LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA
1. Do princípio aos Evangelho.
Volvei, ó meu Deus, um olhar de bondade sobre este altar.
Aqui finalmente, vos posso oferecer um sacrifício digno da vossa Majestade infinita.
Ofereci-Vos já o humilde trabalho das minhas mãos, as penas do meu coração, as
lágrimas dos meus olhos. Mas o que são estas oblações tão mesquinhas perante as
exigências da vossa justiça e os direitos do vosso amor? Mas, eis aqui um
sacrifício em tudo digno de Vós: eis o Sangue sacratíssimo do vosso Filho
Jesus! Eu vo-lo ofereço com a alma trêmula pela grandiosidade e o valor da
mesma oferta, mas com a certeza de que será plenamente agradável à vossa
infinita Majestade. Ó grande Deus, recordai a bondade imensa com que acolhestes
um dia as ofertas simples do inocente Abel, recordai com quanta complacência
contemplastes o sacrifício de Abraão, recordai quanto serviram para acalmar a
vossa Justiça as milhares de vítimas em homenagem de adoração no Templo de
Jerusalém. Recordai, ó meu Deus, recordai que uma só gota do Sangue de Jesus
vale infinitamente mais que todas as vítimas antigas; que só aquele Calvário
purpurado de um Sangue divino vale mais que um mundo inteiro inundado de sangue
humano. E este Sangue de Jesus sou eu que hoje vo-lo ofereço! Eu me uno com o
pensamento e com o coração ao vosso sacerdote que está celebrando. Eu que com o
desejo e com todo o amor vo-lo apresento naquele Cálice que e daqui a pouco
será levantado ao alto entre as mãos do vosso ministro... Ó meu deus, quanto me
sinto grande e aventurado, neste momento! Pensar que Vos ultrajei até tirar a
vida a vosso Filho... e agora poder oferecer-Vos o Seu Sangue para Voa fazer
perdoar o meu delito consumado!
2. Do Evangelho à Elevação.
Deveria ser eu a vítima expiatória dos meus pecados; mas
ainda que o meu sangue corresse todo pelos degraus deste altar, ainda que o meu
corpo fosse esquartejado e calcado aos pés, ainda que exalasse o espírito em
suplícios horrendos, bastaria porventura o meu sacrifício por si só para apagar
a menor das minhas venialidades? Aceitai, pois, ó meu Deus, o Sangue de Jesus
em satisfação de todas as minhas culpas: eu vo-Lo ofereço como satisfação
devida à vossa Justiça infinita, que eu ultrajei de tantas maneiras; e enquanto
este Sangue sobe até Vós em holocausto de expiação, desça também sobre a minha
alma em lavacro de perdão e de purificação. Tenho já chorado as minhas culpas,
é verdade, mas tantas lágrimas derramadas ainda me não restituíram a inocência
perdida... ah! é só das veias de Jesus e do seu Sagrado Coração que pode cair
uma chuva santa capaz de apagar todas as minhas iniquidades. Volvei, ó meu Deus
o vosso olhar para este Sangue precioso! Ele passou através do Coração de
Jesus, e é, portanto, um sangue que fez palpitar o maior amor que da terra tenha
sido elevado para o Céu. Fez pulsar aquele Coração com as palpitações duma contrição
infinitamente viva e profunda... a dor comprimiu-O como que dentro dum tenaz de
ferro e fê-Lo espirrar da fronte e de toda a pessoa de Jesus até correr pela
terra. É um Sangue que, à calma suave da inocência, reúne os frêmitos santos do
zelo pela vossa causa. É um Sangue que tem já lavado as culpas de mil gerações,
e não terá o poder de lavar as minhas? É um Sangue que durante tantos séculos
tem aplacado a vossa ira, e só hoje, que se trata de mim, não terá o poder de
mover-Vos à compaixão? Agora, logo após à Elevação do Cálice, direi: "Ó
Sangue de Cristo, inebriai-me de amor por Vós! Amém!
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