SAUDAÇÕES E BOAS VINDAS

LOUVADO SEJA NOSSO SENHOR JESUS CRISTO! PARA SEMPRE SEJA LOUVADO!

Caríssimos e amados irmãos e irmãs em Nosso Senhor Jesus Cristo! Sêde BEM-VINDOS!!! Através do CATECISMO, das HOMILIAS DOMINICAIS e dos SERMÕES, este blog, com a graça de Deus, tem por objetivo transmitir a DOUTRINA de Nosso Senhor Jesus Cristo. Só Ele tem palavras de vida eterna. Jesus, o Bom Pastor, veio para que Suas ovelhas tenham a vida, e com abundância. Ele é a LUZ: quem O segue não anda nas trevas.

Que Jesus Cristo seja realmente para todos vós: O CAMINHO, A VERDADE, A VIDA, A PAZ E A LUZ! Amém!

terça-feira, 31 de outubro de 2017

FALTA DE ARREPENDIMENTO E PROPÓSITO


Consideremos atentamente os sinais certos pelos quais podemos reconhecer se a confissão foi feita sem dor dos pecados e sem resolução de não mais recair neles. Em outras palavras, veremos os sinais que mostram quando não há arrependimento verdadeiro (pelo menos imperfeito=atrição) e não há por conseguinte propósito firme e eficaz de fugir das ocasiões próximas de pecados. Pela confissão Deus perdoa quaisquer pecados; mas nunca perdoa quando há vontade de continuar nos pecados.

1   .      Quando nos confessamos sem querer renunciar o ódio ao próximo.
2   .       Quando se pode e não se quer reparar uma injustiça grave feita ao próximo, em seus bens ou em sua reputação.
3   .       Quando se reincide no pecado de hábito, quer dizer, quando, advertidos pelo confessor, não deixamos, entretanto, de recair com a mesma frequência nos mesmos pecados mortais do costume, sem nenhuma correção, e sem que sejam empregados os meios de emenda.
4   .       Quando nos confessamos sem querer sinceramente deixar a ocasião próxima voluntária do pecado mortal.
Os defeitos que acabamos de enumerar e explicar tornam as confissões inválidas, quer dizer, nulas; e portanto, é preciso renová-las, como se nunca tivessem sido feitas desde a época em que são nulas. São, além disso, sacrílegas quando assim feitas cientemente. O sujeito está consciente de não ter os sinais de arrependimento, sabe que quer continuar fazendo todos ou alguns ou mesmo que seja um só dos pecados mortais e faz a sua confissão assim mesmo. Faz sacrilégio, e, se comunga faz outro sacrilégio.
A esta altura, talvez haja quem pergunte: padre, devo fazer uma confissão geral? Caríssimo, é a tua consciência que cabe resolver esta questão, conforme tudo o que acabamos de dizer.
Ser-me-á impossível, dizeis, fazer uma confissão geral. Tenho já idade: como poderei lembrar-me de todos os pecados da minha vida?  -  Caríssimos, com boa vontade é possível e mesmo fácil fazer uma confissão geral.
Primeiro que tudo, recordai com mágoa todos os anos da vossa vida (Isaías, XXXVIII, 16). Tomai para este negócio o tempo suficiente para vos recolherdes, pois trata-se de uma coisa muito séria.
Para indicar o número dos vossos pecados, eis aqui como podeis fazer. Deixai de lado os pecados veniais, ou não os acuseis senão no fim; não resta, pois, senão a confissão dos pecados mortais, que serão   -  ou casos particulares ou pecados habituais. Se são casos particulares, um pouco de reflexão bastará para vos lembrardes deles. Se são pecados habituais, examinai por quanto tempo durou este hábito  e quantas vezes, pouco mais ou menos, caístes no pecado por ano, ou por mês ou por semana, ou mesmo por dia. Não é verdade que desta maneira é fácil fazer uma confissão geral?
Contudo, se encontrardes alguma dificuldade em fazê-la, dizei ao confessor: "Padre, desejo fazer uma confissão geral, peço-vos que me ajudeis". No mesmo instante, o confessor vos interrogará, de modo que vos basta responder-lhe com sinceridade. Oh! como é consolador para um ministro de Deus ver a seus pés uma alma bem disposta e arrependida! A alegria do padre é indescritível, e levá-la-á para o túmulo. Bem feita a confissão geral, grande outrossim é a alegria do penitente.
Vou contar-vos um fato lido na vida de São Vicente de Paulo: Este grande santo da caridade, foi um dia chamado para confessar um fazendeiro que estava perigosamente doente. Conquanto tivesse sempre gozado da reputação de homem honrado, o padre Vicente de Paulo o excitou a fazer uma confissão geral, para pôr a sua salvação em maior segurança. Ora, o resultado provou que aquele pensamento vinha de Deus, que queria retirar aquela pobre alma do abismo eterno em que ia cair. Era rico mas certamente praticava a caridade para com os pobres. Quem o acreditaria, se não conhecesse a fraqueza do coração humano? Ainda que esse homem tivesse recebido várias vezes os últimos sacramentos, em várias moléstias muito graves, que tivera, achava ele que tinha a consciência carregada de sacrilégios desde a mocidade. Na alegria que experimentava em ter feito a confissão com o padre Vicente de Paulo, ele mesmo anunciava abertamente a todos que iam vê-lo: "Ah! eu estaria condenado se não tivesse feito uma confissão geral, por causa dos pecados que nunca ousei confessar". Morreu três dias depois, com os mais vivos sentimentos de reconhecimento para com Deus. A senhora Duquesa de Gondi ouviu as declarações muito admirada: Ah! que acabamos de ouvir? Se este homem, que passava por um homem honrado, estava em perigo de condenação, que será dos outros que vivem tão mal!". Ela empregou desde então a sua fortuna em estabelecer e fundar missões, considerando-as uma obra necessária à salvação das almas. São Vicente de Paulo fundou a Ordem dos Missionários Lazaristas.


quarta-feira, 25 de outubro de 2017

PECADO MORTAL


"Criei filhos e engrandeci-os; mas eles me desprezaram" (Isaías I, 2).


Deus manifestou sua justiça propondo como vítima de propiciação a Seu Filho Jesus (cf. Rom. III, 25). E o divino Espírito Santo já havia declarado através do Profeta Isaías: "Será (o Messias) despedaçado por causa de nossos crimes". Jesus ressuscitado glorioso não sofre mais. Mas sendo também Deus já previu todos os pecados dos homens e por eles sofreu e morreu. Todo pecado fez Jesus sofrer.

O pecado mortal é uma ofensa grave que se faz a Deus. A malícia de uma ofensa , ensina Santo Tomás de Aquino, se mede pela pessoa que a recebe e pela pessoa que a comete. Assim, uma ofensa feita por um colega ao seu colega, é, sem dúvida, um mal; mas, se um súdito desacata o Rei, isto é muito mais grave. E quem é Deus? É o Rei dos reis (Apoc, XVII, 14). Deus é majestade infinita, perante quem todos os príncipes da terra e todos os santos e anjos do céu são menos que um grão de areia: "Todos os povos na Sua presença são como se não existissem, e ele considera como um nada, uma coisa que não existe" (Isaías XL, 17). Por outro lado, que é o homem? Responde São Bernardo: saco de vermes, pasto de vermes, que cedo o hão de devorar. O homem é um miserável que nada pode, um cego que nada vê; pobre e nu, que nada possui (Apoc, III, 17). E este verme miserável se atreve a injuriar a Deus? exclama o mesmo São Bernardo. Com razão, pois afirma Santo Tomás de Aquino, que o pecado do homem contém uma malícia quase infinita (S. Th. p. 3, q. 2, a. 2.). Santo Agostinho vai um pouco mais além e diz que, absolutamente, o pecado é UM MAL INFINITO. Na verdade, a gravidade de uma ofensa se mede pela dignidade da pessoa ofendida. Ora, o pecado ofende a Deus que é de uma DIGNIDADE INFINITA. Logo, sob este aspecto, é um mal INFINITO. Daí dizer o próprio Deus: "Delicta quis intelligit?" (Salmo 18, 13). Sendo o homem finito não poderá compreender toda gravidade do pecado mortal, porque é infinita.  E Santo Afonso conclui: "Todos os homens e todos os anjos não poderiam satisfazer por um só pecado, mesmo que se oferecessem à morte e ao aniquilamento. Deus castiga o pecado mortal com as penas terríveis do inferno; contudo esse castigo é, segundo dizem todos os teólogos, menor que a pena com que tal pecado deveria ser castigado". E alguns teólogos daí concluem que o inferno é eterno: sendo criatura, nunca poderá ser infinito. Mas a gravidade do pecado mortal é infinita. Como Deus é justo, a eternidade é algo infinito na duração.

Mas que pena bastará para castigar como merece um verme que se rebela contra seu Senhor? Somente Deus é Senhor de tudo, porque é o Criador de todas as coisas. Por isso, todas as criaturas lhe devem obediência. Mas o homem, quando peca, que faz senão dizer a Deus: Senhor, não quero servir-te. Deus diz: "Não te aposses dos bens alheios" e, no entanto rouba. "Abstém-te do prazer impuro, e o pecador não se resolve a privar-se dele. Lemos no Êxodo, V, 2 que quando Moisés comunicou a ordem de Deus de que Faraó desse liberdade ao povo de Israel, este ímpio respondeu: "Quem é o Senhor, para que eu obedeça à sua voz? ... Não conheço o Senhor". Caríssimos, o pecador diz a mesma coisa: Não conheço Senhor; eu sou senhor do meu querer; faço o que me agrada. Assim, na presença de Deus mesmo Lhe falta o respeito e se afasta d'Ele e nisto consiste propriamente o pecado mortal: o ato com o qual o homem se afasta de Deus e se volta paras as criaturas. Quando o homem peca, ele levanta a mão como que ameaçando o Onipotente.

"Tu desonras a Deus, transgredindo a lei" (Rom. II, 23). Além de ofender a Deus, também O desonra. Na verdade, renunciando à graça divina por um miserável prazer, menospreza e rejeita a amizade de Deus. E por conta de que? Diz o Espírito Santo: "Elas (falsas profetisas que perdem as almas) desonravam-Me diante do meu povo por um punhado de cevada e por um pedaço de pão, matando as almas" (Ezequiel XIII, 19). "Quando o pecador, diz Santo Afonso, começa a deliberar consigo mesmo se deve ou não dar consentimento ao pecado, toma, por assim dizer, em suas mãos, a balança e se põe a considerar o que pesa mais, se a graça de Deus ou a ira, a quimera, o prazer... E quando, por fim, dá o consentimento, declara que para ele vale mais aquela quimera ou aquele prazer que a amizade divina". Daí dizer Deus pela boca do profeta Isaías: "A quem me comparastes vós e me igualastes, diz o Santo?" (XL, 25). Ó pecador! terias pecado se soubesses que ao cometer o pecado perderias uma das mãos ou mil reais ou menos talvez? Só Deus parece tão vil a teus olhos que merece ser posposto a um ímpeto de cólera, a um gozo indigno.

Deus é o nosso único e último Fim. E, no entanto, quando o pecador, para satisfazer qualquer paixão, ofende a Deus, na verdade, converte em sua divindade essa paixão, porque nela põe o seu último fim. Daí dizer São Jerônimo: "Vício no coração é ídolo no altar". São Paulo diz chorando que para muitos o seu estômago é o seu deus: "Quorum Deus, venter est". Diz Santo Tomás de Aquino: "Se amas os prazeres, estes são teu Deus". E São Cipriano: "Tudo quanto o homem antepõe a Deus, converte-o em seu deus".

Os pecadores sabem que Deus está em toda parte e que os vê. Mas injuriam-No e O desonram face a face. Dizem que uns povos pagãos na antiguidade consideravam o Sol o seu deus e por isso procuravam evitar o pecado durante o dia. Os cristãos que pecam gravemente, não apresentam nem esta sensibilidade pagã.

O pecador despreza tudo o que Jesus Cristo fez e sofreu para tirar o pecado do mundo. Na expressão de São Paulo, o pecador calca aos pés o Filho de Deus (cf. Hebr. X, 29). Diz Santo Afonso: "Bem sabe o pecador que Deus não pode harmonizar com o pecado. Bem vê que, pecando, obriga Deus a  afastar-se dele. Rigorosamente, é como se Lhe dissesse: Já que não podeis ficar com meu pecado e tende de afastar-vos de mim,  -  ide quando vos aprouver. E expulsando a Deus da alma, deixa entrar o inimigo que dela toma posse. Pela mesma porta por onde sai Deus, entra o demônio". Caríssimos, que mágoa não sentiríamos se recebêssemos grave ofensa duma pessoa, a quem tivéssemos feito grande benefício? Pois bem, esta mágoa e infinitamente maior o pecador causa a Deus, que chegou a dar sua vida para nos salvar.


Ó Jesus, não, nunca mais quero me separar de Vós! Dai-me a santa perseverança... Maria Santíssima, minha Mãe, socorrei-me sempre; rogai a Jesus por mim e alcançai-me a dita de jamais perder graça divina. Amém!

sábado, 21 de outubro de 2017

O JUÍZO UNIVERSAL SEGUNDO S. AFONSO DE LIGÓRIO


(RESUMO)

"Cognoscetur Dominus judicia faciens"
Conhecido será o Senhor, que faz justiça (Salmo IX, 17).

O Redentor destinou o dia do Juízo Universal (chamado com razão, na Escritura, o dia do Senhor), no qual Jesus Cristo se fará reconhecer por todos como universal e soberano Senhor de todas as coisas (Sl  9, 17). Esse dia não se chama dia de misericórdia e perdão, mas "dia da ira, da tribulação e da angústia, dia de miséria e calamidade" (Sofonias I, 15). Nele o Senhor se ressarcirá justamente da honra e da glória que os pecadores quiseram arrebatar-Lhe neste mundo. Vejamos como há de suceder o juízo nesse grande dia.

A vinda do divino Juiz será precedida de maravilhoso fogo do céu (Salmo 96, 3), que abrasará a terra e tudo quanto nela exista (2 S. Pedro III, 10). Palácios, templos, cidades, povos e reinos, tudo se reduzirá a um montão de cinzas. É mister purificar pelo fogo esta grande casa, contaminada de pecados. Tal é o fim que terão todas as riquezas, pompas e delícias da terra. Mortos os homens, soará a trombeta e todos ressuscitarão (1 Cor. XV, 52). Dizia S. Jerônimo: "Quando considero o dia do juízo, estremeço. Parece-me ouvir a terrível trombeta que chama: Levantai-vos, mortos, e vinde ao juízo". Ao clamor pavoroso dessa voz descerão do céu as almas gloriosas dos bem-aventurados para se unirem a seus corpos, com que serviram a Deus neste mundo. As almas infelizes dos condenados sairão do inferno e se unirão a seus corpos malditos, que foram instrumentos para ofender a Deus.

Que diferença haverá então entre os corpos dos justos e dos condenados! Os justos aparecerão formosos, cândidos, mais resplandecentes que o sol (S. Mateus XIII, 43). Feliz aquele que nesta vida soube mortificar sua carne, recusando-lhe os prazeres proibidos, ou que, para melhor refreá-la, como fizeram os Santos, a macerou e lhe negou também os gozos permitidos dos sentidos! ... Pelo contrário, os corpos dos réprobos serão disformes,  e hediondos. Que suplício então para o condenado ter de unir-se a seu corpo! ... "Corpo maldito  -  dirá a alma   -  foi para te contentar que me perdi!" Responder-lhe-á o corpo: "E tu, alma maldita, tu que estavas dotada da razão, por que me concedeste aqueles deleites, que, por toda a eternidade, fizeram a tua e a minha desgraça?"

Assim que os mortos ressuscitarem, farão os anjos que se reúnam todos no vale de Josafá para serem julgados (Joel III, 14) e separarão ali os justos dos réprobos (S. Mat. XIII, 49). Os justos ficarão à direita; os condenados, à esquerda... Que confusão experimentarão os ímpios, quando, apartados dos justos, se sentirem abandonados! Disse S. João Crisóstomo que, se os condenados não tivessem de sofrer outras penas, essa confusão bastaria para dar-lhes os tormentos do inferno. Caríssimo irmão, abandona  o caminho que conduz à esquerda.

Os eleitos serão colocados à direita, e para maior glória   -  segundo afirma o Apóstolo  -  serão elevados aos ares, acima das nuvens, e esperarão com os anjos a Jesus Cristo, que deve descer do céu (1 Tess IV, 17). Os réprobos, à esquerda, como reses destinadas ao matadouro, aguardarão o Supremo Juiz, que há de tornar pública a condenação de todos os seus inimigos.

Abrem-se, enfim, os céus e aparecem os anjos para assistir ao juízo, trazendo os sinais da Paixão de Cristo, disse Santo Tomás. Singularmente resplandecerá a santa Cruz. "E então aparecerá o sinal do Filho do homem no céu; e todos os povos da terra chorarão" (S. Mat. XXIV, 30). Os Apóstolos serão assessores e com Jesus Cristo julgarão os povos. Aparecerá, enfim, o Eterno Juiz em luminoso trono de majestade: "E verão o Filho do Homem, que virão nas nuvens do céu, com grande poder e majestade. À sua presença chorarão os povos" (S. Mat. XXIV, 30). A presença de Cristo trará aos eleitos inefável consolo, e aos réprobos aflições maiores que as do próprio inferno, disse S. Jerônimo. Cumprir-se-á, então, a profecia de S. João: "Os condenados pedirão às montanhas que caiam sobre eles e os ocultem à vista do Juiz irritado" (Apoc. VI, 16).

Começará o julgamento, abrindo-se os autos do processo, isto é, as consciências de todos (Dan. VII, 10). A própria consciência dos homens os acusará depois (Rom. II, 15). A seguir, darão testemunho clamando vingança, os lugares em que os pecadores ofenderam a Deus (Hab. II, 11). Virá enfim, o testemunho do próprio Juiz que esteve presente a quantas ofensas lhe fizeram (Jer. XXIX, 23). Disse S. Paulo que naquele momento o Senhor "porá às claras o que se acha escondido nas trevas" (1 Cor. IV, 5). Os pecados dos eleitos, no sentir do Mestre das Sentenças e de outros teólogos, não serão manifestados, mas ficarão encobertos, segundo estas palavras de Davi: "Bem- aventurados aqueles, cujas iniquidades foram perdoadas, e cujos pecados são apagados" (Salmo 31, 1). Pelo contrário   -  disse S. Basílio  -  as culpas dos réprobos serão vistas por todos, ao primeiro relancear d'olhos, como se estivessem representadas num quadro. Exclama S. Tomás: "Se no horto de Getsêmani, ao dizer Jesus: Sou eu, caíram por terra todos os soldados que vinham para o prender, que sucederá quando, sentado no seu trono de Juiz, disser aos condenados: "Aqui estou, sou aquele a quem tanto haveis desprezado!".

Chegada a hora da  sentença, Jesus Cristo dirá aos eleitos estas palavras, cheias de doçura: "Vinde, benditos de meu Pai, e possuí o reino que vos está preparado desde o princípio do mundo" (S. Mat. XXV, 34). Que consolação não sentirão aqueles que ouvirem estas palavras do soberano Juiz: "Vinde, filhos benditos, vinde a meu reino. Já não há mais a sofrer, nem a temer. Comigo estais e permanecereis eternamente. Abençoo as lágrimas que sobre os vossos pecados derramastes. Entrai na glória, onde juntos permaneceremos por toda a eternidade". A virgem Santíssima  abençoará também os seus devotos e os convidará a entrar com ela no céu. E assim, os justos, entoando gozosos Aleluias, entrarão na glória celestial, para possuírem, louvarem e amarem eternamente a Deus.

Os réprobos, ao contrário, dirão a Jesus Cristo: "E nós, desgraçados, que será feito de nós?" E o Juiz Eterno dir-lhes-á: Já que desprezastes e recusastes minha graça , apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno (S. Mat. XXV, 34). Apartai-vos de mim, que nunca mais vos quero ver nem ouvir. Ide, ide, malditos, que desprezastes minha bênção..." Mas para onde, Senhor, irão estes desgraçados?... Ao fogo do inferno, para arder ali em corpo e alma..." E por quantos séculos?... Por toda a eternidade, enquanto Deus for Deus.

Depois desta sentença, abrir-se-á na terra um imenso abismo e nele cairão conjuntamente demônios e réprobos. Verão como atrás deles se fechará aquela porta que nunca mais se há de abrir... Nunca mais durante toda a eternidade!... Ó maldito pecado!... A que triste fim levarás um dia tantas pobres almas!... Ai! das almas infelizes às quais aguarda tão deplorável fim.

Meu Deus e meu Salvador! Já que declarastes pela boca do vosso Profeta: "Convertei-vos a mim, e eu me voltarei a vós" (Zac. I, 3), tudo abandono, renuncio a todos os gozos e bens do mundo, e converto-me, abraçando a Vós, meu amantíssimo Redentor. Recebei-me no vosso Coração e inflamai-me no vosso santo amor, de modo que jamais cogite em separar-me de Vós... Maria Santíssima, minha esperança, meu refúgio e minha mãe, ajudai-me e alcançai-me a santa perseverança. Amém!


quinta-feira, 12 de outubro de 2017

A SENHORA APARECIDA

A SENHORA “APARECIDA”
 
                                                                                                                    Dom Fernando Arêas Rifan*



         No próximo dia 12,celebraremos a Padroeira do Brasil, nos 300 anos do achado milagroso da sua imagem. O Brasil em peso estará em prece pedindo sua proteção e bênção, especialmente no difícil momento político e social por que passamos.
        Tudo começou, quando, em 1717, por ocasião da visita do Conde de Assumar à cidade de Guaratinguetá, SP, foi pedido aos pescadores locais peixes para o banquete do nobre visitante. Três pescadores, amigos entre si, João Alves, Domingos Garcia e Filipe Pedroso, tentavam e não conseguiam os peixes que necessitavam, quando apanharam em suas redes uma pequena imagem truncada de Nossa Senhora da Conceição e a seguir, num lance de rede sucessivo, a cabeça da mesma imagem, conseguindo, num terceiro lance, imensa quantidade de peixes. A esse milagre sucederam muitos outros. A imagem foi chamada de “Aparecida” e colocada numa pequena capela que, com o tempo, tornou-se o monumental Santuário Nacional, maior centro de peregrinação do país.
        É óbvio que ali houve algo sobrenatural. Pois, como explicar que uma simples imagem, quebrada, sem uma intervenção divina e uma bênção especial da Mãe de Jesus, pudesse atrair milhões de pessoas em oração fervorosa, ininterruptamente, há quase três séculos?
        Em 1904, Nossa Senhora Aparecida, foi coroada Rainha do Brasil. No Congresso Mariano de 1929, quando se comemorou o Jubileu de Prata dessa Coroação, os bispos do Brasil decidiram enviar um pedido ao Papa para que declarasse Nossa Senhora Aparecida Padroeira de toda a nação brasileira. Este pedido tornou-se realidade através do Decreto do Papa Pio XI, de 16 de julho de 1930, no qual diz: “... Na plenitude de nosso Poder Apostólico, pelo teor da presente Carta, constituímos e declaramos a Beatíssima Virgem Maria concebida sem mancha, conhecida sob o título de Aparecida, Padroeira principal de todo o Brasil junto de Deus... concedendo isso para promover o bem espiritual dos fiéis no Brasil e para aumentar, cada vez mais, sua devoção à Imaculada Mãe de Deus...”.
        A proclamação oficial se realizou numa grande manifestação popular de um milhão de pessoas, no Rio de Janeiro, então capital federal, com o reconhecimento oficial do Governo do país, pela presença do seu Presidente, Dr. Getúlio Dornelles Vargas, e de outras autoridades civis, militares e eclesiásticas. Era o Brasil reconhecendo oficialmente sua padroeira.
        Que o Brasil, que nasceu católico desde a sua descoberta, cujo primeiro monumento foi um altar e uma cruz, que teve como primeira cerimônia uma Missa, que tem essa Senhora Padroeira, mostre-se digno de tais origens e de tal Patrona, em suas instituições, suas leis, seus governantes, sua política, seus legisladores, sua população e seu modo de viver, na verdadeira justiça e caridade, na ordem e no verdadeiro progresso, na harmonia e no bem comum, na lei de Deus e na coerência com os princípios da fé cristã, base da nossa identidade pátria e princípio de toda a convivência honesta, solidária e pacífica. 

 *Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

OS NOVÍSSIMOS SEGUNDO S. JOÃO BOSCO


"Em todas as tuas obras, lembra-te dos teus novíssimos, e nunca jamais pecarás" (Eclesiástico VII, 40).

A MORTE.
 A morte é a separação da alma do corpo e o total abandono das coisas deste mundo. Todos sabem que um dia devem morrer, mas ninguém sabe onde e como morrerá. Você não sabe se a morte o surpreenderá na sua cama ou no seu trabalho, na estrada ou em outro lugar. A ruptura de uma veia, um infarto, um tumor que talvez já esteja crescendo em seu organismo, uma  queda, um acidente, um terremoto, um raio e outras mil causas de que você nem suspeita agora, podem privá-lo da vida. E isto pode acontecer daqui a um ano, a um mês, uma semana, a uma hora e, talvez, apenas terminada a leitura desta meditação. Quantos se deitaram à noite com boa saúde e de manhã foram encontrados mortos! Quantos ainda hoje morrem de improviso! E onde se encontram agora? Se estavam na graça de Deus, felizes deles! São para sempre bem-aventurados. Mas se estavam em pecado mortal, agora estão eternamente perdidos! Diga-me, meu caro jovem, se você devesse morrer neste instante, que seria de sua alma?

Embora o lugar e a hora de sua morte lhe sejam desconhecidos; você sabe com certeza que vai morrer. Esperemos que a sua última hora não venha de repente, mas aos poucos, por uma doença comum. De qualquer modo virá um dia em que, estendido em sua cama, você estará prestes a passar à eternidade assistido por um sacerdote e cercado por parentes que choram. Você terá a cabeça dolorida, os olhos embaçados, a língua ressequida, um suor gélido e o coração fraquíssimo. Assim que a alma expirar, seu corpo será vestido e colocado num caixão. Aí os vermes começarão a roer suas carnes, e bem depressa de você não restarão a não ser poucos ossos descarnados e um pouco de pó. Experimente abrir um sepulcro e verá a que ficou reduzido aquele jovem antes cheio de saúde, aquele rico, aquele ambicioso, aquele orgulhoso!

Meu caro filho, ao ler estas linhas, lembre-se de que elas falam de você, como de todos os outros homens! Agora, o demônio, para induzi-lo a pecar, procura desviar sua atenção destes pensamentos e escusá-lo de suas culpas, dizendo-lhe não ser um grande mal aquele prazer, aquela desobediência, aquela omissão da Missa no domingo ou em dia santo, e assim por diante; mas quando chegar o momento da sua morte, será ele mesmo que vai lhe revelar a gravidade destes e dos outros pecados, e vai lançá-los diante de sua consciência. Que fará você então? Ai de você se, naquele momento, se achar em desgraça de Deus!

Não se esqueça, meu jovem amigo, de que daquele momento depende a sua eterna salvação ou a sua eterna condenação. Duas vezes temos diante de nós uma vela acesa: no Batismo e na hora da morte. A primeira vez para fazer-nos ver os preceitos da Lei divina que devemos cumprir, e a segunda para fazer-nos ver se os cumprimos. À luz daquela vela quantas coisas se verão! À luz daquela vela, você verá se amou a Deus ou se O desprezou; se honrou seu santo Nome ou se O blasfemou; você verá as festas profanadas, as Missas perdidas, as impurezas cometidas, os escândalos dados, os furtos, os ódios, as soberbas ... Oh! meu Deus, verei tudo naquele momento em que se abrirá diante de mim a porta da eternidade!

Grande e terrível momento do qual depende uma eternidade de glória ou de sofrimentos! Você está compreendendo o que lhe digo? Eu lhe digo que daquele momento depende o ir para o céu ou para o inferno; ser para sempre feliz ou desesperado; para sempre filho de Deus ou escravo de Satanás; para sempre gozar com os anjos e os santos no céu ou gemer e queimar para sempre com os condenados no inferno! Por isso, prepara-se para aquele grande momento fazendo logo um ato de contrição e, o mais depressa que você puder, uma boa e santa confissão. Decida-se, depois, a viver sempre na graça de Deus, porque como se vive assim se morre.

O JUÍZO PARTICULAR.

O juízo é a sentença que Jesus vai pronunciar no fim da nossa vida, com a qual fixará o destino de cada um por toda a eternidade. Assim que sua alma tiver saído do corpo, comparecerá diante do Juiz Divino, que lhe pedirá conta rigorosa do bem e do mal que você praticou na sua vida. Num piscar de olhos, como que numa luz repentina, você verá toda a sua vida posta em confronto com a vontade de Deus. Então você ficará horrorizado com os pecados cometidos dos quais não se arrependeu, com as orações desleixadas, com os escândalos dados. Verá as almas que, com seus maus exemplos, levou ao pecado, as quais o amaldiçoam no inferno e pedem sua condenação. Verá os demônios ansiosos para arrastá-lo consigo e, embaixo, o inferno escancarado para recebê-lo. Você tentará, então, levantar o olhar suplicante para a face de Cristo, mas não conseguirá manter o olhar. Invocará o auxílio de Nossa Senhora, mas Ela não poderá mais fazer nada por você. Então, não encontrando acolhida, gritará às montanhas e às pedras que o cubram e o aniquilem, mas elas não se moverão. Sua alma imortal não poderá de maneira alguma refugiar-se no nada. Nesta hora, você mesmo, reconhecendo a Justiça de Deus, invocará o inferno como uma libertação!
Meu caro jovem, você está ainda em tempo de evitar um juízo de condenação! Peça logo perdão a Deus de seus pecados e comece desde hoje uma vida verdadeiramente cristã. Naquele dia tremendo, você será feliz por ter amado a Jesus e ter observado seus mandamentos. Até os sofrimentos, que você padece agora, ser-lhe-ão naquele momento fonte de alegria. Viva, portanto, hoje como gostaria de ter vivido então!

O INFERNO.
Quem recusa Deus até o fim, isto é, até a hora da morte, continuará a recusá-Lo para sempre. Por isso, a Justiça divina, respeitando a livre escolha feita pela sua criatura, afasta-a para sempre de Si, deixando-a caminhar para o destino de quem recusou o Sumo Bem para escolher o sumo mal, o Inferno Eterno. A primeira pena que os condenados sofrem no inferno é a pena dos sentidos, que serão atormentados por um fogo que queima terrivelmente sem jamais se consumir. fogo nos olhos, fogo na boca fogo em todas as partes. Cada sentido  padece a própria pena conforme o mau uso que dele fez em vida. Os olhos são aterrorizados pela vista dos demônios e dos outros condenados. Os ouvidos só escutam uivos e prantos de desespero. O olfato sofre com o mau cheiro do enxofre e a boca com sede e fome canina.

O rico epulão, no meio dos tormentos do inferno, levantou o olhar para o céu e pediu, suplicante, uma gota d'água para refrescar a ardência de sua língua: mas até essa gota d'água lhe foi negada!
Oh! Inferno, Inferno! Quão infelizes são os que caem nos teus abismos! Meu caro, jovem, se você devesse morrer neste momento, para onde iria? Mas agora você não pode suportar um minuto o dedo na chama de uma vela sem gritar de dor, como poderá suportar o tormento de todas aquelas chamas por toda a eternidade?

A segundo pena que os condenados padecem no inferno é a pena do dano. Esta é, sem comparação, mais terrível que a dos sentidos, porque é a privação completa e eterna do Bem Infinito para o qual fomos criados. Como os nossos pulmões têm necessidade do ar para viver, assim a nossa alma tem necessidade de Deus; e como a morte por afogamento é a mais terrível que existe, assim não há pena mais insuportável para a alma do que a necessidade insopitável que sente de "respirar" Deus. Sem contar que o sofrimento do afogado dura poucos minutos, enquanto que o padecimento do condenado dura para sempre! E com a privação de Deus, o condenado é privado também da companhia dos Anjos, de Nossa Senhora, dos Santos e dos seus caros defuntos, que não verá nunca mais.

Caro jovem, como poderá ainda viver em pecado, agora que você conhece que terríveis penas esperam quem não se decide a amar a Deus verdadeiramente! Não adie a sua conversão! Tem certeza de que esta não será a última chamada, e, se não corresponde a ela, não terá outras para salvá-lo do inferno?

Considere, meu caro jovem, que se você for para o Inferno, nunca mais dele sairá! Pois no Inferno não só se sofrem todas as penas, mas todas eternamente. Passarão cem anos desde que você caiu no Inferno, passarão mil anos e o Inferno terá apenas iniciado; passarão cem mil, cem milhões, passarão mil milhões de séculos, e o inferno estará ainda em seu começo.

Se um Anjo levasse aos condenados a notícia de que Deus os quer libertar do Inferno, depois de passados tantos milhões de séculos quantas são as gotas d'água do mar, as folhas das árvores e os grãos de areia da terra, esta notícia lhes causaria a maior satisfação. "É verdade  -  diriam  -  que devem passar ainda tantos séculos, mas um dia hão de acabar!" Pelo contrário, passarão todos esses séculos e todos os tempos que se possam imaginar, e o Inferno estará sempre no princípio.

Se ao menos o pobre condenado pudesse enganar-se a si mesmo e iludir-se pensando: "Quem sabe, um dia talvez Deus poderá me arrancar deste tormento..." Mas não, nem isto será possível, porque foi o próprio condenado que, na hora da morte, firmou sua vontade contra Deus a tal ponto que não quer mudá-la mais agora que entrou na eternidade. Será ele mesmo a querer para sempre aquelas chamas que o queimam, aqueles demônios que o atormentam, e a rejeitar para sempre  aquele Deus que ele ofendeu!

Meu jovem amigo, compreende bem o que você está lendo? Uma pena eterna por um só pecado mortal que, talvez, cometeu com tanta facilidade! Escute, pois, o meu conselho: Se a consciência o acusa de algum pecado mortal (mesmo que seja um só), vá depressa confessar-se e comece logo uma vida boa. Para isto, escolha um santo sacerdote ao qual você poderá recorrer para pedir conselho e, se necessário, faça uma confissão geral, ou seja, que abranja toda a sua vida.

Lembre-se sempre de que, para não cair no Inferno, qualquer sacrifício que você possa fazer é bem pouca coisa, porque todos os sacrifícios que você possa fazer é bem pouca coisa, porque todos os sacrifícios deste mundo duram pouco, enquanto que o Inferno dura para sempre!

O PARAÍSO.

Tanto apavora o pensamento do Inferno, quanto consola a lembrança do Paraíso que Deus preparou para aqueles que O amam. Se você pudesse gozar ao mesmo tempo de todas as alegrias deste mundo, desde as belezas criadas até os alimentos mais saborosos, desde as músicas mais suaves até os afetos mais puros, saiba que tudo isso é nada em comparação com as alegrias que o aguardam no Céu!

Pense, com efeito, na alegria que experimentará encontrando-se com os seus parentes e amigos, que virão correndo ao seu encontro para acolhê-lo no meio deles; pense na beleza e nobreza dos Anjos e dos Santos que, aos milhões, louvam ao seu Criador. No Céu você verá a grande multidão de jovens que conservaram intacta a virtude da pureza e daqueles que a reconquistaram pelo arrependimento e pela penitência: e os verá todos felizes cumulados de uma felicidade que nunca lhes será tirada.

Mas saiba que todas as alegrias do Paraíso não são nada em comparação com a alegria que se experimenta ao ver a Deus! Como o sol ilumina e embeleza todo o mundo, assim Deus, com sua presença, ilumina e embeleza todo o Paraíso e enche seus bem-aventurados moradores de delícias inefáveis. N'Ele você verá, como num espelho, todas as coisas, gozará todos os prazeres, amará todos os Santos do Céu.

São Pedro, no monte Tabor, por ter contemplado uma só vez o rosto de Jesus radiante de luz, sentiu-se repleto de tanta doçura que, fora de si, exclamou: "Senhor, como é bom estar aqui!" E ali teria ficado para sempre. Pense, portanto, naquela sua alegria de poder contemplar e amar, não por um instante apenas, mas para sempre, aquele rosto divino que encanta os Anjos e os Santos e que embeleza todo o Paraíso!

E pense que alegria será para você contemplar e beijar o rosto puríssimo e amável de Maria Santíssima, que na terra você invocou tantas vezes e agora o recebe como filho caríssimo e o apresenta a Jesus!

Crie coragem, portanto, meu caro filho; se ainda lhe couber padecer alguma coisa neste mundo, não importa; o prêmio que o aguarda no Céu recompensará infinitamente todos os seus sofrimentos.


Então sim, você poderá dizer: "Estou salvo! Estarei para sempre com o Senhor!" Então sim, você bendirá o momento em que deixou o pecado, o momento em que fez aquela boa confissão e começou a frequentar os Sacramentos, o dia em que deixou as más companhias, as más leituras e os maus espetáculos... Então, cheio de gratidão, você se voltará para Deus e Lhe cantará seus louvores por todos os séculos.