Paráclito quer dizer consolador. Com a graça de Deus, vamos falar aqui sobre as "consolações do Divino Espírito Santo. Na verdade, Jesus também é Consolador, assim como o Pai.
O Espírito Santo nos consola de três modos: a) Pelos testemunhos que nos dá; b) Pela confiança que nos inspira; c) E até pelas mesmas repreensões que nos dá.
1- Pelos testemunhos que nos dá.
Sem falarmos do testemunho da boa consciência que é fruto do Espírito Santo, Ele dá-nos outros dois frutos muito consoladores: instrui-nos a respeito de Jesus Cristo e ensina-nos o que somos em Jesus Cristo. O Divino Salvador tinha dito aos Apóstolos: "Quando vier o Consolador, aquele Espirito de verdade, que eu vos enviarei da parte do Pai, Ele vos ensinará a conhecer-me" (S. João XV, 16).
Com efeito, a descida do Espírito Santo foi para eles como uma nova revelação a respeito de Jesus Cristo e de seus mistérios. Se antes o tinham conhecido segundo a carne, conheceram-no então de um modo incomparavelmente mais perfeito: "...E se todavia temos conhecido a Cristo segundo a carne, agora já o não conhecemos (deste modo)" (II Cor.V, 16). Sucede o mesmo com relação a nós. Oh! que grande diferença há entre a fé comum e a que recebeu as grandes influências do Espírito Santo!
Quando uma alma, com o auxílio dos dons do Espírito Santo entra no conhecimento da caridade de Jesus Cristo; quando mede, por assim dizer, o comprimento, a largura, a sublimidade e profundidade de seu amor para conosco, tem nele uma fonte inesgotável de consolações, porque compreende que há ali para ela recursos infinitos, em qualquer situação que se encontre ou possa vir a encontrar-se.
O segundo testemunho que nos dá o Espírito Santo é que somos filhos de Deus, e por conseguinte, seus herdeiros, irmãos e co-herdeiros de Jesus Cristo. Oh! que consolação para o nosso coração!
É verdade que podemos perder a herança do nosso Pai celestial, e este pensamento tem feito tremer os Santos. Mas também podemos estar certos desta herança, porque adquirida para nós, e já possuímos um penhor dela que é o mesmo Espírito Santo. Por isso a alma solícita em conservar tão precioso penhor, modera seus receios, pelo cuidado que tem em conservar a caridade que o Espírito Santo lhe infundiu, ou até os expulsa, aperfeiçoando-a, como afirma São João na sua Primeira Epístola, IV, 18: "Na caridade não há temor; a caridade perfeita lança fora o temor..." Repousa pois em paz no seio de seu Pai.
2- A confiança que nos inspira.
A sua confiança faz a sua felicidade. O Espírito Santo que, para desapegar a alma de si mesma, lhe mostra a corrupção da sua natureza e a sua incurável inclinação ao pecado, descobre-lhe ao mesmo tempo tão claramente o poder de Deus, sua fidelidade em cumprir as promessas, sua bondade, sua ternura para com aqueles que o invocam e amam, que a sua fé viva dá uma substância, uma realidade ao que não é ainda senão uma esperança: "A fé é o fundamento das coisas que se esperam..." É um gozo antecipado; o coração saboreia com delícias as verdades cujo conhecimento dão à alma tão grande consolação.
3- O Espírito Santo consola-nos até com as repreensões que nos dá.
A sua missão, formando e santificando a Igreja, é convencer o mundo, inimigo de Jesus Cristo, do pecado, da justiça e do juízo. Não cessa de combater em nós até os últimos restos do espírito do mundo, em que tudo é pecado, injustiça e mentira. Ora, para estar inteiramente livre dele, é necessário ter alcançado a perfeição. As queixas e censuras que o Divino Espírito Santo nos faz ouvir, são outra prova consoladora do seu amor para conosco. "Tua vara e teu báculo me consolaram" (Salmo XXII, 4).
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