1 S. Pedro, III, 8-15
"Sede todos de um
mesmo coração, compassivos, amantes dos irmãos, misericordiosos, modestos,
humildes, não retribuindo mal por mal, nem maldição por maldição, mas pelo
contrário, bendizendo, pois para isto fostes chamados, a fim de que possuais a
bênção como herança. O que quer amar a vida e viver dias felizes, refreie a
língua do mal, e os seus lábios não profiram engano. Aparte-se do mal e faça o
bem; busque a paz e vá após ela, porque os olhos do Senhor estão sobre os
justos, e os seus ouvidos estão atentos às suas orações, mas o seu rosto está
contra os que fazem o mal. E quem vos fará mal se fordes zelosos pelo bem? Mas
se também padecerdes por amor da justiça, sois bem-aventurados. E não tenhais
medo deles nem vos turbeis: antes bendizei
Senhor Jesus Cristo em vossos corações".
Caríssimos, os primeiros cristãos, como demonstra a própria
Sagrada Escritura, viviam exatamente segundo estas orientações do primeiro Papa
da Santa Igreja. Viviam como se todos fossem um só coração e uma só alma. Eram
compassivos, misericordiosos, modestos, humildes, sabiam perdoar as ofensas e
até fazer bem aos malfeitores. Foram perseguidos atrozmente pelos pagãos, e, no
entanto não retribuíam o mal com o mal, mas pelo contrário, perdoavam e, na
medida do possível procuravam ter paz com todos. Não usavam nenhum engano para
prejudicar o próximo. Viviam em paz, porque procuravam imitar o Divino Mestre.
Só temiam o pecado.
Todos nós desejamos a paz, mas poucos, como diz o Livro da
Imitação de Cristo, buscam os meios da verdadeira paz. E quais são estes meios?
Primeiramente o temor de Deus, temor de O ofender. E devemos, em segundo lugar,
confiar na Providência divina: "Não cai um cabelo da nossa cabeça, como
disse Jesus, sem permissão de Nosso Pai do Céu". De Deus e d'Ele somente
depende a nossa vida presente e futura. Ninguém nos poderá causar algum mal,
sem a permissão de Deus. Este pensamento
de que Deus vela sobre nós, dar-nos-á aquela resignação, que vem a ser o
primeiro elemento da paz. Devemos dispensar os nossos cuidados apenas aos bens
do Céu. Os santos, os primeiros cristãos ficavam tranquilos em meios às maiores perseguições. Tinham fé e sabiam que Deus, nosso Pai, só quer o nosso bem e faz com que tudo concorra para o bem dos seus escolhidos, daqueles que O amam.
Na verdade, os vícios contrários às virtudes acima
inculcadas pelo primeiro Papa, ou seja, a inveja, o egoísmo, a vingança, os
sentimentos de ódio, o orgulho, todos estes vícios, digo, são justamente a
causa das desavenças, e são os elementos perturbadores daquela harmonia que
deveria reinar na convivência com o próximo. Assim, pois, quem quiser
verdadeiramente ter um vida feliz terá que combater todos aqueles vícios e,
além disso, deverá domar a sua língua, que, como diz S. Tiago, é envenenada pelo inferno.
O segredo desta paz de Jesus, paz esta que o mundo não pode
dar, pertence apenas aos artigos da lei de Jesus Cristo. Ó Jesus, dai-me a
vossa graça, o vosso amor, a vossa paz, e serei feliz e bastante rico. Amém!
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