2. "Muitas vezes, infelizmente, a nossa vontade é dura, indócil, rebelde, porque está ainda muito apegada às criaturas, especialmente àquela criatura que é o nosso eu e que nós amamos sempre em demasia. Portanto, para correspondermos à ação do Espírito Santo, a primeira coisa requerida é trabalhar assiduamente para nos desprendermos de tudo, inclusive de nós mesmos. O desprendimento libertar-nos-á de tantos laços que, como cordas, nos prendem às criaturas, tornando-nos impossível a docilidade e a maleabilidade necessárias para recebermos facilmente as moções do Espírito Santo. E recordemos que para prender a alma às criaturas, basta um tênue fio, isto é, bastam pequenos apegos: 'tanto se me dá que uma ave esteja presa por um fio delgado ou grosso, pois mesmo que seja delgado, tão presa estará a ele como ao grosso enquanto o não quebrar para voar' (São João da Cruz). O desprendimento quebra o fio que nos prende à terra e a nossa alma, uma vez liberta, pode secundar o mínimo impulso do Espírito Santo e Ele pode invadi-la e dirigi-la à Sua vontade.
Dissemos já que o Espírito Santo não se contenta em nos convidar para o bem, mas quer tomar em nós as Suas iniciativas para nos impelir mais eficazmente para Deus. Contudo respeita a nossa liberdade e por isso não Se apoderará da nossa vontade se não estivermos dispostos a dar-lha livremente. E assim podemos pôr um outro obstáculo à Sua ação: o Espírito Santo quereria levar-nos para o alto, para Deus, mas nós não aderimos plenamente à Sua iniciativa porque nos falta generosidade e com a nossa mesquinhez retardamos a obra divina. Talvez correspondamos em parte à Sua moção, Lhe demos qualquer coisa daquilo que nos pede, mas não chegamos a dar-Lhe 'tudo'. Por isso é muito necessário cultivar o espírito de 'totalidade' que não põe limites à nossa doação: precisamos de ter um coração grande, generoso, para não retardarmos a obra do Espírito Santo, que deseja levar-nos não só a praticar ações boas, mas ações generosas, heroicas santas". (P. Gabriel de Sta M. Madalena, O. C. D.).
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