LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA
A nossa oração, antes de se elevar para o Céu, deverá
repousar sobre o Cálice do Sangue de Jesus para subir com mais força para o
trono de Deus. Se oramos sem esta união ao Sangue Divino, que poderemos dizer a
Nosso Senhor? Que eficácia poderão ter junto d'Ele as palavras d'uma alma
abandonada a si mesma. Devemos, portanto, fazer mergulhar a parte mais viva do
nosso coração no Sangue de Jesus. Será, antes, a nossa própria alma que se
vestirá com a púrpura daquele Sangue divino para se tornar digna de falar com o
Eterno Deus. Ah!, caríssimos, aquele Sangue, mais eloquente que o de Abel, dará
ao meu coração a beleza do amor que tanto apraz a Deus; dará às nossas palavras
a harmonia doce e sublime que tanto agrada a Deus; dar-nos-á o poder
maravilhoso que subjuga a criatura à vontade soberana de Deus. Ao orarmos, à
medida que a nossas palavras, banhadas no Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo,
subirem como uma onda de incenso para o céu, este se despirá de suas nuvens e
nos aparecerá mais sereno e luminoso, e depois se abrirá para deixar penetrar
até ao trono de Deus a voz das minhas dores, das minhas esperanças, dum amor
que chora e goza ao mesmo tempo. Oraremos, e Deus voltando-Se benigno para nós,
deixará cair das mãos os flagelos da sua justiça, e nos abrirá os tesouros da
sua misericórdia. Oraremos, e a voz da nossa alma peregrina sobre a terra,
confundir-se-á com o hino das almas que repousam na Pátria, formando um só
cântico, que ecoará no próprio coração
de Deus. Tudo isto indica que nós oramos com o coração cheio do Sangue de
Jesus! que nós oramos com os lábios purpurados com o Sangue de Jesus!
Nós, degredados filhos de Eva e Adão, neste vale de
lágrimas, estamos condenados à fatiga; mas a homenagem da nossa fadiga não é
aceita de Deus se não passa por Jesus. E Jesus lá está sobre o altar, lá nos
espera no Cálice, para santificar com o seu Sangue todas as nossas obras do
dia. O que nós fazemos durante o dia é coisa tão vulgar, que o mundo muitas
vezes nem sequer se digna lançar-lhe um olhar; contudo, se nós quisermos,
podemos torná-lo tão precioso, que os anjos venham à porfia tomá-lo das nossas
mãos para apresentá-lo à Majestade de Deus. Basta que banhemos todas as nossas
obras cotidianas no Sangue de Jesus.
Ó todos aqueles que
estão submetidos a trabalhos humildes e vis; ó almas generosas, votadas a um
serviço fatigante, ingrato e por vezes repugnante, de doentes que nem sabem
sequer dizer um obrigado ao vosso
heroísmo; ó pobres operários, pacientes sob o peso duma fadiga superior às
vossas forças, desprezados naquela fé que é o único conforto que vos ficou na
vossa pobreza; ó vós todos que comeis um pão escasso e duro, recordai que o
Cálice está lá no altar para vós. Fazei-O derramar sobre a vossa fronte de modo
que fiquem purpurados os vossos suores e as vossas faces macilentas e quiçá
precocemente envelhecidas; fazei-O cair sobre os vossos braços para que recebam
força e vigor, sobre as vossas fadigas para que sejam aliviadas, sobre todos os
vossos trabalhos do dia para que resplendam com a mesma luz de Jesus. Os
soberbos da terra farão obras maravilhosas, mas aquelas obras, sem Jesus, serão
como uma fumaça que apenas aparece logo se esvai; as vossas, ao contrário, não
despertarão nem sequer por um instante a atenção dos soberbos, mas passando
pelo Cálice do Sangue de Jesus, despertarão a admiração dos santos, atrairão as
complacências de Deus.
Caríssimos, li agora uma notícia comovente: um pai cruza os
EUA de bicicleta (quase 5 mil km) para ouvir o coração da filha bater no peito
de um homem no qual foi feito o transplante. Este fato deu-me a inspiração no
término desta leitura espiritual. Deus, o nosso Pai que está no Céu, com que complacência
não deverá ver e receber as nossas
orações, trabalhos e dores banhados no Sangue de Seu Filho e colocados em seu Coração!!!
Amém!
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