SAUDAÇÕES E BOAS VINDAS

LOUVADO SEJA NOSSO SENHOR JESUS CRISTO! PARA SEMPRE SEJA LOUVADO!

Caríssimos e amados irmãos e irmãs em Nosso Senhor Jesus Cristo! Sêde BEM-VINDOS!!! Através do CATECISMO, das HOMILIAS DOMINICAIS e dos SERMÕES, este blog, com a graça de Deus, tem por objetivo transmitir a DOUTRINA de Nosso Senhor Jesus Cristo. Só Ele tem palavras de vida eterna. Jesus, o Bom Pastor, veio para que Suas ovelhas tenham a vida, e com abundância. Ele é a LUZ: quem O segue não anda nas trevas.

Que Jesus Cristo seja realmente para todos vós: O CAMINHO, A VERDADE, A VIDA, A PAZ E A LUZ! Amém!

domingo, 24 de dezembro de 2017

HOMILIA DOMINICAL - 4º DOMINGO DO ADVENTO

   Leituras: 1ª Epístola de S.Paulo Apóstolo aos Coríntios, 4, 1-5; Evangelho segundo S.Lucas, 3, 1-16.

  "Sic nos amantem quis non redamaret?"
"Amor com amor se paga!"

   Caríssimos e amados fiéis em Nosso Senhor Jesus Cristo!

   "Amor com amor se paga!" Eis o lema que fez os santos, que estimulou uma multidão de almas a uma maior generosidade.
    Caríssimos, preparemo-nos para o Santo Natal com este amor e nele permaneçamos fiéis. "O que se requer dos dispenseiros, diz S. Paulo na Epístola, é que eles sejam encontrados fiéis".
   Da parte de Nosso Senhor, o seu amor por nós é eterno e infinito. A Encarnação do Verbo é a maior prova deste amor infinito pelos homens: "Eu, diz Deus pelo profeta Jeremias, amei-te com um amor eterno, por isso, compadecido de ti, te atraí a mim". Na verdade, Deus amou o homem desde toda a eternidade e para o atrair a Si não hesitou enviar-lhe o "Seu Filho em carne semelhante à do pecado" (Rom. VIII, 3). Vamos ao encontro deste Amor que está prestes a aparecer, "encarnado", no doce Menino Jesus! Vamos a Ele com o coração vazio de nós mesmos pela penitência, para que o próprio Jesus o encha de Si.
   "Preparai o caminho do Senhor, prega S. João Batista no deserto por ordem de Deus, endireitai as suas veredas; todo vale se encherá, e todo monte e colina serão abaixados; os caminhos tortuosos tornar-se-ão retos e os ásperos, planos; e toda carne, isto é, todo o homem verá o Salvador enviado por Deus".
   Quando se quer receber triunfalmente um grande rei, preparam-se os caminhos por onde ele deve passar, endireitando-os, refazendo-os, nivelando os acidentes do terreno, aplanando-os. Ora, todas estas figuras, todas estas imagens alegóricas significam o trabalho e os efeitos da penitência, que deve preparar as almas a fim de receberem o Messias. Todo vale será cheio: isto quer dizer que toda a vida estéril, tíbia e inútil será resgatada pela prática da virtude, e dará uma rica messe de méritos segundo aquilo das Escrituras no Salmo 64, 14: "...os vales estarão cheios de trigo"; todo coração verdadeiramente contrito e humilhado será repleto de graças e de bens espirituais, e encher-se-á de boas obras. - Todo monte e colina serão abaixados: isto é, os espíritos soberbos, os orgulhosos e ambiciosos deverão ser rebaixados e humilhados, porque o Deus que vai descer até à nossa miséria e ao nosso nada, resiste aos soberbos e dá, porém, a sua graça aos humildes. Até aqui as paixões tirânicas entorpeceram todas as almas, e tornaram difícil o caminho da virtude e da santidade. Mas eis que um Deus feito homem vem expiar o pecado na sua carne, e desde então todo o caminho será aplanado; todo aquele que quiser avançar na perfeição, não mais encontrará vale ou colina que lhe ponha obstáculos.
   Os caminhos tortuosos tornar-se-ão retos: Quer dizer que os corações que tenham sido entortados pela injustiça, pela dissimulação, pela mentira e por toda a espécie de vícios, serão endireitados pela conformidade com as regras da justiça, da verdade, da sinceridade e da pureza.
   Os caminhos ásperos e desiguais tornar-se-ão planos: isto é, as almas violentas e duras, que se deixam levar da ira, do rancor, da vingança, voltarão à doçura, à mansidão e à caridade por influência da graça de Deus; pelo exemplo do doce Menino Jesus. "Apareceu na terra a bondade e doçura de Deus, Nosso Salvador."
    Portanto, caríssimos e amados fiéis, é necessário que uma penitência sincera e generosa mortifique todas as paixões, destrua todos os vícios, tudo o que é feito do pecado, a fim de que todo o homem possa colher os frutos da salvação que o Messias traz ao mundo: "E todo homem verá o Salvador enviado por Deus".Quer dizer, todo o homem assim preparado pela penitência verá o Salvador, e participará dos seus méritos e da sua glória.
   Caríssimos, limpemos o nosso coração de tudo o que é indigno de Jesus, de tudo o que poderia desagradar-Lhe e contristá-Lo. Esforcemo-nos por viver de uma maneira digna de Jesus.
    Quantos comungam, e todavia não sentem Jesus, não recebem os frutos de salvação e de santidade que Ele traz consigo! Um protestante estava se convertendo, mas me expôs sua última dúvida: "Tenho visto católicos comungarem e não melhoram, e não se santificam. Se a Hóstia consagrada é Jesus, não posso entender que alguém receba Jesus e não melhore. Tenho dúvida se a Hóstia é realmente Jesus. Respondi-lhe: Infelizmente a preparação para a comunhão deixa a desejar em muitos. A própria maneira de muitos comungarem, lhes vai tirando imperceptivelmente a fé. E sem a fé, não podem agradar a Deus. Não trabalham na sua conversão, na correção dos seus defeitos, não se importam da recomendação de Isaías e da santa Igreja: Preparai o caminho para o Senhor, isto é, preparai os vossos corações... É a mesma explicação porque muitos não receberam a Jesus quando esteve entre os homens. Não aproveitaram a pregação do Precursor.
   Os ladrões Amalecitas tinham vindo pilhar  nos campos do povo de Israel. Mas, no tumulto da fuga, um pobre escravo, abandonado por seu amo porque estava doente, ficara estendido na terra nua, a morrer de febre e de prostração.
   E eis que passaram por ali os soldados do rei Davi, e viram-no estirado no campo como um morto. Levaram-no ao rei, o qual teve compaixão dele e ordenou lhe dessem pão para comer e água para beber, e uma porção de figos e alguns cachos de uvas.
   Pouco a pouco o infeliz escravo voltou a si e restaurou-se. "Não mais escravo, porém livre serás. Na guerra combaterás a meu lado como valoroso, e na paz viverás honrado com muitas recompensas". Assim lhe falou o rei Davi, e conduziu-o consigo a fazer grande matança de inimigos".
   Caríssimos e amados fiéis, o escravo Amalecita é um símbolo da nossa alma. Ela tem servido, quem sabe? o demônio, depredador e assassino dos corações, e, cansada e febricitante por causa dos pecados e dos afetos mundanos, tem ficado a definhar na estrada da vida. Mas eis que já vem o nosso rei Jesus: vem com o seu santo Natal.
   Ó Jesus, Salvador! Sede compassivo conosco. Restaurai-nos com o vosso alimento e com a vossa bebida, aquecei-nos com o hálito do vosso amor. Depois levai-nos sempre a Vosso lado: na guerra contra o demônio, a carne e o mundo. Na paz da vossa graça nesta vida e depois na Glória da outra, na Pátria do repouso eterno. Amém!

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

SÃO FRANCISCO DE ASSIS E A CARIDADE

   A alegria de São Francisco de Assis, que era, no fundo, o fruto e a consequência do seu extraordinário amor a Deus, recaiu sobre os homens sob a forma de uma incomparável caridade.
   Afirma Tomás de Celano: "Quero, dizia ele (Frei Francisco) - que os meus Irmãos mostrem ser filhos da mesma mãe, e que, se um deles pedir uma túnica, uma corda ou outro qualquer objeto, outro lho dê logo generosamente; que emprestem livros uns aos outros e tudo o que possa ser agradável, obrigando-os mesmo a aceitá-los..." . "Que os Irmãos, por caridade espiritual, se sirvam voluntariamente uns aos outros e uns aos outros se obedeçam mutuamente... Que se amem uns aos outros , como diz o Senhor: "O meu mandamento é que vos ameis uns aos outros, como eu vos amei"... "Que nenhum Irmão diga ou faça mal a um outro... E que todos os Irmãos evitem caluniar quem quer que seja e andar em rixas e disputas, mas que antes cuidem de guardar silêncio, tanto quanto lho conceder a graça de Deus. Que não discutam com os outros, mas se esforcem em responder humildemente, dizendo:'Somos servos inúteis'.
   Diz Tomás Celano, I, n. 17: "Como ele (Frei Francisco) era belo, esplêndido, glorioso, na simplicidade das suas palavras, na sua caridade fraternal, no seu comércio agradável [in concordio obsequio], no seu aspecto angélico! De costumes suaves e natureza pacífica, mostrava-se doce nas suas palavras, benevolente nas exortações, sabia guardar fielmente um segredo, era previdente no conselho, gracioso em todas as coisas. Tinha o espirito sereno, a alma doce... era severo para consigo mesmo, indulgente para com os outros, sempre cheio de discernimento". É bom sabermos que Tomás Celano conviveu com São Francisco. 

   Logo antes da redação da Regra definitiva, escreveu Frei Francisco a um Ministro: "Eis o sinal que me fará conhecer se amas o Senhor e a mim, seu servo e teu: é que nenhum Irmão do mundo, que houver pecado, por culpado que seja, saia da tua presença sem haver obtido misericórdia, se tal implorar. E, se ele não implorar misericórdia, vai tu perguntar-lhe se não a quer aceitar. E se, depois, ele se apresentar mil outras vezes diante de ti (para o mesmo fim), ama-o mais que a mim, a fim de o conquistares para o Senhor. E  de tais tem sempre piedade". 

   São Francisco, no entanto, exigia ainda mais do que isto. "A caridade franciscana, como um sol benfazejo, espalhou seus raios pelo mundo inteiro. Francisco considerava todos os homens seus irmãos e suas irmãs. Inclinava-se humildemente para todos, tratava-os como amigos íntimos, e era solícito para cada um deles ".(Bernardo de Bessa: Liber de laudibus, c. 3). Quase sempre, quando recomenda a seus discípulos que pratiquem a caridade uns para com os outros, também os exorta a amarem os homens como a irmãos, sem examinar se estes últimos se mostram favoráveis às ideias franciscanas, ou se se conservam filhos do século, no sentido absoluto da palavra. O seráfico Pai proibia-os severamente de julgarem ou desprezarem os que vivem nos prazeres e envergam suntuosas vestes. "Deus - dizia ele - é seu Senhor, como o é também dos pobres, e pode chamá-los e santificá-los". Ordenava-lhes mesmo que respeitassem os ricos como irmãos e senhores: irmãos diante do Criador; senhores porque provêm às necessidades dos filhos de Deus e ajudam-nos assim a levar a sua vida penitente" (Cf. Tres Socii, n. 58).  (Destaques meus, endereçados aos que pregam luta de classes).

   Quando manda os seus primeiros discípulos pelo mundo afora, o santo Fundador fala-lhes deste modo: "Ide, meus bem-amados; parti dois a dois, para as diferentes regiões do universo, e pregai aos homens a paz e a penitência para remissão dos pecados. Sede pacientes na tribulação e ficai certos de que Deus realizará os seus desígnios e cumprirá a sua promessa. Se vos interrogarem, respondei humildemente; abençoai os que vos perseguirem; dai graças aos que vos cobrirem de injúrias e vos caluniarem, pois, em troca dessas tribulações, o reino eterno vos aguarda". (Tomás Celano, I, n. 29). "Atentemos todos, meus Irmãos, nestas palavras do Senhor: "Amai os vossos inimigos e fazei o bem àqueles que vos odeiam", pois Nosso Senhor Jesus Cristo, de quem devemos seguir o exemplo, deu a um traidor o título de amigo e entregou-se espontaneamente aos seus algozes. Nossos amigos são, pois, todos aqueles que injustamente nos causam pesares e aflições, humilhações, injúrias, dores, tormentos, o martírio e a morte. Cordialmente os devemos amar, pois o que eles nos fazem alcança-nos a vida eterna" (Regula I.c. 14, 16 22; cf. Tres Socii n. 38 e 41). 

   Caríssimos e amados leitores, poderíamos escrever ainda muito mais sobre a caridade de São Francisco de Assis, mas para quem tem boa vontade não será difícil ver em que consiste a verdadeira caridade franciscana, que é afinal a caridade praticada e ensinada pelo Divino Mestre, Nosso Senhor Jesus Cristo. 

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

NOSSA SENHORA DE GUADALUPE


Nossa Senhora de Guadalupe, Padroeira do Mexico e de toda a América Latina





Igreja antiga na colina
de Tepejac
   O Breviário Romano traz um resumo da História de Nossa Senhora de Guadalupe: Segundo reza uma antiga e constante tradição, em 1531 a Santíssima Virgem Maria Mãe de Deus apareceu na colina de Tepejac ao neófito Juan Diego, piedoso e inculto indígena, e comunicou-lhe seu desejo de ele se dirigir ao bispo com o pedido de, naquele local, construir uma igeja. O bispo, Dom João de Zumárraga adiou a resposta, prometendo fazer antes um exame meticuloso do caso. Pela segunda vez a Santíssima Virgem apareceu a Juan Diego renovando, e desta vez com insistência o seu pedido anteriormente feito. O indígena aflito e entre lágrimas se apresentou novamente ao sr. Bispo e suplicou, fosse atendido o pedido da Mãe de Deus. Dom João de Zumárraga exigiu como prova da veracidade, que Juan Diego trouxesse um sinal pelo qual a Mãe de Deus mostrasse sua vontade. Juan Diego estava de viagem à cidade do México, para procurar um padre para ir dar os últimos sacramentos a um tio seu  com grave enfermidade. Era bem longe da colina de Tepejac e a benigníssima Virgem lhe apareceu pela terceira vez. Primeiramente Nossa Senhora assegurou a Juan Diego que o seu tio já estava completamente curado. Era inverno e num lugar árido. Juan Diego, em atitude de devoção, estendeu aos pés da Santíssima Virgem o seu manto, e este, imediatamente se encheu de belíssimas rosas. "É este o sinal, disse-lhe Maria Santíssima, que darei a quem tal pediu: leva estas rosas ao Sr. Bispo". E a ordem foi cumprida, e no momento em que o índio Juan Diego espalhou as flores diante do Prelado, apareceu sobre o tecido do manto uma linda pintura de Nossa Senhora, reprodução fiel da primeira aparição na colina de Tepejac. O fato causou grande estupefação, e às centenas acorreram os fiéis ao palácio episcopal para verem as rosas e a imagem. Esta foi respeitosamente guardada na residência episcopal, e mais tarde em triunfo foi levada à grandiosa igreja que se construiu na colina de Tepejac, local indicado pela Santíssima Virgem. Desde então Guadalupe é o grande santuário nacional do México, visitado pelas multidões, atraídas pelos inúmeros milagres. O Papa Bento XIV proclamou Nossa Senhora de Guadalupe, a padroeira principal de todo México. E o Papa Pio XII declarou-a a Padroeira de toda a América Latina.
   O índio Juan Diego, o vidente de Nossa Senhora, hoje já é venerado nos altares, canonizado pela Santa Madre Igreja. O manto de Juan Diego, perfeitamente conservado apesar de se terem passado mais de 460 anos, é ainda hoje venerado no Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe.
  

domingo, 10 de dezembro de 2017

EXPLICAÇÃO DO EVANGELHO DO 2º DOMINGO DO ADVENTO


S. Mateus XI, 2-10

2. Como João, estando no cárcere, tivesse ouvido falar das obras de Cristo, enviou dois de seus discípulos, 3. a dizer-lhe: És tu aquele que há de vir, ou devemos esperar outro?4. Respondendo Jesus, disse-lhes: ide e contai a João o que ouvistes e vistes: 5. Os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são limpos, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam, os pobres são evangelizados; 6. e bem-aventurado aquele que não encontrar em mim motivo de escândalo. 7. Tendo eles partido, começou Jesus a falar de João às turbas: Que fostes vós ver ao deserto? Uma cana agitada pelo vento? 8. Mas que fostes ver? Um homem vestido de roupas delicadas? Mas os que vestem roupas delicadas vivem nos palácios dos reis. 9. Mas que fostes ver? Um profeta? Sim, vos digo eu, e ainda mais do que profeta; 10. Porque este é aquele de quem está escrito: "Eis que eu envio o meu mensageiro adiante de ti, o qual te preparará o caminho diante de ti".

Caríssimos e amados irmãos em Nosso Senhor Jesus Cristo!

João Batista era o precursor do Messias como fora escrito pelo profeta Isaías: "Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor" (Is. 40, 3). Malaquias igualmente diz: "Eis que mando o meu mensageiro, o qual preparará o caminho diante da minha face". E o próprio Jesus confirma no vers. 10 do Evangelho de hoje, que João Batista é este mensageiro predito pelo profeta.

Mas, João Batista fora preso pelo rei Herodes porque censurava em face o adultério e o encesto deste cruel e debochado soberano. Lá do fundo da prisão, o Precursor quer dar um último testemunho de Jesus Cristo. João Batista já havia mostrado Jesus às margens do rio Jordão: "Eis o Cordeiro de Deus". Dissera também quando Jesus vinha ter com ele: "Eis o Cordeiro de Deus, eis o que tira  o pecado do mundo. Este é aquele de quem eu disse: Depois de mim vem um homem que me foi preferido, porque era antes de mim, Eu não o conhecia, mas vim batizar em água, para ele ser reconhecido em Israel... Vi o Espírito (Santo) vir do céu em forma de pomba e repousou sobre ele. Eu não o conhecia, mas o que me mandou batizar em água, disse-me: Aquele, sobre quem vires descer e repousar o Espírito , esse é o que batiza no Espírito Santo. Eu o vi e dei testemunho de que ele é o Filho de Deus" (S. João I, 29-34).

Na verdade, os discípulos de João Batista não admitiam que pudesse haver outro Mestre acima dele. Mas o Precursor fazia questão de frisar que ele não era o Messias; foi mandado por Deus apenas para preparar os corações para receberem o Messias. Afirmava que o Salvador já estava no meio deles, e ele não era digno nem de desatar as correias de suas sandálias. Dizia outrossim, que era mister que Jesus crescesse e que ele diminuísse. Em outras palavras: o Batista deixava claro que a sua missão era levar o povo a seguir a Jesus e não a ele.

E assim compreendemos o significado desta atitude de João Batista em relação aos seus discípulos: queria que eles fossem até Jesus e vissem com os próprios olhos os milagres que Jesus fazia e que eram exatamente os que os profetas predisseram que o Messias faria quando viesse ao mundo. Embora um santo extraordinário, a Providência divina não quis que João Batista fizesse milagres.

Os enviados do Batista perguntaram a Jesus: "És tu aquele que há de vir ou devemos esperar outro? Respondeu-lhes Jesus: "Ide e contai a João  o que ouvistes e vistes: os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são limpos, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam, os pobres são evangelizados". Lemos em Isaías XXXV, 3-6: "Deus mesmo virá e vos salvará. Então se abrirão os olhos dos cegos e se desimpedirão os ouvidos dos surdos. Então saltará o coxo como um cervo e desatar-se-á a língua dos mudos". Em outro lugar diz: "E naquele dia os surdos ouvirão as palavras do livro, e dentre a escuridão e dentre as trevas as verão os olhos dos cegos" (Is. XXIX, 18).  Sobre os pobres eis o que diz ainda Isaías: "Não julgará pelo que se manifesta exteriormente à vista, nem condenará somente pelo que ouve dizer; mas julgará os pobres com justiça, tomará com equidade a defesa dos humildes da terra" (Is. XI, 3 e 4). E Davi no Salmo 71, 13: "Usará de clemência com o pobre e o desvalido, e salvará as almas dos pobres".

 Jesus não afirma: Eu sou o Messias. Faz muito mais: isto é, mostra que n'Ele se realizam as profecias sobre o Messias. Na presença dos discípulos de João Batista realiza as obras com que os profetas mostraram antecipadamente o perfil do futuro Messias. Os falsos profetas, os fundadores de religiões novas, Maomé, Lutero, Alan Kardec e muitos outros  afirmaram que eram os enviados de Deus, mas não o provaram com obras.

No versículo 6º Jesus diz: "E bem-aventurado aquele que não se escandalizar de mim!". O velho Simeão havia predito que Jesus devia ser objeto de contradição por muitos, e esta predição se cumpria já. Jesus era alvo de escândalo por parte dos doutores que invejavam sua influência, pela vulgaridade que emanava de sua pobreza; era objeto de escândalo até por parte dos discípulos mesmos de João Batista que colocavam Jesus bem abaixo de seu mestre. Feliz portanto, exclama Jesus, aquele que não se escandalizar de mim, isto é, bem-aventurado aquele que reconhecer quem Eu sou, feliz quem vir em mim o Messias Redentor, o enviado do Altíssimo, o Filho de Deus! Caríssimos, aceitemos tudo o que saiu dos lábios divinos de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ele é, pois, o nosso Salvador, é o Filho de Deus vivo! 

Nos versículos 7-9 Jesus Cristo faz o elogio de João Batista: "Que fostes ver no deserto? Uma cana agitada pelo vento? Assim, o primeiro elogio que Jesus faz de João Batista é este de sua CONSTÂNCIA. João dera testemunho de Jesus às margens do Rio Jordão; dá-Lhe testemunho do fundo de sua prisão. Ele anuncia a verdade ao povo, aos sacerdotes, aos próprios reis, e com uma força que os faz tremer e empalidecer em seu trono. Portanto, João não é um caniço fraco e movediço à mercê do vento. Não é um destes homens pusilânimes que o temor o abate, que o respeito humano desconcerta e faz vacilar. Não, a prisão, a espada, a morte mesma não  levarão o Batista a trair seu dever.

Na crise sem precedente que afeta a Igreja, ai dos Sacerdotes e Bispos que, às expensas da verdade, se preocupam prioritariamente quando não exclusivamente com seus interesses ambicionais ou monetários. 
  
No vers. 8º  Jesus faz um segundo elogio ao Seu Precursor: "Mas que fostes ver? Um homem vestido de roupas delicadas? Mas os que vestem roupas delicadas vivem nos palácios dos reis". Caríssimos, a PENITÊNCIA é uma das grades virtudes do cristianismo, uma virtude essencial, indispensável. Sem ela, a salvação eterna torna-se impossível. Portanto, quem quiser seguir a Jesus Cristo deve renunciar a si mesmo e tomar a sua cruz.

João Batista que fora enviado por Deus para mostrar aos homens Jesus penitente, devia evidentemente apresentar em si mesmo antes de tudo os caracteres da penitência: habita os desertos, não tem por vestimenta senão peles de camelo presa por uma correia de couro; por alimento senão gafanhotos e mel silvestre. Nosso Senhor Jesus Cristo que quer inculcar no povo o amor da penitência, quis enfatizar cuidadosamente a prática da penitência em Seu santo Precursor.

Caríssimos, nestes tempos de moleza, de luxo e sensualidade, quão necessária se nos torna esta lembrança de Jesus e de Seu Precursor! Não somente nos palácios dos reis encontramos hoje aqueles que se vestem molemente, suntuosamente, sensualmente e imodestamente! Estes estão em total oposição à doutrina e aos exemplos do divino Mestre. No entanto, encontramos tais pessoas em toda parte, em todas as condições sociais, e, dizemos com tristeza, muitas vezes até nas casas paroquiais e episcopais. Talvez muitos sejam aqueles mesmos que, escandalizados criticam a suntuosidade na Casa de Deus.

No vers. 9º e 10º lemos o terceiro elogio: "Mas que fostes ver? Um profeta? Sim, vos digo eu, e ainda mais do que um profeta. Porque este é aquele de quem está escrito: "Eis que eu envio o meu mensageiro adiante de ti, o qual te preparará o caminho diante de ti".  Na verdade, os profetas não haviam feito senão anunciar o Salvador; João O mostra: "Eis o Cordeiro de Deus, eis aquele que tira os pecados do mundo". Não é, portanto, somente profeta, ele é também apóstolo. Não somente prediz o Messias, ele O prega, O mostra à multidão, ganha para Ele numerosos discípulos. É outrossim, além de profeta e apóstolo, testemunha de Jesus também pelo sangue, ou seja, é mártir. Por ter dado testemunho da verdade, e por conseguinte, de Deus, que é a Verdade por essência, é que ele incorreu na cólera de Herodes, que é metido na prisão e que teve a cabeça cortada. E é por isso que Jesus disse que João era o maior dos filhos dos homens. Que santo da Antiga Lei, pois, reuniu tantos títulos, e mostrou em sua pessoa tão altas virtudes?

Caríssimos, que glória para João Batista receber dos lábios do Juiz Supremo e já aqui na terra, isto é, antes mesmo do Juízo Final, elogios tão altos! É que Jesus não se deixa vencer em generosidade. Estes elogios são, na verdade, a recompensa pelo desvelo, pelo zelo e pelo desinteresse perfeito com os quais João Lhe havia, por primeiro, dado testemunho.

Se quisermos, irmãos caríssimos, obter um dia esta mesma recompensa, isto é, que Jesus nos confesse, em seu dia supremo, diante do Pai, dos Anjos e dos homens, então, confessemo-Lo agora à exemplo de João Batista, confessemo-Lo por palavras, confessemo-Lo por obras, confessemo-Lo sem temor, sem respeito humano, com perigo de nossa vida, se necessário for. Não temos outra missão sobre a terra senão esta de servir de testemunha de Jesus Cristo e da verdade. É para isto que Deus nos colocou na terra. De cada um de nós é verdade dizer: "Este veio como testemunha, para dar testemunho da Luz". A cada um de nós Jesus Cristo diz, como dizia aos seus apóstolos: "Sereis minhas testemunhas". Devemos dar testemunho firme e impávido da doutrina e da pureza da moral de Nosso Senhor Jesus Cristo. Só assim, mereceremos no Juízo Universal, ouvir dos lábios divinos do Juiz Supremo aquelas palavras que nos farão felizes para todo sempre: "Vinde, benditos de meu Pai, possuí o reino de Deus, que vos foi preparado desde o início do mundo". Amém!