SAUDAÇÕES E BOAS VINDAS

LOUVADO SEJA NOSSO SENHOR JESUS CRISTO! PARA SEMPRE SEJA LOUVADO!

Caríssimos e amados irmãos e irmãs em Nosso Senhor Jesus Cristo! Sêde BEM-VINDOS!!! Através do CATECISMO, das HOMILIAS DOMINICAIS e dos SERMÕES, este blog, com a graça de Deus, tem por objetivo transmitir a DOUTRINA de Nosso Senhor Jesus Cristo. Só Ele tem palavras de vida eterna. Jesus, o Bom Pastor, veio para que Suas ovelhas tenham a vida, e com abundância. Ele é a LUZ: quem O segue não anda nas trevas.

Que Jesus Cristo seja realmente para todos vós: O CAMINHO, A VERDADE, A VIDA, A PAZ E A LUZ! Amém!

terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

SERMÃO: NOSSA SENHORA, CONSOLADORA DOS AFLITOS

Consolatrix aflictorum! Ora pro nobis!
Consoladora dos aflitos! Rogai por nós!

   Consoladora dos aflitos! A quem não arrebata este título que soa tão bem e sempre soará aos ouvidos humanos! Porque na verdade, caríssimos e amados irmãos em Nosso Senhor Jesus Cristo, quem há que não precise de consolação ou que presuma que não há de vir a precisar dela um dia? A aflição, a dor, o sofrimento apresentam-se-nos a todas as horas e debaixo de mil formas e é este o apanágio mais seguro e certo da humanidade. Desde que pelo pecado original se converteu em vale de lágrimas para o homem a terra que devia começar a ser o seu paraíso de flores, os espinhos são a primeira coisa que o infeliz colhe durante sua breve passagem por ela. Calca -os picantes e dolorosos, o potentado como o mendigo, o sábio como o rude, sem que nesse ponto haja condição de pessoas que possam considerar-se privilegiadas.
   Quem não buscar na Religião a sua única consolação e alívio, em vão os procurará noutra parte. Vejamos, então, segundo o ensinamento das Sagradas Escrituras a origem e a razão de ser do sofrimento. Desde o momento em que da fronte do primeiro homem rolou o diadema da justiça original com o primeiro pecado, entrou o sofrimento no mundo. A grande sentença da justiça eterna de Deus retumbou pelos horizontes do Éden: "De ora em diante, disse Deus a Adão, comerás com o suor de teu rosto o pão de cada dia. A dor misturar-se-á com todos os dias da tua existência. Tu és pó, e em pó tu hás de tornar".
   A dor! Eis a estranha palavra que de agora em diante ressoará na vida de todos os homens. Eis a origem universal da dor - o pecado. O homem que recebeu de Deus a liberdade para ser mais feliz merecendo para o céu, abusou desta liberdade e tornou-se infeliz pelo pecado. Mas Deus, como Pai amoroso que se inclina sobre seus filhos para derramar-lhes bálsamo nos corações dilacerados, ofereceu logo remédio para a dor, não eliminando-a da face da terra, mas transformando-a em meio de purificação e consecução da felicidade eterna. Logo depois da culpa de nossos primeiros pais, prometera um Salvador, que veio ao mundo não para eliminar a dor, mas Ele mesmo sofreu e morreu antes de entrar na Glória e assim nos deu a possibilidade, de sofrendo juntamente com Ele, podermos entrar também no céu.
   Caríssimos e amados irmãos, a dor tem, portanto, a sua razão de ser: É meio de purificação, é meio de conversão, é meio de aperfeiçoamento pela semelhança que nos dá com Jesus Cristo, e outrossim, é graça de predileção. Consideremos estes vários pontos.
   Primeiramente, o sofrimento, as doenças, as aflições, podem ser um castigo de pecados pessoais, e um meio de purificação e conversão. Eis um fato evangélico: o paralítico da piscina Probática. Subiu Jesus a Jerusalém. E lá ao lado do Templo havia uma piscina probática, chamada Betsaida, que quer dizer "das ovelhas", porque era aí que se lavavam as ovelhas e demais vítimas destinadas ao sacrifício. Era cercada de cinco pórticos e sob estes pórticos jazia uma grande multidão de enfermos, cegos, coxos e paralíticos que esperavam o movimento das águas, porque um anjo do Senhor descia a esta piscina em certos tempos e a água se agitava. Aquele que nela entrasse primeiro, depois do movimento da água, ficava curado de qualquer enfermidade que padecesse. Ali se achava um homem que estava enfermo havia 38 anos. Jesus vendo-o disse-lhe: "Queres ficar são?" "Senhor, respondeu-Lhe o enfermo, não tenho ninguém que me lance na piscina quando a água se agita, e enquanto eu vou indo, desce outro antes de mim". Disse-lhe Jesus: "Levanta-te, toma o teu leito e anda". E este homem ficou curado no mesmo instante. O paralítico vai depois ao templo dar graças a Deus por ter sido curado e recebido o perdão de seus pecados. Jesus o encontrou lá no templo e disse-lhe: "Eis que estás curado, mas não tornes a pecar, para que te não suceda alguma coisa pior". Estas palavras de Jesus provam que a longa enfermidade daquele homem era um castigo de seus pecados precedentes. Aliás, a Sagrada Escritura no livro do Eclesiástico capítulo XXXVIII, 15 diz:"Aquele que peca na presença de quem o criou,  virá a cair nas mãos do médico".
   Todavia, nem sempre se pode dizer que a doença é um castigo, mas é uma provação, uma ocasião para Deus Nosso Senhor mostrar o seu poder, sua bondade e por conseguinte sua Glória como aconteceu a Jó, Tobias e ao cego de nascimento. Sobre este último, lemos no Evangelho de São João IX, 1 e seguintes: Passando Jesus, viu um homem cego de nascimento. Perguntaram os discípulos: "Mestre quem pecou? Este homem ou os seu pais, para nascer cego?" Uma pergunta meio sem pé e sem cabeça. Mas Jesus bondosamente como sempre, respondeu: "Não nasceu cego porque ele ou seus pais tivessem pecado, mas para que se manifestassem nele as obras de Deus".
   Na verdade, para todos os homens, o sofrimento não deixa de ser uma graça de purificação. Quem pode gabar-se de ser inocente? Todos nós deveríamos dizer com Santo Agostinho: "Aqui, Senhor, na terra, queimai, cortai, mas poupai-me na eternidade".
   Nas provações devemos ver não a mão dos homens que nos afligem mas a mão de Deus que se serve deles para nos afligir. Vede Jó, a perda dos bens, a morte dos filhos, a doença, foram a consequência da malícia do demônio. No entanto, Jó não diz: o demônio me tirou tudo, mas Deus me despojou de tudo. Lemos na Bíblia que um servo do Rei Davi, chamado Semei, atirou-lhe pedras e o insultou. Abissai outro servo de Davi, indignado disse: "Eu irei e matarei este cão morto, qu insulta o meu rei. Davi respondeu: "Deixai-o maldizer conforme a permissão do Senhor, talvez o Senhor olhe para minha aflição e me dê bens pelas maldições que sofri neste dia".
   Deus, caríssimos irmãos, condena a malícia da má obra, mas reverte o efeito desta malícia em benefício de seus escolhidos.
   O sofrimento é também muitas vezes uma graça de conversão. Há realmente muitos que se convertem na doença. Para muitos pecadores, é o último recurso da misericórdia divina para dobrá-los.
   O sofrimento é também uma graça de aperfeiçoamento. "A tribulação, diz São Paulo, produz a paciência, a paciência produz a constância, e a constância produza a  fé e a caridade". (Rom. V, 3).
   Para ser justo e por ser justo Deus manda sofrimento. É o que Deus declara ao santo homem Tobias através do anjo São Rafael: " Porque eras agradável a aceito do Senhor, foi preciso seres provado pela aflição."
   Donde o sofrimento é uma graça de predileção. Que herança Deus preparou neste mundo a seu amantíssimo Filho? A pobreza, a humilhação, a morte mais cruel. Que herança Nosso Senhor deixou aos Apóstolos? "Sereis perseguidos e chorareis. Felizes sereis quando vos perseguirem, vos caluniarem. Alegrai-vos porque será grande a vossa recompensa no céu". Por uma curta e passageira tribulação um peso imenso de glória e felicidade por toda a eternidade.
   Que herança deixa Jesus à Sua Mãe Santíssima? Ele deixou os momentos tristes do Calvário. Reserva para ela esta hora de supremas amarguras. Ah! compreendemos: É porque Ele desejava dar muito maior glória à sua Mãe no seio da eternidade!.
  
   Deus como Pai cheio de misericórdia e bondade que é, mesmo permitindo os sofrimentos para nosso bem, não deixa de nos prodigalizar um consolo para nossas aflições. Como um pai que se sente forçado a castigar o filho para o seu bem, mas depois, sente pena e procura, de alguma maneira, suavizar o castigo, recorrendo ao carinho da mãe, assim, comparando dentro das devidas proporções, Deus age para conosco. E como está tão alto, infinitamente acima de nós, seu coração misericordioso dá-nos a Virgem Mãe, para consolação de nossas almas. E o provamos pelas Sagradas Escrituras e a experiência no-lo confirma.
   Abramos as primeiras páginas da Bíblia: Sobre aquele quadro fatídico e tenebroso em que Deus castigou nossos primeiros pais e amaldiçoou a serpente infernal, causadora do pecado, Deus lançou um raio de luz e de esperança. "Porei inimizades, disse Deus à serpente, entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a descendência dela. E ela te esmagará a cabeça". (Gen. III, 15). E quem poderá ser esta mulher privilegiada, vencedora eterna da serpente e do pecado, senão Aquela que trouxe à terra o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo!
    Consideremos outra passagem da Sagrada Escritura (Is. VII, 1 e seg.): Quando Acaz, rei de Jerusalém, e todo o seu povo ficou com o coração agitado como se agitam as árvores das selvas com o ímpeto do vento por causa da ameaça de  guerra dos reis de Israel aliados com o rei da Síria, Deus, através do profeta Isaías, mandou dizer a Acaz que ele com o seu povo não se afligisse porque os inimigos seriam vencidos. E Deus mandou Acaz pedir um sinal como prova desta vitória e da paz. Algo extraordinário que lhe garantisse a tranquilidade. Por causa de sua incredulidade Acaz não quis pedir. Então, Deus mesmo lhe deu o grande sinal, algo extraordinário: "Eis que uma Virgem conceberá e dará a luz um filho e o seu nome será Emanuel". Quem é esta Virgem que deu a luz ao Príncipe da paz, senão a Sempre Virgem Maria Santíssima como atesta o próprio Evangelista São Mateus, I, 22. É a consoladora dos aflitos.
    Há outra passagem da Sagrada Escritura muito conhecida dos todos os carmelitas: 1 Reis, XVIII, 41 e segs. Houve em Israel uma terrível seca de três anos e meio e a consequente fome. O profeta Elias sobe o monte Carmelo e lobriga ao longe uma nuvenzinha, nuvem esta que vai crescendo e logo se desfaz em copiosa chuva. De quem esta nuvem é figura? Senão de Maria Santíssima, pois que os santos patriarcas da Antiga Lei, na aflição em que viviam entre o paganismo pediam ansiosamente a Deus, que as nuvens chovessem o justo, o Salvador: "Rorate coeli desuper, et nubes pluant justum". ( Isaias, XLV, 8): "Derramai, ó céus, lá dessas alturas o vosso orvalho, e as nuvens façam chover o Justo". Qual é esta benéfica nuvem que nos trouxe o Salvador: Maria Santíssima. Nossa Senhora do Monte Carmelo! Consoladora dos aflitos! Rogai por nós!
   Mas esta mística nuvem se desfez em uma chuva de lágrimas no alto de um outro monte: no Monte Calvário. Foi ali que Maria mereceu em toda plenitude o título de consoladora das nossas dores. Ninguém poderá consolar realmente aos que sofrem se não houver provado o cálice das amarguras humanas. Não houve decepção humana, não houve angústia humana, não houve ingratidão humana, não houve incompreensão humana, não houve sofrimento que a Virgem não provasse desde Belém até o alto do Calvário. As coroas todas que cingiram a sua fronte augusta a colocaram imensamente acima de nós, mas a coroa de espinhos que o Calvário lhe teceu a aproximou imensamente de nós. Fez com que ela fosse nossa Mãe pelo dom do sofrimento. Vendo extinguir-se a Vida que ela gerou sem dor, deu-nos a vida, gerando-nos na dor.
   Ah! caríssimos e amados irmãos, como é real o papel de Nossa Senhora na missão augusta de lenir os sofrimentos e consolar as aflições. Todos nós que sofremos, podemos abrir o coração como um livro de testemunhos e ler o depoimento de nossa alma escrito com a tinta das próprias lágrimas. Ter Nossa   querida Mãezinha do Céu no fundo do coração é rasgar o manto tenebroso do próprio infortúnio para que o seu olhar materno derrame bálsamo nas feridas mais ocultas e pungentes das nossas almas.
   Há quase 63 anos uma senhora   muito devota da Virgem Mãe de Deus teve o seu segundo filhinho quando o primogênito ainda não tinha  completado 11 meses. Sentiu grande aflição em ver a criança tão pequena e fraquinha. E mais aflição ainda ao ver que suas orelhinhas eram sem nenhuma consistência e portanto caídas. Fez de uma meia uma toquinha bem apertada. Mas qual não era sua angústia em ver que, ao tirar a toquinha, as orelhinhas do filho caím novamente. Foi aos médicos. Hoje não teriam dificuldade nenhuma; mas há  60 anos atrás a medicina neste ponto não tinha muito recurso. Disseram, para grande tristeza daquela angustiada mãe, que não havia jeito. Confiando em Nossa Senhora, Consoladora dos aflitos, fez uma novena a Nossa Senhora das Graças. No último dia da novena o menino estava curado, com as orelhinhas normais. Este menino, 26 anos depois, foi ordenado padre. E não teria podido sê-lo se Nossa Senhora não o tivesse curado. Hoje, pela graça de Deus este padre é usuário de dois blogs onde procura fazer o maior bem possível às almas. E este padre, é  o  mesmo que vos escreve. Ó minha Mãe do Céu, puxai minhas orelhas por eu não corresponder devidamente a tantos benefícios, ajudai-me e protegei-me!
   Caríssimos e amados irmãos em Nosso Senhor Jesus Cristo! Navegamos num grande e tenebroso mar, que é o mundo, à procura do novo mundo que é o céu, a pátria do repouso eterno. Mas não esqueçamos nunca que Maria Santíssima é a ponte mística por Deus mesmo estendida entre o paraíso que perdemos e o Paraíso que esperamos. Na verdade a viagem é longa e penosa. Quantas tempestades, quantos naufrágios. Caríssimos fiéis, no meio dos perigos, das angústias, consoante o conselho de São Bernardo, recorramos sempre à Maria.
   Se as tempestades das tentações se levantarem, se os escolhos das tribulações vos ameaçarem, erguei os olhos para a Estrela do Mar.
Digamos, inspirados em S. Bernardo:
   Se as vagas da soberba, da cólera, da inveja vos sacudirem, se os prazeres da carne agitarem o barco de vossa alma, se a enormidade de vossos pecados vos perturbar, pensai em Maria, ou antes, lançai-vos em seus braços. Levados e protegidos por Ela, triunfareis de todos os perigos, vencereis todos os obstáculos, saireis incólumes de todas as tentações, e chegareis seguramente às praias de Eterna Bem-aventurança. Assim seja!
  
  
  
  

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