alegre messe de frutos, porque
incita maravilhosamente a alma a propósitos de virtude. Ora, que sublime e
esplêndido exemplo nos oferece, sob todos os aspectos, a obra de salvação
realizada por Nosso Senhor Jesus Cristo! O grande, o onipotente Deus, impelido
por um excesso de amor para conosco, abaixa-se até à condição do mais mísero
homem; entretém-se conosco como um de nós; conversa fraternalmente, ensina os
indivíduos e as multidões em toda ordem de justiça; mestre eminente pela sua
palavra, Deus pela sua autoridade. Mostra-se pródigo de benefícios para com
todos; cura os que sofrem de moléstias corporais, e com misericórdia paternal
leva alívio às moléstias, mais graves estas, da alma; de modo particular
volve-se para aqueles que estão abatidos pela dor, ou estão oprimidos pelo peso
das suas inquietações, e convida-os: "Vinde a mim, vós todos que estais
fatigados e oprimidos e eu vos consolarei" (Mt 11, 28). Quando, pois,
repousamos nos seus braços, Ele nos inspira algo desse místico fogo que trouxe
aos homens; infunde-nos amorosamente algo da mansidão e da humildade de sua
alma; e deseja que, pela prática destas virtudes, nós nos tornemos participantes da paz verdadeira e estável, de que Ele é o autor. "Aprendei de mim, que
sou manso e humilde de coração; e achareis repouso para vossas almas" (Mt
11, 29). Todavia, em compensação de tanta luz de sabedoria celeste e da abundância
de tão excepcionais benefícios, que deveriam granjear-lhe a gratidão dos
homens, Ele sofreu o ódio e os insultos mais atrozes; sem embargo, quando,
pregado na cruz, derrama todo o seu sangue, não tem desejo mais ardente do que
este: por meio da sua morte regenerar os homens para a vida. Absolutamente não
é possível que alguém considere e contemple atentamente estes belíssimos
testemunhos de amor do nosso Redentor, sem arder de viva gratidão para com Ele.
Antes, a fé, se for autêntica, terá então um poder tal, que, iluminando o mente
do homem e comovendo-lhe o coração, com que o arrastará a seguir as pegadas de
Cristo, através de todos os obstáculos, até fazê-lo prorromper naquele protesto
digno de Paulo: "Quem nos separará do amor de Cristo? a tribulação. ou a
angústia, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a perseguição. ou a espada?
(Rom. 8, 3)". "... Já não vivo eu, mas vive em mim Cristo" (Gál.
2, 20)."
Encíclica "MAGNAE DEI MATRIS" de Leão XIII).
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