"O esquema sobre a liturgia foi discutido pela nona vez no dia 5 de novembro. (...) Um dos oradores da manhã, Mons. Duschak, Bispo Titular de Abidda e Vigário Apostólico de Calapan, nas Filipinas, nascido na Alemanha, insistiu sobre a necessidade do que ele chamou Missa Ecumênica que, estreitamente modelada na Última Ceia, existisse ao lado da forma atual da Missa do rito latino.
O comunicado do dia, distribuído pelo Secretariado de Imprensa do Concílio não fez referência à proposta de Mons. Duschak. Contentou-se em destacar a "necessidade de manter a presente estrutura da Missa em sua substância", e de indicar que "apenas podiam ser autorizadas modificações menores". Mas uma entrevista coletiva havia sido organizada para a tarde para Mons. Duschak, e logo que os jornalistas souberam que ele tinha usado a palavra na manhã daquele mesmo dia, na aula conciliar, compareceram em grande número - número excepcionalmente elevado - à sua entrevista.
Mons. Duschak disse à imprensa que havia consagrado toda a vida ao estudo da liturgia pastoral, e que o que estava então sugerindo era fruto de mais de trinta anos de atividade sacerdotal nas Filipinas. "Minha ideia", disse, "seria a de instaurar uma Missa Ecumênica, o mais possível despojada das superestruturas históricas, baseada na própria essência do Santo Sacrifício e firmemente enraizada na Sagrada Escritura. (...) Toda Missa deveria ser celebrada em voz alta, em língua vulgar e voltada para o povo. Eu acredito que se se oferecesse ao mundo uma forma ecumênica de celebração eucarística, a fé das comunidades cristãs não-católicas, na presença sacramental de Cristo, poderia ser renovada ou mesmo retificada".
Como alguém lhe perguntasse se aquela sugestão vinha de seus diocesanos, ele respondeu: "Não, eu até penso que eles se oporiam, da mesma forma como tantos bispos se opõem. Mas se fosse posto em prática, eu creio que terminariam aceitando". (...)
Desde antes do fim do Concílio, a Comissão para a Aplicação da Constituição sobre a Santa Liturgia havia aprovado, experimentalmente, três fórmulas distintas de Missa, nas quais a totalidade de Missa, inclusive o Cânon, devia ser pronunciado em voz alta, em língua vulgar, pelo padre voltado para o povo. Assim, uma parte da sugestão de Mons. Duschak era posta em prática.
(...) "Como podemos estar seguros" disse Mons. de Castro Mayer, "de que a tradução da Missa em vernáculo permitirá aos fiéis captar todos os matizes do texto latino? (...) Trata-se de uma questão extremamente séria, sobre a qual não se pode tomar decisão a não ser depois de madura reflexão".
O emprego de uma língua que não é imediatamente compreendida por todos "confere certa dignidade ao culto divino, um tom misterioso que em certa medida é natural às coisas de Deus". A sabedoria do passado, continuava Mons. de Castro Mayer, quis que uma língua arcaica fosse empregada nas cerimônias litúrgicas de alguns ritos não-latinos na Igreja Católica, como ocorre também nas mais conhecidas religiões não-cristãs. E como havia muitos missais contendo o texto da Missa traduzido para as línguas vivas, não era necessário que o padre celebrasse em vernáculo. Mons. de Castro Mayer duvidava que a introdução das línguas vernáculas na Missa resultasse necessariamente em uma renovação espiritual entre povos e nações, como alguns afirmavam.
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