LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA
Com todo direito, Jesus na Eucaristia, Corpo, Sangue, Alma e
Divindade, espera dos penitentes e comungantes uma fé mais viva e um amor mais
ardente. Sobretudo nestes dois sacramentos, Confissão e Comunhão, a tibieza causa náuseas a Nosso Senhor Jesus
Cristo. Pois, no Sacramento da Penitência Jesus, com seu Sangue divino, lava
com todo amor a alma do penitente. É o Sacramento, obra-prima da Sua misericórdia. Na Eucaristia, Jesus se nos
dá inteiramente como alimento para nos fortalecer, vivendo unidos estreitamente
a Ele. Fica também no Sacrário para ser o nosso confidente. Se temos fé viva na
presença real de Jesus na Eucaristia, não há explicação para comunhões frias, não
tem explicação para umas visitas tão raras e rápidas. Jesus Cristo merece mais
amor, aliás todo nosso amor, um amor ardente! Vamos meditar nos lamentos que
Jesus faz, e com toda razão, às almas frias, tíbias e de amor medíocre.
JESUS CRISTO: Eu desejo ver-te, ó alma remida e lavada pelo
meu Sangue, com um coração mais contrito, mais cheio de dor, por ter Me
ofendido, mesmo quando só com pecados veniais, mas plenamente deliberados. É
muito de temer, ó alma remida com Meu Sangue, que caias, e pior, que permaneças
na tibieza. É preciso ter muito cuidado para não cair na rotina, isto é,
confessar-se e comungar mais por costume, quase por uma simples formalidade. E
se a confissão é feita com tibieza, igualmente farás a comunhão. Desejo, ó alma
minha remida, ver-te muitas vezes a meus pés, e desejo ainda mais entrar no teu
coração. Às vezes, porém, quase que me fazes arrepender deste meu desejo. Vens
à minha presença para adorar-me e fazer a Comunhão com tão poucas disposições,
que quase me arrependeria de te ter chamado. Não quero dizer que tu cometas
sacrilégios, não; mas poderias ser muito mais fervorosa do que és. Não pretendo
de ti virtudes heroicamente extraordinárias, porque não tens ainda ânimo para
tanto. Esse é o ideal! Mas pelo menos por enquanto é preciso que faças alguma
violência ao teu caráter, um pouco mais de atenção na oração, em pouco de
empenho em corrigir-te dos teus defeitos. Talvez, ó alma remida pelo Meu
Sangue, achas estas coisas muito difíceis. Pensa, minha filha, que Eu não
poupei nada por teu amor, derramei todo o meu Sangue para tua salvação. Quero
que este Sangue continue a inebriar-te dum amor ardente. No entanto, vens à
Comunhão, não digo com uma vontade má, mas com uma vontade entorpecida.
Pretenderias que Eu fizesse tudo com a minha graça, e fizesse de ti uma santa
alma sem exigir-te esforço algum e muito menos um sacrifício? Desejarias vir
aqui, adormecer-te sobre o meu Coração e depois de meia hora despertares já
toda outra, com as tuas paixões subjugadas com uma espécie de imunidade de toda
a tentação, com uma natureza totalmente inclinada ao bem? Desde que tenhas
evitado o pecado mortal, fazendo uma preparação qualquer, vens ter comigo
julgando teres feito o bastante, e esperas que Eu te infunda no coração uma
santidade já pronta e acabada? Como te enganas!... Para que a Comunhão produza
efeitos grandes, é preciso dispor-se com uma vontade um pouco mais enérgica que
a tua. Não quero dizer que seja preciso uma preparação extraordinária à maneira
dos santos, mas ao menos deves fazer aquilo que podes, e fazê-lo todo. Não se
chega às alturas dos santos, de uma vez. Mas para lá chegar é preciso esforço
contínuo. Por exemplo: durante o dia, algum ato de virtude podes fazê-lo se
quiseres que a ocasião não te falta. Portanto, desperta-te deste sono da
tibieza, e quando se te apresentar oportunidade de calar, de humilhar-te, de
mortificar-te, de usares de caridade, de perdoares uma ofensa, de seres gentil
para com uma pessoa antipática, não a deixes passar em vão; e pensa que vindo à
Comunhão apresentando-me algum destes atos de virtude, dar-Me-ás muito mais
satisfação do que recitando-Me muitas orações... As palavras agradam-Me, mas as
virtudes enamoram-Me. Portanto, ó alma querida remida por Meu Sangue, se queres
realmente que Eu me enamore de ti, sê um pouco mais virtuosa, e consegui-lo-ás.
Amém!
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