LEITURA
ESPIRITUAL - Dia 09 de outubro
"11. Mas, depois que, por virtude do mistério da Cruz,
foi realizar a salvação do gênero humano, e depois que, com o triunfo de
Cristo, a Igreja foi plenamente constituída dispensadora da sua salvação, desde
então a Providência preparou e estabeleceu para este novo povo uma ordem nova.
12. As disposições da divina Sabedoria devem ser olhadas com
profunda veneração. O Filho eterno de Deus, querendo assumir a natureza humana
para redimi-la e nobilitá-la, e portanto para contrair um místico consórcio com
o gênero humano, não deu cumprimento a este seu desígnio senão depois de obter
o livre consentimento daquela que fora designada para sua Mãe, e que, em certo
sentido, representava todo o gênero humano; segundo a célebre e veracíssima
sentença do Aquinate: " Por meio da Anunciação aguardava-se o consentimento da Virgem, em
nome e em representação de toda a natureza humana" (S. Tomás, 3, q. 30, a,
1). Por consequência, pode-se com toda verdade e rigor afirmar que, por divina
disposição, nada nos pode ser comunicado, do imenso tesouro da graça de
Cristo -
sabe-se que "a glória e a verdade vieram de Jesus Cristo" (Jo
1, 17), - senão por meio de Maria. De modo que, assim
como ninguém pode achegar-se ao Pai Supremo senão por meio do Filho, assim
também, ordinariamente, ninguém pode achegar-se a Cristo senão por meio de sua
Mãe.
13. Quanta sabedoria e misericórdia resplandece nesta
disposição da Divina Providência! Que compreensão da debilidade e fragilidade
humana! De fato, nós cremos na infinita bondade de Cristo, e por ela lhe
rendemos louvor; mas também cremos na sua infinita justiça, e desta temos
temor. Sentimos uma profunda gratidão pelo amor do Salvador, que por nós deu
generosamente o seu Sangue e a sua vida; mas, ao mesmo tempo, tememo-Lo no seu
caráter de Juiz inexorável. Apreensivos pela consciência dos nossos pecados,
precisamos, por isto, de um intercessor e de um patrono que, de um lado, goze
em alto grau do favor divino, e, de outro, seja de ânimo tão benévolo que a
ninguém recuse o seu patrocínio, nem mesmo aos mais desesperados, e ao mesmo
tempo infunda confiança na divina clemência àqueles que, abatidos, jazem no
desconforto.
Mãe de Deus e Mãe dos
homens
14. Pois bem: essa eminentíssima criatura é justamente
Maria: certamente Ela é poderosa, porque é Mãe de Deus onipotente, porém - o
que é mais consolador - é amorosa, de uma extrema benevolência, de uma
indulgência sem limites. Tal no-la deu o próprio Deus, que, havendo-a escolhido
para Mãe de seu Unigênito, infundiu-lhe, por isso mesmo, sentimentos
requintadamente maternos, capazes somente de bondade e de perdão. Tal no-la
mostrou Jesus, quer quando consentiu em ser sujeito e obedecer a Maria, como um
filho a sua mãe, que quando, do alto da Cruz, confiou às suas amorosas
solicitudes todo o gênero humano, na pessoa do discípulo João. Tal, enfim, se
mostrou ela mesma quando, acolhendo generosamente a pesada herança que lhe
deixava seu filho moribundo, desde aquele momento começou a cumprir, para com
todos, os seus deveres de Mãe."
(Encíclica "OCTOBRI MENSE" de Leão XIII).
Nenhum comentário:
Postar um comentário