LEITURA
ESPIRITUAL - Dia 28 de outubro
[Confiança em Maria como mediadora nas orações vocais].
"8. Para este mesmo fim, em perfeita harmonia com os
mistérios, tende a oração vocal. Procede, como é justo, a oração dominical
dirigida ao Pai celeste. Em seguida, após haver invocado o mesmo Pai com a mais
nobre das orações, do trono da sua majestade a nossa súplica volve-se para
Maria, em obséquio à lembrada lei da sua mediação e da sua intercessão,
expressa por S. Bernardino de Sena com as seguintes palavras: "Toda graça
que é comunicada a esta terra passa por três ordens sucessivas. De Deus é
comunicada a Cristo, de Cristo à Virgem, e da Virgem a nós" (S. Vern. Sen., Serm. VI in festis B.
M, V., De Annunc., a. 1, c. 2). E nós, na recitação do Rosário, passamos por
todos os três graus desta escala, em diversa relação entre eles; porém mais
longamente e de certo modo com mais gosto, detemo-nos no último, repetindo por
dez vezes a saudação angélica, como que para nos elevarmos com maior confiança
aos outros graus, isto é, por meio de Cristo a Deus Pai. Porquanto, se tornamos
a repetir tantas vezes a mesma saudação a Maria, é para que a nossa oração,
fraca e defeituosa, seja reforçada pela necessária confiança, confiança que
surge em nós se pensarmos que Maria, mais do que rogar por nós, roga em nosso
nome. De certo as nossas vozes serão mais agradáveis e eficazes na presença de
Deus se forem apoiadas pelos rogos da Virgem; à qual Ele mesmo dirige o amoroso
convite: "Ressoe a tua voz ao meu ouvido, porque suave é a tua voz"
(Cânt. 2, 14). Por esta mesma razão, no Rosário nós tornamos tantas vezes a
celebrar os seus gloriosos títulos de Mediadora. Em Maria saudamos aquela que
"achou favor junto a Deus"; aquela que foi por Ele, de modo singularíssimo,
"cumulada de graça", para que tal superabundância se entornasse sobre
todos os homens; aquela a quem o Senhor está unido pelo vínculo mais estrito
que existir possa; aquela que, "bendita entre as mulheres", "só
ela dissolveu a maldição e trouxe a bênção" (S. Tom., op. VIII, sobre a
saudação angélica, n. 8), ou seja o fruto bendito do seu seio, no qual
"todas as nações são benditas";
aquela, enfim, que invocamos como "Mãe de Deus". Pois bem, em
virtude de uma dignidade tão sublime, que coisa haverá que ela não possa pedir
com segurança "para nós pecadores", e, por outro lado, que coisa
haverá que não possamos esperar nós, em toda a vida e nas nossas extremas
agonias?
9. Quem com toda diligência houver recitado estas orações e
meditado com fé estes mistérios, não poderá deixar de admirar os desígnios
divinos que uniram a Virgem Santíssima à salvação dos homens; e, com comovida
confiança, desejará refugiar-se sob a sua proteção e no seu seio, repetindo a
súplica de S. Bernardo: "Lembrai-vos, ó piedosíssima Virgem Maria, que
nunca se ouviu dizer que alguém que tenha recorrido à vossa proteção, implorado
o vosso auxílio, invocado a vossa intercessão, tenha sido por vós
desamparado".
(Encíclica "JUCUNDA SEMPER" de Leão XIII).
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