A ressurreição é o fim a que devemos tender, como é também a recompensa de todos os nossos esforços e pesares: ressurreição do corpo no fim dos tempos e sobretudo ressurreição espiritual todos os dias. Ora, é o fogo do amor de Deus que consome todas as imperfeições e impurezas da nossa alma, que a espiritualiza cada vez mais e a leva a participar das disposições e virtudes de Jesus, como é ainda o que nos torna mais fácil o grande dever da imolação. Disse-o Santo Agostinho: quando se ama, não se sofre, ama-se o sofrimento. Vejamos, por exemplo, uma mãe: é capaz de passar noites e noites junto do leito de um filho doente, com a esperança e o desejo de lhe salvar a vida, mal sente a fadiga. Ama o filho, ama-o ternamente, generosamente, e para lhe salvar a vida está disposta a todos os sacrifícios. O mesmo se dá conosco. Quando amamos a Jesus sacerdote e vítima, terna e generosamente, queremos assemelhar-nos a Ele em tudo, até no seu espírito de vítima. Se nos sobrevêm sofrimentos, físicos ou morais, se caem sobre nós insucessos, humilhações, contradições, perseguições, a própria pobreza, e pomos os olhos em Jesus, estendemo-nos ao lado d'Ele na cruz e repetimos com São Paulo: "Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome e a nudez, ou o perigo e a espada?... Mas em todas estas provações somos mais do que vencedores por Aquele que nos amou. Porque eu tenho a certeza de que nem a morte, nem a vida, nem o presente, nem o futuro... nem criatura alguma poderá separar-nos do amor de Deus em Jesus Cristo Nosso Senhor" (Rom. VIII, 35).
Porque, na verdade, caríssimos, se nós queremos tomar parte na glória de Jesus, é mister que tomemos parte nos seus sofrimentos. Como diz São Pedro: "Se Cristo sofreu por nós, foi para que sigamos os seus passos" (1 Pedro, II, 71).
Na verdade, quem quer passar a vida no meio do prazer não é discípulo de Jesus Cristo, mas sim discípulo de Epicuro. ou, se quiserem, do mundo. O verdadeiro discípulo de Jesus Cristo procura em tudo fazer a vontade de Deus e não a própria; procura cumprir o seu dever de estado e não seguir os seus caprichos; numa palavra, procura sempre praticar as virtudes cristãs. Pois, na verdade, os cravos de que Jesus se serve para nos fixar à cruz ao seu lado, dizia o Beato Olier, são as virtudes que ligam o nosso amor próprio e os nossos desejos carnais.
Caríssimos, resumindo, podemos dizer: Viver como cristão é imitar a Jesus Cristo, é sofrer com Ele para morrer e ressuscitar com Ele. Amém!
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