Artigo extraído do livro "QUER AGRADE, QUER DESAGRADE", de autoria do então Reverendíssimo Padre Fernando Arêas Rifan (1999).
A Igreja como guardiã da Lei Natural e da Lei Positiva de Deus, defende o direito de propriedade, como aliás e defende também a nossa Carta Magna. O 7º Mandamento da Lei de Deus "Não furtar", supõe evidentemente que cada um tenha o direito de possuir o que é seu. Verdade reafirmada no 10º Mandamento "Não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem a sua casa, nem o seu campo... nem o seu boi... nem coisa alguma que lhe pertença" (Dt. 5, 21).
Ademais, a Bíblia narra que os Patriarcas possuíam grandes propriedades com a bênção de Deus; por exemplo, Abraão, Lot e Jó.
Assim, a Reforma Agrária compulsória, de estilo socialista e confiscatório, não encontra respaldo na doutrina cristã e na Lei de Deus.
Além disso, apresentar a Reforma Agrária como solução para os problemas sociais é mera ilusão. O meio universal de prover às necessidades da vida é o trabalho, quer se exerça em terreno próprio quer no alheio. Por isso a Igreja advoga que haja trabalho remunerado com justiça. E o justo salário, que a doutrina católica ensina e com o qual onera a consciência dos patrões, é o salário que seja suficiente para o sustento do trabalhador e de sua família e lhe dê condições de formar um modesto pecúlio que lhe ofereça tranquilidade no futuro.
Mas o trabalho não é só trabalho manual. Também o trabalho intelectual, técnico, administrativo, do proprietário por exemplo, é trabalho e deve ser defendido e bem remunerado.
Outrossim a Reforma Agrária confiscatória e fragmentadora até hoje não deu certo em parte alguma. Estão aí os exemplos de Cuba, El Salvador e do México, onde tiveram que vender os minifúndios distribuídos para aglutiná-los novamente porque a produção se transformara num fracasso. Ademais a insegurança e inquietação provocadas pelo espectro da Reforma Agrária conduz à queda de produção, cujo saldo é a fome, sem falar no recrudescimento da luta de classes, com mortos d feridos cujas notícias enchem nossos jornais.
Ao invés da Reforma Agrária que só traria prejuízos, o que o Brasil precisa é de uma política agrária, uma verdadeira reforma agrícola, baseada na função subsidiária do Estado, com maior assistência ao homem do campo, técnica e financeiramente, revisão da legislação trabalhista tornando-a igualmente justa para patrões e empregados; maior segurança aos pequenos e médios proprietários, maior difusão da parceria e do colonato; maior fixação do trabalhador na terra, propiciando melhor atendimento sanitário, hospitalar e educacional dos proprietários aos seus colonos e suas famílias, resolvendo assim em grande parte o problema dos boias-frias, incentivo ao cooperativismo baseado na livre iniciativa e no direito de propriedade; tudo isso impregnado da verdadeira caridade e fraternidade cristãs.
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