LEITURA
ESPIRITUAL - Dia 22 de outubro
"7. Mas, para que nós, aterrados pela consciência da
nossa natural fragilidade, não desfaleçamos em face dos exemplos
verdadeiramente sublimes de Cristo, Deus e Homem, juntamente com os seus
mistérios oferecem-se à nossa contemplação os mistérios da sua Mãe Santíssima.
Ela descende, é verdade, da linhagem real de Davi; mas da riqueza e do
esplendor dos seus antepassados não lhe resta mais nada; leva um vida obscura,
numa humilde cidade, e numa casa ainda mais humilde; tanto mais satisfeita com
a sua solidão e com a sua pobreza quanto pode, com coração mais livre,
elevar-se a Deus, e unir-se totalmente ao seu sumo e desejadíssimo bem. Mas o
Senhor está com ela, e cumula-a e a faz bem-aventurada da sua graça. E é
justamente ela que o celeste mensageiro designa como a mulher da qual, por
virtude do Espírito Santo, deverá vir para entre nós homens o esperado Salvador
das gentes. Quanto mais ela admira a sublime altura da sua dignidade, e por ela
rende graças à onipotente e misericordiosa benignidade de Deus, tanto mais se
humilha e se julga destituída de toda virtude. E, enquanto se Lhe torna a Mãe, sem hesitação
se proclama e se protesta sua escrava. E, conforme santamente prometeu, santa e
prontamente estabelece desde então uma perpétua comunhão de vida com seu Filho
Jesus, tanto na alegria como no pranto. Assim ela atingirá tal altura de glória
qual nenhum homem nem Anjo poderá jamais atingir, porque ninguém poderá ser-lhe
jamais comparado em virtude e em méritos. Assim, a ela caberá a coroa do Céu e
da terra, porque ela se tornará a invicta Rainha dos mártires. Assim, na
celeste cidade de Deus, ela se assentará, eternamente coroada, junto de seu
Filho, porque constantemente, durante toda a sua vida, porém de modo particular
no Calvário, beberá com Ele o cálice transbordante de amargura. Eis, portanto,
que a bondade e a Providência divina nos deu em Maria um modelo de todas as
virtudes, todo feito para nós. Porque, considerando-a e contemplando-a, as
nossas almas já não ficam ofuscadas pelos fulgores da divindade, senão que
atraídas pelos vínculos íntimos de uma comum natureza, com maior confiança se
esforçarão por imitá-la. Se,amparados pelo seu eficaz auxílio, nós nos
dedicarmos com todas as nossas forças a esta obra, certamente conseguiremos
reproduzir em nós ao menos algum traço de tão grande virtude e santidade; e,
depois de havermos imitado a sua admirável conformidade com as divinas vontades,
poderemos juntar-nos a Ela no céu. Se bem que a nossa peregrinação terrena seja
áspera e eriçada de dificuldades, caminhemos intrépidos e corajosos rumo à
meta. E, nas nossas penas, nos nossos trabalhos, não cessemos de estender para
Maria as nossas mãos súplices, dizendo com a Igreja: "A vós suspiramos,
gemendo e chorando neste vale de lágrimas... Eia, pois, esses vossos olhos
misericordiosos a nós volvei! Dai-nos uma vida pura, preparai-nos uma trilha
segura, para que possamos gozar eternamente da vida de Jesus" (Da sagrada liturgia).
E ela, que, mesmo sem jamais a haver experimentado, conhece a fraqueza e a
corrupção da nossa natureza, ela que é a melhor e a mais solícita de todas as
mães, oh! como virá propícia e pressurosa em nosso auxílio! E com que ternura
nos consolará! Com que força nos sustentará! Percorrendo a trilha, consagrada
pelo Sangue de Cristo e pelas lágrimas de Maria, também nós chegaremos, segura
e facilmente, à participação da bem-aventurada glória."
(Encíclica " MAGNAE DEI MATRIS" de Leão XIII).
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