Extraído do Livro "JESUS, REI DE AMOR" escrito pelo Beato Padre Mateo Crawley-Boevey SS. CC.
"Foi em um 25 de Março que o Espírito Santo, adaptando um corpo ao Verbo de Deus no seio virginal de Maria, ungiu-O Sumo Sacerdote para a glória da Trindade e constituiu-O Vítima redentora de Adão e da sua descendência... Assim o afirma a Igreja na oração da Missa, tão bela, do Sacerdócio de Jesus Cristo: "Ó Deus, que, para a glória de tua Majestade e para a redenção do gênero humano, constituíste Sumo e Eterno Sacerdote o Teu Filho Unigênito..."
Pela Encarnação tornou-se o Filho de Deus, como Filho do homem, capaz de sofrer, de agonizar e de morrer, Ele, a Imortalidade e a Vida! E, encarnado-se para cumprir a vontade do Pai, o Verbo entregou-se à morte "porque Ele mesmo o quis".
Com efeito, Ele descera como Messias e Salvador "para salvar o que tinha perecido".
Viera para oferecer-se em holocausto de valor infinito, sacrifício por excelência, sacrifício da Nova Aliança.
Ah! como é perturbadora e emocionante a consideração de que, podendo salvar-nos em um Tabor resplandecente de glória e de delícias, preferiu, por puro amor, a loucura e a ignomínia da Cruz!
Dito isto, entremos em matéria, a alma cheia de júbilo. Queira Deus que por meio desta meditação se deixem as almas arrebatar pelo Mistério augusto de que tratamos. Mais do que nunca, esteja conosco o Espírito Santo!
Que é a Santa Missa segundo a doutrina da Igreja?
O Sacrifício é a Adoração de Jesus Cristo, Deus-Homem, que louva a Trindade no Altar, como no Calvário. Ele O glorifica, assim como O glorificava no Céu, "antes que houvesse mundo".
Sim! o Filho de Deus, Pontífice e Hóstia, o próprio Deus, adora a Deus, Seu Pai.
Sua adoração é divina!
Que é, em essência, o drama eucarístico? O Sacrifício é a Expiação perfeita que Jesus Cristo, Deus e Homem, oferece no Altar ao Pai, gravemente ofendido pela revolta criminosa do pecado. Ele é portanto o Cordeiro Imaculado que se imola, da aurora ao ocaso, oferecendo o seu preciosíssimo Sangue em holocausto por nossos inúmeros pecados, para salvação dos pecadores.
Sua Ação de Graças é divina!
Que é, teologicamente, a Missa? O Santo Sacrifício é a Eucaristia, isto é, a Ação de Graças que Jesus Cristo, Deus e Homem, oferece ao Pai em nome de seus filhos, cumulados de benefícios, porém ingratos!... Sem esta suprema ação de graças, nossa negra ingratidão atrairia o raio da justiça divina.
Ah! quantos benefícios temporais e espirituais devemos agradecer ao Céu! O Batismo de água; o batismo de sangue no Calvário; o batismo de fogo no Cenáculo, no maravilhoso Pentecostes; a nossa filiação divina, filhos adotivos que somos do Pai.
O oceano de graças dos Sacramentos.
A arca de salvação que é a Igreja, e, nela, a rocha que é o Pontífice Romano. A Maternidade divina e a Mediação Universal de Maria, e todos os seus privilégios, que são outras tantas graças para nós.
O dom dos dons que é a Eucaristia-Sacrifício e a Eucaristia-Sacramento, até a consumação dos séculos: "Amou-os até o fim!"
Sua Impetração é divina!
Em que consiste ainda este indizível prodígio do Altar? O Santo Sacrifício é a Impetração do Cristo Jesus que, no pleno conhecimento de nossa grande indigência moral, roga ao Pai, com sabedoria tão grande quão misericordiosa, uma chuva de bênçãos e de graças que somente Ele conhece, e somente Ele nos pode obter... Pois disse: "O Pai me ouve sempre!"
Ele permanece nosso Advogado, cujo clamor incessante em nosso favor se eleva até o Trono do Altíssimo... Incomparavelmente melhor do que Moisés, Jesus Cristo no Altar eleva Suas mãos suplicantes, perfuradas, e nos protege contra os rigores da justiça. E desta forma os favores que Ele nos obtém excedem de muito o número das nossas ofensas.
Sua Expiação é divina!
Melhor fecho não poderíamos encontrar, para tão graves e comoventes reflexões, do que a definição textual do Santo Sacrifício, dada por Sua Santidade o Papa Pio XII.
Ei-la: "O Sacrifício eucarístico consiste essencialmente na imolação incruenta da Vítima divina, imolação misticamente indicada pela separação das Santas Espécies e por sua oblação ao eterno Pai. A Santa Comunhão assegura a integridade do Sacrifício e tem por fim d'Ele fazer-nos participar sacramentalmente; a Comunhão, porém, absolutamente necessária para o Ministro sacrificador, é, para os fiéis, apenas vivamente recomendável".
Façamos aqui uma pequena pausa: a beleza das reflexões que precedem bem merece um comentário, não longo, porém cheio de ardor e de luz. Que se rompa em saborosas migalhas este pão de doutrina. Que estas migalhas não se percam! tomai-as com amor e comei!
A voz de Cristo, Pontífice e Mediador, que adora, que expia, que agradece e que implora no Santo Altar, é a própria voz da Igreja Católica.
Com efeito, a Santa Missa é a homenagem oficial e pública da humanidade redimida e cristã, que pelos lábios e chagas do Cristo Mediador adora, louva e bendiz, no Altar, ao Deus Uno em Suas três adoráveis Pessoas. É assim que uma só Missa dá maior glória a Deus do que todos os milagres, todo o louvor da Corte Celeste dos Anjos e dos Santos. É o próprio Deus que, no Altar, adora e louva a Deus, dando-Lhe glória infinita.
A Missa é, por conseguinte, uma homenagem divina - a homenagem do Sacrifício; é também uma oração coletiva, e nunca um culto de devoção particular, como as visitas ao Santíssimo Sacramento, a Via-Sacra ou o Rosário. A Missa é o grande clamor católico da família cristã que sofre, no exílio da terra, a nostalgia do Céu".
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