De grande veneração goza a Cruz que serviu de altar no grande sacrifício que Jesus Cristo ofereceu no monte Calvário ao Pai Celestial. Daí a Santa Liturgia chama-a Santa Cruz ou Santo Lenho. E celebra-a em duas datas: no dia 03 de maio é a Festa da Invenção (=encontro da Santa Cruz); e no dia 14 de setembro, celebra-se a Festa da Exaltação da Santa Cruz.
Eis um resumo histórico: Era o ano de 610. Era rei da Pérsia o bárbaro Chosroes II. Fizera guerra contra o império oriental romano. Heráclio, então governador da África, fez proposta de paz a Chosroes. Este não aceitou, e, orgulhosamente disse: "Os Romanos não terão paz, enquanto não adorarem o sol, em vez de um homem crucificado". Heráclio, no entanto, colocando toda confiança em Deus, em 622 marchou contra a Pérsia. Saiu vitorioso. Chosroes foi morto pelo próprio filho, Este celebrou a paz com o rei Heráclio. E uma da primeiras condições desta paz foi a restituição do Santo Lenho, que anteriormente havia sido roubado e levado para a Pérsia.
Uma vez livre do jugo dos Persas, Heráclio resolveu a solene transladação do Santo Lenho para Jerusalém. Na primavera do ano de 629, com grande comitiva, foi a Cidade Santa, levando consigo a preciosa relíquia. Foi uma grandíssima festa! Em procissão soleníssima foi levada a Santa Cruz, para ser depositada na Igreja do Santo Sepulcro, no monte Calvário. O Imperador tinha reservado para si a honra de a carregar. Chegado que foi à porta da cidade que conduz ao Gólgota, como retido por forças invisíveis, Heráclio não pôde dar mais um passo adiante. O Patriarca Zacarias, que presidia à Procissão, como por inspiração divina, disse ao Imperador "Senhor! Lembrai-vos de que Jesus Cristo era pobre, quando vós andais vestido de púrpura; Jesus Cristo levava uma coroa de espinhos, quando na vossa cabeça vejo brilhar uma coroa preciosíssima; Jesus Cristo andava descalço, quando vós usais calçado finíssimo". Heráclio, com humildade aceitou o aviso do patriarca. Tirou a coroa, trocou o manto imperial por uma túnica pobre, substituiu o rico calçado por sandálias e, tomando novamente o Santo Lenho, sem dificuldade o levou até a última estação. Lá chegado, todo o povo se acercou da grande relíquia, venerando-a com muita fé. Muitos doentes recuperaram a saúde. O dia 14 de setembro de 629 foi de triunfo e da mais santa alegria.
São Paulo dizia: "Prego a Cristo Crucificado, que é escândalo para os judeus e loucura para os pagãos" (1Cor. I, 23). Nada mais salutar para a alma do que a meditação da Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus. Três coisas, no entanto, nos impedem de compreender esta verdade: o orgulho, a distração, a imortificação. O orgulho porque obscurece a fé: não queremos que Deus tenha mais bondade do que podemos compreender. a distração: porque nos impede aprofundar coisa alguma; a imortificação: porque admite-se dificilmente o que é incompatível com uma vida tíbia e sensual que não se quer deixar.
Senhor! Vós dignai-Vos inspirar-me a resolução de meditar muitas vezes a vossa Paixão e Morte, e eu tomo-a, com a Vossa graça. Na meditação da Vossa Cruz, ó Divino Salvador, poderei santificar a minha vida e acharei ali o motivo e modelo de todas as virtudes; acharei ali as mais sólidas consolações, e amando-Vos. acharei a incomparável alegria de Vos ganhar almas. Amém!
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