Leituras: Epístola de São Paulo Apóstolo aos Gálatas 4, 22-31.
Continuação do Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João 6, 1-15:
"Naquele tempo, passou Jesus à outra margem do mar da Galileia, que é o de Tiberíades, seguindo-O grande multidão, porque via as maravilhas que ele fazia aos que estavam enfermos. Subiu, então, Jesus ao lado de seus discípulos. Ora, estava próxima a Páscoa, a festa dos judeus. Erguendo Jesus os olhos e vendo que uma grande multidão vinha a Ele, disse a Felipe: Onde compraremos pães para dar de comer a toda essa gente? Dizia isso, porém, para o experimentar, porque Ele bem sabia o que havia de fazer. Respondeu-Lhe Felipe: Duzentos dinheiros de pão não bastariam para que cada um deles recebesse uma pequena porção. Disse a Jesus um de seus discípulos, André, irmão de Simão Pedro: está aqui um moço que tem cinco pães e dois peixes, mas que é isto para tanta gente? Disse-lhe Jesus: fazei assentar os homens. Havia no lugar muita relva. Assentaram-se, pois, os homens, em número de quase cinco mil. Tomou, então, Jesus os pães, e havendo dado graças, distribuiu-os aos que estavam sentados; e igualmente distribuiu os peixes, quanto eles quiseram. Quando já estavam fartos, disse Ele a seus discípulos: Recolhei os pedaços que sobraram, para que se não percam. Recolheram-nos, pois, e encheram doze cestos de pedaços dos cinco pães de cevada, que sobraram aos que comeram. Vendo, então, aqueles homens o milagre que Jesus fizera, diziam: Este é verdadeiramente o Profeta que deve vir ao mundo. Mas Jesus sabendo que o viriam buscar à força, para O fazerem rei, fugiu de novo sozinho para um monte".
Caríssimos e amados irmãos em Nosso Senhor Jesus Cristo!
O quarto domingo da Quaresma é chamado o domingo "Laetare", porque a Santa Missa de hoje inicia-se com esta palavra que significa "Alegra-te". A Santa Igreja, como o faz no Advento (3º domingo), interrompe também na Quaresma a sua penitência. Demonstra alegria, pelo toque do órgão, pelo enfeite dos altares e pelo róseo dos paramentos. (Este róseo é para indicar que este domingo é chamado também "dia das rosas"; nele os cristãos se presenteavam mutuamente com rosas). Aliás, toda a Missa de hoje respira alegria e júbilo. E por que assim? Porque antigamente faziam os catecúmenos, neste dia, um juramento solene e eram recebidos no seio da Igreja, representada pela igreja da "Santa Cruz de Jerusalém" em Roma, onde o Papa celebrava a Missa.
Mãe dedicada e amorosa, alegra-se a Santa Igreja, ao receber os que serão lavados nas águas batismais (Introito, Epístola). E não menos se alegram os próprios catecúmenos (Gradual, Ofertório e Communio). A maravilhosa multiplicação dos pães, que se repete na santa Missa, nos garante a todos nós, a glória futura. Louvemos e agradecemos a bondade de Deus (Ofertório).
Este o significado da Liturgia deste 4º Domingo da Quaresma. Vejamos, agora, brevemente, a explicação do Santo Evangelho de hoje:
Mosaico (sec. V) que se encontra na igreja da Multiplicação dos Pães e dos Peixes em Tabgha, lugar tradicional do milagre. |
As circunstâncias que antecedem, acompanham e seguem o milagre da multiplicação dos pães, significam as disposições que devemos ter antes, durante e depois da Santa Comunhão:
A - Circunstâncias que precedem o milagre:
- Este povo testemunha a sua fé seguindo a Jesus, vindo procurá-Lo de tão longe e com tantas fatigas. - Devemos também testemunhar a Jesus esta boa vontade, esta fé, este amor.
- O povo encontra Jesus no deserto e aí recebe os benefícios de Jesus. - Igualmente, para merecer participar do banquete da Eucaristia, é mister dar à nossa alma um pouco de retiro, afastar por um tempo toda preocupação temporal, todo divertimento e distrações humanas. "Deus não está na agitação".
- Jesus prepara as multidões para o milagre, instruindo-as e falando-lhes sobre o reino dos céus. - O mesmo faz a Santa Igreja. Durante a Quaresma há mais pregações e ela convida seus filhos a assistirem mais assiduamente à palavra de Deus.
- Jesus cura aqueles que têm alguma doença e os cura antes de lhes dar de comer. - É a figura do Sacramento da Penitência, que deve ordinariamente, preceder à santa comunhão.
- Vemos a obediência e a confiança absoluta deste povo: sob a ordem de Jesus todos se assentam sobre a relva, por grupos, e aguardam sua vez.... - Aqui há um duplo ensinamento: - a) Se assentar sobre as relvas, segundo os Santos Padres, significa que é preciso calcar aos pés todas as concupiscências da carne, renunciar aos seus maus hábitos... - b) Depois, cada um deve se aproximar da mesa da comunhão segundo a ordem estabelecida, com decoro e modéstia, deve se ajoelhar, colocar as mãos postas e receber na boca a Santa Hóstia.
- Vemos a bondade e atenção do coração misericordioso de Jesus. Tem compaixão das multidões, que são como ovelhas sem pastor, e que vieram de longe para procurá-Lo e escutá-Lo. - Tendo amado os seus que estavam no deserto deste mundo, amou-os até ao fim, até ao extremo. Diz o Salmo 110: "O Senhor instituiu um memorial de suas maravilhas, Ele que é misericordioso e compassivo, deu alimento aos que o temem".
- Jesus faz trazer os pães, toma-os em suas benditas mãos, eleva os olhos aos Céus, dá graças a seu Pai, depois benze estes pães e os distribui ao povo... e à medida que são distribuídos eles se multiplicam de uma maneira maravilhosa. - Caríssimos, tudo isto figura o que vai se passar depois no Cenáculo, quando, na última Ceia, Jesus vai instituir a Eucaristia. E o mesmo acontece cada dia no mundo todo, sobre os altares, onde Nosso Senhor renova esta maravilha inefável, mudando o pão em seu Corpo e o fazendo distribuir, pelas mãos de seus sacerdotes.
- Todos comeram e se saciaram e ficaram fortificados. - Felizes os cristãos que têm fome da graça, do Corpo sagrado do Salvador!... Aqueles que se aproximam da mesa sagrada com humildade, fé e amor, serão também saciados, fortalecidos e repletos de consolações celestes. Não temos nós enfermidades e fraquezas no deserto desta vida? E não é o pão celestial que recebemos, incomparavelmente superior àquele que fartou o povo judeu? Quantos milagres não encerra? quantos mistérios não resume? De quantas graças não é a fonte? - Todos foram fartos, e fortificados. Eis o efeito do pão eucarístico, quando se come com boa disposição, farta; não se buscam os prazeres da terra, quando já se gozou dos do Céu; conforta, e é neste sentido que se chama o pão dos fortes.
B - Circunstâncias que se seguem ao milagre:
- Em seguida Jesus disse aos seus discípulos: "Recolhei os pedaços que sobraram". - Isto indica que é aos Apóstolos e aos sacerdotes que Jesus incumbiu esta missão de conservar como o maior tesouro sobre a terra, a divina Eucaristia, e de levá-la aos doentes. E, quanto aos fiéis, devem conservar religiosamente os frutos e as graças da comunhão, tendo todo o cuidado para não os perder.
- Este povo demonstra sua gratidão, exalta a Jesus e reconhece-O como o Messias. - Isto faz a gente pensar como devem ser nossas ações de graças depois da santa Comunhão.
- O povo quer proclamar Jesus Rei. - Depois da Comunhão, lancemo-nos aos pés de Jesus, dando-nos a Ele inteiramente, reconhecendo-O por nosso Mestre e o Rei dos nossos corações!
Caríssimos e amados irmãos! Meditai todos estes pensamentos; examinai-vos sobre vossas comunhões... e prometei a Jesus fazer doravante, todos os esforços para O receber mais frequentemente, e sobretudo com mais devoção e fruto, afim de não viver senão para Ele, aguardando a felicidade de possuí-Lo eternamente na Jerusalém Celeste! Amém!
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