"Com uma política precisa, definida em Munique e em Fulda, que podia ser revista nas reuniões semanais realizadas no Collegio dell'Anima; com 480 páginas de comentários e esquemas de substituição; com um Padre Conciliar de língua alemã em cada comissão; com o Cardeal Frings na Presidência do Concílio e o Cardeal Döpfner fazendo parte ao mesmo tempo da Comissão de Coordenação e dos Moderadores - nenhuma outra Conferência Episcopal estava tão bem armada para assumir e conservar a direção da segunda sessão.
Neste ponto, era clara a feição que as discussões tomariam. Uma forte influência alemã se faria sentir em quase todas as discussões de declarações de alguma importância. Em cada comissão conciliar os membros especialistas alemães e austríacos articulariam perfeitamente a apresentação das conclusões a que tinham chegado nas Conferências de Munique e de Fulda. Graças a estas duas conferências, graças às mudanças radicais introduzidas pelo Papa no Regimento Interno, graças à sua escolha dos cardeais Döpfner, Suenens e Lercaro para Moderadores, estava garantido o controle por parte da Aliança Europeia.
Em sua alocução inaugural de 29 de setembro de 1963, Paulo VI enumerou os quatro objetivos básicos do II Concílio do Vaticano:
- maior tomada de consciência, por parte da Igreja, de sua natureza específica.
- renovação interna da Igreja;
- promoção da unidade dos cristãos;
- promoção do diálogo com o homem moderno.
"Nossa voz treme, nosso coração se comove ante o duplo pensamento de indizível consolação e dulcíssima esperança que nos causa a presença deles, e de amargura e tristeza que nos causa tão longa separação". (...) "Deste Concílio, de onde ela contempla a universalidade do mundo, a Igreja dirige o olhar para além das terras cristãs, para outras religiões que conservam o senso e a noção de Deus uno, criador, providente, supremo e transcendente à natureza das coisas, que Lhe rendem culto por atos de sincera piedade e que desses usos e opiniões fazem derivar regras morais e sociais. Por certo, a Igreja Católica, não sem dor, vê, nestas religiões, lacunas, defeitos e erros, mas não pode impedir-se de voltar para elas seu pensamento, para fazê-las saber quanta estima sente por tudo quanto vê nelas de verdadeiro, de bom, de humano".
A preocupação principal da segunda sessão, explicou o Papa, devia ser "examinar a natureza íntima da Igreja e propor, na medida do possível, em linguagem humana, uma definição que seja a mais apropriada para revelar-lhe a constituição verdadeiramente fundamental e para explicar sua multiforme missão de salvação". Disse não haver razão para se espantar de que, depois de vinte séculos, a Igreja Católica ainda precisasse elaborar uma definição mais precisa de sua verdadeira natureza, profunda e complexa. Sendo um "mistério", uma realidade toda impregnada da Divina Presença", ela é "sempre suscetível de uma nova e mais penetrante inquirição".
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