Leituras: Leitura da primeira Epístola de São Paulo Apóstolo aos Coríntios 4, 1-5.
Continuação do Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas 3, 1-6.
1ª EPÍSTOLA AOS CORÍNTIOS LIDA NESTA SANTA MISSA DO 4º DOMINGO DO ADVENTO:
Irmãos: Assim nos julguem os homens, como a ministros de Cristo e dispensadores dos Mistérios de Deus. Ora, exige-se dos administradores que sejam encontrados fiéis. A mim, no entanto, pouco se me dá de ser julgado por vós ou por qualquer outro tribunal humano; nem, tão pouco, a mim mesmo me julgo. Embora em nada me sinta culpado, nem por isso me tenho por justificado: quem me julga é o Senhor. Portanto, não julgueis antes do tempo, até que venha o Senhor: que iluminará as coisas escondidas nas trevas, manifestara os segredos dos corações; e, então, cada um terá de Deus o seu louvor.
Caríssimos e amados irmãos em Nosso Senhor Jesus Cristo!
Vamos, com a graça de Deus, meditar nas primeiras palavras da Epístola que foi lida nesta Santa Missa. O sentido é o seguinte: Meus irmãos, assim nos considerem os homens a nós, Apóstolos, como ministros de Cristo e encarregados da administração dos Sacramentos e da pregação evangélica. Ora, o que se exige dos administradores é que sejam fiéis ao seu ministério.
Caríssimos, para melhor entendermos estas palavras de São Paulo será útil a voltar-se um pouco atrás no capítulo anterior para vermos todo o contexto. Na verdade, o Apóstolo das gentes está condenando e procurando desfazer as divisões e partidos criados por alguns habitantes de Corinto. Diz São Paulo no capítulo III, 3-9 e de 20 a 23: "Porquanto, havendo entre vós rivalidades e contendas, não é por que sois carnais e andais segundo o homem? Porque, quando um diz: Eu sou de Paulo; e outro: Eu sou de Apolo, não procedeis como homens carnais? Quem é, pois, Apolo? e que é Paulo? Ministros d'Aquele, em quem vós crestes e segundo o que o Senhor deu a cada um. Eu plantei, Apolo regou, mas Deus deu o crescimento. De modo que não é nada nem o que planta, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento. E uma mesma coisa é o que planta e o que rega. E cada um receberá a sua recompensa segundo o seu trabalho. (...) E outra vez: "O Senhor conhece como são vãos os pensamentos dos sábios". Portanto ninguém se glorie entre os homens. Porque todas as coisas são vossas: Paulo, Apolo, Cefas, o mundo, a vida, a morte, as coisas presentes, as futuras; tudo é vosso, mas vós sois de Cristo, e Cristo de Deus. E sem seguida, já no capítulo IV, São Paulo continua: "Assim todos nos considerem como ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus. Ora o que se requer dos despenseiros é que eles se encontrem fiéis".
Os Coríntios na estima pelos apóstolos e pregadores se deixaram levar por motivos humanos: certamente os que diziam ser de Pedro, admiravam seu poder inigualável. Outros pendiam para Apolo, exaltando-lhe a arte oratória; outros, enfim, diziam ser de Paulo, celebrando-lhe sua incansável atividade. Sem desprezar, é claro, os belos dotes de Deus, considerar o sacerdote apenas sob este aspecto humano, na verdade, é rebaixá-lo. As razões da glória do sacerdote estão nos céus: são cooperadores e ministros de Deus, são "Alter Christus". Participam da vida e do poder de Jesus Cristo. Meditemos estas belas palavras de Perinelle: "Penetra, meu irmão, no sentido dessas palavras, refletindo sobre as grandes ações sacramentais que dos sacerdotes recebem a sua validade: a consagração e a absolvição. Na hora de realizá-las, o sacerdote pronuncia umas palavras, que acompanha de gestos litúrgicos... Entretanto, não são nem sua inteligência nem mesmo suas virtudes que dão a essas palavras e a esses gestos o poder de transformar o pão no Corpo de Jesus Cristo e de perdoar os pecados. Um leigo mais inteligente e mais virtuoso, pronuncie, embora, as mesmas palavras, o pão permanecerá pão e os pecadores não serão absolvidos. Posto que se esforce por observar à risca todas as rubricas; creia, embora, com todas as veras da alma no mistério do Altar e no poder da Penitência; queira ele honrar a Deus e purificar seus irmãos..., ainda assim a sua consagração é nula e a sua absolvição ineficaz. Que lhe falta, então, para a validade? Falta-lhe que suas ações sejam as mesmas ações de Jesus Cristo. E de onde vem que as mesmas palavras pronunciadas por um sacerdote sejam tão eficazes? É que elas são ações de Jesus Cristo. Materialmente continuam a emanar de sua inteligência humana, mas Cristo apropria-se delas e lhes confere poderes divinos". Dizia o Beato Olier: "Tão somente Jesus Cristo pode fazer no Sacerdote o que o Sacerdote faz todos os dias na Igreja". Verdadeiro representante de Jesus Cristo a renovar no Altar a Paixão e Morte do Senhor e no Sacramento da Penitência a dispensar o perdão de Deus, neste divino mister e em nenhuma outra capacidade humana está toda a glória que eleva o Sacerdote acima de todos os simples cristãos e, até mesmo, ousaria dizer, dos próprios anjos. "Quando encontrasse um padre e um anjo, dizia o Santo Cura d'Ars, antes cumprimentaria o padre e depois o anjo. Este é apenas um servo de Deus, aquele um ministro".
Meus irmãos caríssimos, prestes a comemorar a vinda de Jesus, Sumo Sacerdote, único Mediador entre o céu e a terra, vamos agradecer a Ele este dom do sacerdócio concedido à Humanidade, perpetuando através dos séculos a Sua missão. Tenhamos uma estima toda sobrenatural aos sacerdotes. Vejamos no sacerdote o próprio Jesus que nele se exalta para glória de seu Pai celestial e que nele se imola pela salvação do seu povo. Mas nós sacerdotes, por nossa vez, nunca esqueçamos o que São Paulo acrescenta: "Mas é preciso que os despenseiros se mostrem fiéis": ou seja, que celebrem e administrem os Sacramentos devidamente, que preguem fielmente a doutrina de Nosso Senhor Jesus Cristo. Porque se o sal perder a sua força, como disse o Divino Mestre, não presta para mais nada senão para ser lançado fora e pisado pelos homens.
Caríssimos colegas no sacerdócio, procuremos com a graça de Deus, ser sempre fiéis ministros do Senhor. Amém!
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